31 agosto 2010

Duke’s return visit to Estoi Rotary Club

The Rotary Club of Estoi Palace International was very pleased to receive a return visit from Dom Duarte Pio, Duke of Bragança at their regular lunch meeting on 10 August. In recognition of the Duke having accepted honorary membership of the club he received a Rotary pin and club banner from Club President Kent Ringborn.

The Duke is a claimant to the throne of Portugal and had previously been guest of honour at a club fund raising dinner to aid Estoi Casa do Povo (House of the People). Today, the Rotary Club of Estoi Palace is an active and growing club involved in a number of projects to benefit the local community and further afield.

Weekly meetings take place at the Estoi Palace on Tuesdays, starting at 1pm where a good lunch, convivial conversation and club business combine to make an enjoyable experience.

Fonte: The Portugal News

D. Duarte mostra fé


Depois de meio século de interregno, a procissão de Nossa Senhora da Conceição, em Ferragudo, voltou ao mar, com a imagem da Virgem a ser transportada em barcos.

E quem testemunhou o recuperar desta tradição foi D. Duarte Pio. O duque de Bragança – que costuma passar férias na localidade algarvia próxima de Portimão – esteve na procissão acompanhado da família.

Fonte: Família Real Portuguesa

30 agosto 2010

Newsweek de Agosto – Nos 10 melhores países para viver 8 são monarquias

Em Agosto, a Newsweek qualificou nos primeiros lugares dos melhores países do mundo para viver um bom número de Monarquias … e a república Portuguesa nem se vê. Dos 21 ficamos a saber que 11 são monarquias.

1) Finland
2) Switzerland
3) Sweden
4) Australia
5) Luxembourg

6) Norway
7) Canada
8)Netherlands
9) Japan
10) Denmark
11) United States
12) Germany
13) New Zealand
14) United Kingdom
15) South Korea
16) France
17) Ireland
18) Áustria
19) Belgium
20) Singapore
21) Spain

Fonte: Causa Monárquica

Das Repúblicas - episódios éticos (I)

«A Junta Revolucionária chama João Chagas à Presidência do Ministério. O panfletário desce do Porto a Lisboa no rápido da noite - 16 de Maio. Vem na companhia da esposa, Paulo Falcão e Carlos de Oliveira (...).

Em Paialvo sobe ao comboio o senador João de Freitas - republicano dorido pelo castigo de João Chagas no pelourinho dos panfletos.

Comboio em marcha, João de Freitas, que subiu para a carruagem da cauda, percorre os compartimentos, observa os passageiros (...).

João Chagas vai à frente, de costas para a locomotiva, a nuca apoiada no espaldar do assento (...) entre a esposa e Paulo Falcão - o seu ministro da Justiça.

João de Freitas atinge a carruagem. Do corredor lobriga João Chagas. Detem-se um instante. Depois, como num acesso de raiva, epunha a pistola, arremete para o adversário e despeja quatro cargas.

Num silvo de ódio e angústia a esposa do ofendido lança-se sobre o ofensor. Paulo Falcão e Carlos de Oliveira arrancam-lhe a pistola da mão. E enquanto a angustiada senhora (...) acode ao marido - um olho vazado e a fronte a sangrar - os demais passageiros invadem o compartimento, apoderam-se do energúmeno, sovam-no a soco e pontapé, abrem-lhe a cabeça à bengalada.

A multidão apinhada na gare do Entroncamento (...).

Mas tudo se cala, à notícia do atentado. João de Freitas desce do comboio, mascarrado de sangue, entregue à autoridade concelhia. (...)

O comboio parte. Estalam tiros na gare. E lá dentro (...) o corpo sangrento do senador escorrega para o chão, a cabeça varada por uma bala»

in Sousa Costa, Páginas de Sangue - Buiças, Costas & Cª, Liv. Editora Guimarães & Cª, 1933, pág.158.

João Afonso Machado

Fonte: Centenário da República

29 agosto 2010

O momento do gatilho fácil

O país está em crise e dentro de portas, as famílias resumem uma boa parte das férias a refeições enlatadas e pouco mais. No entanto viajam e aparentemente, pouco mudou desde o anúncio da hecatombe anunciada há alguns meses.

Nada parece funcionar e de facto, a carcassa que nos tornámos, demonstra que afinal o tumor não se encontra isolado e bem pelo contrário, espalhou metástases que longe merecerem o tratamento urgente, são deixadas à natural evolução das maleitas. As ramificações não saem de um núcleo perfeitamente identificável e bem pelo contrário, o sistema funciona quase de forma global, como se de uma economia de troca se tratasse. Assim, qualquer acto imprevisto e isolado, poderá tornar-se naquele rastilho de queima rápida, bem capaz de fazer explodir a autêntica Santa Bárbara em que vivemos. Adormecida a tropa por medos de reacção adversa por parte dos parceiros comunitários, são cada vez mais possíveis aquelas iniciativas voluntárias e de vingança pessoal. É bem certo que os agentes políticos não têm ajudado a apaziguar as paixões e a raiva que se escuta e lê seja onde for. Os principais partidos fazem jogos de sombras chinesas, não se preocupando minimamente com o deplorável efeito junto da população urbana - que é quem decide e acaba por ditar a evolução dos acontecimentos - cada vez menos crédula e impaciente.

Há poucos dias, o muezim Louçã reeditou o vetusto programa de expropriações de terras, exigindo a criação de uma "bolsa" estatal. esta ardilosa proposta, de imediato pode ser encarada como um rápido regresso à violência política, num clima de crise económica, desemprego generalizado, penhoras de propriedades, falências, etc. Pouco importa se o Estado é principal prevaricador no abandono das suas terras, ou se o Fuehrer do BE não explica como poderá dessa forma, obrigar ao regresso aos campos. Talvez tenha em reserva mental, o sistema tão proficuamente executado por Pol Pot. Não se sabe, nem ele jamais o dirá. Os radicais têm a perfeita consciência daquilo que propõem, com aquele sentido oportuno que caracteriza o apontar do dedo ao "inimigo de classe", o "rico que tem dois palmos de terra" que herdou dos avós. É esse improvável milionário que hoje se encontra em risco de perder o seu lugar de motorista, bem como o seu apartamento T2 nos subúrbios de Lisboa ou do Porto. O tema dos incêndios serve perfeitamente de pretexto político, mas a intenção visa antes de tudo, o controlo de recursos abandonados e possíveis de negociação e de instalação de um poder de facto. Quem possui a terra, poderá utilizá-la como bem lhe aprouver, mesmo escondendo-se atrás de edifícios legais disfarçados de cooperativismo e outros estratagemas. O que eram as UCP saídas do PREC, senão uma forma de chantagem sobre o poder político consagrado pelas eleições, significando antes de tudo, um domínio territorial de reminiscências feudais? Daí ao controlo autárquico que durou muitos anos, foi apenas um passo, com tudo o que significou em termos de atraso, desperdício de meios, desinvestimento na modernização, especulação imobiliária e destruição de património. Tudo isto aconteceu mesmo às portas da capital do país e os resultados estão à vista. Nada de novo e quanto aos incêndios, já se adivinham os mesmos erros de sempre, com uma pretensa reflorestação feita à base de materiais inflamáveis.

Neste clima de avolumar de discórdias e de crispações várias, vem agora o CDS contribuir com um certo facilitismo. A medida parece destinada à almejada desburocratização, num país onde existem muitas centenas de milhar de armas em hipotéticas "boas mãos". A partir de um dado momento estabelecido por lei, dispara-se contra tudo aquilo que mexe e os campos e montes são invadidos por gente camuflada, ansiosa por confirmar a sua descendência daqueles caçadores-recolectores de outros tempos, podendo depois exibir as fotos de fazer inveja a amigos do mesmo calibre. Pouco interessa se as espécies são ou não protegidas e o descaramento já persegue e ataca propriedades onde são criadas avestruzes, ovelhas e gado bovino. Gaviões, águias, cegonhas, mochos e aves migratórias de espécies protegidas, tudo serve para descarregar as cartucheiras e até burros, cães, gatos e outros animais domésticos, têm sido impiedosamente fuzilados sem qualquer hesitação, ficando as carcassas a apodrecer à beira de caminhos e estradas. Simultaneamente, o chumbo vai-se espalhando pelas zonas rurais, detectando-se óbvios casos de envenenamento progressivo de numerosas animais.

A quantidade de armas legalizadas é enorme e bem conhecida, mas, o que poderemos dizer acerca do florescente comércio de pistolas e caçadeiras de todos os tipos, provenientes de arsenais desconhecidos? Nas feiras e em certas zonas marginais dos grandes centros urbanos, é possível adquirir qualquer tipo de espingarda ou pistola própria daquilo a que vulgarmente se chama exército. Os "jovens" - como agora se usa dizer - saem á noite e entram em discotecas e bares, bem artilhados com armas de "defesa pessoal" e muitas vezes as utilizam intimidatoriamente, arrecadando á custa de outrem, os recursos para esbanjar em poucas horas de folia. Comércio descarado, ilícito e alargado de substâncias ilegais, fronteiras escancaradas e um eterno desrespeito da autoridade do Estado, eis o actual quadro. Em suma, embora o tentam disfarçar, assim não há democracia que resista.

Esta propensão suicidária, poderá provocar uma rápida corrida ás armas e as notícias diárias de assaltos em plena via pública, agressões à propriedade estatal e privada, violência nos transportes urbanos e a lei da selva pelos campos fora, serão inequívocos sinais de futuras perturbações que colocam em causa a própria segurança do Estado. Se a tudo isto acrescentarmos a geral sensação de nítida anarquização social, o quadro é deveras catastrófico.

A Lei deverá decerto ser simplificada de burocracias, mas ao invés de querer parecer como uma facilitação do processo de rearme pessoal, deverá ser muitíssimo mais severa e exigente quanto à concessão e controlo das licenças e dos armeiros. Simultaneamente, deverão ser facultados recursos legais e materiais às polícias, no sentido de se proceder rapidamente à fiscalização e controlo da posse ilegal, numa política de desarmamento coercivo e de ameaça de severa punição.

Desemprego, radical míngua no crédito, desapropriação e penhoras e no campo político, a degenerescência total do sistema e aproveitamento radical para o ataque à propriedade - comummente via impostos directos e indirectos sem freio -, eis um quadro medonho que levará alguns tresloucados á repetição de hoje exaltadas canalhices de há um século, essas sim, bem planeadas por quem acabou por ascender ao poder, arruinando a esperança de um século. Num ambiente destes, o tiro aos flamingos que agora arribam à foz do Douro, será corrigido para outro tipo de alvos bem conhecidos e universalmente criticados à mesa de qualquer café. Já nisso se fala abertamente e sempre haverá quem exalte o crime. Depois, não se queixem.

Nuno Castelo-Branco

Fonte: Estado Sentido

27 agosto 2010

Tudo em barda!

Diz-se que o PCP decidiu apresentar um candidato a Belém. Pudera... a quantidade de benesses, circulação de influências e de acessórios assessores de lugares cativos que tal sinecura significa - sem sequer falarmos nos 21 milhões por ano -, garantem uma corrida razoavelmente participada. A esquerda já tem uns três ou quatro, enquanto a direita, meio encavacada e a ranger dentes, ainda não decidiu. Que surjam também uns três ou quatro e sobretudo, que discutam muito, digam tudo o que sabem e que possam inventar. Regalamo-nos de prazer.

Nuno Castelo-Branco

Fonte: Centenário da República

Público – (Semi)abandonamos o nosso património REAL

Não só o património natural (não cuidamos suficientemente dos nossos parques e reservas naturais como temos visto) mas também o património histórico-cultural. Refiro-me, a título de exemplo, ao comboio real português que tem sido vedeta no museu ferroviário de Utreque (Holanda). Numa exposição que decorre até 10 de Setembro, onde se podem apreciar carruagens reais de toda a Europa. O nosso comboio, um dos dois que se encontram ainda completos, é uma das peças mais apreciadas, pelos visitantes e pela rainha Beatriz, que disse ter fi cado “impressionada” com o salão D. Maria Pia, uma das partes que formam a composição, juntamente com a locomotiva D. Luiz e a carruagem do príncipe D. Carlos.Ainda segundo o PÚBLICO de 6/8, a locomotiva D. Luiz (outrora a mais rápida do mundo) foi construída em 1862 para a Exposição Internacional de Londres, onde ganhou uma medalha de ouro. 1862 é também o ano em que D. Luís e D. Maria Pia se casam. No ano seguinte, nasce o fi lho D. Carlos, futuro rei de Portugal. Em 1864, e graças a Fontes Pereira de Melo, Portugal possuía cerca de 720 Km de rede ferroviária, e em 1894 o nosso país alcançava “um honroso décimo lugar entre as nações do mundo no que respeitava à densidade ferroviária por quilómetro quadrado, estando à frente de países como a Espanha, a Roménia, a Noruega (…)”, afirma Oliveira Marques. Os caminhos-de-ferro e as estradas vieram facilitar o comércio, e foram estabelecidos vários tratados comerciais, inclusivamente com a Holanda.

Agora vem a segunda parte da minha exposição: o comboio real português foi recuperado, os portugueses puderam vê-lo até Março no Entroncamento, antes de partir para a Holanda. Ora estas despesas, ainda de acordo com o jornal PÚBLICO, saíram do bolso dos holandeses!?: “As autoridades holandesas não pouparam esforços para recuperar o comboio que estava semiabandonado na secção museológica de Santarém (…) ficaram deslumbrados com o
conjunto da composição e pagaram 55 mil euros pela sua recuperação e uma pequena fortuna pelo seu transporte em 4 camiões TIR.” Sinto vergonha… Éramos ricos, agora somos pobres.

Céu Mota
Santa Maria da Feira

Fonte: Causa Monárquica

26 agosto 2010

Real Tertúlia comemora 19º aniversário em Montemor

A Real Tertúlia Tauromáquica D. Miguel I irá pela primeira vez comemorar o seu aniversário - 19º - fora de Lisboa, desta feita no próximo dia 5 de Setembro em Montemor-o-Novo, por ocasião da tradicional Feira da Luz.

Haverá um grande almoço nos Claustros do Convento de São Domingos (junto à praça de toiros, onde nessa tarde se realiza a habitual corrida de toiros) com ilustres convidados-surpresa e a presença do Sócio de Honra, Luis Miguel da Veiga, que será homenageado pelo facto de se assinalarem este ano 50 temporadas desde a sua apresentação como cavaleiro amador, precisamente na arena de Montemor.

Na altura, será também feita a apresentação no Alentejo do livro "Cavaleiros - Heróis com Arte", de Manuel Andrade Guerra (presidente do Directório da Real Tertúlia, na foto), obra essa que é em grande parte dedicada à Família Veiga.

Fonte: Farpas Blogue

Pelos Caminhos da Batalha do Vimeiro 2010

1º Centenário da Batalha em 1908 - Inauguração do Monumento pelo Rei D. Manuel II


Bandeira militar no museu do Centro de Interpretação

Mais fotos AQUI

25 agosto 2010

A versão histórica dos vencidos


O livro do jornalista monárquico Joaquim Leitão relata a descoordenação militar, denuncia a fuga de ministros e até revela que o futebol serviu de senha aos revolucionários

Do depoimento de todas as testemunhas dos factos de Outubro é que tem de sair a confirmação da verdade, seja ela triste, seja ela consoladora." O jornalista Joaquim Leitão fez a reconstituição do golpe através da versão dos monárquicos que foi entrevistando, compilando no livro Diário dos Vencidos (publicado em 1911 e agora reeditado pela Alêtheia) os artigos que escrevera no jornal Correio da Manhã logo após a implantação da República.

Além de revelar os problemas militares, com o capitão Martins de Lima a sustentar que o plano secreto de defesa do coronel José Joaquim de Castro (que, neste livro, defende a sua estratégia, num curioso confronto de versões) "foi mais prejudicial à Monarquia que todo o clorato de potássio e dinamite dos carbonários, foi uma bomba única, fenomenal, que derrubou um regime e cujo estampido repercutirá para sempre na História de Portugal", esta obra também denuncia as traições, "coincidências que lembram cumplicidades, fraquezas que parecem vendas, desorientações que passam por cobardias".

No quartel-general, o ministro da Guerra, Raposo Botelho, "estava vestido à paisana, sentado à mesa, reconfortando-se com um caldo reparador". O seu colega Marnoco e Sousa, "o intemerato ministro da Marinha que o [primeiro-ministro] sr. Teixeira de Sousa foi pescar ao Mondego" (era professor de Direito em Coimbra), após entrar pela primeira vez na vida no Arsenal, saiu de lá, foi bater à porta de uma pensão e alugou um quarto. "O proprietário, carbonário, reconhecendo o ministro, deixou-o entrar e fechou-o à chave por fora."

Mas nada se compara "às atribulações do sr. Pereira dos Santos, último ministro das Obras Públicas da Monarquia, [que,] fugindo com o terror da chacina, pelos bairros excêntricos de Lisboa, são de encomenda para alegrar um chorão". O governante andou a mendigar um abrigo para se esconder ("prefiro morrer à fome do que fuzilado") e, quando, dias depois, chegou à sua casa no Estoril, passou várias vezes diante da porta com medo que estivesse ocupada pelos revoltosos, que, decerto, o executariam.

Perante isto, de pouco vale a explicação do capitão de infantaria que tinha fugido, ao ser interpelado por um oficial do Estado Maior: "Caiu ao pé de mim uma granada que me atirou um torrão com toda a força e que me magoou imenso. Está claro que me vim embora."

Panorama dos acontecimentos obtida junto dos que se esforçaram por defender o regime monárquico ou assistiram a tudo junto de D. Manuel II, o livro mostra imensos absurdos. O Campo Entrincheirado, por exemplo, "não podia intervir de maneira nenhuma", explicava anonimamente "um oficial de artilharia, muito conhecido pelo nome político da família, e antigo deputado, que pertencia à guarnição dum dos fortes" daquele complexo. "Eu explico. O Campo Entrincheirado compreende as baterias Rainha Amélia, Rainha Maria Pia e Duque de Bragança, na margem norte; e a bateria da Raposeira, na margem Sul; São Gonçalo, ao pé da Duque de Bragança. As da margem norte batem até Entre-Torres e fora da barra, sendo nestas que estão os obuses de 28. A Raposeira bate por cima da Trafaria. Ora, as baterias estão assentes para defender Lisboa de ataques de fora, e não de ataques de dentro. E como o campo de tiro, nestas peças de tiro indirecto, não abrange o quadro dos navios de guerra, o Campo Entrincheirado não podia bater cá para dentro. Para o Campo Entrincheirado incomodar os navios [republicanos] era preciso que eles saíssem a barra. Mas há mais coisas curiosas. Caxias tem obuses de 28 e tem lá um farol. Pois, como o farol podia cair, nunca se experimentou os obuses."

Razão tinha Martins de Lima quando propôs que se prendesse o Governo, esses "intrusos" que punham o quartel-general "numa confusão de endoidecer". "E hoje estou arrependido de não insistir até o general prender os ministros. Afinal, quem fez a República foram eles."

O livro está repleto de preciosidades históricas. "Este é do pontapé na bola", dito pelos marinheiros revolucionários, pois "muitas praças do cruzador Adamastor jogavam bem o foot-ball", queria dizer "este é do movimento".

E Joaquim Leitão aproveita para lançar uma crítica fora do contexto. "Com a mania que há entre os filólogos - que são os homens mais maníacos que se podiam inventar - de traduzir o intraduzível, os desportistas entenderam que deviam traduzir o foot-ball por 'pontapé na bola'."

Jornalista cuidadoso, para não ser acusado de criar boatos, confirma os depoimentos e, quando não atribui a autoria, esclarece logo os leitores. "Quem é este nosso entrevistado?... Pouco importa sabê-lo. Basta que a garantir a autenticidade possamos dizer, como podemos, que Paiva Couceiro, a quem lemos a entrevista antes de a publicarmos, a confirmou em todos os pormenores."

Joaquim Leitão só não podia suspeitar que um dos três tenentes do quartel dos marinheiros de Alcântara, que não aderiram à revolução e foram presos, seria um vulto notável nas décadas seguintes. Chamava-se António Sérgio.

Fonte:
DN

24 agosto 2010

Fosso entre homens e mulheres piora em Portugal.Monarquias no topo do índice

Portugal piora desempenho no ranking que mede disparidades entre homens e mulheres.
Monarquias europeias no topo do índice

Portugal caiu cinco lugares no ranking global que mede a diferença entre homens e mulheres na vida económica e política de um país. O Fórum Económico Mundial estudou 143 países. Portugal aparece na posição 46, caiu quatro lugares em relação a 2008.
Suíça no 40º lugar ,França no 51º lugar e Portugal no 46ª lugar dizem muito sobre o desempenho das três republicas mais emblemáticas da Europa em termos de igualdade de oportunidades, todos atrás das totalidade de monarquias existentes na Europa.

(25 de Outubro de 2009)

República Portuguesa novamente atrás das Monarquias europeias em índice de igualdade de oportunidade

Os dados não deixam margem para dúvidas. Relativamente ao ano passado, Portugal perdeu pontos nos indicadores que medem a participação económica e política, assim como as oportunidades de carreira dadas às mulheres, bem como no acesso destas à educação básica e superior.

Quando se compara os dados com 2008, as perdas não ficam por aqui. Há também uma quebra na igualdade do salários pagos a homens e mulheres para a mesma função bem como no acesso a cargos de topo nas empresas e na justiça.

Apesar do panorama ter piorado, o ranking do Fórum Económico e Mundial revela que, nos resultados gerais, Portugal conseguiu ainda assim estar, acima da média em três indicadores: esperança média de vida, acesso as profissões técnicas e acesso aos ensinos secundário e superior.

O ranking que hoje é divulgado em Nova Iorque avalia a forma como cada país distribui, entre homens e mulheres, as oportunidades existentes independentemente dos recursos de que dispõe.

Monarquia ,campeã da igualdade

Na linha da frente dos que mais fazem pela igualdade de sexos estão os países no Norte da Europa como Noruega (2), Dinamarca (13), Espanha (10), Reino Unido (11), Holanda (12), Suécia (1).Curiosamente na sua maioria, porque não existem mais, monarquias.
Face a Republicas como França que passou do 70º lugar, próximo do Brasil (outra Republica que este ano piorou ,apesar do aumento de riqueza), para 51ª lugar, ou dos EUA o 31ª lugar e Áustria (27º), ambos atrás de Cuba. Este resultado é a prova efectiva de que a igualdade de oportunidades é uma falácia entre as republicas, mesmo as mais ricas.

22 agosto 2010

"Monarquia Hoje?, Diálogos com o Duque de Bragança", de Clara Picão Fernandes



"L'Aventure c'est l'aventure"

«Há tempos pensara escrever um livro sobre uma personalidade que me fascinasse profundamente. Mas a escolha era difícil. Seduzia-me Luther King, o Papa João XXIII, Lech Walesa ou um daqueles mártires de quem quase ninguém ouviu falar, cuja vida se encontra nos panegíricos de um ou outro alfarrabista do Bairro Alto. A ideia ficou em gestação, mas a indecisão da escolha da personagem mantinha-se. Num processo mental escusado, personagens diferentes passaram por ritos de iniciação, até que as dúvidas se dissiparam, quando há anos conheci o Duque de Bragança. O homem alto, simpático quanto baste, com um bigode que quase ninguém usa, mas que indiscutivelmente o favorece, era exactamente o tipo de personagem que procurava.

Controversa, corajosa, e um espécime em vias de extinção, dado que apenas nele e nos seus irmãos se uniram decénios de disputas dinásticas entre liberais e miguelistas, graças ao casamento de S.A.R. o Senhor Dom Duarte Nuno com S.A.I.R. a Senhora Dona Maria Francisca.

O compromisso da escrita não surgiu pelo facto de a personagem ser o Herdeiro da Coroa de Portugal. Surgiu essencialmente porque à medida que o ia conhecendo nascia em mim uma curiosidade enorme pela sua personalidade pouco usual e uma admiração pelas suas ideias que transformavam a situação num desejo que devia ser cumprido.
Para o leitor distraído que nunca o tenha visto, o Senhor Dom Duarte é um homem alto, bem constituído, com cabelo castanho arruivado e olhos esverdeados onde se lê tudo o que lhe vai na alma. Digamos que os olhos são o ponto fraco do Duque de Bragança. Quando fazem lembrar o sossego dos lagos irlandeses, podemos assegurar que está feliz. Quando tiverem lâmpadas acesas que recordam relâmpagos e trovoadas, alguma coisa o atormenta. Não há dúvida que o teste da sua disposição são os olhos. A sua tão apregoada simplicidade franciscana não é tão simples como aparenta. Ainda que pareça um paradoxo, é uma simplicidade complicada. Tem um trato afável seja com quem for, mas existem por vezes uns timbres de arrogância na voz, que têm qualquer coisa que ver com a coluna vertebral que mantém sempre muito direita e o faz parecer ainda mais alto. Sendo inteligente é forçosamente ecologista, preocupa-se profundamente com o futuro do seu país e não é minimamente consumista. Tem um sentido de humor que me atreveria a chamar de britânico. Sabe que é uma referência para muita gente (monárquicos ou não) e representa sem dúvida uma reserva moral da Nação, uma bandeira que luta por uma nova ordem internacional.
O Senhor Dom Duarte Pio João é sem dúvida uma pessoa muito comentada (tantas vezes erradamente!) e fotografada como figura pública que é. Contudo, por isso mesmo, é ora elogiado ora agredido impunemente, confundindo mais ainda o público que o envolve em lendas sebastiânicas (e outras não tanto), deixando a verdade repousar num coma profundo, quase permanente.
Confidenciei-lhe a minha pretensão e enviei-lhe o plano do livro que gostava de realizar. Quando nos encontrámos, olhou-me pensativo, concentrando em mim o cinza--verde indefinido dos olhos, e disse: "Podemos experimentar."
E foi assim que combinámos a primeira entrevista em Sintra , ao meio-dia de um dezanove de Julho. Quem conhece o Senhor Dom Duarte sabe que uma das suas características é precisamente a abstracção casual do momento presente, quando surgem coisas mais importantes. Consegue ganhar-me nesse campo, o que é francamente difícil.
Por experiência própria posso garantir que é tudo uma questão de economia mental. Quando cheguei a Sintra (amavelmente conduzida por um grande amigo, o economista Rodrigo de Moctezuma), alguém me fez subir uma série de escadas e me deixou num salão que me entusiasmou pelos magníficos óleos das paredes. Passado algum tempo surgiu Dom Duarte com a terrível dúvida: "Tinha combinado hoje consigo em Sintra?" Depois da dúvida esclarecida, voltámos a Lisboa no seu jeep verde-caça, deixando no Chiado o Senhor Dom Miguel, que partia nesse dia para Santar. Abro um parêntesis para dizer que o Infante, para além de um pintor francamente bom em qualquer parte do mundo, é uma pessoa superdivertida, o que tornou a nossa viagem para Lisboa numa constante gargalhada. Enquanto Dom Miguel seguia para Santar, Dom Duarte e eu escolhemos um lugar sossegado para iniciarmos a nossa primeira conversa, que iria dar origem ao primeiro capítulo do meu livro.»

Livro de 1995, ainda possivel de ser adquirido:

http://www.wook.pt/authors/detail/id/11219

Fonte: Monarquia Portuguesa

21 agosto 2010

Este querido mês de Agosto...

Ódio, Igreja e Bispos na I República.

Para que não se pensem, como pensam alguns Católicos, leigos e eclesiásticos, que a I República «libertou» a Igreja. A única que coisa que libertou foi o «Inferno» anti-cerical e odioso que hoje regressa em força, mesmo apesar de alguns bispos o consentirem com o seu beneplácito sobre as Comemorações acintosas do Regime. Sic Transit Gloria Ecclesia.

O gosto pela ignorância.

De como nos dias que correm é preferível explicar às crianças que a cena da luta no topo do Monumento às Guerras Peninsulares representa um jogo de futebol entre o Sporting e o Benfica e não a resistência da Ibéria ao invasor francês. De resto, que interessa saber que a Águia é historicamente um símbolo Imperial, se o resultado é o mesmo quando aplicado a um clube desportivo?

A Maçonaria e a Carbonária

A. Balbino Caldeira faz uma incursão pela análise histórica e documental sobre a participação de grupos secretos no derrube da Monarquia e termina com esta conclusão:

Todavia, os regimes não são, nem têm de ser, a sua génese. A República não é um regime iníquo por ter sido o resultado da insurreição maçónica, nem os novos regimes maus, em si, pela origem ou pelo carácter dos grupos ou indivíduos que promovem as revoluções que os criam ou pelos crimes que no seu processo são cometidos. Na mesma perspectiva, os regimes também não são propriedade dos grupos, ou dos homens, que lideram as revoluções que os constituem: devem ser o produto consolidado da vontade popular. A República e a Democracia, tal como o Estado português, não são propriedade da Maçonaria, nem de nenhuma sociedade secreta ou discreta. Portugal é do povo. Todo.

Concordo. Mas se a República nasceu torta, ainda se não endireitou. Primeiro a República Portuguesa não foi consolidada pela vontade popular. A Primeira foi desastrosa e a Segunda uma negação completa da Liberdade Individual e Colectiva. Referendo nunca houve, nem haverá. E quanto ao facto de a República, a Democracia ou o Estado não serem propriedade de grupelhos secretos, não posso concordar. Basta olhar em redor de nós: Justiça, Comunicação Social, etc são geridos por homens e por grupos. Com interesses. Neste caso e cada vez mais o todo é de partes.

A obra gloriosa, bla bla bla da República.

Nesta estória da República, em ano de bambochatas, todos têm algo a dizer e a opinar. Os escaparates estão cheio de novelas, romances, ensaios, reedições, edições vulgares e de luxo. Nunca se escreveu tanto sobre o republicanismo em Portugal. Mas se a maioria vai e vem, existem duas vestais que guardam o fogo sagrado da República Portuguesa no seu coração. São da velha guarda, de pele ressecida, óculo forte e punho cerrado. Não ouso dizer o nome de tais sacerdotisas, mas não posso deixar de louvar-lhes a dedicação. Uma dessas velhas parcas escreve hoje um artigo sobre a qualidade dos chefes suicidas da revolução de Outubro, a outra escreve qualquer coisa amanhã.

Fonte: Obliviário

20 agosto 2010

O EX-LIBRIS DE D. MANUEL II

Trata-se de um ex-libris do “MUSEU-BIBLIOTECA DO PAÇO DUCAL DE VILA VIÇOSA”, onde estes dizeres estão encimados pelo ex-libris de D. Manuel II, que como é sabido foi um bibliófilo e bibliógrafo distintíssimo.
O ex-libris de D. Manuel II já foi inúmeras vezes descrito [2] após a sua divulgação pública em Portugal[3]. Inspirado na página do rosto de “O Livro e Legenda que fala de todolos feitos e paixões dos Santos Mártires”, impresso em letra gótica, em 1513, em Lisboa, por João Pedro de Cremona, por ordem de D. Manuel I.
À semelhança daquela obra, o ex-libris ostenta, lado a lado, as armas reais e a esfera armilar. Esta foi adoptada por D. Manuel I como sua “empresa” (emblema pessoal), ainda antes de ser Rei. Enquanto que o brasão de armas, foi herança familiar de D. Manuel I, a esfera armilar é um emblema pessoal. “E emblema que pela sua adopção por um príncipe português é simultaneamente uma excelente manifestação de presença no renascimento, de vontade portuguesa de estudar e conhecer o universo, de cientificamente conquistar verdades geográficas e astronómicas”.[4]
À gravura existente na página do rosto daquela obra, acrescentou D. Manuel II, as legendas “Ex Libris” e “Depois de Vós Nós / D. Manuel II”. O conjunto está envolvido por uma corda e a gravura por outra corda, mas agora com dois nós.
Através do seu ex-libris, D. Manuel II assume toda a mensagem encerrada no simbolismo da esfera armilar, ao mesmo tempo que não se esquece da sua ascendência Bragança, uma vez que a corda e a frase transcrita no ex-libris eram o emblema pessoal, dos duques de Bragança de quinhentos, que através dele exprimiam que o seu lugar na hierarquia social portuguesa era imediatamente a seguir ao Rei. Ora, sendo D. Manuel II Rei, o uso do antigo emblema ducal bragantino, assume o significado de D. Manuel II aceitar assumir um lugar secundário em relação a D. Manuel I.



VIDA E OBRA DE D. MANUEL II

D. Manuel II [5] subiu ao trono a 6 de Maio de 1908, com 18 anos apenas, em virtude de seu pai D. Carlos I e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe terem sucumbido no regicídio a 1 de Fevereiro de 1908. Tímido, inexperiente, sem gosto nem vocação para a política, D. Manuel II reinaria durante vinte e nove escassos meses, nos quais passaram pelo poder seis ministérios, cuja acção não foi além de pequenas manobras políticas. Seria destronado pelo triunfo da revolução republicana a 5 de Outubro de 1910.

Ao embarcar na Ericeira, em 5 de Outubro de 1910, para o seu exílio na Inglaterra, afirma em carta dirigida ao seu Presidente do Conselho de Ministros, conselheiro Teixeira de Sousa: “Forçado pelas circunstâncias, vejo-me obrigado a embarcar no yatch real “Amélia”. Sou portuguez e se-lo-hei sempre. Tenho a convicção de ter sempre cumprido o meu dever de Rei em todas as circunstâncias e de ter posto o meu coração e a minha vida ao serviço do meu Paiz. Espero que elle, convicto dos meus direitos e da minha dedicação, o saberá reconhecer. Viva Portugal! Dê a esta carta a publicidade que puder. Sempre muito affectuosamente MANUEL. yatch real “Amélia”, 5 de Outubro de 1910”.[6]Em 4 de Setembro de 1913 casa com uma prima, a princesa D. Augusta Vitória de Hohenzollern Sigmaringen, pertencente à família real alemã e da qual não teve descendência.
Viveu primeiro em Richmond e depois no Palácio de Fulwell Park, em Twickenham, onde morreu a 2 de Julho de 1932.
O casamento de D. Manuel II com uma princesa alemã, não o impediu de aconselhar os seus partidários a combater pela causa dos aliados, durante a I Grande Guerra e de visitar as tropas portuguesas na frente da Flandres.
Perante as incursões monárquicas sempre proclamou que não queria aventuras, afirmando que a Monarquia se devia restaurar pelo combate no campo legal.
Durante o exílio, que duraria até à morte, consagrou-se à investigação bibliográfica. As suas investigações foram publicadas nos dois primeiros volumes da obra “Livros Antigos Portugueses, 1489-1600, da Biblioteca de Sua Majestade Fidelíssima, descritos por S.M. El-Rei D. Manuel em Três Volumes”. A publicação, dirigida pelos livreiros Maggs Bros, de Londres, foi impressa nas oficinas tipográficas da Universidade de Cambridge, tendo o 1º volume sido publicado em 1929 e o 2º volume em 1932. Já o terceiro volume seria publicado em 1935, após a sua morte, tendo sido completado pela sua secretária Miss Margery Withers e editado com prefácios de Aubrey Bel e Ricardo Jorge.
A monumental obra de D. Manuel II descreve 9 incunábulos, 460 livros quinhentistas impressos em Portugal e 6 no estrangeiro. Na obra indicam-se ainda, o mais concisamente possível, 3 manuscritos e 112 volumes da camoneana de D. Manuel II, impressos de 1572 a 1928.
“O Sr D. Manuel de Bragança, além de descrever cientifica e miudamente cada livro, apontando todas as suas características de tipo, lugar, autoria, apresentação, utilização de vinhetas, portadas e capitulares, seriação de folhas e páginas, colocação de capítulos, prefácios, índices e estampas, ainda biografa autores e “impremidores”, ainda comenta, às vezes desenvolvidamente, os assuntos, não se proibindo, de quando em quando, do seu bocadinho de crítica histórica”.[7]
“A obra “Livros Antigos Portugueses”, orna-se com multiplas reproduções a preto e vermelho, xilogravuras, portadas, rostos, “colophons” capitulares, estampas, vinhetas e tarjas, caracterizantes de cada obra estudada, algumas de grande raridade e muitas de verdadeiro mérito etnográfico, artístico e histórico”.[8]
A obra de D. Manuel II tem sido unanimente elogiada por historiadores e bibliógrafos, sendo de salientar que “...no que se refere aos livros quinhentistas portugueses, El-rei Dom Manuel é o maior bibliógrafo de todos os tempos, embora não tenha descrito todos esses livros, pois só se dedicou às várias centenas que deles possuía, mas fê-lo com tal mestria e com tanta erudição que bem merece ser designado o Rei Bibliógrafo”.[9]

Ler o artigo completo AQUI

Fonte: Do Tempo Da Outra Senhora

19 agosto 2010

202.º Aniversário da Batalha do Vimeiro

A celebração terá início no dia 21, pelas 15h00, com a abertura ao público de exposições presentes no CIBV e com um desfile de elementos da Associação Napoleónica Portuguesa, que percorrerão as ruas do Vimeiro fardados à soldados da época.

Pelas 18h00 decorrerá a partida do passeio pedestre “Pelos Caminhos da Batalha do Vimeiro” (informações e inscrições na secretaria da Junta de Freguesia do Vimeiro - telefone 261 984 211), que, tal como o próprio nome indica, abrange trilhos, campos e aglomerados populacionais, que foram palco dos combates.

Fonte:
Batalhas Napoleonicas

Os outsiders do "rebanho"...

Ao contrário de um norueguês, de um inglês, de um sueco ou de um espanhol, um cidadão português que queira hoje uma Monarquia em Portugal não é visto como um “eleitor” comum. É visto como alguém…dir-se-ia…"diferente"! Deixa-o estar, vive num mundo de príncipes e princesas…!

Contudo há algo muito curioso naqueles que apostam nesta “luta impossível”… Estes cidadãos “especiais”, pelas circunstâncias e características daquilo em que acreditam, estão munidos de uma visão plural avantajadamente crítica, analítica e desapegada dos clichés do “rebanho”. É-lhes proporcionado um extra boost apenas comparável aos seguidores do PCP no primeiro terço do século XX. Isto é algo fantástico e do maior proveito para o desenvolvimento do País, pelas razões (de simetria) sobejamente sabidas nas nossas repúblicas desde 1910.

É precisamente esta massa crítica que a cada dia mais cresce, e que será a nova Causa das futuras gerações quando estas estiverem mais estabilizadas civilizacionalmente. Calculo que esta Causa poderá, a médio trecho, ser mais do que a moda esquerdina e irreverente dos 60’s.

PPA

Fonte: Incúria da Loja

17 agosto 2010

Expresso - Se a Constituição deixasse …


O Expresso e a resistência clandestina portuguesa


Sábado de manhã, muito calor e um verão que vai a meio, sem que isso até hoje significasse praia. Lá me decidi ir de comboio até Carcavelos e para me entreter, recorri ao saquinho de plástico que entre muito desperdício de papel, contem o Expresso.

Já em viagem, estourou uma audível zaragata num grupo que digladiava argumentos acerca da actual situação política. Entre o mata e esfola, as sugestões de "pena de morte" e um infindável e esperado arsenal de "pneus a arder, bastões de ferro, caçadeiras e barricadas", decidiram-se pela necessidade de "acabar com isto". "Isto", diante de um agente da autoridade que se alheou completamente, não fazendo caso do chorrilho de insultos endereçados aos vários palácios do Poder.

Dizendo para mim o inevitável ..."a coisa vai mesmo mal, perdeu-se a compostura e o medo", tentei abstrair-me e abri o semanário, encontrando as notícias que fomos conhecendo ao longo da semana. A crónica de Miguel Sousa Tavares consiste numa variante elegante daquilo que ainda era possível escutar no berreiro que alegremente decorria uns bancos mais à frente, mas a novidade, consistiu nas duas páginas de destaque, brilhando pelo ineditismo do tema escolhido. Trata da "questão dos monárquicos" que são afinal, muitos mais do que aquilo que se possa pensar. Surgem de forma inesperada, cortam todo o espectro político e já muito longe do labéu de "ratos da Torre do Tombo", desempenham as mais diversas funções. Isto poderá espantar a maioria dos leitores do Expresso, sempre chamados a ler os piramidais e insondáveis desígnios de escutas jamais feitas, os inefáveis poderes presidenciais que existem em part-time, os tais procuradores à cata de algo mais e o fabuloso mundo dos terrenos, demolições, centros comerciais e contentores vários, além de casos futebolísticos que captem a atenção de uma franjinha mais desportiva.

Grande surpresa, essa... O Expresso está verdadeiramente boquiaberto, ou então, é globalmente parvo parvo andando a "fazer de conta", ou para tudo ser mais plausível e elevado, resolveu-se a tactear o terreno. Já há uns anos, o seu director José António Saraiva o fez, mesmo que de forma indirecta e evocando o rival país vizinho.

Já paira entre todos, aquela sensação de que o país precisa e quer algo de novo. Que corte cerce o legado das últimas duas décadas, mas não perturbe a tranquilidade palradora de todos os nós. Assim, talvez seja esta uma das interpretações a dar às imprevistas páginas centrais do Expresso.

Afinal, é uma "surpresa" que não o é, até para os mais desatentos. Embora disso não se fale, "eles" existem em todas as famílias, todos os partidos, locais de trabalho e sobretudo, irritam precisamente aqueles que se sentem donos da vontade alheia. Enfim, estão por aí, silenciosos, dificilmente mutáveis e de uma persistência estóica, sabendo bem qual a sua primeira fidelidade acima de qualquer clube, grupinho debicador de acepipes ou leituras.

Existem mesmo. Mas qual é a surpresa? Não são uma "meia dúzia" de milhar, nem uns excêntricos de estranhas falas e vetustos almanaques debaixo do braço. São gente que todos têm ao lado, muitas das vezes sem que disso se dêem conta.

Não são afinal os monárquicos portugueses, o mais subterrâneo e teimoso movimento clandestino de resistência em Portugal?

Nuno Castelo-Branco

16 agosto 2010

Viseu: Feira de São Mateus


A Feira de S. Mateus, considerada uma das feiras mais antigas do País (1392), e que contou com a aprovação do Rei D. João I, está de regresso.
Durante as seis semanas de animação cultural, a programação oferece ao visitante: exposições; provas desportivas (ciclismo, voos de helicóptero, basquetebol, futsal, voleibol, andebol, ténis, atletismo, futebol, hóquei em patins, xadrez, hipismo, pesca, artes marciais); espectáculos (folclore, rock, música popular); gastronomia e degustação dos petiscos mais variados presentes nos restaurantes e tasquinhas do certame.
A Feira de São Mateus 2010, conta com a presença de 270 expositores e feirantes.

Entrevista a SAR D. Isabel de Bragança, pelo Correio Real a 1 de Junho de 2010

S.A.R. Dona Isabel de Bragança Princesa Real e Duquesa de Bragança, nasceu na freguesia de Alvalade, Lisboa, em 22 de Novembro de 1966.

É a XXIV Duquesa de Bragança pelo seu casamento com Dom Duarte Pio, Duque de Bragança e actual Chefe da Casa Real Portuguesa. D. Isabel de Bragança viveu entre Portugal e Angola até 1975, quando a sua família se mudou para São Paulo, Brasil.

Estudou na escola jesuíta de S. Luís, em S. Paulo, até 1988. Em 1990 obteve um MBA na Fundação Getúlio Vargas, na mesma cidade brasileira, e voltou para Portugal onde ingressou numa sociedade de gestão de patrimónios, área onde se especializou. A 13 de Maio de 1995, casou com o Duque de Bragança no Mosteiro dos Jerónimos, consagrando a partir de então os seus esforços à vida familiar. É a mãe de Dom Afonso (nascido a 25 de Março de 1996), Dona Maria Francisca (3 de Março de 1997) e Dom Dinis (25 de Novembro de 1999). D. Isabel é desde 1995 patrona de várias instituições de caridade, a maioria dedicada ao cuidado e suporte de crianças necessitadas e de pessoas vitimadas pela síndrome de Down. Além de Princesa Real e Duquesa de Bragança, é Grã-Mestre da Ordem de Santa Isabel, Grã-Cruz da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, Grã-Cruz de honra da Ordem de Malta e Grã-Cruz da Ordem de S. Maurício e São Lázaro.


Qual é a análise que faz VAR da crise que atingiu a economia mundial há dois anos ?

Não houve controlo em certas operações financeiras e imobiliárias, nem por parte do Estado, através de uma entidade independente, nem das próprias entidades reguladoras do sistema financeiro. Além de se ter emprestado dinheiro sem o cuidado necessário. Em grande parte foi o que originou esta crise financeira nos Estados Unidos e em vários países europeus. Damo-nos conta de que tem de haver controlo por parte de uma instituição verdadeiramente independente e que não se possa corromper.

Além dos aspectos económicos e financeiros encontra VAR outras justificações para a ameaça que paira sobre as economias ocidentais?

No mundo ocidental e em Portugal, em particular, passámos a viver acima dos nossos meios, a consumir mais do que produzimos, tanto as famílias como o Estado. Com o euro, ficámos com a sensação de sermos como a Alemanha, só que sem a produção e o nível de preparação que há nesse país. Os historiadores há muito tempo que explicam que quando um povo enriquece subitamente sem melhorar o seu nível cultural, acaba por consumir essa riqueza e fica mais pobre e infeliz do que antes. Isso sucedeu em muitos países do "terceiro mundo" e infelizmente sucedeu aqui...
As famílias frequentemente desperdiçaram a riqueza com bens supérfluos, e o Estado, em alguns casos, fez o mesmo ... Temos mais quilómetros de auto-estrada por habitante, temos provavelmente o maior número de casas por família, enquanto deixamos cair as áreas antigas das cidades. Temos o pior nível de educação e formação profissional da Europa. Já fomos ultrapassados pelo Brasil.
Infelizmente, exactamente pelo problema cultural, parece que concordamos com essa situação em vez de exigir-mos melhor educação, mais disciplina e menos desperdício por parte dos governantes.

Que papel poderá ter o Ideal Monárquico na superação desta crise que o País atravessa?

Nos países europeus que têm reis e rainhas como Chefe de Estado esses problemas são em geral mais bem resolvidos. Em Portugal, quem adere ao ideal monárquico são pessoas com elevado sentido patriótico, que colocam o interesse nacional e os valores morais acima dos seus interesses pessoais imediatos.
Infelizmente a grande maioria dos portugueses adeptos da Monarquia não se associaram ainda às Reais Associações, e por isso não podem ser contactados, informados e convidados a participar na luta política que é necessário conduzir para salvar Portugal.

Por falar em Reais Associações, o que considera que tem corrido melhor e pior na sua dinâmica ?

O desenvolvimento das Reais Associações foi muito diverso de região para região, conforme a capacidade dos seus dirigentes e a militância dos associados. Em geral tem funcionado como fermento e testemunho, levando muita gente a encarar a alternativa monárquica como uma proposta válida para a qualificação da nossa vida política. Mas o facto de serem a representação oficial do Movimento Monárquico e contarem com o apoio do meu Marido, também as obriga a certa prudência. Ao estarem abertas a pessoas de todas as tendências políticas, não podem tomar posições vistas como sendo partidárias.

E a intervenção política dos monárquicos portugueses?

A intervenção política dos monárquicos pode acontecer de muitas maneiras. Há notáveis organizações de intervenção cultural e política criadas e dirigidas por monárquicos. Há tendências monárquicas nos partidos políticos, há organizações de estudantes, de profissionais monárquicos, etc. Mas é muito importante que todos estejam filiados numa organização nacional comum, pelos motivos que já disse. Quando, sobretudo nas regiões com menos população, as pessoas não se filiam e não participam, os dirigentes ficam sem meios humanos para cumprirem a sua missão.
É verdade que infelizmente algumas direcções como que adormeceram, ou "fecharam-se" sobre si próprias. Mas, pelo que sei, com os novos estatutos essas situações estão a ser ultrapassadas.
Em conclusão: as R.A. são aquilo que os seus associados quiserem fazer delas. Há acções com grande visibilidade, como a presença oficial nas feiras e exposições que temos visitado, graças à notável colaboração de generosos voluntários. Também organizam as nossas visitas oficiais às suas regiões, em colaboração com as Câmaras Municipais. Mas creio que deveria ser estimulada a "formação política" dos monárquicos, para saberem defender e explicar melhor os objectivos. E também para usarem técnicas de comunicação mais eficientes.


Cem anos depois da queda da Monarquia quais os principais argumentos para a restauração ?

Acho que o mais óbvio será comparar o nível de desenvolvimento que aconteceu em todas as monarquias europeias, com o nosso atraso relativo a elas nos últimos cem anos.
E outros factores: o Reino Unido conseguiu manter uma ligação profunda com as antigas colónias através da Commonwealth, e a nossa república provocou a desastrada e trágica descolonização que vivemos. Quanto ao presente, se a democracia portuguesa pudesse contar com um Rei, ele contribuiria certamente para dar mais estabilidade e dignidade à política, ajudando os governos, sem ser suspeito de querer favorecer um partido ou alguns interesses económicos. Um Rei é de facto de todos, e não só dos que o elegeram, enquanto que em Portugal a percentagem da população que, realmente, elege o presidente chega a ser menos de 25 por cento...
Mas o mais importante é o seu valor simbólico: o Rei representa a face humana da Nação. E a Família Real simboliza a sua continuidade para além das transformações impostas pela história.

Como vê a evolução do papel das mulheres portuguesas nos últimos cem anos?

Creio que foi lento em comparação com o resto da Europa durante a Primeira e Segunda Repúblicas. Nesta Terceira República houve uma evolução mais rápida, mas há ainda muito caminho a percorrer. Penso que o papel da mulher é fundamental na sociedade e na política do país

Há pouco falou em sermos mais exigentes com a educação. Está VAR preocupada com o actual estado do Ensino em Portugal?

Os professores são quase heróis, pois a lei e a práctica actual tirou-lhes a autoridade necessária para manter a disciplina em muitas escolas públicas.

Quanto aos programas, foram muito influenciados por ideologias idealistas e utópicas, muitas vezes desajustadas da realidade. As consequências estão à vista, pois temos os piores resultados escolares da Europa. Creio que só as famílias dos alunos, devidamente organizadas, é que poderão pressionar os políticos à mudança necessária.Isso deveria ser negociado com os partidos antes das eleições e o Estado tem de ser fortemente pressionado. Senão, é sempre mais simpático dar boas notas e diplomas a todos, quer estudem e tenham conhecimentos quer não...

Os programas, portanto, não lhe parecem adequados?

Acho que os programas são excessivamente teóricos e com matérias a mais.

Quanto aos 90 minutos de aulas...qual é a criança ou o adulto que consegue concentrar-se 90 minutos em matemática, quimica ou outra matéria?

Talvez para algumas cadeiras menos densas...

Quando me dizem que isso acontece porque em algumas escolas é mais tempo para que os alunos se acalmem e se concentrem, então acho que cada escola devia ter a liberdade de decidir a duração das aulas, conforme a necessidade dos seus alunos.

Estão a criar-se graves problemas à vida e ao crescimento das crianças.Para além de que elas precisam de tempo livre para brincar e practicar actividades desportivas e outras.

É simbólico que quando se procura afastar os jovens da educação moral torna-se obrigatória a participação nas aulas de "educação" sexual - apesar desses programas serem contrários às convicções da maioria das famílias. Muitos pais nem suspeitam o que lá se ensina às crianças...

Em relação ao nosso Príncipe e Infantes como faz VAR para superar as insuficiências do sistema de ensino?

O meu marido e eu acompanhamos diariamente os estudos dos nossos filhos e tentamos ajudá-los a ultrapassar certos aspectos menos felizes dos programas.


João Távora

Duarte Calvão


Fonte: Monarquia Portuguesa

"Comboio real português é vedeta em exposição na Holanda"


A composição formada pela locomotiva D. Luiz, o salão D. Maria Pia e a carruagem do príncipe D. Carlos I é uma das mais apreciadas no museu ferroviário de Utreque

Foto:
Interior do comboio real português durante as operações de restauro

Fonte: Público

15 agosto 2010

Revisão Constitucional – uma ocasião que não pode ser perdida

Os poucos republicanos convictos da imprescindibilidade do regime para a manutenção da democracia e o alcance do progresso, tentam colar aos que defendem o regresso ao regime que durante quase oito séculos presidiu aos destinos de Portugal evoluindo e adaptando-se aos tempos, o rótulo de passadistas, retrógrados, defensores de privilégios e outros epítetos semelhantes.

São quase sempre os mesmos que neste ano do centenário da República, falam dos primeiros anos do regime imposto revolucionariamente em 1910, como de um paradigma, mesmo de um paraíso perdido, onde a onda avassaladora da liberdade, da paz social, das novas conquistas civilizacionais, se impôs pela bondade das suas ideias e realizações. Tem sido esse o tom das conferências, palestras, publicações e exposições que, um pouco por todo o país, o Estado, as autarquias e algumas escolas e universidades têm realizado, no afã de agradar às clientelas nuns casos, aos poderes públicos noutros.

João Mattos e Silva

Fonte: Causa Monárquica

Assunção da Virgem Maria


14 agosto 2010

Passeios de atrelagem - Descontos para Monárquicos!



D. João I - O de Boa Memória

Filho natural de D. Pedro I e da dama galega Teresa Lourenço, D. João nasceu em Lisboa, a 11 de Abril de 1357. D. Pedro confia a sua educação aos cuidados do avô materno e, mais tarde, a Nuno Freire de Andrade, mestre da Ordem de Cristo.

Com apenas 6 anos é-lhe entregue pelo pai, a pedido do mestre da Ordem de Cristo, o mestrado de Avis, que entretanto tinha vagado. Sendo o responsável por uma das ordens mais importantes do país, D. João toma parte em várias negociações levadas a efeito pelo Rei D. Fernando, que sucedera a seu pai em 1367. Leonor Teles, vendo nele um perigo para a sua hegemonia junto do Rei D. Fernando, tenta em vão livrar-se dele, tramando a sua condenação à morte. Em 1382, por instigação de Leonor Teles, é preso e encerrado no Castelo de Évora; apela ao Conde de Cambridge, que exerce a sua influência junto do Rei D. Fernando I, e é libertado.

Em 1383 morre D. Fernando, seu meio-irmão, e inicia-se a crise que dura até 1385. A Rainha D. Leonor assume o seu papel de regente, tal como estava estipulado no testamento do monarca defunto. Na corte a intriga impera, liderada pela regente e pelo seu amigo, o Conde João Fernandes Andeiro, que ficou com espaço livre, o que desagrada a um grande grupo de nobres, entre os quais se inclui D. João. Aceita um plano de Álvaro Pais (antigo chanceler-mor do Rei D. Pedro e depois do Rei D. Fernando) para eliminar o Andeiro e cumpre-o, a 6 de Dezembro de 1383, no Paço Real do Limoeiro, em Lisboa.

A 6 de Outubro de 1384, D. João é feito «defensor e regedor do Reino».

As cortes haviam reunido em Coimbra, em Abril de 1385, elegendo-o Rei e é aclamado logo a seguir.

Entretanto as duras batalhas que se travavam por todo o país, estavam a ser favoráveis aos Portugueses e a Batalha de Aljubarrota, a 14 de Agosto de 1385, em que uma vitória decisiva, com a preciosa ajuda de D. Nuno Álvares Pereira, nomeado Condestável do Reino, comprometeu definitivamente as pretensões de Castela ao trono de Portugal.

A 9 de Maio de 1386, firma o Tratado de Windsor, com Ricardo II de Inglaterra. A 2 de Fevereiro de 1387 casa com D. Filipa de Lencastre, neta de Eduardo III de Inglaterra, e no mesmo ano invade Castela para apoiar o Duque de Lencastre, seu sogro, na pretensão ao trono. A educação esmerada da dama inglesa, influiu fortemente na educação dos filhos, aos quais foi dado o nome de «Ínclita Geração».

Em 1388, ordena a construção do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido por Mosteiro da Batalha, em cumprimento de uma promessa aquando da Batalha de Aljubarrota.

Em 1401 casa o seu filho natural, D. Afonso, futuro 1º Duque de Bragança, com a filha de D. Nuno Álvares Pereira.

Por volta de 1410-11, D. João chama ao governo do Reino o seu sucessor, D. Duarte. Em conjunto com o seu filho, prepara exaustivamente um plano expansionista, tendo como primeiro objectivo a tomada das principais cidades do Norte de África.

Acompanhado pelos filhos, D. João, com quase 60 anos, parte para o Norte de África, em 1415, à conquista de Ceuta, iniciando deste modo a expansão ultramarina portuguesa, e é nesta cidade que arma os seus filhos cavaleiros.

Em 1422 decreta a adopção da era de Cristo em vez da de César.

Considerado por alguns como um dos mais cultos Reis medievais, escreveu o Livro da Montaria, que é uma das mais valiosas obras literárias do séc. XV.

Já velho, faz grandes doações a instituições religiosas, como que preparando-se para a morte, que veio a dar-se em Lisboa, a 14 de Agosto de 1433. É com D. João I que se inicia a expansão portuguesa. Jaz no Mosteiro da Batalha.
Fonte: Reis e Rainhas de Portugal

São Nuno, Um Herói Nacional!

Batalha de Aljubarrota

A Batalha de Aljubarrota

Contexto político anterior à Batalha de Aljubarrota

Com a morte do rei D. Fernando em 1383, o Tratado de Salvaterra de Magos, celebrado em Abril desse ano entre a rainha D. Leonor Teles, o Conde João Andeiro e o Rei de Castela, estabelece que a Coroa de Portugal passaria a pertencer aos descendentes do Rei de Castela, D. Juan I, passando a capital do Reino para Toledo. O Reino de Castela iria inevitavelmente dominar Portugal. A situação que se cria provoca mal estar e não agrada á maioria da população portuguesa.

Analisando a crise política de 1383 a 1385, é possível referir que na sua origem esteve, em primeiro lugar, o descontentamento popular existente, resultante não só da degradação das condições de vida da generalidade da população, mas também pela perspectiva do Reino de Portugal vir a perder a sua independência.

Este desejo de alterações foi então facilitado pelo facto de D. Leonor Teles e os seus aliados defenderem uma solução política para Portugal, não só discutível legalmente, como claramente do desagrado da grande maioria da população portuguesa.

Em face desta circunstância, a população de Lisboa proclama D. João, Mestre de Avis, meio irmão de D. Fernando, como "regedor, governador e defensor do reino". Perante a revolta da população portuguesa em vários pontos e cidades do Reino, o Rei de Castela, em 1384, entra em Portugal. Entre Fevereiro e Outubro monta um cerco a Lisboa, por terra e por mar, com o apoio da frota castelhana. O cerco não resulta, não só pela determinação das forças portuguesas, mas também por Lisboa estar bem murada e defendida.

Afastados momentaneamente os combates com Castela, o partido do Mestre avançou, então, para a batalha política. Reúnem-se assim em Março e Abril de 1385 as Cortes de Coimbra, que proclamam o Mestre de Avis como Rei de Portugal.

Perante esta situação em 8 de Julho de 1385 D. Juan I, invade novamente Portugal, por Almeida, com um numeroso exército de 40.000 homens, seguindo depois por Trancoso, Celorico da Beira, Coimbra, Soure e Leiria. A esquadra castelhana havia entretanto cercado Lisboa por mar, desde Abril desse ano. O exército português, comandado por Nuno Álvares Pereira, tinha-se colocado em posição de combate. A Batalha tinha-se tornado praticamente inevitável.

O desenrolar da Batalha

No dia 14 de Agosto, logo pela manhã, o exército de D. João I ocupa uma posição fortíssima no terreno, escolhido na véspera por Nuno Álvares Pereira. No final da manhã chegam os castelhanos, que circulam pela estrada romana.

Evitam o choque com os portugueses, uma vez que isso implicaria a subida de um terreno em condições extremamente desfavoráveis. Preferem tornear a forte posição portuguesa pelo lado do mar, até estacionarem na ampla esplanada de Chão da Feira. O exército português constituído por aproximadamente 7.000 homens de armas, move-se então uns dois quilómetros para Sul e inverte a sua posição de batalha para ficar de frente para o inimigo.

Passava das 18 horas quando se deu o assalto castelhano à posição portuguesa. Uma vez iniciada a batalha, é então possível referir os cinco principais momentos do combate:

1º- a impetuosa vanguarda do rei de Castela (na sua maior parte constituída por tropas auxiliares francesas, como claramente assegura Froissart) inicia o ataque provavelmente a cavalo, sendo rechaçada nas obras de fortificação antecipadamente preparadas pela hoste de D. João I, obras essas que constituíram uma surpresa absoluta para os seus arrogantes adversários. Para prosseguir o combate, os franceses são obrigados a desmontar (aqueles que o conseguem fazer) na frente do inimigo e, por isso, em posição absolutamente crítica.

2º- ao saber do desbarato da sua linha da frente, D. Juan I decide mandar avançar o resto do exército então presente no Chão da Feira, maioritariamente também a cavalo. Ao aproximarem-se da posição portuguesa, apercebem-se de que - contrariamente ao que supunham - o combate está a ser travado a pé (ou tem de ser travado a pé, dadas as características do sistema de entrincheiramento defensivo gizado pela hoste portuguesa). Por isso, os cavaleiros castelhanos desmontam cedo e percorrem a pé o que lhes falta (escassas centenas de metros) até alcançarem os adversários. Ao mesmo tempo, cortam as suas compridas lanças, para melhor se movimentarem no corpo-a-corpo que se avizinha;

3º- entretanto, os homens de armas de D. Juan I vão sendo crivados de flechas e de virotões lançados respectivamente pelos arqueiros ingleses e pela “ala dos namorados” portuguesa, o que, juntamente com o progressivo estreitamento da frente de batalha (devido aos abatises, às covas de lobo e aos fossos) os entorpece, embaraça e torna "ficadiços" (de acordo com Fernão Lopes) e os aglutina de maneira informe na parte central do planalto; tais foram, porventura, os minutos mais decisivos da jornada;

- quanto às alas castelhanas, essas permanecem montadas, destinadas que estavam - como era tradicional na época - a ensaiar um envolvimento montado da posição portuguesa, coisa que, devido à estreiteza do planalto, apenas a ala direita (chefiada pelo Mestre de Alcántara ) terá conseguido, e mesmo assim numa fase já tardia da refrega;

5º- o pânico apodera-se do exército castelhano, quando dentro do quadrado português, a bandeira do monarca castelhano é derrubada. Os castelhanos precipitam-se então numa fuga desorganizada. Segue-se uma curta, mas devastadora perseguição portuguesa, interrompida pelo cair da noite. D. Juan de Castela põe-se em fuga, em cima de um cavalo, juntamente com algumas centenas de cavaleiros castelhanos. Percorre nessa noite perto de meia centena de quilómetros, até alcançar Santarém, exausto e desesperado. Até à manhã do dia seguinte, milhares de castelhanos em fuga são chacinados por populares nas imediações do campo de batalha e nas aldeias vizinhas.

O restante das forças franco-castelhanas saem de Portugal, parte passando por Santarém e depois por Badajóz e a outra parte, através da Beira, por onde tinham entrado.

No campo de batalha, as baixas portuguesas foram cerca de 1.000 mortos, enquanto no exército castelhano se situaram em aproximadamente 4.000 mortos e 5.000 prisioneiros. Fora do campo da batalha, terão sido mortos nos dias seguintes pela população portuguesa, cerca de 5.000 homens de armas, em fuga, do exército castelhano. Devido ao significado político da Batalha e aos seus numerosos nobres e homens de armas que aí morreram, Castela permaneceu em luto por um período de dois anos.

Consequências da Batalha de Aljubarrota

Para a Europa, a Batalha de Aljubarrota constituiu uma das batalhas mais importantes ocorridas em toda a época medieval.

Para Portugal, esta batalha, ocorrida no planalto de S. Jorge no dia 14 de Agosto de 1385, constituiu um dos acontecimentos mais decisivos da sua História.

Sem ela, o pequeno reino português teria, muito provavelmente, sido absorvido para sempre pelo seu poderoso vizinho castelhano.

Sem o seu contributo, o orgulho que temos numa história largamente centenária, configurando o estado português como uma das mais vetustas e homogéneas criações políticas do espaço europeu, não seria hoje possível.

A vitória portuguesa em Aljubarrota permitiu também a preparação daquela que seria a época mais brilhante da história nacional - a época dos Descobrimentos - que, de outra forma, pura e simplesmente não teria ocorrido.

A Batalha de Aljubarrota proporcionou definitivamente a consolidação da identidade nacional, que até então se encontrava apenas em formação, e permitiu ás gerações futuras portuguesas a possibilidade de se afirmarem como nação livre e independente.


Fonte: Fundação Batalha de Aljubarrota

13 agosto 2010

Programa das Comemorações dos 625 anos da Batalha de Aljubarrota



Comemorações oficiais do 625º Aniversário da Batalha de Aljubarrota


10h00 · Comemorações e missa campal · Campo de São Jorge

12h00 · Comemorações na Capela do fundador · Mosteiro da Batalha

16h00 · Astedixie Jazz Band · Junto ao Mosteiro da Batalha

21h30 · Gala Internacional de Folclore · Junto ao Mosteiro da Batalha

Entrevista a SS. AA. RR., pela VIP em Setembro de 1998


O Duque de Bragança não conseguiu conter a emoção ao caminhar pelas ruas da cidade histórica de Ouro Preto, em Minas Gerais, classificada como Património Histórico e Cultural. "A arquitectura daqui é muito parecida com a dos Açores", disse admirado. No bairro português da cidade, D. Duarte conheceu a Igreja do Pilar, construída, em 1733, em cuja capela-mor figura uma peça de entalho do português Francisco Xavier de Brito. Já em Mariana, D. Duarte e D. Isabel encantaram-se com a Catedral da Sé, que ostenta uma raridade: um órgão Arp-Schnitger que foi encomendado por Portugal à Alemanha, em 1701. O órgão foi prometido por D. João V ao primeiro bispo de Mariana e foi-lhe enviado em 1753 por D. José.

A visita de D. Duarte Pio a Minas Gerais, a convite do empresário português Neiva de Oliveira, foi intensa. No final, em entrevista à VIP, falou sem reservas começando mesmo por dizer:

"Como não preciso do voto de ninguém e o meu título não tem cotação na Bolsa, digo o que penso."

VIP-O que mais o impressionou nesta visita às cidades históricas brasileiras?

SAR-O aumento de consciência por parte das autoridades mineiras da necessidade de preservação do património. Há que ter em consideração que são cidades vivas. As pessoas querem tornar as casas mais confortáveis, mas têm dificuldades em mante-las e preferem vendê-las para construir prédios. Perante este conflito de interesses, há que ter bom senso, respeitar aquilo que nos interessa e, ao mesmo tempo, saber respeitar os interesses dos habitantes. Aquilo de que gostamos ao visitar uma cidade histórica é fazer uma viagem no tempo.

VIP-Quais os erros mais graves que se cometem no ensino da História do Brasil?

SAR-Muitas das dificuldades que surgem no relacionamento entre o Brasil e Portugal têm a ver com o ensino errado da História. Por exemplo, a população de origem africana tem, com toda a razão, um grande ressentimento pela maneira como os seus antepassados foram tratados, como escravos. Só que Portugal e o Brasil são os únicos países do Mundo, que eu saiba, que tiveram uma legislação de protecção dos escravos. Aqui, em Ouro Preto, há uma igreja lindíssima que foi construída pela confraria de escravos. O que prova que a população escrava tinha direitos cívicos e uma capacidade humana de organizar uma confraria tão rica que conseguiu fazer uma igreja lindíssima e que essa confraria tinha a função de corporação. Hoje não se sabe isso porque não se ensina. Só se fala das horríveis maldades.... Tais como... O que se fala de Tiradentes, que é o grande herói do Brasil e um dos primeiros que lutaram pela independência. Aliás, pela república também. É um herói pelos seus ideais. Mas Tiradentes foi enforcado e é referido sempre com essa envolvência dramática. O que ninguém diz é que D. Maria l o tinha amnistiado mas que a amnistia chegou tarde demais ao Brasil. Não havia fax naquela altura (risos). Perante a lei da época, o que ele queria fazer, construir a República de Minas Gerais, era gravíssimo porque era uma tentativa de separar um território de Portugal e até do Brasil. Era a máxima das traições. Se isso fosse conhecido diminuiria aquele ressentimento que surge muitas vezes. O meu próprio antepassado, D. Pedro, que decretou a independência do Brasil.

VIP-não concordou com o que ele fez?[esta pergunta surge no texto original, por lapso óbvio, como continuação da dissertação de D. Duarte]

SAR-Se ele tivesse mantido o projecto de D. João VI, de reino unido, hoje o Brasil teria um território associado na Europa e dois em África. Infelizmente, isso não foi possível. Houve erros graves portugueses. Mas, há que moderar o sentimentalismo histórico ou a politização da história e tentar estudar as realidades tais como elas eram na época.

VIP-O intercâmbio sociopolítico, económico e cultural entre Brasil e Portugal poderia ser maior?

SAR- É muito insuficiente. Ficou-se pela parte da cultura abstracta. Há alguma cooperação - da Fundação Gulbenkian e do Ministério da Cultura português com instituições de restauro do património no Brasil. A cooperação deveria ser reforçada e ter uma visão de futuro. Portugueses, espanhóis e brasileiros deveriam traduzir para as suas línguas as novas tecnologias. O uso de expressões inglesas em tudo o que é nova tecnologia e informática é um erro e uma forma de colonialismo cultural. A nível editorial já vem sendo feita alguma coisa mas, se os portugueses não têm a menor dificuldade em entender os brasileiros, o inverso nem sempre acontece.
Neste momento qual é a imagem do Brasil em Portugal?
É muito boa, embora haja um aspecto de intercâmbio cultural mais negativo, que são algumas novelas moralmente negativas e destrutivas, que estão a invadir o País. Mas isso é culpa das nossas televisões, que as compram. Do ponto de vista económico e cultural existe uma visão muito positiva. Claro que surgem problemas devido à nossa integração na União Europeia. Hoje, as fronteiras portuguesas são as da União Europeia e as perspectivas de entrada de pessoas de fora são menores. Isso cria problemas complicados e, por vezes, mal resolvidos.

"Se os portugueses não têm a menor dificuldade em entender os brasileiros, o inverso nem sempre acontece"

VIP-Como analisa o actual momento político-económico português?

SAR-Acho que, às vezes, caímos numa atitude de deslumbramento perante a União Europeia. Não temos uma visão fria e crítica e aceitamos tudo. Temos que descobrir que as nossas raízes culturais estão intimamente ligadas ao mundo de língua portuguesa. Por isso, esse deslumbramento é uma coisa que me preocupa. Economicamente está a correr bem, as pessoas estão satisfeitas. Há uma tendência para gastar dinheiro em artigos de luxo e não resolver problemas fundamentais. Por exemplo, fazem-se grandes obras como a Ponte Vasco da Gama, que não tem utilidade que justifique o investimento feito.

VIP-E que problemas fundamentais há por resolver em Portugal?

SAR- Primeiro, um grande atraso na formação técnico-profissional, depois o sistema de saúde, que embora sendo bom implica uma grande espera. A agricultura está abandonada, em vias de falência. O abandono do interior devido à pioria das condições de vida e falta de emprego. A desertificação do interior é uma consequência de um desvio da democracia. Porque interessa ao poder político investir onde vai ganhar mais votos. Por fim, a falta de apoio na divulgação da língua portuguesa na Guiné, e Moçambique, em Timor. Não custava nada a Portugal e ao Brasil enviarem livros para estes países.

VIP-Em que pé está a causa timorense?

SAR-É o caso mais grave do ponto de vista moral da chamada descolonização. Enquanto os outros, mal ou bem, são hoje tecnicamente países independentes, Timor é um território português sob ocupação estrangeira. Infelizmente, o resto do Mundo está pouco preocupado com isso.Espanha e o Brasil, para falar de países mais próximos de Portugal, negoceiam com a Indónesia e não a pressionam para ter um comportamento mais correcto em relação a Timor. Devíamos convencer os países nossos amigos a serem mais activos. O nosso ministro dos Negócios Estrangeiros tem feito um bom trabalho, mas não o suficiente.

VIP-Qual a importância da religião nos dias de hoje?

SAR-É importante que sigamos a nossa igreja e não andemos atrás de um qualquer fala-barato que vende um produto pseudo-religioso, que muitas vezes é só um negócio ou uma fraude completa. Apesar dos defeitos, erros e pecados da Igreja, como qualquer outra instituição, esta provou, em dois mil anos, que foi benéfica para a Humanidade.

VIP-Quais os princípios básicos que leva em consideração na educação dos seus filhos?

SAR-Valores básicos éticos, morais e também religiosos, de forma a darem-lhes uma estrutura e, a partir daí, podem desenvolver as suas capacidades e perceber os seus interesses. Depois, os pais têm de dar o exemplo de coerência

Fonte: Monarquia Portuguesa

12 agosto 2010

Afinal, que bandeira é esta?

A História está cheia de enganos. Uns propositados, outros por ignorância e outros simplesmente produtos de imaginação.

Recordo que aqui há uns anos um Presidente da República que andou pelas escolas de norte a sul a distribuir um “kit patriótico” de que faziam parte uma cassete com a Portuguesa, uma bandeira da República e uma fantasiosa interpretação dos elementos que as compõem. Começo por achar a expressão “kit”, só por si, pouco patriótica. Mas o que na altura e hoje me parece chocante é o quanto tão pouco pode ser patriótico falar de símbolos nacionais com a ligeireza e falta de rigor com que o “kit” se referia às armas de Portugal.

Desde a escola aos escuteiros, a explicação dada para a bandeira da República, que este ano comemora 100 anos, e cujo bom gosto acho discutível, é explicada escamoteando-se o facto de que a escolha das suas cores resultou de uma qualquer obscura loja maçónica.

Se esta escolha de cores é já por si infeliz, querer atribuir-lhe algum significado dentro dos 800 anos da história que precederam a República, é um total absurdo.

Também um absurdo é a interpretação “oficial” da República para o escudo, ou armas, de Portugal. Com a falta da coroa a encimá-las, substituída pela esfera armilar, estas são o único elemento que sobreviveu da monarquia.

A “versão oficial” diz que os símbolos inseridos nas armas de Portugal representam as 5 chagas de Cristo – Cinco escudetes de azul; Os trinta dinheiros da traição de Judas – Cinco besantes contados em cruz (ridículo! Se os “círculos prateados” servem para ser 30 dinheiros, então bastaria colocar 6 dentro de cada escudete, em vez de se ter que contar 2 vezes as do centro); as 7 cidades conquistadas aos mouros por D. Afonso Henriques – os 7 castelos na orla (bordadura) do escudo.

Não pretendo fazer doutrina com a descrição que dou das armas de Portugal, e muito melhores opiniões haverá que a minha, mas estou certo de que a forma como as descrevo está muito mais perto de uma verdade histórica, do que o ridículo da “versão oficial”.

Na Idade Média, quando Portugal começou, não havia bandeiras. O que havia eram estandartes que representavam as armas, ou brasões, dos reis ou senhores de uma determinada região. Quando D. Afonso Henriques por direito se tornou Rei, adaptou armas próprias, mas não querendo romper com as de seu pai, utilizou as mesmas cores (metais e esmaltes) do brasão do Conde D. Henrique. Assim, encontramos na representação do brasão de armas de D. Afonso I, a cruz azul, agora delineada pela posição de 5 escudetes de azul, sobre um fundo branco (campo de prata).

Os nossos primeiros Reis, pelo menos até D. Afonso III, parece que se esforçavam por preencher estes escudetes com o maior número possível de pequenos círculos brancos (besantes de prata). Interpretam isto, alguns historiadores, como os besantes representarem dinheiro, concluindo assim que estes são uma manifestação de fortuna por parte do Rei. Facto é que o numero destes besantes só é fixado em 5 com D. Dinis, que os colocou em X (em aspa) por uma simples questão de estética e harmonia heráldica.

Os 7 castelos, nem sempre foram 7. O seu número sempre variou até ao reinado de D. Sebastião. Não representam cidades; são, por muito que me custe reconhecer, uma representação das armas de Castela.

De acordo com a tradição heráldica, só ao primogénito é possível utilizar as “armas plenas” de seu pai. Os filhos segundos têm que usar as suas armas com “diferença”. D. Sancho II e D. Afonso III eram ambos filhos de D. Afonso II e de Dona Urraca, infanta de Castela. Ao primogénito couberam as armas “plenas” do seu pai. Ao Bolonhês, coube usar as armas de seu pai, acrescidas com as da casa de sua mãe. Estas foram representadas no seu brasão da orla (bordadura) do escudo. Quando D. Afonso III depõe D. Sancho II e se torna Rei de Portugal, o seu brasão converte-se nas armas do reino, com os castelos “incluídos”.

Durante os 300 anos seguintes, os Reis de Portugal, nunca se preocuparam em fixar este número de castelos. D. Sebastião foi o primeiro a ter essa preocupação, mas foi o seu tio e sucessor, D. Henrique, que de forma definitiva regulou fixando-os em 7. Dizem que o fez como manifestação de adesão às deliberações saídas do Concílio de Trento, pretendendo que os 7 castelos representassem as 7 virtudes cristãs ou os 7 sacramentos, não sei. Pessoalmente entendo que mais uma vez o seu número resulta essencialmente de uma questão de estética e harmonia heráldica.

Um brasão é quase sempre o resultado da história de uma família e das suas alianças. As armas de Portugal, mesmo em República, são o brasão dos nossos Reis, e como tal são reflexo da nossa História.

Mesmo numa República com 100 anos, há coisas que esta, ainda que o tente com as suas patranhas, não conseguirá apagar.

Tiago Beirão Belo

Fonte: Real Associação de Lisboa