21 março 2012

Marcelo vai ter de reconhecer a actual dinastia de Bragança


“A existência da própria Casa de Bragança é,evidentemente, um bom ponto de partida para se iniciar um processo de restauração”.Quase a fazer 90 anos, Gonçalo Ribeiro Telles mantém firme a defesa incondicional de uma monarquia democrática.

Gonçalo Ribeiro Telles, monárquico convicto e fundador do PPM, fala sobre a mudança de liderança da Fundação Casa de Bragança. Acredita que Marcelo Rebelo de Sousa vai reconhecer’ “a actual dinastia de Bragança” e assume que a devolução do património) da fundação à família “é um processo em curso”.

Expresso: Para os monárquicos é boa notícia ter um republicano à frente da Fundação da Casa Bragança?
GRT - Com certeza. Desde logo porque o novo presidente é um profundo conhecedor do assunto.

Exp. Não é estranho que seja logo um potencial candidato a PR o responsável pelo legado pessoal do último rei de Portugal?
GRT - O problema é dele. Foi nomeado, penso que é uma pessoa digna para assumir as funções e agora tem possibilidade de mostrar toda a sua autenticidade.

Exp. A fundação tem desempenhado bem o seu papel?
GRT - Da fundação foi criada na 11 República por Salazar. A continuidade da Casa Real passou de D. Manuel II para D. Duarte Nuno (pai do actual duque) e hoje para D. Duarte e família. Com certeza que o presidente da fundação tem isto em consideração e vai estabelecer uma ligação indispensável com a família, quer pela importância que tem para o país a dinastia de Bragança como pala a própria autenticidade da fundação.

Exp. Há queixas sobre o divórcio entre a família de Bragança e a fundação…
GRT - Nem é um divórcio! Não há qualquer ligação. A fundação funcionou como unia instituição do Estado e não se relacionou de forma alguma — como deveria ter feito — com a dinastia, que tem uma face humana.

Exp. Sendo uma instituição do Estado, a fundação deve aproximar-se da família Bragança?
GRT - Fundamental! Até pelo respeito que lodos nós devemos à família Bragança. Mesmo os republicanos! Desde o problema da independência nacional, até ao problema da liberalização da sociedade portuguesa, deve muito à dinastia de Bragança. O reconhecimento desta actual dinastia como património de todos nós é importante. Tenho a certeza absoluta de que o próximo presidente da fundação o vai fazer.

Exp. O que correu mal na relação entre a FCB e a família?
GRT - Da distância. Salazar tentou evitar um problema, afastando o mais possível a dinastia de Bragança dos portugueses,

Exp. Salazar pretendia que parte da direcção da fundação fosse indicada pela família…
GRT. Mas este não é um problema de ‘pane’, nem de ‘metade’ dos membros indicados pelo Estado ou pela família. O novo presidente vai ter de reconhecer na fundação toda a sua ligação com D. Duarte e com a Casa Real.

Exp. Os monárquicos querem que a fundação seja uma âncora para defesa dos seus ideais?
GRT - Não é a defesa dos ideais monárquicos, mas do património de Portugal Quando o povo português quiser defender os ideais monárquico; fá-lo-á de uma forma democrática. Não através de qualquer instituição.

Exp. Gostava que a fundação desse maior visibilidade à causa monárquica?
GRT - Não. Gostaria que desse mais visibilidade à Casa Real que encarna esses ideais.

Exp. A devolução do património da fundação é um caso aberto?
GRT – Partilho a opinião de Augusto Ferreira do Amaral, que tem muito mais conhecimento jurídico do que eu.

Exp. Ou seja, que se tratou de uma espoliação de património, que deve ser devolvido à família…
GRT - Com certeza! É um processo que está em curso.

Exp. O facto de um professor de Direito estar à frente da fundação ajuda a encontrar uma solução?
GRT - Pode ajudar. Mesmo dizendo-se um republicano.

Exp. Não precisa ser monárquico?
GRT – Não, basta ser português.

Rosa Pedroso Lima – Expresso 17 de Março 2012

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