quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Uma questão de especialização e know-how

É transversalmente sabido que a especialização é a maior alavanca do progresso.

Quanto mais especializado for um agente, maior a sua capacidade para poder responder a um problema e solucioná-lo. Sempre foi assim e sempre será assim.

O know-how, savoir-faire ou conhecimento processual é o conhecimento de como executar alguma tarefa…como executá-la melhor do que aquele que não tem esse conhecimento.

Ainda bem que temos um carpinteiro, homem que dedicou a sua vida às técnicas de trabalhar a madeira para poder reparar um móvel lá de casa e/ou construir um armário. Com esse know-how ele proporciona-nos melhor condição de vida.

Ainda bem que temos um canalizador, homem que dedicou a sua vida às técnicas de trabalhar os sistemas de águas e canalizações das nossas moradias para poder reparar algum entupimento ou torneira que pinga lá de casa. Com esse know-how ele proporciona-nos melhor condição de vida.

Ainda bem que temos um mecânico, homem que dedicou a sua vida às técnicas da mecânica automóvel para poder reparar algum problema nas nossas viaturas. Com esse know-how ele proporciona-nos melhor condição de vida.

Ainda bem que temos um informático, homem que dedicou a sua vida às técnicas informáticas para poder reparar algum problema de vírus que surgiu no nosso PC. Com esse know-how ele proporciona-nos melhor condição de vida.

Ainda bem que temos um médico, homem que dedicou a sua vida às técnicas da medicina de modo a poder proporcionar uma cura para algum problema de saúde que tenhamos. Com esse know-how ele proporciona-nos melhor condição de vida.

Ainda bem que temos um advogado, homem que dedicou a sua vida às técnicas jurídicas e às leis pois é através dele, e pela sua mediação, que podemos resolver problemas graves que possam afectar a nossa vida civil. Com esse know-how ele proporciona-nos melhor condição de vida.

Ora, em lato sentido, a dicotomia entre o regime monárquico e o republicano também se discute nestes termos: especialização, conhecimento, know-how e realização de melhor condição de vida para os outros.

Um Rei (ou Rainha) quando nasce Príncipe, não nasce com graça divina superior à minha, à do carpinteiro, à do canalizador, à do mecânico, à do médico ou à do advogado. É exactamente igual. Mais, ele não nasce nem tem maior dignidade humana que eu, que o carpinteiro, o canalizador, o mecânico, o médico ou o advogado…é exactamente a mesma.

A diferença que nos distingue é que, desde cedo, o quanto mais cedo possível melhor, enveredaram por um caminho especializado, um caminho para servir num específico sentido. Com o know-how que possuem, proporcionam aos outros uma melhor condição de vida.

O Rei (ou Rainha de iure) é por definição a especialização maior, o know-how em continuo aperfeiçoamento para a melhor execução do cargo de nosso representante, firme, democrática e historicamente fundado na nossa identidade pátria. O Rei é, por isso, o maior garante da “res publica”. O Rei é o intermediário maior do povo português, aquele que, pelo prestígio angariado em anos de formação, assegura não só um maior reconhecimento inter-geracional (ex. todos conhecem o Rei de Espanha, poucos conhecem o presidente da república portuguesa), bem como um maior prestígio para a Nação, como foi durante 767 anos, e que permite melhores resultados operacionais, até quiçá, para a acção do governo nacional. O Rei constitucional não é um obstáculo à governação (como muito se constata em república na relação presidente vs Governo), mas sim uma via efectiva de auxílio institucional.

Em contra partida, o sistema republicano comporta, na sua génese, um erro dramático. Além da impreparação grosseira de muitos presidentes que tivemos, pois muitos seguiram carreiras durante longos e longos anos em práticas desviantes de saber ser o nosso maior magistrado ou muitos seguiram caminhos partidários (ou seja de partes ou partidos), na realidade o resultado traduz-se à vista e somos uma País objectivamente desacreditado. Um presidente, por melhor que seja, nunca terá a formação para o cargo de um Rei. É um critério inquestionavelmente objectivo.

A república enferma do erro crónico de não ser mandatária (não só porque nem todos votam num só representante nas eleições), mas sim porque no seu sentido puro a “res publica” materializa-se na própria república, sem capacidade ou habilidade para nos saber fazer mandatar. A “res publica”, para o republicanismo, é a própria república…e este é o erro paulatinamente mortal para um País. A república é como ir a julgamento sem advogado ou com um inexperiente. O Rei é o nosso melhor mandatário, o mandatário bom, competente e tecnicamente apto mas que não trabalha para o povo pelo regime do apoio judiciário…



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