13 junho 2012

Está tudo interligado

Que sociedade temos? É isso que desejamos efectivamente? É isso que Portugal precisa? Vejamos então o Portugal de hoje, aquilo em que a República transformou esta Heróica Nação!

Vivemos num País em que não se fomenta a natalidade, se abandonam os idosos à sua sorte e se escraviza a classe trabalhadora. Vivemos num País em que não se valorizam as pessoas! As crianças já não parecem ser vistas como o futuro da sociedade já que nesta Terra envelhecida pouco ao nada é feito para estimular a natalidade. Parece que, por não poderem trabalhar, são vistas apenas como despesas e não como a aurora de um futuro. Com pensamentos destes (e pior ainda, com as correspondentes atitudes) que futuro será o nosso?

Os idosos, demasiado velhos, doentes e cansados para trabalhar, quando têm a ‘sorte’ de estarem reformados são esquecidos para tudo excepto na hora de pagar impostos. Mas as coisas estão a mudar (para pior, diga-se): muitos vêem-se obrigados a trabalhar até cada vez mais tarde. Desses, alguns nunca chegam a usufruir convenientemente do tão merecido descanso da reforma, depois de décadas de trabalho. E os jovens que não pensem que o problema dos idosos não lhes diz respeito! A este ritmo só alguém muito ingénuo pode acreditar que os jovens de hoje alguma vez irão usufruir de uma reforma tranquila como seria seu direito num País dito desenvolvido. Na sociedade tudo está interligado e os problemas de uns acabam por ser, mais tarde ou mais cedo, também problemas dos outros.

A classe trabalhadora é obrigada a trabalhar cada vez mais, a ganhar cada vez menos e a pagar cada vez mais impostos. Tudo em nome de uma competitividade que não chegará porque qualquer mente sensata entende que as medidas que estão a ser tomadas só trazem a miséria, quantas vezes a morte, e não o progresso. A população, essa, vai sofrendo. A insensibilidade social nunca foi boa conselheira e nunca deu bons frutos. O que se pode esperar quando se passam a ver somente números em vez de ver seres humanos? O que se pode esperar quando se desumaniza a sociedade?

Não deixa de ser irónico que a Monarquia tenha, num arrebato de consciência, abolido a escravatura para a República (que se auto-denomina de libertadora), sem qualquer tipo de escrúpulos a reintroduzir em Portugal! Sim, porque parece que o que se está a assistir neste País não é ao aumento da competitividade, não é à liberalização do mercado de trabalho, não é à modernização! Parece estar-se a assistir à restauração ‘silenciosa’ da escravatura. O que mais se pode chamar ao aumento das horas de trabalho (sem a equivalente remuneração), ao desrespeito pelos direitos dos trabalhadores, ao desprezo pela vida dos mesmos tudo para beneficio de uns quanto protegidos (que da população não é certamente)? A única coisa que ainda nos separa da total escravatura é o facto de ainda haver ordenados. Mas mesmo esses estão a diminuir para níveis tão vergonhosos que muita gente já nem para comer tem! A diferença parece ser cada vez menor.

Para um regime que apregoa como seu lema ‘Liberdade, Igualdade e Fraternidade’ (que originalidade!!!), tudo isto deixa muito a desejar, tudo isto é muito estranho. Liberdade? “Onde estás, quem te demora? (…) Movam nossos grilhões tua piedade”(*). Igualdade? Que igualdade existe numa sociedade em que os dinheiros públicos parecem ser suficientes para pagar salários e pensões desnecessariamente milionários mas parecem já não existir (somente a título de exemplo) para pagar as reformas a idosos, para investir na educação, na saúde e na cultura? Que igualdade é esta?

Fraternidade? Que fraternidade existe numa sociedade que promove as clivagens sociais ao invés de as atenuar? Que fraternidade existe numa sociedade que não protege aqueles que, por meio de trabalho, esforço e dedicação lutam por uma vida melhor?

Não existe tal coisa de ‘Liberdade, Igualdade e Fraternidade’. São apenas palavras de uma promessa que nunca se concretizou em acções concretas (já lá vão mais de 100 anos). Será esta nunca cumprida promessa com 100 anos a manifestação da tão falada ética Republicana?

(continua…)

(*) Bocage

Fonte: Portugal Futuro

Sem comentários: