29 dezembro 2011

Apesar de tudo, hoje é Natal*

Se considerarmos a racionalidade a prática da boa interpretação da realidade, podemos atribuir ao século xx, o do advento das repúblicas, das independências e das “igualdades”, o cognome de “O irracional”. O conhecimento e a aptidão tecnológica definitivamente não conferiram racionalidade ao ser humano: para não nos determos em demasia nos três maiores monstros do século passado, Mao Tsé-tung, José Estaline e Adolf Hitler, aos quais, por junto, se pode atribuir a responsabilidade de quase 200 milhões de vítimas, observe-se o caso do jovem norueguês Anders Breivik, que dominava técnica suficiente para fabricar as bombas que fez explodir em Oslo.
Neste início de milénio no Ocidente suportamos ainda o legado desse trágico século da irracionalidade, da massificação ideológica e do desconstrutivismo laicista, tornado vitorioso por conta dos sofisticados mecanismos de controlo social entretanto desenvolvidos: nunca foi tão simples a gestão de um moralismo de massas, o incremento da religião do Estado, atiçar ressentimentos selectivos, a popularização do consumo de narcóticos, a democratização da alarvidade, sem esquecer a promoção de tremendismos de conveniência, complexos de culpa e puritanismos de substituição. Decididamente, não são só os corpos policiais bem equipados e os ministérios da propaganda sofisticados que mantêm os rebanhos a balir unissonamente, é o caldo vigente que, num panorama de ilusória liberdade individual, impele as pessoas a agirem por imitação, seguindo os cânones eficazmente publicitados pela maioria, à revelia das elites descomprometidas e da estética erudita, relegados à irrelevância pelo índex da adolescentocracia.
De resto, bem sabemos como a utopia da “igualdade” se tornou um bezerro de ouro, e como a liberdade, o valor mais caro à humanidade, será sempre um bem precário, quando não uma vã miragem. Os filósofos, os escritores e os cientistas há muito sentenciaram um prognóstico: a contingência humana é uma incontornável limitação aos seus profundos ensejos de realização, que só o espírito pode alcançar.
Se o Natal de Cristo se desse hoje (e certamente ele se dará amanhã no coração de muitos cristãos, cada vez mais excluídos), de onde viriam os despojados pastores e vigilantes de coração puro? Quantos reis magos dos nossos dias se desprenderiam da sua zona de conforto, do seu conhecimento “científico”, deixando-se guiar pela estrela do Oriente para adorar o Menino Redentor, tão insistentemente profetizado na história pelos profetas? Onde se encontrariam, entre as hordas de “cidadãos” modernos, consumidores criteriosos, público exigente, exemplos da mais simbólica figura do presépio, os pastores, gente desperta e disponível (porque despojada), para o grande Advento da humanidade? Como escutar o silêncio da noite estrelada, essencial para atender à voz do coração, de onde brota o apelo decisivo e o cerne da salvação? Se o nascimento de Cristo acontecesse hoje, para lá dos compenetrados cientistas na NASA ou na AEE, que se limitariam a tirar as medidas ao cometa, quantos de nós atentariam à estrela luminosa apontando o caminho do Natal de Jesus, Deus redentor nascido criança numa manjedoura, que nos é permitido tratar por tu numa relação íntima de afecto profundo?
O império da racionalidade em que urge converter este novo século deverá começar a ser edificado por uma drástica concessão de espaço ao livre arbítrio do homem, único e irrepetível, como chave de um percurso de libertação e felicidade, que estará sempre a montante de quaisquer modas ou agendas ideológicas. O império da racionalidade em que urge tornar o nosso século só poderá emanar do coração dos indivíduos de razão e coração livres, através da prática de uma ecologia do homem que o liberte da poluição que tolda o seu espírito e os seus sentidos. Porque a felicidade só é concebível com pessoas inteiras e mais realizadas: um desafio a que nenhum Estado ou legislação está apto a responder.
Um Santo Natal a todos.
* No original "Apesar de tudo amanhã será Natal"
publicado 24 Dez 2011 no Jornal i

João Távora
Fonte: Corta-fitas

28 dezembro 2011

Ética Republicana ou chamar o Rei?

Contrariando o que seria naturalmente sensato, as politicas que supostamente visam salvar Portugal (e a Europa) da crise, vêem somente números e nunca pessoas que, sendo humanas, têm necessidades (por mais básicas que sejam).

Parece que agora surgiu a ideia de colocar os trabalhadores portugueses a trabalhar mais 30 minutos por dia para ajudar à recuperação nacional! Será possível que haja alguém, com os pés minimamente assentes na terra, que acredite que isto vai resultar? Uma regra fundamental das sociedades desenvolvidas diz que todo o ser humano tem o direito ao descanso! Mais que ter direito, tem absoluta necessidade de descansar para viver! Se ao fim das agora 8 horas diárias de trabalho, os trabalhadores já se encontram cansados e com o rendimento a diminuir mais cansado estará e mais baixo será o rendimento no trabalho com os 30 minutos extra. É do mais elementar conhecimento que o cansaço excessivo leva à diminuição dos reflexos que tem como consequência o potencial aumento do número de acidentes. Por algum motivo existem campanhas rodoviárias (só a título de exemplo) a alertarem para não conduzir demasiado cansado. Uma pessoa nessas circunstâncias coloca em risco não só a sua integridade mas a de todos os que a rodeiam! Será que aqueles que acalentam esta ideia dos 30 minutos extra não conseguem entender isto e preferem continuar a ver unicamente números?

E aqueles trabalhadores (a maioria possivelmente) que têm compromissos familiares como ir buscar os filhos à escola? Não entenderão os nossos governantes que com medidas destas estão a destruir as famílias e, consequentemente, toda uma sociedade, todo um povo?

Afinal foram eleitos por quem? Afinal estão a governar para quem? E o mais ‘engraçado’ é que as diversas forças politicas se atacam e contra-atacam tentando atribuir as culpas (no já tradicional jogo do empurra) às forças contrárias! Esquecem-se, contudo, que o Povo Português sabe que todas elas são culpadas pela situação a que Portugal chegou. Na prática verifica-se que não existe ninguém que defenda verdadeiramente Portugal e os Portugueses. Quanta falta faz um REI que por estar fora do jogo dos partidos nada lhes deve e, por isso, tem a sua independência assegurada. Sim, um REI, Chefe de Estado verdadeiramente independente que, por isso, é capaz de defender, de facto, a população (que tanta necessidade tem de um protector)!

Ideia ainda mais infeliz que anterior é aquela de concentrar as ‘meias-horas’ para serem usadas ao Sábado. Isto, então, é de bradar aos Céus.
Que trabalhador aceitará que lhe tirem uma manhã de descanso, para mais sem que lhe paguem por isso? Que trabalhador estará motivado, nestas circunstâncias, para o trabalho? Ao fim de 40 horas de trabalho que trabalhador estará suficientemente descansado de modo a que os acidentes de trabalho sejam minimizados?

Quem teve estas ideias devia ter estudado um pouco mais para, hoje, perceber que um trabalhador motivado e com o descanso em dia é, potencialmente, muito mais produtivo.

Os impactos desta medida na economia não são necessariamente positivos! Qualquer pessoa que trabalhe sabe que ao longo da semana, em virtude dos horários de trabalho actuais, é praticamente impraticável recorrer ao comércio tradicional. A manhã de Sábado apresenta-se, assim, como uma alternativa viável para usar este tipo de comércio. Retirar a manhã de Sábado aos trabalhadores não só retira descanso aos mesmos como pode implicar o colapso do já débil comércio tradicional, com graves consequências para a economia.

Também se colocou a hipótese de retirar dias de férias aos trabalhadores. Fica-se de tal maneira estupefacto com esta hipótese que uma das perguntas que vem à mente é “Será que estão mesmo a falar a sério?”.

Será que se está pretender voltar progressivamente à escravatura (que, por acaso, foi abolida pela Monarquia)? Aumento do trabalho e diminuição das remunerações? A este ritmo o que virá a seguir?
No meio de tudo isto haverá quem pense que são sacrifícios que se devem fazer a bem de Portugal! É certo que há alturas em que devem ser feitos sacrifícios pelo bem comum, pelo bem da Pátria. Disso não há margem para dúvidas! O pior é que, mesmo com todos estes sacrifícios exigidos, os problemas de Portugal não serão resolvidos porque, como se diz popularmente, há demasiados a comer demasiado. O povo, esse, sem nenhuma força que o defenda verdadeiramente, continua a ver os sacrifícios pedidos a aumentar e a sua qualidade de vida a diminuir.

Finalmente a ‘brilhante’ ideia de diminuir o número de feriados! A justificação é que Portugal tem mais dias de descanso que a média europeia (terá mesmo?). Mas se é uma média quer dizer que há países com mais e países com menos. Assim sendo, o nosso número de feriados não estará assim tão desajustado relativamente à realidade europeia. No entanto, acreditando que é efectivamente necessário baixar o número de feriados (será mesmo?) para recuperar a economia nacional (já se sabe à partida que estas medidas são contra-producentes), nivelando esse valor pela média europeia, há uma pergunta que logo se deve levantar: será que os ordenados também vão ser nivelados pela média europeia?

Aqueles que nos representam nas instâncias europeias são remunerados pelo seu trabalho, como é natural. E será que essas remunerações estão ao nível das médias de remunerações em Portugal (País que os elegeu) ou será que estão ao nível europeu? Dois pesos e duas medidas? Será a tão falada ética republicana?
É sempre muito engraçado ver os nossos governantes usarem apenas as médias que lhes interessam. Sempre que nivelam por qualquer média é sempre a nivelar por baixo, retirando benefícios e direitos à população que os elegeu! Mais ética republicana? Afinal estão a (des)governar para quem? E não ousem dizer que é para o povo português! Não insultem a nossa inteligência!
E de quem é a culpa disto? Acima de tudo do povo de Portugal! E porquê? Porque parece não querer abdicar de um Presidente e substitui-lo por um Rei que, distante dos sujos interesses partidários, consiga pôr ordem nesta Terra e saiba honrar o juramente de defender Portugal e o seu Povo. Um Rei sabe que o seu poder vem do povo que o aclamou e sabe que é sua missão defender os interesses desse mesmo povo, colocando-os acima de qualquer interesse particular.
Verdade seja dita, na prática de que nos vale ir eleger um novo presidente a cada 5 anos? Que vantagem nos trouxe/traz? É que além das Monarquias serem mais baratas que as repúblicas, conseguem um maior poder de representatividade, são livres de influências político-partidárias e ainda conseguem poupar as fortunas que se gastam com as eleições presidenciais e com os ex-presidentes.
É mais que tempo de decidir abdicar, por um bem maior, do ‘papelinho de 5 em 5 anos’. É mais que tempo de ter um poder livre e independente que defenda verdadeiramente Portugal e o seu Povo. Com as éticas republicanas que temos visto, é mais que tempo de chamar o Rei.
POR PORTUGAL!
PELO POVO PORTUGUÊS!

26 dezembro 2011

Uma Causa Política

Em declarações à imprensa há uns anos, o republicano José Ribeiro e Castro considerava constituir um incalculável privilégio para um País com a nossa história, mais ainda quando ameaçado por uma sinistra crise de soberania nacional, possuir uma tão venerável quanto unânime Casa Real. Apesar da improvável origem destas sábias declarações, essa é quanto a mim a principal e mais preciosa motivação para a minha militância monárquica. Trata-se afinal de uma simples mensagem sobre Esperança. Um país com quase 900 anos de história bem merece exibir no topo da pirâmide do Estado uma isenta instituição transgeracional, exclusivamente vocacionada para o serviço público, contribuindo decisivamente para a materialização de uma Nação una e para a conciliação dos diversos interesses, facções e corporações que pela sua natureza se digladiam, organizadas em inevitáveis “partes” e “partidos”.
Tamanha tarefa choca no entanto com a incontornável realidade: destituídas de recursos materiais e humanos, as estruturas da Causa Real as reais Associações, salvo honrosas excepções, roçam a inexistência reduzidas à participação em jantares, efemérides e cerimónias religiosas.
Para começarmos a contrariar esta lógica, teremos de entender definitivamente a Causa Real como uma organização intrinsecamente política. É como tal que deveria ser assumida pelos seus líderes que, para todos os efeitos, deverão assumir-se também como políticos. Mas acontece que as Reais Associações não têm militantes, têm sócios, e, ainda por cima, difíceis de mobilizar para este ambicioso projecto: promover eficazmente a utilidade, notoriedade e reputação da sua Casa Real.



Urge assim alterar as nossas prioridades para uma intervenção aglutinadora de ideias e para a disputa do espaço mediático, seja ele analógico ou digital, físico ou virtual. A nossa prioridade não é convencer os monárquicos a serem mais monárquicos, mas cativar o homem da rua que hesita entre a simpatia e o preconceito, usando uma mensagem clara e atractiva.
Deste modo, defendo que compete às Reais Associações imiscuírem-se nas discussões de temas económicos, nas questões políticas candentes do país que é de todos nós. É paradigmática a facilidade com que conseguimos juntar oitocentas almas num jantar elegante à volta da Família Real, ao mesmo tempo que somos impotentes para reunir mais de vinte e cinco militantes a discutir temas importantes da actualidade política. Não animamos um núcleo estudantil, não temos voz nos partidos políticos. É irónico como enchemos igrejas pelo menos duas vezes por ano e não conseguimos juntar três bandeiras da monarquia num jogo da selecção nacional para atrair a atenção do cidadão comum. A pergunta que sobeja é esta: está a nossa organização condenada à insignificância dum grupo de patuscos saudosistas? Que mudanças organizacionais são necessárias para operar inversão deste declínio?
Há três anos consecutivos que a Causa Real vem disputando o palco político proporcionado pelo 5 de Outubro com considerável sucesso, sempre granjeando protagonismo através de entrevistas e reportagens nos telejornais, imprensa e rádios nacionais e regionais. Por outro lado a Causa Real anuncia neste número do Correio Real a criação de dois grupos de trabalho, a Comissão Política e a Comissão Económica, por forma a reforçar-se a sua a componente política e substanciar o argumentário económico-financeiro para uma restauração da Instituição Real.
Num panorama de profundas dificuldades, há animadores sinais de uma Causa Real que ambiciona extravasar a sua relevância para o terreno que é o seu por natureza e obrigação: o político, o da conquista dum futuro de esperança para Portugal.

Novembro 2011 - Texto adaptado. Publicado no boletim Correio Real nº 6

João Távora
 

25 dezembro 2011

NATAL


Há dois mil anos, nos arredores de Belém,

veio ao mundo o Deus encarnado, Jesus,

tão só na companhia de São José e sua Mãe

ao mundo das trevas veio Deus, a Luz da Luz.



É Cristo, o Rei dos Reis e Imperador

como Senhor Deus que é omnipotente

e apesar de ser do mundo grande Senhor

nasce pobre, desvalido e indigente.




Não há p’ra Ele lugar na fraca pousada

e não há outra casa para o albergar

Ele, que todas as coisas tirou do nada,

E que veio ao mundo para todos salvar!



Na fria solidão daquela amargura

apenas um estábulo encontrou José

onde só velhas tábuas e palha dura

servem de mísero berço ao Autor da fé.




No doce coração puríssimo de Maria

uma chama de amor vivo resplandece,

luz que brilha e faz da noite claro dia,

fogo que arde ao som de humilde prece:



- Meu divino Filho, meu Jesus, meu amor,

que agora vejo em provação tão atroz

confesso-Vos contudo meu Deus e Senhor

e peço-Vos que tenhais piedade de nós!



Perdoai, Senhor nosso, esta manjedoura,

o estábulo que vos serve de morada

e também a pobreza tão confrangedora

qual é a desta vossa humilde criada!



Nas palhinhas deitado, o Menino sorriu

e assim disse à Virgem Imaculada:

- Bendita aquela que a voz de Deus ouviu

e, sendo alta Rainha, se fez escrava!


Quanta riqueza, Senhora, não vale nada

se comparada com a pobreza de quem tem,

em noite escura, numa gruta gelada,

o tesouro do doce sorriso de sua Mãe!



Poema de P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Fonte: Logos

23 dezembro 2011

SANTO NATAL


A Real Associação do Médio Tejo deseja a todos um Feliz e Santo Natal.

O nosso Natal é como o dos príncipes do século XIX

Foi D. Fernando II quem, nostálgico das tradições da sua infância, resolveu um dia fazer no palácio uma árvore de Natal para os sete filhos que tinha com a rainha D. Maria II, e distribuir presentes vestido de São Nicolau. Em Inglaterra, a rainha Vitória encantava-se com a mesma tradição, trazida pelo seu marido, Alberto, primo de D. Fernando. Pela mão dos dois primos germânicos nascia a festa de Natal como a conhecemos hoje.

Gravura de D. Fernando II com o rei vestido de S. Nicolau
Gravura de D. Fernando II com o rei vestido de S. Nicolau

Alguns dos principezinhos espreitam por detrás de uma cortina. Um outro, mais velho, está sentado numa cadeira, rindo, com as pernas no ar. Há um que parece tapar os olhos, como quem espera uma surpresa, e as duas meninas espreitam para dentro de um dos sacos da figura vestida de escuro que ocupa o centro da gravura. Ao fundo, sobre uma mesa, está, toda enfeitada, uma árvore de Natal.

Eram assim as noites de Natal da família real em meados do século XIX. D. Fernando II, marido da rainha D. Maria II e pai dos seus sete filhos, representava nas suas gravuras e águas-fortes o ambiente familiar, com ele próprio vestido de S. Nicolau a distribuir presentes. Mas o que é significativo na imagem é o facto de, segundo se crê, ela ser a primeira representação de uma árvore de Natal em Portugal.

D. Fernando era alemão. Com o seu primo Alberto, tinha passado a infância comemorando o Natal segundo a velha tradição germânica de decorar um pinheiro com velas, bolas e frutos. Por isso, quando começaram a nascer os seus filhos com D. Maria II - a rainha teve 11 gravidezes, mas só sete crianças sobreviveram, e a própria D. Maria morreu aos 34 anos, no parto do 11.º filho - D. Fernando decidiu animar o palácio com um Natal de tradições germânicas.

A rainha ficava encantada. Nas cartas à sua prima, a rainha Vitória falava com entusiasmo dos preparativos para a festa de Natal, que seria, aliás, muito semelhante à que Vitória (que tinha casado com Alberto) organizava no Castelo de Windsor, em Inglaterra.

"Nada, nem o ar amuado de D. Pedro [o primogénito e futuro rei D. Pedro V], conseguia estragar as festas de Natal", escreve Maria Filomena Mónica em O Filho da Rainha Gorda - D. Pedro V e a sua mãe, D. Maria II, conto que escreveu inicialmente para os netos e que foi depois editado pela Quetzal. "Na Alemanha, onde havia grandes florestas, era costume montar-se, nessa época, uma árvore, enfeitada com flores, bonecos e bolas. Em Portugal, o uso era antes o presépio, com o Menino Jesus nas palhinhas. Em 1844, D. Fernando resolveu fazer uma surpresa à família. Colocou em cima da mesa um pinheirinho, pondo ao lado os presentes."

Podemos imaginar o que seriam os presentes dos príncipes graças a outra gravura de D. Fernando que mostra o príncipe D. João, pequenino, com uma camisa de noite comprida e segurando um cavalinho na mão, a olhar para uma mesa enfeitada com a árvore de Natal, e rodeado de bonecos - um tambor, um estábulo com animais, um soldado de chumbo montado num cavalo. O Natal deixava de ser apenas uma festa religiosa e passava a ser uma festa das crianças.

A vida da família real

"O século XIX é fracturante em relação ao passado na promoção de uma nova visão do convívio da família", explica Nuno Gaspar, historiador e técnico do Palácio da Pena, em Sintra, onde preparou uma visita, realizada no ano passado, que tinha como tema o Natal da família real (embora, sublinha, durante a época do Natal, os reis e os filhos não estivessem na Pena, mas sim no Palácio das Necessidades, em Lisboa). "A tradição dos presentes não existia, sobretudo nos meios mais populares. Esta associação dos presentes que são trazidos pelos Reis Magos para oferecer ao Menino Jesus não existe antes. Pôr as crianças no centro das festividades do Natal é obra do século XIX."

Ao contrário do que acontecia anteriormente, é agora evidente uma intimidade muito maior entre pais e filhos - e os ambientes domésticos reflectem isso. Sobretudo o Palácio da Pena, onde D. Fernando pôde tornar realidade o sonho de qualquer romântico, nas salas indianas ou árabes, nos salões, nos quartos ricamente decorados, nos espaços mais pequenos para as noites em família, a ler, a tocar piano ou a brincar com as crianças, nas torres e num jardim com pontes, grutas, pérgulas e fontes.

"O homem do Romantismo não gosta de grandes espacialidades, prefere espaços acolhedores, quentes, que promovam a aproximação entre os indivíduos", acrescenta Nuno Gaspar. "A Pena é a expressão de uma modernidade, um espaço que tem que se prestar a acolher o tempo íntimo da família."Nos espaços públicos também se reflecte essa relação mais próxima entre pais e filhos, e vai-se criando a imagem de uma família real igual a todas as outras. Os reis e os príncipes passeavam no Passeio Público e conta-se mesmo que, um dia, D. Maria passeava com o príncipe D. Luís no Jardim da Estrela e, perante a relutância da criança em abraçar outro menino que ali brincava, ela o terá encorajado a fazê-lo.

A educação era marcada também pelo rigor. "Os infantes e os príncipes passavam muito tempo com os preceptores, mas os pais não se eximiam da sua função de educadores", diz o historiador. "Eles [os monarcas] viviam para os filhos, mas com alguma exigência", confirma José Monterroso Teixeira, especialista em História da Arte e da Arquitectura. "O rei institui a prestação de provas públicas e impõe um currículo prussiano, com um corpo de professores muito seleccionado."

O futuro rei D. Pedro V e os irmãos tiveram, assim, uma formação muito diferente da da mãe e mesmo do avô e tio-avô, D. Pedro e D. Miguel. "Nos dois anos que se seguiram à morte da mãe, D. Fernando pôs D. Pedro e D. Luís a viajar pela Europa", porque achava fundamental que eles conhecessem o mundo, explica Monterroso Teixeira.

Filomena Mónica conta o mesmo no seu livro: "Fora do Natal, os príncipes seguiam um horário de estudo disciplinado. O pai não era para brincadeiras. Sempre que podia, dava-lhes lições, sobretudo de Zoologia e Botânica. [...] Muito estudioso, D. Pedro começou logo a fazer exercícios de tradução. Aos 11 anos, foi sujeito, com êxito, a um exame diante dos pais. Estes, e os fidalgos que estavam presentes, ficaram admirados com a forma como ele fizera uma redacção em latim."

A rainha Vitória e Dickens

Os tempos livres eram também cheios de actividades. Na serra de Sintra (D. Maria II nunca chegou a viver na Pena, porque a obra ainda não estava terminada quando ela morreu, em 1853), conta Filomena Mónica, "de dia faziam piqueniques, à noite viam fogos-de-artifício, e às vezes a rainha organizava bailes. Em meados do mês, voltavam para Lisboa".

Os nobres, primeiro, e o povo, depois, vendo os hábitos da família real, entre os quais a tradição da árvore de Natal, começam a imitá-los. O mesmo se passa em Inglaterra. Não é por acaso que se fala em Natal vitoriano - muitas tradições que ainda hoje se mantêm nasceram nesta altura.

Em 1848, o Ilustrated London News publicou um desenho em que se vê a família real em torno de uma árvore de Natal, com a rainha Vitória e o príncipe Alberto a olhar para os filhos, que contemplam, fascinados, as luzes. A publicação da imagem (que, um ano depois, chegou aos EUA) teve um efeito imediato e em muitas casas começou-se a instituir a tradição da árvore (em Portugal, o desenho de D. Fernando não foi publicado por isso o processo terá sido mais lento).

"Hoje tenho dois filhos aos quais posso dar presentes e que, sem saberem bem porquê, estão cheios de um maravilhamento feliz perante a árvore de Natal germânica e as suas velas brilhantes. [A árvore] afectou profundamente o Alberto, que ficou pálido, tinha lágrimas nos olhos e apertou a minha mão com ternura", escreveu a rainha Vitória, segundo conta Anna Selby em The Victorian Christmas.

Ao longo do século XIX, outras tradições natalícias foram surgindo. Em 1843, Henry Cole pediu ao artista J. Calcott Horsley que desenhasse um postal de Natal - o desenho mostrava um grupo de pessoas a comer e a beber em volta da mesa de Natal e tinha escritos votos de Feliz Natal e Bom Ano Novo.

Nesse primeiro ano, imprimiram-se apenas mil, mas, nas décadas seguintes, generalizou-se o envio de cartões de Natal e desenvolveu-se uma indústria de decorações cada vez mais elaboradas. Com a árvore, chegou também a figura de S. Nicolau - que Fernando II encarnava para distribuir os presentes pelos filhos. Terá sido um editor de Nova Iorque, William Gilley, quem, em 1821, publicou um poema anónimo num livro infantil que falava em Santa Claus (o nome virá do holandês Sinterklaas) e no seu trenó puxado por renas. A imagem do Pai Natal como um velhote bonacheirão de barbas brancas carregando sacos de brinquedos surgiu também no século XIX pela mão do cartoonista americano Thomas Nast. Mas quem melhor terá descrito o espírito do Natal vitoriano foi Charles Dickens - não é por acaso que ficou conhecido com "o homem que inventou o Natal". Foi ele quem, em 1843, escreveu Conto de Natal, a história do velho e avarento Scrooge, e são os livros de Dickens que instalam definitivamente no nosso imaginário a imagem da véspera de Natal como uma noite fria, com o nevoeiro a invadir as ruas, e as casas acolhedoras e aquecidas, com a família reunida à volta de um peru e da árvore de Natal - a tal inovação que tanto entusiasmava toda a Europa e que, num texto publicado em 1850, o escritor descreve como "aquele bonito brinquedo alemão".

Fonte: Público

22 dezembro 2011

AUDIÊNCIA COM "MONÁRQUICOS SOLIDÁRIOS"

S.A.R., Dom Duarte de Bragança, Helena Maria Marques, Maria da Câmara Aguiar e Lopo Maria de Albuquerque.
 
Conforme noticiado no Blog Família Real Portuguesa, os Monárquicos Solidários foram ontem recebidos em audiência por S.A.R., O Senhor Dom Duarte.

Foi entregue à Fundação D. Manuel II um cheque com o total recolhido por esta campanha "Somos a família para os que não têm família" no total de 2.250,77€ tendo em seguida Sua Alteza Real entregue um cheque para ser entregue à Obra do Padre Américo no valor total de 2.550,00€ ou seja a Fundação Dom Manuel II através de Sua Alteza Real fez um donativo de 300,00€.
Vamos agora fazer seguir por Correio Azul este cheque para a Casa do Gaiato ao cuidado do Senhor Padre Julio. Em nome das crianças da Casa do Gaiato, agradecemos a todos os que contribuiram a vossa generosidade.
 
Fonte: Família Real Portuguesa

Por uma outra Europa


Neste tempo de “austera, apagada e vil tristeza” que Portugal vive, por culpa de governantes sem visão, sem objectivos que não sejam os imediatos que podem gerar votos, lugares e prebendas - numa clara adulteração da democracia -, sem valores e sem rasgo, é impossível não voltar a falar da Europa como comunidade política e económica em que o País se integrou em 1986, desfeito o império ultramarino de tal forma, por culpa da imprevidência e obstinação de uns e da cegueira ideológica de outros, que reduziu mercados e espaço económico, e como âncora de salvação para a incipiente organização democrática que ainda se sentia ameaçada tanto por saudosistas da II República como por aventureirismos dos defensores dos “amanhãs que cantam”.

Apesar da adesão quase geral dos portugueses à entrada para a Comunidade Económica Europeia, que foi sendo apresentada como o novo desígnio nacional, como meio de em pouco tempo se atingir um patamar de desenvolvimento que a República do Estado Novo não fora capaz de propiciar, como forma de sairmos do ambiente asfixiante do “orgulhosamente sós” e dos milhões que foram entrando nos cofres do Estado depauperado por doze anos de destruição da economia pelos comunistas e da gestão socialista, a Europa como construção supranacional, foi sempre uma questão que a maioria da população nunca considerou como digna do seu interesse imediato. Ficou nas mãos dos políticos que foram sendo eleitos para os directórios partidários e para os governos, numa lógica de exaltação clubística, a orientação para os sucessivos passos que a CEE conheceu até se tornar na União Europeia, regida por tratados que a maioria desconhece - mesmo de muitos peões, e até torres, dos partidos que os apoiaram e aprovaram. Esses passos levaram a organização europeia a um alargamento rápido demais e pouco pensado, que gerou complexidade na gestão de interesses e naturais expectativas, à criação da moeda única, a um federalismo incipiente e travestido para não assustar nacionalismos indesejados, no pressuposto de uma solidariedade interna que tenderia à aproximação dos países mais atrasados e à estabilização geral em elevados níveis de bem-estar. Em todo este processo, um pouco por todos os países europeus e em particular em Portugal, os povos não foram chamados a pronunciar-se sobre as sucessivas perdas de soberania e muito menos lhes foi explicado cabalmente o verdadeiro significado dos passos dados em seu nome.

Depois sobreveio a crise nascida nos EUA que contaminou a Europa, a que se foram somando as crises internas de países que, novos-ricos mercê dos fundos europeus, acreditaram que já tinham atingido o patamar de desenvolvimento dos que eram remediados mas presumiam de ricos e, fiados na sua solidariedade inesgotável, resolveram viver nessa nova condição.

Os nacionalismos encapotados dos mais ricos, a impaciência para com a presunção dos novos-ricos que se endividaram até à mendicidade, levou a que em vez de se recuar num projecto que, por irrealista, estava condenado ao fracasso, se queiram dar novos passos no sentido do federalismo, mas tendo como motor e futuros beneficiários, em termos de poder efectivo, os estados que os impuseram. A estratégia de Bismark e os sonhos de Hitler que se entrelaçam com o de Napoleão, numa versão moderna e dual de domínio da Europa.

Portugal, desperto apenas quando o apertar do cinto estiver a atingir o último furo, começa agora a perceber, embora lentamente, ao que esta cegueira política seguidista em relação aos partidos federalistas conduziu. Mas também em relação aos que, e foram todos os dos arco governativo, trocaram a soberania por um prato de lentilhas, acreditando que bastava comê-las, sem tratar de semeá-las e colhê-las, para que este de novo se enchesse.

Na crise que a Europa comunitária atravessa, a sua implosão seria muito pior do que a sua manutenção, mas é urgente que seja alterada a sua concepção federalista para uma Europa das nacionalidades. Como escreveu Guilherme de Oliveira Martins recentemente,” Falar da Europa das nacionalidades é, pois, compreender a História, lançando as bases de uma realidade política e institucional capaz de definir os interesses e valores comuns e de defendê-los, preservando as diferenças e fazendo delas um factor de encontro, de paz e de preservação do património cultural comum. A herança e a memória devem assim encontrar-se. A Europa precisa, no fundo, de entender o que a une e a divide, para que possa tornar-se uma União activa de Estados e Povos livres e soberanos”.

É esta concepção da Europa que pode ajudar Portugal na sua caminhada para o desenvolvimento económico, social e cultural, preservando a sua soberania e contribuindo com a sua identidade, forjada em quase nove séculos, para o todo comum.

João Mattos e Silva

Fonte: Real Associação de Lisboa

21 dezembro 2011

Comunicado - Casa Real Portuguesa

As propostas do nosso Governo para a abolição de Feriados civis e religiosos são uma tentativa para aumentar a produtividade nacional, com o custo de apagar datas evocativas que reconhecem a dignidade, identidade, e individualidade de Portugal.
Pelas suas repercussões no futuro, não são conhecidas contas de organismos responsáveis que provem ser este um meio eficaz de o conseguir, mas compreendo a tentação em aumentar tempo de trabalho.
Contudo, e tal como afirmei nas celebrações do Dia 1 de Dezembro em Mirandela, é um mau caminho apagar as datas nacionais que a História consagrou.
O Dia 1 de Dezembro é o mais antigo feriado cívico português, que une toda a Nação Portuguesa, em torno da sua Bandeira, do seu Hino, da sua História e cuja Instituição Histórica evoca a Restauração da Independência contra a subjugação do nosso país a exigências externas.
O 10 de Junho começou por ser Dia de Camões, e afirmação da nossa Língua e Cultura e tornou-se em afirmação de Portugal e das Comunidades Portuguesas e celebração dos Encontros Nacionais de Combatentes, de cuja Comissão de Honra me orgulho de fazer parte.
Num cenário de não poder respeitar as duas datas, opto por manter o 1º. de Dezembro, porque para além do seu próprio significado, haveria oportunidade para honrar os Combatentes que ao longo dos séculos o tornaram possível, invocar a Cultura que Portugal soube, por isso, edificar e homenagear as Comunidades que nos continuam no mundo. Difícil seria apelo de igual abrangência no 10 de Junho.
Os feriados não pertencem aos Governos mas sim aos Povos e no grave transe que o nosso país atravessa, com acentuada crise de princípios, não se afigura útil eliminar datas que são de reconhecimento da nossa História e dos nossos valores quase milenares, afirmados por gerações sucessivas de Portugueses desde o 5 de Outubro de 1143.

Dom Duarte de Bragança
Sintra, 21/12/2011

SAR A Senhora Dona Isabel de Bragança na Praça da Alegria


20 dezembro 2011

Príncipe Melancolia

Mais uma vez ao ver um livro com fotos de obras de Malhôa, parei a olhar um que desde garota me impressiona.
Hoje, admiro-lhe a técnica, a cor, a precisão dos pormenores. Dantes via um príncipe de conto de fadas, lindo e com uma história triste. Talvez porque a minha avó contava coisas dele. Dizia ela que não havia menina casadoira que não estivesse apaixonada pelo príncipe. Algumas traziam o retrato dele num medalhão pendurado ao pescoço. É, nesse tempo, sem artistas de cinema para amar, as meninas tinham grandes paixões platónicas pelo príncipe.
 
 
Malhôa pintou-o em criança e voltou a pintá-lo já homem. Parece que o Rei D.Carlos, não terá gostado muito do retrato, pelo ar triste do filho. Chamou-lhe “Príncipe Melancolia”.
Nasceu em Lisboa a 21 de Março de 1887, filho de D. Carlos e de D. Amélia, era o herdeiro do trono, já um tudo nada periclitante, de Portugal. Teve uma educação esmerada, sendo seu preceptor Mouzinho de Albuquerque. Fez uma viagem às então colónias portuguesas de África, onde, ao que se diz, terá sido recebido com grande entusiasmo. Além de belo e culto, era simpático e aberto.
Voltou para Portugal e pouco tempo depois, deu-se a tragédia do Terreiro do Paço. A 1 de Fevereiro de 1908, aos vinte e um anos incompletos, o príncipe foi assassinado juntamente com o pai. Ainda matou um dos assassinos, mas também ele caiu varado pelas balas. Assim tristemente, acabou a história do Príncipe Melancolia.
Será que essa melancolia já era pronuncio do fim tão prematuro? Só ele o saberia.
O quadro encontra-se nas Caldas da Rainha, no Museu José Malhôa, num recanto mal iluminado.
Mal recebido pelo rei, retrato fiel do pobre príncipe, o quadro parece ter a mesma sorte: esquecimento. O mesmo esquecimento que o retratado. Um, morto, esquecido até nos manuais de História. O outro, relegado para um canto, como se fora obra menor do autor.
Eu vou continuar a ir vê-lo sempre que voltar às Caldas. Porque desde que o vi a primeira vez, todos os príncipes de todas as histórias da minha avó, tinham para mim, o rosto e a figura do “Príncipe Melancolia”, D. Luís Filipe.

 
Fontes: Alcatruzes da Roda e Família Real Portuguesa

GLÓRIA

A fragata “D. Fernando II e Glória”, o último grande navio à vela da Marinha Portuguesa e também a última “Nau” a fazer a chamada “Carreira da Índia” – verdadeira linha militar regular que desde o Séc. XVI e durante mais de três séculos fez a ligação entre Portugal e aquela antiga colónia Portuguesa – foi o último grande navio que os estaleiros do Antigo Arsenal Real da Marinha de Damão construíram para a Marinha Portuguesa.

A Fragata recebeu o nome em homenagem ao Casal Real Português, o rei-consorte D. Fernando II e a Rainha D. Maria II, cujo nome próprio era Maria da Glória. O "Glória" do seu nome também se referia à sua santa protetora, Nossa Senhora da Glória, de especial devoção entre os Goeses.

O casco foi construído com madeira de teca proveniente de Nagar-Aveli pelo mouro Yadó Semogi e vários operários indianos e portugueses, tendo sido responsável pela supervisão do engenheiro construtor naval Gil José da Conceição. Após o lançamento ao mar, em 22 de outubro de 1843, o navio foi rebocado para Goa onde foi aparelhado.

A sua construção importou em 100.630 mil réis. O navio estava armado com 50 bocas-de-fogo, com 28 na bateria e 22 no convés. O navio apresentou diversas configurações estando preparado para ter uma guarnição até 379 homens.

A sua viagem inaugural, de Goa a Lisboa, decorreu entre 2 de Fevereiro e 4 de Julho de 1845.

Durante os 33 anos que navegou percorreu cerca de 100.000 milhas, correspondentes a, quase, cinco voltas ao mundo. Como era flexível provou ser um navio resistente e de grande utilidade, tendo sido empregue no transporte de tropas, colonos e degredados para Angola, Índia e Moçambique. Participou em operações navais de guerra no Ultramar Português. Apoiou a expedição de Silva Porto de ligação terrestre entre Benguela em Angola e a costa de Moçambique.

Em setembro de 1865 a D. Fernando substituiu a nau Vasco da Gama como Escola de Artilharia Naval, fazendo viagens de instrução até 1878. Nesse ano, fez a sua última missão no mar, realizando uma viagem de instrução de guarda-marinhas aos Açores. Nessa viagem, ainda conseguiu salvar a tripulação da barca americana Laurence Boston que se tinha incendiado. A partir daí passou a estar sempre fundeada no Tejo.

Em 1938 deixou se servir de Escola Prática de Artilharia Naval, passando a ser utilizada como navio-chefe das Forças Navais no Tejo.

Em 1940 cessou o seu uso pela Marinha Portuguesa, sendo a fragata transformada em Obra Social da Fragata D. Fernando, uma instituição social que se destinava a albergar e a dar instrução e treino de marinharia a rapazes oriundos de famílias pobres.

Em 1963, um violento incêndio destruiu uma grande parte do navio, ficando abandonado no Tejo.


Entre 1992 e 1997 a fragata foi recuperada pela Marinha Portuguesa, recorrendo ao Arsenal do Alfeite e aos estaleiros Rio-Marine de Aveiro. Foi exigida durante a Expo 98 e encontra-se atualmente em Cacilhas, em doca seca, aberto ao público, onde decorrerá a exposição.


Noticia do MM
 
Fonte: NRP CACINE

19 dezembro 2011

Adolescente ainda, dizia « O Esperançoso »,

 
« Tenho pressa de ser útil ou de reconhecer que o não posso ser »;
é esta consciência de Bem Servir, ou de reconhecer que poderá não ser o melhor para prosseguir o Bem Público que distingue os homens verdadeiramente grandes.
 

Dia 22 na "Solmar": Real Tertúlia festeja Natal e presta homenagens

A Real Tertúlia Tauromáquica festeja no próximo dia 22 em Lisboa, no emblemático restaurante-cervejaria "Solmar" (Lisboa) o seu tradicional Jantar de Natal, em saudável e notável associação com o Clube do Combatente.
Oportunidade, ressalva o presidente do Directório da Real Tertúlia, Manuel Andrade Guerra, para "degustar um aliciante menu mas, sobretudo, para sublinhar a importância crescente da Amizade e dos outros Valores, que norteiam as nossas instituições".
Durante o jantar, será prestada homenagem a um Militar ilustre, o General Mariz Fernandes, enquanto outro grande Português, o Comandante João Carlos D'Alvarenga, será elevado ao grau de Sócio de Honra da Real, neste caso não (só) pelas suas qualidades militares, igualmente por uma brilhante trajectória como Aficionado.
Na ocasião, o Directório apresentará várias medidas no âmbito das celebrações do 20º aniversário da Tertúlia D. Miguel I, destinadas a revitalizar a associação e a enfrentar os tempos difíceis que o país atravessa.

Da democracia e da necessidade de uma cultura de serviço

(Artigo publicado no n.º 6 do Correio Real)
A democracia é, como se costuma dizer, o pior regime exceptuando todos os outros. É naturalmente melhor do que qualquer regime oligárquico, tirânico ou autoritário. Na sua acepção ideal, tem como grandes virtudes a liberdade de expressão, a aspiração à difusão de oportunidades e igualdade no acesso à educação, permitindo ainda aos indivíduos e à sociedade civil ter um papel determinante na condução da política e da vida pública, ao passo que o aparelho estatal assenta teoricamente numa separação de poderes e num sistema de checks and balances como forma de evitar que exista qualquer poder incontrolado, porque como ensinava Karl Popper, o importante em democracia não é saber quem manda mas como controlar o poder de quem manda.
Porém, a democracia tem o condão de poder degenerar, tal como tem vindo a acontecer em Portugal, numa ditadura da maioria (a mais das vezes medíocre, bastando olhar para os imensos exemplos de políticos portugueses), e num regime tendencialmente oligárquico – confirmando a Lei de Ferro da Oligarquia formulada por Robert Michels – subjugado por interesses mais ou menos desconhecidos – as coligações de interesses organizados que Friedrich A. Hayek apontava como um dos factores responsáveis pela perversão da democracia.
O regime actual padece de graves falhas que ao nível político estão cada vez mais visíveis, funcionando cada vez pior. Desde logo, a arquitectura do aparelho estatal, com um regime híbrido e com poderes muito pouco separados, contando com um Presidente da República com poucos poderes, um Primeiro-Ministro que é sempre um potencial ditador se tiver uma maioria absoluta no parlamento, um parlamento com deputados completamente reféns dos partidos pelos quais são eleitos e que mais não é do que a casa não da democracia mas da falta de sentido de estado e ausência de dedicação à causa pública, sem falar no cada vez mais kafkiano sistema de justiça.
Os partidos políticos, por seu lado, tornaram-se reféns das coligações de interesses organizados com as quais os políticos são forçados a negociar e das quais depende em grande medida o seu apoio e sustentação política, ocorrendo, na realidade, uma distorção do que deve ser o interesse público, na medida em que os partidos não estão unidos por verdadeiros princípios políticos e sujeitam-se aos interesses dos grupos de pressão que são efectivamente capazes de se organizar a ponto de preponderarem sobre outros que não se conseguem organizar de forma tão eficaz. Isto distorce a alocação de recursos, que é feita pelo poder político sem quaisquer referências a princípios de justiça, igualdade ou eficiência, consubstanciando o que José Adelino Maltez costuma referir como uma economia privada sem economia de mercado.
A virtude da democracia é refrear os ímpetos autoritários e ditatoriais, aceitando e defendendo o conflito e institucionalizando regras para este. A negociação e o compromisso têm de ser constantes em qualquer democracia saudável. Em Portugal, contudo, os políticos preferem não ter freios ao poder, impor as suas opiniões e decisões pela força da soberania popular expressa nos actos eleitorais e governar como se fossem ditadores – tudo em nome da estabilidade e da governabilidade, como se fosse possível eliminar a instabilidade e o conflito inerentes à democracia.
Temos assim um ambiente político exasperante, em que a política é encarada como o futebol, com clubes e as suas respectivas claques compostas por elementos que, na sua esmagadora maioria, se preocupam essencialmente com a baixa política intriguista e interesses que pouco ou nada têm a ver com a causa pública. Falta-nos uma cultura de serviço, que nos permita transcender-nos no que à governação diz respeito, fazendo cumprir Portugal através da prossecução de uma política assente no respeito por todos os portugueses, e não apenas por interesses que distorcem o funcionamento da democracia, colocando-a em causa. Não podendo enveredar por uma nova campanha de Descobrimentos, tendo sido a religião arredada do espaço público em virtude do jacobinismo republicano que grassa no país desde a I República, há apenas uma mudança política que pode revitalizar moralmente o país e contribuir para uma substancial regeneração do mesmo: a restauração da monarquia. Só esta permitirá que nos sintamos mais coesos enquanto nação, e que tenhamos verdadeiramente um espírito de missão na prossecução das nossas vidas, com a certeza de contribuirmos para algo muito superior a qualquer um de nós mas, contudo, essencial para as nossas vidas e para o país.

Samuel de Paiva Pires
 

18 dezembro 2011

Entrevista do jornal "I" ao Arq. Gonçalo Ribeiro Telles

Gonçalo Ribeiro Telles: “Talvez os governantes queiram destruir o país”

(...)

Já fundou partidos ligados à terra e em defesa da monarquia. Há ligação entre estas duas causas?
Há sempre uma ligação. A nossa história é uma construção através de um regime monárquico e essa ligação à história e à continuidade perdeu-se. E nesse sentido há de facto um recuo enorme, que permitiu depois uma visão diferente do futuro. Quando a monarquia existia havia sempre um futuro na sequência da dinastia.

É essa a vantagem que vê na monarquia?
É essa a grande vantagem. Isso dá um somatório de uma cultura que é muito difícil de arrancar. Só à força é que se arranca. É o que está a suceder. Há a saudade dessa continuidade.

Os portugueses têm saudades da monarquia. Acha isso?
Dessa continuidade com certeza, porque isto é um país inventado e construído. Construído com as condições que tinha de mar, de terra, de solos e inventado pelo género português.

O caminho teria sido outro com uma monarquia?
Tínhamos seguido um caminho mais paralelo dos países escandinavos.

Os reis não são eleitos. Não é um bom argumento a favor da República?
Os reis são eleitos todos os dias.

Uma vez contou que a sua avó estava sempre à espera que viesse o Paiva Couceiro com os militares do Norte para acabar com a República.
Não era só a minha avó, eram muitas avós. Vinha repor a ordem. No fundo vinha repor a liberdade. As pessoas, sem o sentir, tinham a noção de liberdade.

Ler entrevista completa AQUI

Fonte: I

Um mal maior contra o bem do menor

Os defensores da adopção por casais do mesmo sexo entendem que é preconceituosa a exigência de que os adoptantes sejam homem e mulher: uma "ideia antiga", ainda agrilhoada à "reprodução biológica". E acham também que, para o menor, é benéfica a sua eventual adopção por dois homens ou duas mulheres, sobretudo se a alternativa for a sua permanência numa instituição.

Na realidade, só há dois modelos para a adopção: o natural e o que, por ser o seu contrário, é não-natural. Só um homem e uma mulher podem "ser" pai e mãe, mas não dois homens ou duas mulheres: podem "ter" uma criança, mas não ser seus pais. O modelo natural está pensado na perspectiva do adoptado e do seu direito a uma família. O modelo não-natural está pensado na perspectiva dos adoptantes e do seu pretenso direito a um complemento da sua relação. É razoável que um homem e uma mulher casados tenham a faculdade de adoptar, porque a sua união naturalmente os capacita para a geração e, portanto, também para a adopção. Já não é razoável que tenham direito à paternidade ou à maternidade adoptiva os que, tendo livremente optado por um relacionamento naturalmente infecundo, excluíram a possibilidade de uma eventual descendência comum.

Se a adopção tem por modelo a família natural, é portanto lógico que esteja limitada aos casais heterossexuais, mas se não assenta na "reprodução biológica", ou seja, no fundamento natural da família, então tanto dá que o menor seja entregue a duas pessoas do mesmo sexo, a três ou mesmo a uma entidade social.

Note-se que a suposição de que é salutar para uma criança crescer numa família é também uma "ideia antiga" mas, pelos vistos, não indigna os partidários da adopção por dois parceiros do mesmo sexo. E o facto, afinal, destas uniões estarem formadas por duas pessoas, e não mais, está logicamente inspirado na "reprodução biológica", mas esse antecedente também não os aflige. Portanto, ao contrário do que pretendem fazer crer, nem todas as ideias antigas são más...

Se se entende que se deve proporcionar ao menor uma família análoga à que o gerou, é evidente que só um casal constituído por um homem e uma mulher pode adoptar. Se o que se pretende é dar um menor a uns quaisquer indivíduos, nada obsta à adopção por duas pessoas do mesmo sexo. Mas, neste caso, por que razão a adopção teria que ser realizada por dois sujeitos e não três ou quatro?! Uma vez perdida a referência à "reprodução biológica", que motivo impediria a adopção por um clube de futebol, por um rancho folclórico ou por uma esquadra da PSP?!

De facto, se se admitir legalmente a adopção não-natural, não haveria grande diferença entre a entidade adoptante e uma instituição, que são análogas na medida em que nenhuma é, em sentido natural, uma família. E que vantagem haveria, nesse caso, para o adoptado procedente de uma instituição, se nunca experimentaria a realidade natural de uma verdadeira família?

É habitual dizer-se que uma criança pode ser maltratada por um casal constituído por um homem e uma mulher, mesmo sendo os seus verdadeiros pais, e que, pelo contrário, poderia receber mais afecto de duas pessoas do mesmo sexo. Certo. Mas também é verdade que uma criança pode ser mais amada numa instituição do que por duas pessoas do mesmo sexo... A questão não pode ser equacionada em termos casuísticos ou sentimentais, mas em função do fim a que tende a adopção: facultar uma verdadeira família à criança desvalida.

Os defensores da adopção não-natural entendem ainda que é a competência parental que conta e não a consanguinidade. Mas então, assim sendo, também o filho do casal natural, pai e mãe "à antiga portuguesa", não deveria ser dado aos seus progenitores, mas entregue aos que provassem ser os "pais" mais aptos. Deste jeito, todos os cidadãos portugueses que quisessem "ter" geração, mas não "ser" pais, deveriam provar as suas aptidões parentais em exames nacionais e ser-lhes-iam depois dadas, consoante as suas qualificações, as crianças disponíveis.

Os filhos têm direito à família de que e em que nasceram: ao pai e à mãe que os geraram. Só a sua inexistência, ou manifesta incapacidade, pode legitimar a sua substituição por pais adoptivos. Mas nunca dois "pais" ou duas "mães", porque uma mãe não é outro pai, nem o pai uma outra mãe. A adopção não-natural é um mal maior, contrário ao bem do menor, que é o superior interesse que a lei deve tutelar. Se o não fizer, a questão já não será saber, como advertiu o duque de Bragança, na sua mensagem do 1.º de Dezembro, que país vamos deixar aos nossos filhos, mas a que filhos vamos deixar Portugal.
 
Padre Gonçalo Portocarrero de Almada in Público 16-12-2011
 
Fonte: Povo

17 dezembro 2011

Luso-thais evocam passado

Foi na passada quarta-feira, na paróquia da Imaculada Conceição de Bangkok. A comunidade luso-descendente de Bangkok prestou tributo aos seus mortos, depondo no cemitério de Sam Sen uma coroa de flores ostentando as bandeiras portuguesa e tailandesa. As cerimónias foram cuidadosamente preparadas e animadas pelo chefe da comunidade, o Comandante Saravut Wongngernyuang Dias, Director-Geral dos estaleiros e doca da Marinha Real Tailandesa, em cujas veias corre o sangue de doze gerações de Protukét luso-thais.
Seguiu-se procissão pelas ruas de um dos últimos bandéis portugueses existentes na Ásia. Uma missa solene de graças encheu por completo o recinto fronteiro à igreja e foi rezada missa presidida pelo Bispo de Bangkok. É tempo de, nas Necessidades, alguém se interessar pela defesa de Portugal no Sião e garantir a esta população fidelíssima o apoio logístico mínimo para se preserve no Sudeste-Asiático a ideia de um Portugal para além dos mares e das fronteiras. Faz falta um professor primário de língua portuguesa que ensine às crianças o nosso idioma; faz falta uma aula semanal de história e cultura portuguesa; faz falta, quiçá, um jovem missionário ou uma religiosa que trabalhe nas duas escolas primárias da paróquia. Faz falta, isso sim, um pingo de respeito por aqueles que, longe, se sentem portugueses.

Monarquicos na manif. de 15 Outubro:”a República está morta. Neste momento, a solução é voltar D. Duarte de Bragança.”

“Na chegada a S.Bento, a Geração à Rasca perguntava: “E a saúde, pá? E a cultura, pá? E a educação, pá?”. Em frente às escadas do Parlamento ouvia-se “Passos e Cavaco, vão ver se chove, não queremos voltar ao século XIX!” e “porque esta dívida é do patrão, queremos dinheiro para a saúde e educação!”. Enrolado na bandeira monárquica, Bernardo Nunes, 31 anos, desenhador projectista, disse ao DesInteressante que “neste momento, a República é uma fantochada de presidentes ligados a partidos políticos (…)

Neste momento, a República está morta. Neste momento, a solução é voltar D. Duarte de Bragança.”

ver post original aqui:http://dezinteressante.com/?p=18632

Fonte: O Manto do Rei

16 dezembro 2011

Perfeito!


Estamos a voltar aquilo em que outrora se transformou o Parlamento da Monarquia. Mercê das chocarreiradas e ordinarices do defunto Partido Republicano, o areópago foi caindo na mais chã vulgaridade e entre trocas de mimos em forma de punhaladas verbais, preparou-se a queda do sistema vigente.
É bem certo que tanto no S. Bento da Monarquia, como no S. Bento da III - e esperemos que última fraude - República, ainda não se viram cenas de pugilato e ameaças de mão armada. Andam apenas a brincar à roleta russa, mas nem é caso para tanto, pois a opinião pública já fez o seu juízo.
Uma tristeza, esta gente nada aprendeu e para não variar, quem pagará a factura seremos nós, a base da pirâmide.

 
Nuno Castelo-Branco
 

Palhaços, saltimbancos, malabaristas

É risível a posição dos artistas da política sobre os desígnios da história. Para os palhaços do circo republicano as revoluções, "deles", foram fruto de uma razão divina e de popular bem se sabe que o "povo" foi metido à posteriori no meio da contenda, para dar aquele ar. Dizer que o feriado do 5 de Outubro é uma data simbólica é verdade. Um verdadeiro símbolo ao terrorismo, um símbolo ao regicídio, ao sectarismo, à segregação politica. Os saltimbancos. Porque razão não é feriado no dia 23 de Janeiro, dia da instauração da Monarquia do Norte? Não é um dia histórico, onde se fez, também, história? Estou farto de pregadores malabaristas.

 

A BALANÇA NÃO MENTE



Fonte: Real Associação da Beira Litoral

15 dezembro 2011

SAR Dona Isabel de Bragança diz que este ano o Natal da família vai ser solidário

(Clique para ler)

Fonte: VIP

Portugal, 868 – República, 101 anos

Apesar de já termos mais do que o centésimo ano, continua a propaganda Republicana, normalmente sem “contraditório”. Pelo que me sinto lisonjeado por ter sido convidado umas três ou quatro vezes para, lado a lado, trocarmos os argumentos MONARQUIA ou REPÚBLICA. Tudo correu bem.

Embora, nas numerosas acções e na comunicação social temos de ouvir só de um lado. Principalmente quando a plateia é maioritariamente constituída por aluna(o)s até ao secundário. O que se torna particularmente grave quando se trata de intervenção de laicistas (não ler laicos). E tudo ainda à custa dos 10 milhões (e os seguintes) do Governo anterior.
E a crise?… Depois, venham-me falar dos falaciosos argumentos dos “adiantamentos” à Casa Real Portuguesa, obliterando que as subvenções, ainda com El-Rei D. Carlos, não eram actualizadas desde El-Rei D. Pedro V e que, na crise da altura, aquele Rei ainda prescindiu, voluntariamente, de 40% dessas subvenções, sem esquecer que grande parte das despesas diplomáticas e científicas eram suportadas pela Casa de Bragança que nada tinha a ver com o Estado.

Mas hoje tem. Para onde vão os rendimentos da Fundação que Oliveira Salazar subtraiu aos seus legítimos possuidores? Para ajudar a crise em que estamos (não da Monarquia) ou para alguma “Face Oculta”?… E deixemos outros sofismas: todas as Casas Reais da Europa gastam menos do que todas as Republicas (Portugal mais 2/3 do que Espanha), sem contar com todas as benesses a vários antigos Presidentes da República e suas Fundações, com honrosa excepção, repito-me, do Presidente António Ramalho Eanes.

E não me venham com as “fabulosas” despesas da Casa Real Inglesa; repito-me quem paga são os bens da Casa de Hannover, entregues pelo 2º, George II, ao Parlamento, com a condição de se pagarem as subvenções reais.

E ainda cresce muito, muito, material sonante. Mas tenham cuidado os laicistas (não ler laicos); as suas baixas ferroadas contra a Igreja Católica ainda os tornam mais minoritários.

 Nem os beijinhos montados os safam. Não andará por aí inveja? Nota – Continuem com o 5/10/1910, que não é uma data Nacional. Seria, isso, o Feriado da FUNDAÇÃO, que só Portugal não comemora.

Miguel Pignatelli Queiroz

Fonte: PPM Braga

14 dezembro 2011

SAR Dona Isabel de Bragança: “O meu grande trabalho é ajudar os que precisam”

A duquesa de Bragança assume que o Natal é importante para a família e revela que este ano os filhos, Afonso, Francisca e Dinis, vão receber apenas um presente cada um.

D. Isabel de Bragança

Há 20 anos, um grupo de mulheres começava a fazer voluntariado na Maternidade Alfredo da Costa, ajudando mães carenciadas. Assim foi criado o Banco do Bebé, presidido por Marina Arnoso e no qual D. Isabel de Bragança é presidente da Assembleia Geral. A celebração das duas décadas da associação proporcionou uma conversa com a duquesa, que dedica parte substancial do seu tempo ao voluntariado.

– Tem um papel activo no Banco do Bebé?

– Tento promover o voluntariado e dou apoio a vários níveis, como, por exemplo, fazendo a ponte com pessoas que possam ajudar. Não consigo vir muito à maternidade, mas estas senhoras têm feito um trabalho extraordinário, sendo um dos serviços mais importantes o apoio domiciliário, fundamental no regresso das mães a casa, com os bebés.

– Deve tornar-se difícil lidar com tantos pedidos de ajuda...

– Sim, fico bastante sensibilizada. Algumas pessoas vivem situações muito complicadas e nesse sentido tento ajudar, encaminhando-as para as associações indicadas. Infelizmente, não consigo ajudar todos como gostaria, mas cada vez existem mais pessoas disponíveis para ajudar. Somos um povo que, mesmo em crise, está sempre disponível para ajudar.

– Grande parte do seu tempo é dedicado ao voluntariado?

– Sim. O meu grande trabalho é ajudar os que precisam e pedir ajuda ou encaminhar para quem o sabe fazer melhor que eu.

– Ter três filhos sensibiliza-a mais para este trabalho?

– Sem dúvida. Cada vez que olho para um bebé, numa questão de segundos que seja, recordo tudo o que vivi quando fui mãe.

– E não tem vontade de ser mãe de novo?

– Imenso. É uma tentação enorme, mas penso que agora temos que apoiar os que estão cá.

– Tenta incutir este espírito de solidariedade nos seus filhos?

– Sim. Os meus filhos acompanham-me sempre que podem e no colégio onde estudam, este tipo de actividades são promovidas frequentemente. Acredito que o voluntariado ou solidariedade devem fazer parte da nossa formação humana.

– Como será este Natal?

– Em família, como é habitual. Este ano, devido à crise e também porque eles já são mais velhos, combinámos dar apenas um presente, para o qual toda a família contribui. Até porque eles não precisam de tantas coisas assim.

– O Natal vai ser também o reencontro da família, já que o Afonso estuda em Londres...

– É verdade. O Afonso faz-nos muita falta e temos muitas saudades, mas todos sentimos que está a ser uma boa experiência para ele e fundamental para a sua formação. Depois, em Londres está mais protegido de mim, porque sou uma mãe-galinha assumida e, sem querer, acabo por protegê-los bastante. Assim ele torna-se mais auto-suficiente, mais responsável e capaz de resolver os seus problemas.

– Assusta-a pensar no dia em que os seus filhos sairão de casa?

– Assusta-me imenso, nem quero pensar. Mas temos de saber que chega uma altura em que eles batem asas e seguem o seu caminho. O mais importante é termos a noção de que, com erros e com acertos, tentámos dar a melhor formação para eles serem pessoas realizadas, seguras e bem formadas.

– A Francisca e o Dinis também deverão ir estudar fora do país?

– Já se falou nisso, sobretudo no caso da Francisca, mas mais para a frente. Agora, cada filho é um filho. No caso do Afonso, tudo se conjugou assim, mas eles irão se quiserem, claro.


D. Isabel de Bragança

Fonte: Caras

JUSTÍSSIMO


A directora do Palácio Nacional da Ajuda, Isabel Silveira Godinho, quer que o corpo da Rainha Maria Pia venha para Portugal "e seja sepultado junto da sua família, o marido e os filhos", afirmou em entrevista à Lusa.

"Maria Pia é a única Rainha que está sepultada no estrangeiro. Ela era uma grande patriota, uma grande portuguesa por isso é que a quero trazer para Portugal", disse a responsável que já em 2005 encetou contactos para a trasladação.

A Rainha Maria Pia, falecida 05 de Julho de 1911 em Stupinigi (arredores da cidade italiana de Turim), encontra-se sepultada no panteão dos Sabóia na Basílica de Superga, em Itália.

"Gostaria muito que o Governo me ajudasse, pois só o Governo pode fazer um funeral de Estado que é devido a uma Rainha por protocolo", esclareceu.

"Gostava - prosseguiu - que o Governo se sensibilizasse para o centenário da morte de uma grande portuguesa que está enterrada em Soperga e que pediu que a enterrassem com a cabeça virada para Portugal, isto quer dizer alguma coisa, os seu estão cá".

Para a directora do Palácio, "Maria Pia preferia morrer ou sofrer na pele a República do que ir para o exílio. Se lhe tivessem dito isso, teria recusado. A Rainha embarcou na Ericeira convencida que ia para o Porto".

A data de Julho seria a ideal, "gostaria que o corpo da Rainha chegasse e pudesse ir para São Vicente de Fora, fosse rezada uma missa bonita com Te Deum, e com tudo a que ela tem direito".

Esta não é a primeira vez que Isabel Silveira Godinho faz esforços para trazer o corpo da soberana, mas em Janeiro irá reunir-se com a Presidência da República para que se reiniciem as diligências.

Em 2005 foi tentado e "tudo ia nesse sentido, o chefe da Casa Real portuguesa, D. Duarte de Bragança escreveu as cartas necessárias, a família Sabóia autorizou a trasladação, estava tudo tratado, havia até um orçamento que não era nada exagerado", contou.

"Gostava que pudesse vir de barco pois foi de barco que viajou de Itália para casar em Portugal com o Rei D. Luís", acrescentou.

Para Isabel Silveira Godinho não se justifica quaisquer fantasmas à centenária República.

"Já passou tempo suficiente para a República estar bem consolidada e não haver qualquer medo, [não há receio] pelo facto da Rainha vir para Portugal poder abalar o quer que for na sociedade portuguesa", sublinhou.

Um sentimento bem diverso daquele que a Rainha suscitou quando chegou a Portugal em 1862. "Ela chegou e marcou logo uma posição. Qualquer pessoa que sai da normalidade ou se gosta muito ou se detesta", disse.

Maria Pia de Sabóia chegou a Portugal com 14 anos, "vinda de uma corte onde se vivia a glória da vitória, pois o seu pai [Victor Manuel II] foi o unificador da Itália".

A jovem princesa "vinha com uma alegria e maneira de viver que contrastava com a corte portuguesa que estava enlutada pela morte de D. Pedro V no ano anterior".
 
Fonte: NRP Cacine

13 dezembro 2011

O Natal, o vazio e a tralha dos imensos carnavais



Admitindo que os efeitos festivos das decorações natalícias nas ruas da cidade, podem contribuir para o Espírito que a quadra encerra, confesso que não sou seu incondicional aficionado, antes pelo contrário. Em plena crise financeira, a sua notória ausência não me incomoda: o mais das vezes, o seu efeito ostentatório resulta na tendência para a adulteração da festa do nascimento de Jesus, como mais uma pândega do calendário pagão.
Lisboa tem este ano, sob os auspícios do Zé “que faz falta”, dos esfregões 3M, da Câmara Municipal e mais 150.000 euros, em vez das habituais iluminações, sete “instalações” foram concebidas por “verdadeiros artistas da modernidade" para assinalar a quadra, de que afinal nenhum lhe conhece o sentido. Não consta que nalguma ”instalação” se encontre uma única menção ao nascimento de Jesus: na Praça do Chile são molhos de chapéus-de-chuva iluminados, junto ao Parque Eduardo VII exibe-se um conjunto de repugnantes gaiolas em forma de árvores de Natal entulhadas de lixo “para reciclar”. Nos ajardinamentos centrais da Rotunda foram espetados uma série de “sinais de trânsito” reflectores que anunciam a “Lapónia”, o “Bacalhau”, a “Neve”, o “Peru”, o “Pai Natal” e toda a vasta gama de iconografia mundana referente às festas. Este absurdo puritanismo laicista está também patente num anúncio da TV ao jogo da lotaria em que o apresentador enumera uma séride de tradições do Natal português evitando olimpicamente referências a Jesus ou ao presépio, mas mencionando uma inexistente “Noite do Galo”, como alusão disfarçada à Missa do Galo.
Através da abordagem mediática e demais tralha publicitária que invade as nossas casas através da imprensa, rádio e televisões, constatamos a tenacidade do regime tornar o Natal uma festa pagã. Afonso Costa por estes dias se não ardesse no Inferno, chocalharia veemente os seus ossos exultando no caixão: todas as festas perfilhadas pelo todo-poderoso Estado Laico, se vão assemelhando cada vez mais, a uma série de variantes do Carnaval: sejam elas protagonizadas pelo Pai Natal, por simples foguetório e embriaguez, por brasileiras desnudadas a tiritar de frio, coelhinhos de chocolate ou até sardinhas assadas. O motivo e finalidade comum é a simples alienação num tanto quanto possível desregrado folguedo.

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Voltando ao essencial, não desisto de apregoar que, ultrapassada a perspectiva infantil, o Natal não é magia mas dum Milagre que se trata… a diferença é profunda e o fenómeno não requer luminárias ou artifícios. Porque esse incomensurável Milagre de Deus encarnado no humilde Menino acontece no coração das pessoas. Um Menino Jesus que Se nos entrega para derrotar a nossa soberba com o seu Amor, chegando desta forma tão próximo de nós que “podemos tratá-lO por tu e manter com Ele uma relação íntima de afecto profundo, como fazemos com um recém-nascido*”.
É a preparação para este Natal, na intimidade do Presépio em que cada um de nós possui a graça de participar a 25 de Dezembro, que me concede a mim uma profunda paz e a sensação mais parecida com felicidade que conheço e que se me exige dar testemunho.
Porque a felicidade é incompatível com o egoísmo e o júbilo impele-nos a partilhá-la, entristece-me que a república laica tenha expulsado o Menino Jesus desta magnânima festa, e a sua mensagem seja tão militantemente censurada. Finalmente, urge perguntar: quem ganha com tudo isto, quem fica de facto a perder?

* In "Pensamentos sobre o Natal" de Bento XVI, 1ª edição da Lucerna - Novembro de 2011.

João Távora