28 dezembro 2010

Novo Portugal

Portugal está actualmente na pior situação em que alguma vez se encontrou.

Se é verdade que a Pátria Portuguesa já esteve em perigo muitas vezes e que, enquanto nação, já ultrapassámos crises, guerras e atentados à nossa soberania e independência, também o é que nunca nos vimos privados de um projecto nacional de futuro, a não ser durante a I República e agora, durante a 3ª parte desta trilogia de desgraças portuguesas.

Assim, Portugal iniciou o século XXI com um mau presente e a um futuro absolutamente incerto, acima de tudo por não ter algo que una todos os portugueses num projecto comum, o que, de facto, não existe há 36 anos.
É neste contexto que, há poucos dias, por ocasião das comemorações de mais um aniversário da Restauração da Independência, S.A.R. D. Duarte Pio de Bragança, chefe da Casa Real de Portugal, lançou a discussão sobre aquilo que, se aliado a um forte empenho por parte dos governos da Lusofonia, pode, indubitavelmente, constituir a concretização do V Império de Vieira: uma confederação de Estados lusófonos do tipo da Commonwealth Britânica. Com efeito, ao contrário da UE, que não tem quaisquer bases históricas, culturais ou étnicas com que possa justificar a sua existência, a relação quase familiar que existe entre os povos de Portugal, do Brasil, de Angola, da Guiné-Bissau, de São Tomé e Príncipe, de Cabo Verde, de Timor, de Macau e, até certo ponto, da Galiza, constituem aquilo que poderia chamar-se de “Nação Lusófona”.

Com o passar do tempo, tem-se tornado cada vez mais óbvio que o modelo de integração europeia se baseia em falácias e não oferece a Portugal a perspectiva de um futuro melhor.

Salvou-nos a UE da crise? Impediu a nossa recessão? Criou verdadeiro desenvolvimento?

Longe disso, a União não fez mais que fazer de Portugal um país totalmente dependente de Bruxelas, incapaz de viver sem a esmola comunitária e a pena, para nós degradante, do eixo Berlim-Paris.

É por isso que a proposta do Duque de Bragança e que muitos outros portugueses, nomeadamente eu, já tinham defendido, é hoje mais legítima e razoável que nunca.

Só uma forte aproximação aos nossos verdadeiros irmãos transatlânticos pode iniciar algo que, sem ser fácil de atingir, é o único caminho viável que se apresenta a Portugal.

Lamentavelmente, porém, nenhum dos partidos políticos presentemente representados na AR vê a progressivamente mais óbvia indispensabilidade desta viragem radical: de uma Bruxelas que nos humilha para um mundo ultramarino que não apenas nos chama, mas também que nos acolhe.

Rafael Borges

Fonte: Jornal das Caldas

27 dezembro 2010

Confusões monárquicas


Os Integralistas diziam: "o Rei governa, mas não administra". Faziam, pois, coro contra o suposto esvaziamento da elementar faculdade de exercer o mando, atributo dos monarcas, que o Liberalismo havia reduzido à formula de Thiers: "o Rei reina e não governa". Em torno destas definições aparentemente irreconciliáveis, os monárquicos - antes e depois de 1910 - terçaram armas uns contra outros. O argumento do tempo não é certamente o mais impressivo, pois erros e inverdades há que triunfaram e ficaram, havendo verdades inquestionáveis que soçobraram nas tempestades das paixões dos homens. O tempo (a história) disse que as monarquias segundo a fórmula de Thiers prosperaram e que as monarquias de responsabilidade executiva do Rei não sobreviveram. Uma floresta de mal-entendidos.

Afinal, os reis nunca governaram, salvo no chamado período do "absolutismo" (1698-1828) em que os monarcas não mandaram reunir cortes e se socorreram de governos que apenas reportavam ao soberano. Mas estamos, bem entendido, a falar num poder "absoluto" no quadro do Antigo Regime, sinónimo de Estado incipiente e de quase ausência de burocracia, um Estado bem limitado pelos foros e liberdades concelhias, imunidades e regimes legais diferenciados, representação orgânica protegida por regimentos legais. Ou seja, o tal "absolutismo" era pouco mais que nada, salvo no período de Pombal - de facto um ditador - em que o grupo no poder declarou guerra às leis da constituição histórica e aos grupos sociais que maior capacidade reactiva possuiam: a nobreza e o clero, sobretudo a Companhia de Jesus, elite cultural do país.

A monarquia (mono-arquia) nunca existiu, pois os Rei só eram aclamados após juramento solene de obediência a todas as leis do reino e em harmonia com o direito natural. O Rei D. Miguel I foi o último monarca limitado pela constituição histórica e a sua aclamação foi absolutamente legal e legítima do quadro do regime que então vigorava: o da monarquia orgânica. Opine-se o que se quiser a esse respeito, mas a verdade é que tal legitimidade e legalidade foram destruídas pela violência de um grupo político que invadiu militarmente o país, travou guerra e venceu-a. Com a Carta, o sistema representativo atomizado, o fim das corporações, a demolição do municipalismo e o fim dos "homens bons" e demais elites sociais, esse Portugal antigo morreu. Querer ressuscitar o que passou é tarefa impossível. Passou, morreu. Ora, os nossos integralistas, mais os neo-integralistas, mais os "tradicionalistas" e "miguelistas" não têm nada mais que oferecer senão a partilha - sempre bem vinda - de conhecimentos de história institucional, história do Direito e história das ideias políticas. Não se faz política com história. Compreende-se melhor os homens, as sociedades e as crises sabendo história, mas esta é passado.

A monarquia, para aqueles que pugnam pela superioridade da instituição real - "instituição de instituições", como alguém disse - não é sinónimo de "elites tradicionais", "municipalismo", "corporativismo", "representação dos corpos intermédios", "confessionalidade do Estado", etc. Pode ser tudo isso, ou antes, terá sido tudo isso, mas é, sobretudo, caução para a liberdade do Estado e da sociedade, protegendo-os dos partidos e grupos de poder. A monarquia, hoje, teria de ser instaurada e prescindiria de tudo aquilo que não faz parte da paisagem institucional e social do país após quase 200 anos de liberalismo. Há que viver com o tempo e perceber que o Rei pode e deve ser árbitro. Por ser árbitro não pode governar, pois governar implica tomar partido, beneficiar um grupo. O Rei só pode reinar, se por tal se entender permitir que outros exerçam o poder legítimo mandatado por eleições, mas que essa legitimidade democrática não pode ser utilizada para destruir aquilo que é permanente e indiscutível; ou seja, a liberdade e a independência nacionais.
Persistir, contra o tempo - na acepção de se querer negar a evidência do tempo - e teimar em pedir essa monarquia que passou e não volta, para além de erro terrível, é impedir que a possibilidade monárquica vingue. Se o Integralismo foi responsável pelo emparedamento das possibilidades da monarquia, atirando-a para um sonho medieval e para a extrema-direita, a sua sub-cultura levou a que alguns monárquicos se deixassem obnubilar e confundissem os seus gostos ideológicos e doutrinários com a questão da monarquia, ou seja, de uma nova monarquia.

Miguel Castelo-Branco

Fonte: Combustões

26 dezembro 2010

As presidenciais - um desígnio estéril

Lamento discordar daqueles que se entusiasmam por estes dias com os confrontos televisivos entre os candidatos a Belém: do que necessita imperiosamente a democracia por estes dias é de acção, pois que debate público temo-lo profusamente mais ou menos interessante nas rádios e televisões, nos jornais e na Internet. Quase todos os dias nos é oferecido um vasto menu de políticos, politólogos e jornalistas a debater propostas e ideias para Portugal. Não há notícia de relevância à qual não sejam chamados à colação especialistas do pró e do contra. É uma barrigada constante de debate, muitas das vezes protagonizada por políticos agrilhoados nas agendas dos seus paridos, coisa que resulta numa restrição argumentativa e de ideias simplesmente confrangedora. É nesse modelo discursivo que se inserem os candidatos à presidência, ostensivamente demagógicos, debitando provocações estéreis, promessas ilegítimas sobre matéria em que constitucionalmente são impotentes… e o auto-elogio, meu Deus, que atinge uma patética desfaçatez.

Dito isto, gostava de deixar expresso que considero que o vencedor antecipado, Cavaco Silva, simboliza o lado idílico (que não me convence) daquilo que uma república tem para nos oferecer: a ascensão duma pessoa de origem social modesta e geograficamente periférica ao topo da hierarquia do Estado. Em última análise esta promoção personifica a consumação do mais alto desígnio duma democracia, bandeira antes tão querida duma Esquerda que hoje é dominada por uma casta aburguesada e pretensiosa que adivinha no presidente Cavaco as suas envergonhadas origens rústicas, um Portugal real que injustamente desprezam por complexos sociais. Depois, parece-me injustificado o rancor ao presidente corporizado por uma certa direita que desse modo projecta as suas frustrações para a pessoa do presidente, quando o problema está na natureza do cargo, que é basicamente inútil. Bem que eu gostaria de perceber em que se consubstancia esse famigerado “magistério de influência”: imaginem os problemas de consciência e hesitações com que o José Sócrates se foi debatendo de cada vez que saía dos seus encontros em Belém ao longo do seu desastroso mandato…

É por estas e por outras que, confesso, me custa muito ter de aturar o circo que por estes dias se levanta, as polémicas estéreis e promessas vãs, os recursos e energias inúteis que este País à beira da falência se prepara para desbaratar. O Presidente da república é cargo de fraco valor simbólico, um árbitro recrutado a uma das equipas a quem houve a sensatez de retirar o apito e os cartões para não chatear muito. De resto espera-se que esta farsa insana pela nossa saúdinha se decida à primeira volta, pois que se houver segunda eu emigro.

Aqui chegados, nós portugueses temos aquilo que merecemos: somos um povo descrente, uma Nação em acelerada dissolução sem ideal ou utopia, e o espectáculo proporcionado pelos candidatos a Belém é profundamente estéril e depressivo. Prodígio que será confirmado nas urnas em Janeiro, e para o qual eu contribuirei com um a expressão de um voto Nulo com um “Viva a Monarquia, Viva Portugal”.

João Távora

Fonte: Real Associação de Lisboa

21 dezembro 2010

BOAS FESTAS

A Real Associação do Médio Tejo deseja a todos os seus Associados, Leitores e Amigos um Real e Santo Natal e um Próspero 2011 com muita Paz, Alegria e Saúde.

19 dezembro 2010

SAR D.Duarte de Bragança – “Portugal não pode cair no desânimo”


NA VELHICE AINDA DARÃO FRUTOS

Depois da minha última crónica, li uma entrevista de Dom Duarte Pio de Bragança em que este dizia que "daqui a pouco vamos ter a lei da liberdade da eutanásia com a interrupção da velhice. Quando uma velhice é incómoda, quando fica cara, quando é traumatizante para a família, ter aquele avô que custa caro, que incomoda toda a gente, que já está completamente tonto, não se pode interromper a sua velhice sem pedir a opinião do próprio".

O Herdeiro da Casa Real colocou o dedo numa ferida que se tende a manifestar num futuro próximo, uma vez que à discussão e aprovação do testamento vital se seguirá com a maior das probabilidades a discussão sobre a eutanásia, sem que as pessoas sejam devidamente esclarecidas do que está em causa, ou que lhes seja dito que os contornos desta figura transcendem na maior parte dos casos a situação daqueles que estão gravemente enfermos. Corremos assim o risco de se vir a sujeitar muitas pessoas de idade avançada a pressões inqualificáveis, já que tendo elas plena consciência do abandono em que se encontram, se sentem, ao mesmo tempo, um peso para a família, podendo vir a sentir-se coagidas pela sociedade a deixarem de viver.

Ora, não se pode construir uma sociedade justa sem cuidar dos direitos e interesses dos mais velhos cada vez mais numerosos. É certo que, por norma, os mais velhos não falam das suas fraquezas. Não o fazem porque não querem incomodar as suas famílias, atarefadas com as aflições do dia-a-dia, concentradas nas exigências crescentes dos mais novos. Evitam dizer-lhes que lhes falta o aquecimento no Inverno, o dinheiro para os remédios, as pernas para subir as escadas de casa, os braços para se lavarem. Receiam dar parte fraca, porque não querem constituir sobrecarga, e porque não querem ser engaiolados nas antecâmaras onde todos os dias contarão os sobreviventes pela manhã, até que a sua hora chegue.

São razões de justiça e caridade que impedem uma sociedade de ignorar os mais velhos, mas também o interesse de todos nós que chegaremos um dia a esse estágio de vida. Por outro lado, uma sociedade que não trata bem os mais velhos comete um terrível desperdício. Eles fazem falta à formação dos mais novos, não só pela elementar razão que não têm de lidar só com o que é bom, bonito e agradável na vida, mas também porque, normalmente, são repositório de saber, de conselhos e de experiência de vida. E, numa altura em que houve a alteração do padrão familiar que descrevi na minha última crónica, em que as crianças vão perdendo as referências e em que os pais não têm disponibilidade para lhes conceder uma parte razoável do seu tempo e para lhes proporcionar a educação que só se pode receber em casa, um avô, uma avó ou uma tia, poderiam compensar muitas dessas ausências e faltas. Afinal, era assim no passado, quando éramos crianças, quando os velhos se integravam sem custos no agregado familiar e nos faziam companhia e nós também lhes fazíamos companhia. E, a meu ver, não há razões para que não volte a ser assim.

Não se pode exigir que seja o Estado a mudar todos os nossos comportamentos mas convém que as suas políticas e as suas leis promovam valores e práticas justas. E, nesta matéria, é incompreensível que um agregado familiar possa deduzir, no IRS, as despesas que um dos seus membros seniores paga a um lar, mas não tenha qualquer benefício, nem sequer a possibilidade de fazer uma dedução equivalente, no caso de optar por cuidar dessa pessoa em sua casa, onde é suposta encontrar melhores cuidados e carinho, e onde pode ser, também, da maior utilidade.

Rui Moreira (18-12-2010)

Fonte: Família Real Portuguesa

18 dezembro 2010

A propósito dos candidatos a Belém...

«O homem político lisonjeia, mente, difama, atraiçoa. Na política portuguesa raros dão um passo que o não conquistem por algum destes vícios. Toda a gente o sabe. As eleições fazem-se ou pela compra da consciência a dinheiro, ou pela promessa, pela lisonja, pelo dolo, pela mentira. Não há integridade nem limpeza de carácter que resista à influência degradante e sordidíssima de uma campanha eleitoral. Em presença do eleitor, nas conversações, nos comícios e na imprensa, para desvanecer atritos, para abater dificuldades, para minar resistências, o candidato, de concessão em concessão, de recuamento em recuamento, de curva em curva, de cortesia em cortesia, desdiz todas as suas opiniões, desmente todos os seus propósitos, falseia todas as suas convicções, renega todas as suas crenças. A campanha eleitoral é uma navegação pestilencial pelo cano de esgoto de todas as imundícies da conveniência, do egoísmo e da ambição. Tal tribuno que hoje bate nos peitos com o punho cerrado, fazendo saltar pelos olhos chispas de valor e deitando pela boca os mais estrondosos borbotões de independência, escumas da raiva cívica e patriótica foi para esse lugar de rojo pela lama, com os joelhos no chão, babando-se em condescendências asquerosas e em risos nojentos.»

Livro: As Farpas de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão

Donizetti's Dom Sébastien, Roi de Portugal - Opera in 10 min

Convicção de SAR D. Duarte de Bragança: "Monarquia governava melhor o país"

Em visita às instalações da Santa Casa de Misericórdia de Peso da Régua, o pretendente ao trono de Portugal, D. Duarte de Bragança, não teve pejo em afirmar que “a situação económica do país não tinha chegado onde chegou se a monarquia estivesse no poder”.

O monarca sustentou que em termos de custos “todos os Reis da Europa são mais baratos do que a actual presidência da República, com a excepção da Rainha de Inglaterra, que é rainha de uma dúzia de países”.
Em declarações exclusivas ao Nosso Jornal, D. Duarte teceu algumas considerações pertinentes sobre a actual crise, defendendo o regime monárquico como solução. “Estou ciente que se existisse um Rei já teria alertado, há muito... (*)

(*)Leia a notícia completa na edição em PDF - A Voz de Trás-os-Montes

17 dezembro 2010

OS PERIGOS DA REPÚBLICA

Exmas. Senhoras
Exmos. Senhores
Meus Queridos Amigos
Caros companheiros monárquicos

Permitam-me que comece estas palavras com uma afirmação pessoal: sou monárquico. Gostava que isso ficasse bem claro. E digo isto para que todos aqueles que se identificam com a causa façam assim como eu. Por onde quer que passem, digam sempre que são monárquicos. Afirmem com convicção.

É assim que se formam as grandes correntes e nós queremos continuar a crescer.

Sei que é difícil falar de monarquia num país que assistiu ao assassinato de um Monarca para que a república, envergonhadamente escondida, subisse ao poder. Hoje temos um filho da nação, que é bastardo, eleito de cinco em cinco anos, sem qualquer tipo de preparação, carregando na alma o peso familiar desse acto malvado, travestido de democrático e disfarçadamente absolutista, dado que esta república nem sequer admite a realização de um referendo, para que seja o povo a escolher entre república, federação ou monarquia. Para que conste: qualquer uma desta pode e deve ser democrático.

Minhas Senhoras
Meus Senhores
Caros Amigos Monárquicos

Esta nossa democracia está cada vez pior e enferma mesmo de alguns males que a lançam para a boca da agonia total. Afinal a república era um regime tão perfeito, tão equilibrado, que poderia ser o exemplo do paraíso – diziam eles - mas infelizmente esta república está transformada numa pandemia que parece ter repercussões muito maiores do que aquela que nos fazem querer parecer. Não é para admirar, pois, quem muito promete, dificilmente consegue cumprir. E veja-se por exemplo onde está um dos grandes perigos das repúblicas e quiçá, das democracias: a eleição por voto directo e secreto.

Se é verdade que este tipo de processo permite a escolha pela maioria, também não é mentira que essa mesma escolha seja apenas a tendência da maioria. Mas pior do que isso é permitir o voto de quem não tem competência para escolher o perfil de quem nos vai governar. Este é o verdadeiro perigo. Termos pessoas que interferem no processo eleitoral que não estão à altura de saber escolher quem é o melhor gestor para governar Portugal.

É isso que me preocupa, porque num sistema republicano são muitos os que prometem para conseguirem ser eleitos. Prometem emprego, mas não ensinam a trabalhar, prometem mais e melhor educação, mas não lhes dão o conhecimento, oferecem-lhes o título sem a sabedoria, dão o diploma que conta para as estatísticas mas que esconde a dura realidade da nossa economia e do desemprego que aumenta assustadoramente.

Os republicanos prometem-nos mais justiça, justiça essa que penaliza cada vez mais o povo e os abriga – a eles, políticos - dos crimes, das fraudes e dos benefícios próprios. Fazem da justiça autênticos baloiços, à disposição deles próprios. Tudo isto para o crescimento ilícito da pior e mais viciada classe que existe entre nós. Meus amigos, este é o cenário ideal para um republicano. Isto é que é uma verdadeira república!

Mas nós, Monárquicos, não queremos isso. Temos valores e princípios, defendemos causas e temos argumentos. Privilegiamos as pessoas como um todo e não apenas os interesses pessoais.

Veja-se por exemplo o caso do Tiririca, no Brasil. Eleito sem saber quase nada. Digam-me o que é que ele vai fazer para um parlamento?! Como pode ele representar um povo?! Será que todos os brasileiros se revêm nele?! Meus caros amigos monárquicos, é nisto que a república diz que é democrática? Então deixem-me que lhes diga que aqui, o tudo, é muito pouco. A República nasce do oportunismo e da miséria e aproveita-se da infelicidade alheia. Da miséria que os próprios republicanos semeia para tirar dividendos da eleição e para os prolongar no poder. É isso que nós temos de combater, de destruir, de saber denunciar. São esses oportunistas de meia tigela, cujo o prazo de validade há muito se esgotou, que eu quero combater.

Mas a república tem mais anedotas. Oferece o poder aos filhos bastardos deste Portugal, bastardos esses que são eleitos de 5 em 5 anos?! Esta república troca causas por milhões e oferece ao povo a liberdade do voto, mas ilude as pessoas com promessas falsas, ocultando o conhecimento.

Meus amigos, caminhamos apressadamente para o abismo. Muitos são os perigos desta democracia, que está doente e completamente adulterada da sua razão de ser e de existir.

Muitos dirão que eu exagero. Pois bem, que o digam, não me importo. Esses republicanos travestidos de solidários querem-nos crucificar só porque denunciamos a galinha dos ovos de ouro deles. Eles servem-se da república para se dizerem democráticos. Utilizam o voto e a histeria popular para se fazerem eleger e depois enriquecerem escandalosamente.

Servem-se da iliteracia do povo português , liderada por eles próprios, para enganar quem promovem e tem o direito de votar. Contam os votos e nunca mais querem saber de nós. Pior do que isso, passam quatro anos a angustiar toda a gente com pesadas cargas de impostos que em vez de tocar a economia para a frente esgota os parcos recursos que as empresas têm para fazer face a um ou dois meses mais fracos e cujo a receita não consegue superar a despesa. Este é o Portugal em que vivemos.

Não podemos andar a eleger republicanos travestidos de democratas, cujo o único objectivo é apenas e só assegurar o futuro pessoal, dos seus familiares, amigos e militantes do partido. Quanto nos custa um presidente da República? Quantos ainda temos entre nós que têm direito a casa, carro, secretária, motorista, telefone e alguns, ainda, uma fundação, porque fica bem na fotografia ter algo que os ligue a uma obra de solidariedade. Solidariedade que paga com o dinheiro dos nosso impostos.

Meus caros amigos monárquicos, temos de erradicar de vez estes parasitas, eles construíram de uma sociedade que está cada vez mais apodrecida e fétida, governada de uma maneira muito absolutista e tendo em vista apenas e só os benefícios pessoais de quem se esgota na popularidade para se servir desta nova literacia académica com que enganam o povo. Isto é que tem de ser dito. Isto é que devia ser a verdadeira preocupação do povo.

Infelizmente enchem-nos os noticiários com futebol, telenovelas e “talk shows” e com isto vão conseguindo enganar o povo, fazendo anedotas com o acessório e evitando os reais problemas. Estamos muito perto da falésia. Ela vai ruir a qualquer momento e o que vejo é uma descontracção preocupante de quem não tem consciência do que diz e do que principalmente não faz. Políticos?! O Povo é que os sabe classificar, mas infelizmente esquecem depressa o mal em que vivem.

Que políticos são estes que castraram o nosso Portugal, quando em nome da força e da importância colectiva, aderiram á Europa. Desprezaram, venderam a nossa identidade e anularam o nosso escudo, que era a recompensa do nosso trabalho. Que políticos são estes que fazem as leis do Estado e que em vez de sensibilizar e acarinhar os trabalhadores e empresários os reprimem e penalizam com leis que dificultam o empreendedorismo e a criação de novas empresas e consequentemente novos postos de trabalho! Que estado é este que em vez de seleccionar e admitir técnicos capazes e de qualidade, com provas dadas, tem optado, nas admissões, pela capacidade popular, isto é pela famosa cunha.

Que república é esta que se diz democrática e onde os políticos são obrigados à disciplina de voto. Que democracia é esta em que vivemos que privilegia apenas metade dos portugueses? Que presidentes são estes apoiados por partidos que fragmentam a sociedade?

Que políticos são estes que imprimem aos agentes fiscalizadores metas e objectivos, trocando assim a sensibilização pela repressão feroz de quem precisa de atingir a todo custo metas e objectivos de maneira a facturar valores para os gastos de grandes mordomias politicas. São políticos e políticas que privilegiam a estatística em detrimento do nosso povo e da nossa gente. Quem são estes novos políticos que nasceram desajeitados para a vida e agora se transformaram em oportunistas de ocasião, sobrevivendo à custa de autênticas espirais de silêncio.

Quem foram e são estes políticos que venderam Portugal à Europa, a troco de fama pessoal. Uma adesão que castra Portugal ao impor cotas de produção e mercado, quando a nossa riqueza – a de toda gente – vem da terra e do mar.

Quem trocou o nosso escudo, divisa do nosso país, orgulho deste povo que se soube sempre impor e que agora se viu obrigado a “europaízar” por via destes políticos sem brasão.

Dançarinos da ilusão não respeitam processos de desenvolvimento dos povos confundindo, por vezes, liberdade com libertinagem, cultura com ideologia, democracia com lobbies. O globalismo e a precária situação nacional, em que se precisa de menos estado, menos burocracia e menos impostos, questionam os orçamentos do estado e constituem uma incógnita na tentativa de manter o equilíbrio e a paz social. A economia social de mercado - o modelo europeu - é cada vez mais questionado atendendo às consequências dum liberalismo económico feroz sem respeito por Estados nem pelas necessidades humanas mais legítimas ao tender fugir à responsabilidade colectiva.

Os princípios básicos foram aceleradamente transformados em bem-feitorias que favorecem “os” singulares em detrimento do bem colectivo. Esqueceram-se os valores que nos deram a identidade e a coluna vertebral que nos permite olhar em frente sem reservas de escândalos, já não temos crédito nas palavras que dizemos, nesta selva de betão é o salve-se quem puder.

Este não é um combate gratuito, despido de razões e sem causas reais. Bem pelo contrário. Eu acredito na Monarquia, porque um Rei é a génese da nossa identidade. Um Rei não tem partidos nem se associa a causas políticas, porque um Rei é o filho legítimo da nação. Um Rei é de todos e para todos. Um Rei é motivo principal de aproximação dos povos, é a defesa de uma nação, é digno e legal representante de todos os portugueses. Lembrem-se que os primeiros palmos de terra foram dados a um Rei. Muitos anos depois os filhos quiseram as partilhas e descambaram para a ilusão de quem não estava preparado para governar uma causa. Não conheço referências dos republicanos, mas tenho ouvido grandes elogios a um homem que mesmo sem estar no poder tem feito grandes obras e defendido grandes causas. Pedia desde já uma grande salva de palmas para SAR Senhor D. Duarte, não só pela pessoa que é, mas também pelas causas que tem defendido e conseguido ao longo da sua existência.


Permitam-me apenas concluir com a ideia de que vamos sair daqui mais fortes e mais poderosos. Temos de acreditar firmemente nas nossas convicções, valores e princípios. Se acreditarmos colectivamente vamos conseguir. O momento não é de divisões e muito muito menos de guerras entre nós. Todos juntos somos poucos, porque eles andam a enganar os portugueses. Convém-lhes facilitar este tipo de enganos. Muitos são os portugueses que ainda trocam regimes com estados políticos. É preciso dizer-lhes que uma coisa é a república e a monarquia, outra coisa é o parlamento, onde se debatem os partidos políticos. Quem é monárquico pode e deve escolher o partido político que quiser, mas jamais será republicano, filho de um bastardo eleito de 5 em 5 anos.

Contem comigo para nos batermos por esta causa.

Viva o Rei !
Viva Portugal !

José António Moreira
(Mensagem proferida no passado dia 10 de Dezembro em Sangalhos)

Fonte: Real Associação da Beira Litoral

ENTREVISTA DE S.A.R., DOM DUARTE À REVISTA "TUDO SOBRE JARDINS"


16 dezembro 2010

Cumprir Promessas

É bom esclarecer este povo teimoso, que em Monarquia não sustentamos ex-Reis. Em Monarquia o Rei ou Rainha reinam até morrer ou abdicar e mesmo se abdicarem, vivem dos rendimentos das suas Famílias e não é o Estado que os sustentam! Era só… o que faltava!

Na republica das bananas, são os contribuintes que sustentando o Estado, também sustentam os vários ex-Presidentes, como actualmente Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e proximamente, Cavaco Silva. Ambos com dois mandatos cada um! Façam as contas e vejam o que é melhor!
Vejam este vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=h_ECOy8gE4M

Francamente, quero eu lá saber se ao chegar aos 35 anos posso ser Candidato a Presidente ou se posso eleger o Chefe de Estado. Quando uma República, como a Portuguesa é claramente e descaradamente mais cara que a Monarquia Espanhola, eu digo mas é Viva o Rei Dom Duarte! e a Monarquia Portuguesa! Qual republica qual quê… Em Monarquia também há Democracia e onde aliás, os Partidos que chegam ao Governo cumprem muito mais as promessas eleitorais do que em Portugal. No Reino Unido, só para terem uma noção a taxa de cumprimento de promessas eleitorais está acima dos 80%. Portugal estima-se que esteja à volta dos 40% – se estiver!
Alguma vez a República é credível?

Já agora aqui vai uma classificação relativa às taxas de cumprimento de promessas eleitorais:

1.º Reino Unido – 85% – Monarquia

2.º Suécia – 83% – Monarquia

3.º Nova Zelândia – 76% – Monarquia

4.º Estado Unidos – 65% – República

5.º Noruega – 60% – Monarquia

6.º França – 60% – República

7.º Itália – 58% – República

8.º Países Baixos – 57% – Monarquia

9.º Espanha – 55% – Monarquia

10.º República da Irlanda – 52% – República

11.º República Checa – 45% – República

Creio que o Exemplo de serviço que as Monarquias dão aos seus Cidadãos, gere, claramente confiança pública destes nas suas Instituições. Os Políticos, em termos gerais sabem bem qual é o seu dever e os Cidadãos também sabem qual é o seu Dever.

Quando os Políticos cumprindo o seu dever, respeitam os Direitos dos Cidadãos, o Pacto Social entre as instituições públicas e a nação, está selado na confiança. Quando tal não acontece, surgem tumultos e desconfianças que podem levar e gerar crises políticas sérias.

As Monarquias demonstram, neste sentido, serem os regimes mais estáveis onde o nível de confiança dos cidadãos nos políticos é maior. Isto aliás, até vem a propósito do Presidente Cavaco Silva, se mostrar preocupado com a falta de prestígio da nossa classe política. É necessário, tendo em conta a crise, os detentores de cargos políticos, fazerem bem as contas e olharem bem para as diferenças entre as Monarquias muito mais baratas e a República Portuguesa, cada vez mais cara, atrevo-me a dizer.

David Garcia

Fonte: Um Passado, Um Presente e Um Futuro

No dia em que só alguns são livres

As eleições para o emprego de presidente da república portuguesa foram marcadas para o dia 23 de Janeiro, "Dia Mundial da Liberdade". Coincidência ou não, creio que não, porque para o espírito "anti-faxista" que vive, qual Alien, no peito dos portugueses a palavra "liberdade" tem uma "conotação" especialíssima e mais significado que todas as palavras juntas inclusive a palavra Verdade e, como sabem, não existe um "Dia da Verdade", era bom. Ficou então para o Dia Mundial da Liberdade. O "Dia" a seguir se calhar não dava jeito pois seria o "Dia Mundial das Zonas Húmidas", a 2 de Fevereiro, ou então no outro "Dia" a seguir, o "Dia Mundial do Doente", dia 11 de Fevereiro, e doentes já andamos nós quanto mais lembrarmo-nos das maleitas da republica! Nesse "Dia da Liberdade", porém, alguns não serão livres, antes pelo contrário, muitos ficarão a meditar sobre se alguma vez lhes será permitido votar pelo sufrágio de uma república imposta pelo terrorismo. Ironia; convocar os votos para o dia em que se comemora a "Liberdade" numa república sem Liberdade de escolha, que impõe a proibição constitucional de opinar sobre o regime.

João Amorim


Fonte: Centenário da República

ENTREVISTA DE S.A.R., DOM DUARTE AO PROGRAMA "DE HOMEM PARA HOMEM" NA TVI24 EM 12-12-2010

(clique na imagem para ouvir)

Fonte: Família Real Portuguesa

15 dezembro 2010

Herois do Mar

(clicar na imagem para ler)

O Manifesto da realidade

Essa ideia colectiva de passado de que, quando tínhamos reis, era tudo fantástico, épocas em que os portugueses eram os maiores e melhores do mundo, em que foram Descobertas, ouro, diamantes, dinheiro, riqueza, prosperidade, avanço e progresso em direitos do homem, na verdade não foram lendas maravilhosas de príncipes e princesas. Foram factos! Existiu mesmo meus caros!

Na Noruega, na Austrália, na Nova Zelândia, no Liechtenstein, na Holanda, no Canadá, na Suécia, no Japão, na Bélgica, na Dinamarca, na Espanha, na Inglaterra, etc, ainda é assim. Estão todos mais prósperos presentemente que nós.

Hoje com a república estamos mal, nunca mais fomos os mesmos, pior…esquecemo-nos de quem fomos. Estamos a perder literalmente tudo o que construímos até 5-10-1910. Hoje residimos em novas trevas de pessimismo e descrença no futuro.

Digo-vos, contudo, que ainda é possível encarreirar no melhor trilho, aquele que nos caracterizava como portugueses positivos, abertos e prósperos. A verdadeira democracia é a chave: INFORMAÇÃO –» CONHECIMENTO –» REFERENDO –» VOTAÇÃO –» RESTAURAÇÃO!

Fonte: Incúria da Loja

A Ditadura da necessidade

“A Ditadura da necessidade”, análise muito oportuna e objectiva a este fim de III República e à total ausência da tão apregoada ética republicana entre os governantes actuais.

Um velho provérbio lembra: a necessidade não precisa de lei. Foi em torno desta ideia fundamental, formulada inicialmente por teólogos e canonistas medievais, que se veio a estruturar a teorização de regimes autoritários e ditaduras. Os argumentos utilizados pela retórica política autoritária assentam no binómio necessidade e urgência. Actos administrativos ilegais e leis inconstitucionais sempre foram apresentados e justificados debaixo da ideia de que eram urgentes e necessários.

Outra máxima política dos tempos da monarquia absoluta era que as loucuras dos reis pagam os povos. Hoje, mesmo sem reis, continuam a ser os povos a pagar as loucuras dos governantes. Quando ainda ecoam as comemorações da República e a invocação da ética e do ethos republicano, fica claro que a retórica dos discursos comemorativos nada tem que ver com a prática política, nomeadamente a expropriação sem justa causa ou a nacionalização arbitrária dos rendimentos de tantos portugueses.

Estão em causa três exigências fundamentais da política e da ética democráticas: representação, diálogo, publicidade. Se os deputados representam o povo é debaixo da condição de respeitarem as promessas políticas que determinaram a sua eleição. Se os deputados não respeitam esse compromisso não são dignos desse nome. Como escreveu Norberto Bobbio, as promessas não cumpridas matam a democracia. A democracia é também diálogo. Contraposta à ideia de razão de Estado, que não pode ser negociada, a ideia de razão pública é que tem de existir debate, consenso social alargado nas questões fundamentais da coisa pública. Hoje regressa a política do segredo e da razão de Estado. Mas precisamente o que a opinião pública quer saber, precisa de saber e numa democracia tem o direito de saber é a razão de ser das medidas decretadas pelos políticos, em que estudos preparatórios se baseiam, que consequências foram medidas. O segredo domina, quando não sabemos o que levou o governo a mudar de ideias, dias passados sobre promessas e compromissos com negócios. A opinião pública gostaria de ter acesso às actas do Conselho de Ministros e aos documentos preparatórios do Orçamento do Estado.

A opinião pública gostaria que existisse um relatório público com os gastos com a nacionalização do BPN: se os contribuintes têm de pagar milhares de milhões de euros dos seus impostos e salários, isto significa que outras pessoas beneficiaram com esses milhões. Os representantes dos contribuintes têm o dever de se interessar por saber para que bolsos foram transferidos esses dinheiros. Ou os dinheiros das parcerias público-privadas. Ou dos estádios do Euro, entre tantos gastos sumptuários e desnecessários.

Os escândalos financeiros da Primeira República foram uma das principais causas do seu descrédito. E os da Terceira República? Denunciados por muitos, demonstrados pelo Tribunal de Contas em muitos casos não pode passar-se uma esponja sobre eles.

Ao mesmo tempo, uma imensa oligarquia beneficia da desestruturação do Estado. Aqueles que agora invocam a necessidade foram os mesmos que a provocaram. A ética republicana apregoada ontem deveria recordar que em nenhum caso pode um funcionário do Estado receber mais que o chefe de Estado. A redução dos salários excessivos é imperiosa, por uma questão de princípio e de justiça.

Chegamos assim a um ambiente geral de fim da República, assente nos escândalos financeiros, na falta de moralidade com os gastos públicos, na ausência de uma política de coesão social e regional, mas também na ausência de representação democrática. Quanto ao argumento invocado é o de que a ditadura da necessidade impõe estas soluções – e não quaisquer outras, a estudar e negociáveis – e, quando os políticos estão comprometidos com anos de governação que não evitaram chegar à solução da necessidade, o regime é afinal o da ditadura da necessidade.

Se não existe representação nem publicidade não vivemos numa democracia. Quando muito, recorrendo a uma velha intuição de Platão, vive-se numa teatrocracia, que utiliza a televisão e outros meios de comunicação para representar um papel – como no teatro os actores declamam e repetem um texto anterior. Ou numa oligarquia, em que um grupo restrito monopoliza o poder para seu benefício. Não se ouviu, aliás, proclamar que o povo tem de sofrer as dores dos seus governantes? Nem mesmo um nobre numa monarquia seria capaz de dizer semelhante absurdo.

A ditadura da necessidade é apenas um argumento utilizado para justificar a suspensão da democracia e do que ela implica: valores e princípios, discussão na esfera pública acerca das decisões políticas, consenso sobre os aspectos fundamentais da vida social.

Em democracia há sempre alternativas.

António Pedro Barbas
Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

Fonte: Real Associação de Trás-os-Montes e Alto Douro

A EUROPA, PORTUGAL E O REI

Perdido o império em condições que importa enfatizar - entregue o governo dos novos países aos partidos que, por terem conduzido uma guerra contra a soberania portuguesa, eram hostis aos portugueses e à sua herança colonizadora, ainda que tacticamente simpáticos com o poder descolonizador – para sublinhar a quase impossibilidade de Portugal converter a sua estratégia nacional na criação de um espaço lusófono e reduzido o país à sua dimensão europeia, entenderam as forças políticas democráticas que, quer em termos de projecto nacional quer em termos de preservação das instituições democráticas ainda frágeis, estava na Europa da CEE o desígnio português, porque espaço económico fundamental ao desenvolvimento e porque embrião do espaço político onde preponderavam os princípios que subscreviam. Os portugueses nunca foram consultados sobre o novo desígnio nacional, a não ser na votação nos partidos maioritários que inscreveram nos seus programas e manifestos eleitorais a sua política pró-europeia, e que a maioria dos eleitores não leu. Mas aceitaram-no tacitamente.

A construção europeia foi-se fazendo nas instituições da Comunidade e tomadas decisões que cada vez mais foram retirando soberania.Com os tratados de Maastricht e de Nice, firmou-se a União Europeia e decidiu-se a Moeda Única Europeia. Os portugueses continuaram a não ser esclarecidos devidamente e ouvidos expressamente, ficando as decisões a cargo da democracia representativa, escudada, como anteriormente, num preceito constitucional que proíbe o referendo dos tratados internacionais.

Em mais um passo para o aprofundamento do espaço europeu, agora alargado a novos países, as instituições comunitárias decidiram fazer um novo tratado de cariz constitucional, que para além de englobar e simplificar os anteriores tratados, altera substancialmente os equilíbrios de decisão e cria novos órgãos e funções de coordenação política, retirando novas fatias – embora aparentemente pequenas – de soberania nacional. Os partidos maioritários da democracia e as instituições do Estado preparam-se, embora afirmem o contrário, para não pedirem o voto expresso dos portugueses, com hipócritas artimanhas políticas. A verdade, porém, nua e crua, é que os portugueses não sabem o que está em discussão – a julgar pela impressionante, ignorante e contraditória resposta a uma sondagem europeia que o DN de 11 de Novembro publicou – e que os partidos políticos e instituições do Estado, parecem não ter interesse em esclarecer, pelo barulho ensurdecedor que, sobre esta questão, ouvimos.

Estou certo, porém, de que com referendo ou sem ele, mesmo com esclarecimento público atempado e claro, a maioria quer pertencer à Europa – absorveu bem a mensagem europeísta dos sucessivos governos democráticos – dando de mão beijada as perdas de soberania (talvez por pensar, com alguma sabedoria, que exercida por outrem sê-lo-á melhor do que pelos que nos governam?).

Resta-nos, para não desaparecermos progressivamente, a defesa da identidade nacional que, até essa, tende a desaparecer , engolida pela Europa e, sobretudo, por onde se inicia a nossa integração, a Espanha, país contíguo e porta da Europa , maior e mais poderoso em termos económicos e políticos, com uma estratégia nacional que vai muito para além da Europa comunitária. A Espanha democrática e das regiões autónomas diferentes e com identidade própria, na língua, na história e na cultura, para quem o Rei – e nisso a descomplexada e inteligente esquerda espanhola teve o excepcional mérito de entender, ao apoiar uma monarquia como forma do Estado – é um garante da unidade acima da diversidade e das autonomias, um pólo de atracção inelutável que vai muito para além do seu espaço geográfico e se estende para o espaço linguístico, histórico e cultural.

Portugal, sem estratégia nacional – veja-se, em contra-ponto, a timidez, senão a quase inexistência de uma verdadeira estratégia para a lusofonia, para além do formalismo de instituições vagas, vazias e ineficazes – sem outros horizontes para além dos europeus, complexado perante a pujança do seu vizinho, choramingas por ele fazer aquilo que não consegue (sem esquecer as tristes afirmações feitas recentemente em Espanha pelo Dr. Jorge Sampaio), tende a vir a ser, com o aprofundamento da política europeia, mais uma região peninsular, com governo próprio, como a Catalunha ou a Galiza, com Presidente e até “independência” formal.

Na preservação da identidade nacional, ainda possível e desejável, para além da língua, da cultura e da História, é fundamental que os símbolos da Nação portuguesa estejam vivos e sejam actuantes. Dentre eles quem encarna a Nação de mais de oitocentos anos, que terá de ser um pólo irradiador de confiança e vontade dos portugueses – o Rei.

João Mattos e Silva (Novembro de 2003)

Fonte: Família Real Portuguesa

14 dezembro 2010

A História repete-se, porque os povos preservam a sua diferenciação e identidade.

A União Europeia exigiu o maior sufoco fiscal de que há memória aos portugueses…apenas o início de um processo que no curto prazo sofrerá mais agravamentos e muito mais sacrifícios.

Tudo se baseia numa premissa, que o debate entre Colbert e Mazarino, no tempo de Luis XIV, tão bem anuncia:

Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível.Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço...

Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!!
Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!

Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo ? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?

Mazarino: Criam-se outros.

Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarino: Sim, é impossível.

Colbert: E então os ricos?

Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.

Colbert: Então como havemos de fazer?

Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres.
É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais!
Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável.”

Portugal tem um período histórico de sessenta anos, em que a ilusão de pertencer a um Império Europeu, retirou aos portugueses a soberania fiscal. Foi a 3ª Dinastia, em que verdade seja dita, nunca chegaram os Filipes a eliminar a nossa moeda nacional.

O povo português reagiu então, porque os impostos o empobreciam e não reconheciam que a sua aplicação fosse do interesse nacional.

A revolta das Maçarocas do Porto, as Alterações de Évora, alastradas a tumultos em todas as cidades, levaram ao ambiente que culminou com a acção dos Conjurados e a Restauração concretizada no 1º de Dezembro de 1640 e ainda hoje comemorada com um feriado nacional.

A mensagem do povo, assinada simbolicamente, por Manuelinho é elucidativa e motivou a revolta e a revolução.
“Senhor, vosso Portugal
de vossos pais estimado,
hoje, em miséria fatal,
está pobre e lastimoso;
e o governo rigoroso,
que tanto o tem perseguido,
lhe nega, sendo ofendido,
o alívio de ser queixoso.
Manuelinho”

Portugal, voltou então a ser um Reino independente e soberano. Logo nos apercebemos que tínhamos potencialidades que estavam esquecidas e nunca tinham sido aproveitadas.

Ontem, como hoje, vivemos um período de ilusão, que nos conduziu ao empobrecimento e ao sacrifício….mas reagimos e vencemos.

Para sustentar a guerra da Restauração que durou quase três décadas, o novo Rei lançou um novo Imposto…a Dízima, 10 % dos rendimentos de todos os portugueses.
Na História das Nações do Mundo, este imposto tem uma particularidade e uma diferenciação.
É entre todos o único, em que não há qualquer documento histórico, qualquer notícia, de contestação.

A História repete-se…a ilusão de 1580, a que muitos membros da Corte aderiram e propagandearam, levou ao esquecimento de valores, de sentimentos dos portugueses e à sua servidão e empobrecimento. A ilusão de 1985, conduziu-nos a uma situação idêntica.

Esquecemos o que somos e esquecemos as nossas potencialidades.

A União Europeia está num dilema, que é para nós um problema de transcendente importância e gravidade. O sistema da moeda única só sobrevirá com a uniformização fiscal ou tributária, ou seja a total eliminação da nossa soberania e independência.

Em 1985, foi a adesão à Comunidade Económica Europeia que contribuiu para a consolidação da democracia portuguesa…em 2011, a Moeda única e a precipitação do Federalismo Europeu irá matar por completo a democracia portuguesa.

É hora, de voltarmos a meditar profundamente na mensagem de Manuelinho.

José J. Lima Monteiro Andrade

Aos que se dizem Republicanos…

É cada vez mais urgente, os que se consideram republicanos, perceberem que de nada nos serve uma chefia de Estado electiva, e que o melhor serviço da república está nas inúmeras vantagens da Instituição Real. Instituição Real, em Portugal, representada, exemplarmente, por Sua Alteza Real, o Senhor Dom Duarte de Bragança e Família Real.
Quem se considera republicano, deverá compreender, que sempre que é legítima, a ética republicana e ética monárquica são idênticas. A ética não tem adjectivos!
Chegou a hora aqueles que se consideram republicanos, levarem a sério as palavras sensatas do Chefe da Nossa Casa Real, descendente do Rei Dom Afonso Henriques, Fundador da Pátria.
Chegou a hora de aqueles que se consideram republicanos, por último, perceberem que estamos no fim de um ciclo de 100 anos que em nada nos valeu, além de ditaduras e golpes militares.
Portugal precisa de um projecto novo, centrado na Instituição Real, protectora da Democracia e garantia da Continuidade da Pátria, servidora da república – do bem comum de todos nós, voz verdadeira de Todos os Portugueses, não importa o partido em que votam, ou a religião que professam, ou se têm religião, não importa a sua ideologia política.
É fundamental, acima de tudo, todos nós Portugueses, colocarmos, com generosidade e espírito de missão, o nosso trabalho e fé, ao Serviço de Portugal e lutar por um projecto renovador da Pátria, centrada na Europa e com uma nova política no quadro da Lusofonia, que nos poderiam trazer inúmeras vantagens; não só para Nós Portugueses, mas também para os nossos Irmãos da Luso-esfera.
Temos muito mais a ganhar com uma Monarquia, já, do que continuarmos a perder tempo com a República da decadência e da incerteza – ou melhor, a única certeza que podemos ter, é que cairemos num poço sem fundo e não voltaremos. Ainda estamos bem a tempo da regeneração da Pátria.

Viva o Rei Dom Duarte!
Viva Portugal!


David Garcia

Fonte: Um Passado, Um Presente e Um Futuro

PONHAM NA AGENDA: PPM ORGANIZA JANTAR-CONVÍVIO DE REIS EM BRAGA

Fonte: Real Associação da Beira Litoral
Fonte: Família Real Portuguesa

13 dezembro 2010

"As Mulheres e a República" por SAR Dona Isabel de Bragança

(Discurso proferido por S.A.R. a Duquesa de Bragança no Encontro Anual da AACDN - Porto, 1 a 3 de Outubro de 2010)

Existe uma tentação comum a quase todas as comemorações de efemérides que tende a marcar a realidade à luz desse acontecimento, como se todas as coisas passassem a acontecer em função da data que queremos assinalar e dos seus ideais.

É o que se passa, um pouco, com as comemorações do Centenário da República em Portugal. Na ânsia – legítima - de exaltar os ideais republicanos, parece que estamos perante uma verdadeira refundação do Estado português ou perante a estreia absoluta dos mais elementares direitos de cidadania.

Fala-se na inauguração de certas liberdades mas basta um olhar mais atento e esclarecido para verificar que, por exemplo, onde antes de 1910 havia liberdade de imprensa, passou a haver encerramentos e ataques a jornais monárquicos ou mesmo republicanos de sinal adverso; onde antes de 1910 havia um sistema multipartidário, que incluía um partido republicano, passou a haver um sistema de partido único, com lideranças de legitimidade revolucionária. O mesmo se pode dizer sobre a liberdade religiosa e a liberdade sindical que também era praticada na Monarquia Constitucional e deixou de o ser depois de 5 de Outubro de 1910.

Mesmo uma das bandeiras da República que tem sido valorizada este ano, que pode e deve ser reconhecida pela história – como a escola pública – deve ser referida a par da razia que foi dada com o encerramento das múltiplas escolas que pertenciam às congregações religiosas, entretanto extintas e perseguidas pelo novo regime. Refiro-me em especial à expulsão dos Jesuítas que tinham estabelecimentos de ensino por todo o País que foram expulsos sem solução alternativa.
As consequências no Ultramar foram ainda mais graves com expulsão das missões católicas.

É, assim, importante que estas datas sejam aproveitadas para aprofundar o estudo e a procura da realidade histórica e não tanto para reforçar alguns estereótipos que a propaganda dos regimes subsequentes sempre produz. Esta lucidez é-nos pedida quando estudamos os assuntos e, sobretudo, quando - como agora - sobre eles partilhamos reflexões.

No caso da situação das Mulheres na sociedade, sabemos que ela não se alterou pela via revolucionária a não ser na possibilidade do divórcio – assunto que afecta igualmente homens e mulheres. As mulheres não passaram a ter direito ao voto, ou salário igual, ou quaisquer direitos laborais referentes à condição da maternidade.

Assim, a condição feminina não se alterou favoravelmente em Portugal por via da Revolução de 5 de Outubro, pelo contrário, viu-se seriamente prejudicada em relação à evolução verificada em outros países Ocidentais pelo facto de 64 anos deste século republicano terem sido tomados por regimes revolucionários e ditatoriais que em nada beneficiaram as liberdades cívicas das mulheres ou a sua condição social.

Na verdade, nem a I República, nem a II República, consagraram, por exemplo, o direito ao voto extensível a todas as mulheres, tal como foi acontecendo em outros países do Ocidente na mesma época. Esta diferença significativa anda a par da descriminação que se verificou também na lei laboral que foi evoluindo mais depressa e melhor na maioria dos países do Ocidente.

O atraso na evolução da condição feminina em Portugal prende-se, também, com outros factores internacionais, sociológicos e económicos, para além dos de raiz eminentemente política que referi. Mas a verdade é que o atraso na sociedade e uma certa clausura na economia são consequências directas desses primeiros 64 anos da República.

O facto de Portugal não ter entrado na II Guerra Mundial tornou mais lenta a entrada de mulheres no mercado de trabalho e retardou, ainda mais, o processo de industrialização que vinha do século anterior e que recebeu um forte impulso na Europa que entrou na Guerra.

O controlo da natalidade, associado por muitos à condição feminina, também teve um impacto mais lento numa sociedade fechada, pouco permeável à divulgação deste tipo de informação. Esta clausura, permitida pelas duas Repúblicas, teve múltiplos efeitos. Também a instrução geral para Mulheres ou a sua entrada no Ensino Superior são realidades tardias para as portuguesas.

Enfim, se a pergunta é: o que fez a República pelas Mulheres, ou: como estariam as Mulheres se tivéssemos continuado em Monarquia, a resposta é, (fugindo a qualquer maniqueísmo ou «bola de cristal depois da hora»): as democracias europeias favoreceram mais cedo e melhor os direitos cívicos das Mulheres e as suas condições sociais. E as Democracias europeias eram, nessa época, maioritariamente monarquias.

A esta luz, não será difícil supor que a diferença dos regimes teria feito diferença à condição das Mulheres portuguesas. Mas nunca saberemos a resposta porque a História nos fez correr por outro caminho.

Entretanto, não posso deixar de mencionar que, ao longo da história de Portugal, o papel das rainhas foi muito importante e as suas intervenções políticas, humanitárias e culturais foram significativas.

Assim:

1 - As duas únicas chefes de Estado femininas que houve até agora foram rainhas – D. Maria I e D. Maria II.

Particularmente notáveis foram:

- A rainha Santa Isabel, mulher de D. Dinis, que moderou graves conflitos internos evitando a guerra civil e se celebrizou na assistência aos pobres;

- A rainha D. Filipa de Lencastre, mulher de D. João I, que sempre esteve por trás do engrandecimento do País durante esse reinado e foi mãe da “ínclita geração”;

- A rainha D. Leonor, mulher de D. João II, que fundou as misericórdias, que ainda hoje são tão importantes na solidariedade social;

- A rainha D. Catarina, mulher de D. João III, que assegurou eficazmente a regência do País em circunstâncias difíceis, durante parte da menoridade de seu neto D. Sebastião;

- A rainha D. Luísa de Gusmão que contribuiu com o seu ânimo para a causa da Restauração e assegurou a regência do Reino com grande eficácia na menoridade de D. Afonso VI;

- A rainha D. Catarina de Bragança, rainha de Inglaterra e filhe de D.João IV, que também foi regente de Portugal na doença de seu irmão o rei D. Pedro II;

- A rainha D. Amélia, a quem se deve o impulso e a presidência do Instituto Ultramarino e da Assistência Nacional aos Tuberculosos, duas das mais notáveis instituições de saúde pública e solidariedade social criadas na Monarquia Constitucional.

Agora que se comemoram os 100 anos do regime republicano, quando penso no papel das primeiras-damas, só consigo lembrar-me da notável acção social desenvolvida por duas: A Dra. Maria de Jesus Barroso Soares e a Dra. Manuela Eanes.

Muitas mulheres portuguesas estiveram presentes, desde tempos antigos, mas com mais evidência no séc. XIX e princípio do séc. XX, nos vários sectores importantes da actividade pública.

A título exemplificativo apontem-se algumas:

Política

Uma das mais influentes figuras da Maria da Fonte, revolução que produziu profundos efeitos na vida política nacional, começando pela queda do governo dos Cabrais, foi Maria Angelina, uma mulher minhota que deu o nome ao movimento.
A primeira mulher a votar em Portugal foi Carlota Ângelo em 1911; mas a disposição legal de que se socorreu para exercer esse direito era idêntica à da lei eleitoral no tempo da Monarquia; ela, por outro lado era já médica, formada em tempo da Monarquia.

Empresariado

Distinguiu-se no século XIX D. Antónia Ferreira, a célebre “Ferreirinha”, grande e dinâmica empresária numa actividade importante e exportadora como era o sector do vinho do Porto.

Obras Sociais

Muitas mulheres portuguesas em tempo do constitucionalismo monárquico se distinguiram na implementação de obras sociais.
Apontem-se por exemplo a duquesa da Palmela e D. Júlia Brito e Cunha, com as chamadas cozinhas económicas, e o papel na solidariedade social de inúmeras instituições onde religiosas e leigas deram o seu contributo fundamental para a saúde e bem estar da população carenciada.

Educação

Não se pode esquecer o papel de colégios religiosos, em muitos dos quais tinham acção mulheres consagradas e leigas.
O primeiro liceu feminino, o Maria Pia, foi fundado em 1906, em 1910 já frequentavam os liceus cerca de mil raparigas.
As primeiras universitárias femininas de pleno direito aparecem na
década de 90 do séc. XIX. Domitila de Carvalho foi a 1ª a inscrever-se, e Elisa de Andrade a primeira a licenciar-se. Licenciaram-se mais de duas dezenas até 1910 (em farmácia, medicina, filosofia e matemática).

Ciência
Tem de ser lembrado o nome da historiadora, filóloga e literata D. Carolina Micaelis de Vasconcelos, cuja produção escrita teve já expressão de relevo em finais da Monarquia.

Literatura

Lembrem-se os nomes, em épocas mais antigas, de Paula Vicente, Públia Hortênsia de Castro, Antónia da Trindade, Antónia de S. Caetano, Bernarda Ferreira de Lacerda, Beatriz da Silva e Sousa e tantas outras; já nos sécs. XIX e XX, a Marquesa de Alorna, a Viscondessa de Balsemão, Maria Amália Vaz de Carvalho e Virgínia de Castro e Almeida.

Artes Plásticas

Mencionem-se, entre outros, os nomes antigos de Josefa de Óbidos, pintora, Paula de Sá, escultora, e da moderna Aurélia de Sousa, pintora.

Música

São incontornáveis as figuras de renome internacional de Luísa Todi, cantora, e de Guilhermina Suggia, violoncelista.

Teatro

Houve uma plêiade de actrizes em fins do séc. XIX e princípio do séc. XX, entre as quais são de incluir Rosa Damasceno, actriz Virgínia, Ângela Pinto, Adelina Abranches, Lucinda Simões e Palmira Bastos.

Fonte: Casa Real Portuguesa

12 dezembro 2010

Vitória real

Em política, não existem coincidências.

Desde há alguns dias, a comunicação social tem noticiado as declarações do Duque de Bragança, referindo-se à disposição do Brasil ajudar Portugal a combater a crise económica e financeira. Enquanto alguns ignoraram totalmente a hipótese, houve quem tivesse exercido o seu "direito de troça" e ainda ontem, o nosso colega Portugal dos Pequeninos - que acusa D. Duarte de ócio! - desferiu um dos seus habituais ataques, talvez maçado pela evidente vacuidade e circunspecto mutismo de um re-candidato a certas "cooperações estratégicas" entre-palácios.

Os noticiários dizem que o governo do ainda presidente Lula da Silva, parece disposto à ajuda e que o sr. Teixeira dos Santos foi pragmático, ouvindo in loco a notícia daquela possibilidade. A compra de títulos de dívida, consiste na primeira fase e se existir vontade e competência no trato, poderemos chegar muito longe. Bem vistas as coisas, o governo português beneficia da diplomacia paralela da Casa Real, sem que isso implique qualquer tipo de despesa para os contribuintes. Gostem ou não gostem os detractores, engulam a evidência e aproveitemos a oportunidade.

A acção do cada vez mais nosso Rei, parece ter sido um factor de inegável relevo.

Estamos mesmo assim: gastamos quase 20.000.000 de Euros com Cavaco Silva - não contando com os outros três ex -, para que permaneça calado e ocasionalmente surja em cimeiras, como mero apêndice de S.M. João Carlos I de Espanha. O caríssimo ocioso residente de Belém, cada vez mais se parece com um sucedâneo do senhor Moralles e uns tantos outros de quem poucos sabem pronunciar o nome.

Definitivamente, chegámos a uma fase de transição e a par da cada vez mais estranha Europa, ressurgem outras possibilidades bem ao nosso gosto. Às montanhas com cumes nevados, os portugueses sempre preferiram praias bordejadas por coqueiros. Fazem bem.

Nuno Castelo-Branco

Fonte: Centenário da República

S.A.R., DOM DUARTE DE BRAGANÇA VISITA CÂMARA MUNICIPAL DE LAMEGO

Aproveitando a sua presença no tradicional Jantar dos Conjurados, promovido pela Real Associação de Trás-os-Montes e Alto Douro, que este ano decorreu na cidade de Lamego, Dom Duarte de Bragança deslocou-se à Câmara Municipal de Lamego para a apresentação de cumprimentos.

No encontro de cariz simbólico que manteve com diversos membros do executivo desta autarquia e de outros autarcas do concelho, o Herdeiro da Casa Real mostrou a sua satisfação por visitar uma cidade com um passado histórico intimamente ligado à génese e à consolidação da Monarquia portuguesa e realçou o facto de existirem no Douro muitos homens e mulheres fiéis a este regime.

À semelhança do ocorrido em anos anteriores, o Jantar dos Conjurados, realizado a 3 de Dezembro último, foi aberto a todas as pessoas que pugnam ou têm simpatia pelo Ideal Monárquico e também a todos aqueles que simplesmente querem associar-se à evocação de uma data marcante da História portuguesa que assinala o 370º aniversário da Restauração da Independência de Portugal.

Fonte: Família Real Portuguesa

Eça, sempre tão actual…

Fonte: Um Passado, Um Presente e Um Futuro

11 dezembro 2010

Insultar reis

A tela que maior entusiasmo concitou este ano na National Galery de Londres foi Charles I Insulted by Cromwell's Soldiers, pintada por Delaroche em 1836 ou 1837. Havia sido dada por perdida durante o Blitz de 1940-41, mas foi redescoberta algures na Escócia em 2008, voltando triunfalmente à casa de origem. O quadro mostra Carlos I, Rei de Inglaterra, sentado e absorto na leitura de uma qualquer obra edificante. À direita do soberano, já deposto e no cativeiro que lhe foi imposto no fim da chamada Segunda Guerra Civil, um soldado do Parlamento sopra-lhe no rosto o espesso fumo de cachimbo. À esquerda, um outro soldado, visivelmente embriagado, parece zombetear da desgraça do Rei, erguendo-lhe a taça das libações. Atrás dos dois foliões, dois militares puritanos assistem à ignóbil brincadeira sem intervirem.

No fundo, mais que a desdita de um homem humilhado por dois canalhas cheios de ódio, retrata o drama cósmico da inversão das polaridades, do triunfo do mal sobre o bem, do eclipse das virtudes da magnanimidade, da serenidade e da caridade. Aquilo que vulgarmente vejo nas exibições de ódio contra a monarquia e os monárquicos não passa disso: ódio a tudo o que não se compreende, ódio àquilo que não se pode ter nem pelo dinheiro, nem pelo atrevimento, excitação incontrolável dos sentidos na destruição de pedestais. É o ódio do plutocrata, príncipe do Reino de Mamona, dos condes da banca e marqueses dos supermercados, mais os seus caudatários, jograis-intelectuais em busca do dobrão de ouro atirado por esmola no fim das actuações. Tudo se resume a isso: despeito, eterna adolescência moral e uma quase certa revolta contra o berço onde se nasceu. Não deixa de ter piada que é o povo chão quem melhor compreende os Reis. O povo chão ama os Reis. O mesmo não acontece com a burguesia, sobretudo a alta, que subiu a choques de punhal, bem como a novíssima, despenteada mental, a das Kátias e das Vanessas, dos futebóis, das gestões e das férias nas repúblicas dominicanas.

Fonte: Combustões

Campanha de solidariedade para com as vítimas do tornado

Na sequência do tornado que fustigou o concelho de Tomar na terça-feira, os Serviços Municipais de Protecção Civil estão a centralizar as operações no Quartel dos Bombeiros. Quem queira contribuir com a oferta de materiais de construção, móveis ou electrodomésticos, bem como os voluntários que estejam disponíveis para ajudar na reconstrução, deve contactar o Posto de Comando Municipal pelo telefone 249 324 030.
Quem tenha alguma situação de emergência relacionada com os danos causados pelo tornado pode também contactar aquele número ou o 249 329 140.

Por outro lado, todas as pessoas que tenham sido vítimas da intempérie e que tenham necessidades de apoio de âmbito social devem dirigir-se a um dos seguintes serviços ou contactá-lo pelos meios indicados:

- Serviços Municipais de Habitação e Acção Social – Praça da República – telefone 249 329 887 – e-mail: accaosocial@cm-tomar.pt

- Serviço Local de Acção Social de Tomar (Segurança Social) – Av. Ângela Tamagnini, 3 - telefone 249 310 560 ou 563 – cdsssantarem@seg-social.pt

- Centro de Dia da Venda Nova – Bairro do Fojo – Venda Nova – telefone 249 301 534 – e-mail:acrsvendanova@gmail.com

Está também disponível o número da ÚNICA conta bancária autorizada para recepção de DONATIVOS, titulada pela CRUZ VERMELHA PORTUGUESA, que é NIB 0035 0813 000 5683023 058 da CGD.

Fonte: Tomar, a Cidade!

CONVITE: APRESENTAÇÃO DO LIVRO "O PAPA EM PORTUGAL" COM A PRESENÇA DE S.A.R., A DUQUESA DE BRAGANÇA


A Jornalista Aura Miguel nesta apresentação vai referir o presente que a Família Real ofereceu ao Papa, a Nossa Senhora do Rosário e a importância do rosário.

10 dezembro 2010

“Mais do que de regime, há problema de valores”

Paulo Teixeira Pinto, Presidente da Causa Real sobre situação no 370.º aniversário da Restauração da Independência.

Correio da Manhã – D. Duarte de Bragança, a propósito das comemorações da Restauração da Independência, afirmou numa entrevista que a crise profunda "reforça a legitimidade monárquica". Como comenta estas declarações?
Paulo Teixeira PintoA crise profunda reforça, no fundo, a inspiração monárquica na busca de identidade. A legitimidade é a mesma. Tem mais que ver com o refúgio da confiança. Mas obviamente que concordo com o que diz D. Duarte de Bragança, quer pela natureza quer por uma questão de lealdade.

– D. Duarte é também muito crítico em relação ao actual sistema. O que tem a dizer nesta matéria?

D. Duarte de Bragança é da Casa Real, eu sou da Causa Real, não me compete estar a comentar o que diz o príncipe.

– Mas terá uma opinião própria em relação ao actual regime.

Mais do que um problema de regime, o que existe é um problema de vida, de valores e de comportamentos.

– Que alternativas propõe ao actual regime?

Essa é uma questão que tem que ver com o processo de Revisão Constitucional e que não posso estar agora a reproduzir em meia dúzia de linhas. Seria um assunto para uma conversa mais longa.

– Qual o ponto de situação do processo de revisão constitucional?

O projecto foi entregue e agora é um assunto que compete aos grupos parlamentares.

– Mas está atento ao processo?

Obviamente, tenho estado atento a todo o processo.

– No dia em que se celebra a Restauração da Independência, que mensagem gostaria de deixar aos portugueses?

Que quando há vontade, uma vontade dirigida a um bem comum, se medite no que aconteceu há 370 anos, quando quarenta vontades individuais interpretaram uma vontade colectiva.

Fonte: CM

Entrevista de SAR Dom Duarte de Bragança ao jornal "I"

Brasil quer apoiar Portugal na crise da dívida com melhores condições que o FMI

(por Filipa Martins, 09 de Dezembro de 2010)

Dom Duarte Pio de Bragança já pediu a nacionalidade timorense. Ao i, abre a porta a pedir ainda a nacionalidade brasileira
Dom Duarte serviu o chá, num bule japonês, oferta de um mestre do chá. O sabor adocicado das ervas não merece açúcar, assegurou. Depois recostou-se na cadeira. A sala da fundação Dom Manuel é escura, como imaginamos os castelos, e o dia negro não ajuda. Nas paredes, pinturas a óleo e resquícios de outro regime. Tinha estado ao telefone para Timor, na semana passada pediu a nacionalidade timorense. A brasileira pode ser a seguinte, "quem sabe", diz. Para já, o país que será de Dilma deverá dar uma ajuda às contas nacionais.


Defendeu que Portugal deve pedir ajuda ao Brasil, para evitar a entrada do FMI no país.

Na véspera do dia 1 de Dezembro (Dia da Restauração da Independência), um ministro do futuro governo de Dilma Rousseff - que também é ministro do actual governo de Lula da Silva - telefonou-me e manifestou o interesse do futuro governo brasileiro para apoiar Portugal na questão da dívida externa em melhores condições que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e, eventualmente, em melhores condições até que a União Europeia. E gostariam de abrir essa negociação com Portugal logo que Dilma assumisse o governo brasileiro. Aliás, julgo que já houve contactos entre o governo português e o de Lula da Silva durante a Cimeira Ibero-Americana que decorreu na Argentina.

Qual foi o ministro de Lula da Silva que o contactou.

Preferia não revelar o nome.

Mas revelou essa conversa ao governo português?

Sim, claro. E agradeceram. Transmiti, aliás, ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, porque me pareceu que é a pessoa mais indicada e é a pessoa do governo com quem tenho melhores relações.

É apontado como remodelável...

Espero que não, porque é um dos ministros mais competentes e com maior aceitação internacional.

O contacto do ministro brasileiro fez com que no discurso de dia 1 de Dezembro falasse de uma confederação dos países lusófonos?

O telefonema surge na sequência da conversa que tive em Brasília com algumas pessoas do governo e em que manifestei que há em Portugal interesse numa futura confederação de Estados lusófonos. Isto quereria dizer que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) iria evoluir para uma confederação de Estados lusófonos. A confederação não é só uma aliança de Estados, é o começo, de facto, de um Estado. A Commonwealth, que a Inglaterra preside, não é uma confederação, é menos que uma confederação. E a Commonwealth nunca impediu a Inglaterra de pertencer à União Europeia, pelo contrário.

Disse ainda que Portugal é um país humilhado. De quem é a culpa?

A culpa é de todos nós, porque temos um país que, desde que aderiu ao euro, começou a gastar como os alemães e a produzir como europeus do Sul da Europa. Claro que se saíssemos do euro haveria inconvenientes graves, mas por outro lado podíamos passar a ter competitividade económica maior, produzir melhor e mais, exportar mais e o nosso turismo ficava mais competitivo. A desvantagem é que a dívida externa seria mais difícil de pagar. Se entrarmos para uma confederação lusófona, as economias portuguesa, angolana e brasileira poderiam ser mais bem coordenadas e haveria sinergias que seriam certamente benéficas para Portugal.

Pedir dinheiro ao Brasil é menos humilhante do que pedir à Alemanha?

Se resolvermos o problema com o Brasil estamos em família, a família lusófona. Por outro lado, só se faria se as condições fossem melhores. O que é humilhante, no caso do FMI, é que o FMI impõe condições e obrigações, e teremos de nos governar de acordo com as regras do FMI.

É público que pediu a nacionalidade timorense.

O país com o qual tenho as relações mais íntimas e para cuja liberdade dei uma grande contribuição foi Timor. Espero que depois das minhas conversas com o Dr. Ramos-Horta e com Xanana Gusmão seja uma possibilidade. É um gesto de simpatia e de amizade para com Timor. O problema neste momento ainda é um problema legal, como não sou residente lá. Aliás, julgo que poderia pedir a nacionalidade brasileira, visto que a minha mãe é brasileira. Quem sabe...

Fica bem a um rei ter várias nacionalidades...

A rainha de Inglaterra tem dúzias de nacionalidades. Tem a nacionalidade de todos os países da Commonwealth.

A primeira visita ao país deu-se um pouco antes do 25 de Abril.

Fui visitar Timor em 1974, onde tinha na altura o meu camarada do Instituto de Agronomia - o engenheiro Mário Carrascalão. Comecei a ter problemas com a DGS, antiga PIDE, e os timorenses foram intimidados para não virem falar comigo. Quando isso aconteceu, o bispo de Timor da altura convidou-me para ficar hospedado na sua residência. As pessoas faziam de conta que iam visitar o bispo para me visitarem a mim. que estava lá hospedado.

O 25 de Abril deu-se por essa altura?

Dali fui para o Vietname e estava em Saigão quando o presidente do parlamento vietnamita me ligou a contar o que tinha acontecido.

Como reagiu à notícia?

Fiquei muito feliz por achar que o general Spínola iria resolver os problemas nacionais do ultramar e da diplomacia em Portugal. E por isso, mandei um telegrama de apoio à Junta de Salvação Nacional manifestando o meu apoio.

Mas foi Salazar que permitiu que a família do Dom Duarte voltasse a Portugal.

Houve votações no parlamento contra o exílio, que foi considerado ilegítimo. O meu pai queria vir logo para Portugal, mas o governo na altura disse que ainda não era conveniente. De maneira que eu voltei mais cedo e fiquei a estudar em casa da minha tia Filipa em Serpins, ali na Lousã, até que a família voltou toda nos anos 50. Mas as propriedades não foram devolvidas à família, por isso ficámos a viver numa casa emprestada, em Coimbrões (Gaia).

Mas - utilizando uma expressão que está na moda - a família do Dom Duarte estava "integrada" no antigo regime?

O meu pai nunca chegou a conhecer o presidente do governo. Quem tinha mais relações com Salazar era a minha tia Filipa. Eu visitei Salazar três vezes. Achei-o um homem absolutamente notável, muito interessante, simpático. Entretanto, à medida que fui amadurecendo, fui percebendo que a política do regime não tinha solução e encorajei a formação do movimento eleitoral monárquico, que foi o embrião do que mais tarde foi o Partido Popular Monárquico.

As pessoas têm curiosidade de saber do que é que vive.

Tenho um nível de vida discreto. A minha mãe herdou no Brasil parte da nossa sociedade familiar. No Brasil, o governo republicano não roubou a família. Somos proprietários, entre outras coisas, de todo o terreno onde está construída a cidade de Petrópolis e cada pessoa que tenha casa em Petrópolis, quando a vende, tem de pagar um imposto à sociedade familiar. Por outro lado, em Portugal temos uns prédios com rendas muito antigas.

A sua inquilina mais velha, a Dona Maria Luísa, ainda é viva?

Sim, tem 114 anos. É a minha inquilina mais engraçada. Neste momento, ela devolveu o apartamento. Pago-lhe parte das despesas do lar onde está.

Já tem cartão do cidadão?

Tenho o Bilhete de Identidade, enquanto não for obrigado não mudo.

E no BI, está escrito o nome completo: Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael?

Não, só tenho Dom Duarte Pio de Bragança. No registo de baptismo ficou o nome completo, mas só para a dimensão espiritual.

A rainha Dona Amélia foi sua madrinha e o Papa Pio XII o seu padrinho...

A rainha Dona Amélia era muito amiga da família. O rei Dom Manuel reconheceu o meu pai como seu sucessor político e foi padrinho de uma tia minha, a minha tia Maria Adelaide que está também a fazer 100 anos. Foi resistente do nazismo e presa pelos alemães na Áustria porque participava na resistência austríaca contra o domínio alemão, ajudando os refugiados a fugirem para a Suíça. É a última neta viva do rei Dom Miguel. Neta mesmo, não é bisneta. Os outros todos já morreram.

Tem o brevê de piloto. Ainda pilota?

Pilotei um helicóptero em Beja há pouco tempo. Quando o meu antigo instrutor era vivo, voei com ele várias vezes, nomeadamente quando estava em serviço de incêndios.

E a agricultura?

O meu irmão em S. Miguel é que se ocupa da quinta. Produz lá vinho e frutas, mas com grandes problemas económicos. Os agricultores estrangeiros recebem mais subsídios que os portugueses. Nós não recebemos subsídios praticamente nenhuns. Eu sou horticultor. Em Sintra, vou dando uma mão nas nossas hortas. Do que gosto mais são as nossas framboesas, são das melhores que há. Temos legumes frescos, galinhas e patos. As galinhas e os patos são óptimos para reciclar os restos de comida. Salazar criava galinhas em São Bento. O nosso primeiro-ministro podia começar também a fazer o mesmo.

Acha que vamos ter eleições legislativas no próximo ano?

Não faço ideia. Gostaria de ver um governo de unidade nacional. Creio que o candidato Fernando Nobre também propôs isso. As decisões duras que vão ter de ser tomadas seriam mais fáceis se houvesse um consenso e uma responsabilização colectiva pelo menos dos principais partidos. Caso contrário, qualquer partido que esteja no poder vai ter medo de comprometer a sua carreira política, tomando decisões duras. Há decisões práticas que vão ter de ser tomadas, diminuição do número de feriados ou pelo menos juntá-los ao fim-de-semana, por exemplo.

Está preparado para a austeridade?

Vamos ter de aprender a viver bem, com felicidade, com menos. E para isto é muito importante espírito de caridade. Faz-se caridade por amor às pessoas, com pessoas com quem não temos ligação nenhuma. Temos de nos organizar para não haver pessoas a passar fome, para não haver pessoas na rua e na miséria. O Estado não consegue resolver os problemas, gasta muito dinheiro com pessoas que não precisam ou que não querem trabalhar e temos muitas pessoas que não são ajudadas.

Fonte:
I