06 agosto 2012

De volta a Espanha

A caçada que o Rei de Espanha fez há uns tempos atrás gerou grande polémica. No entanto, analisando com mais calma (e frieza), o Rei, enquanto Chefe de Estado, fez algo assim tão grave para o seu País?

A viagem foi paga com dinheiros públicos espanhóis? Não. Ao que se sabe foi um presente de um empresário estrangeiro.

A caçada foi ilegal? Não! Aparentemente as caçadas a elefantes no Botsuana são não só legais como apoiadas pelo governo de modo a controlar a população daqueles animais. Mas neste ponto teria sido bom que a comunicação social tivesse feito o trabalho que lhe compete e investigado de modo a dar aos cidadãos a informação o mais completa possível em vez basear a sua ‘informação’ em sensacionalismos. Já é altura da comunicação social se tornar mais competente e profissional e verdadeiramente isenta (deixando de tomar partido de um ou outro lado). Os meios de comunicação social têm como obrigação unicamente relatar factos o mais completos possíveis de modo a um maior esclarecimento dos telespectadores/ouvintes/leitores já que é a estes últimos que cabe tomar partido.

O Rei violou a Constituição ou qualquer lei Espanhola? Ao que consta não!

Claro que, sob o ponto de vista moral, é uma situação profundamente lamentável e que o Rei devia ter evitado. Provavelmente não previu as consequências da sua atitude e pagou isso bem caro: a sua imagem ficou severamente abalada (mesmo depois de tantos anos a cumprir exemplarmente o seu papel de Chefe de Estado). Mas precisaremos nós de olhar para o lado para ver maus exemplos?

Deste lado da fronteira é preciso ser algo hipócrita para criticar o erro do Rei tão severamente (quase como se SM fosse também Rei de Portugal). Então e por cá (note-se que não se está a defender a conduta moral do Rei de Espanha)?

Não é igualmente imoral viajar com dinheiros públicos para destinos paradisíacos, com prejuízo para todos os contribuintes?

Não é igualmente condenável que familiares de detentores de cargos públicos gastem dinheiros públicos (aos quais não tinham direito) e ainda achem essa situação normal?

E não é altamente revoltante (pelo menos para qualquer português que se preze) saber que alguém um dia terá pisado uma bandeira nacional (qualquer que seja)?

E não é de indignar qualquer contribuinte sério que sejam sempre os mesmos a pagar os custos dos ‘erros políticos’?

E ir contra a constituição (que devia ser um dos garantes dos direitos do Povo Português) e nada ser feito para repor a constitucionalidade? Não é isso revoltante?

E cavalgar em cima de espécies protegidas também não é o melhor exemplo de boa conduta moral. Ou é?

E será que nunca nenhum detentor de cargo público recebeu presentes???

E de tudo isto (e muito mais) que, alegadamente, acontece por lusas terras ninguém fala? Dois pesos e duas medidas? Olham para o raspão do vizinho do lado e ignoram o punhal que lhe cravaram nas costas? Mas está tudo cego ou é a loucura generalizada?

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