06 outubro 2013

Uma estratégia que preserve a esperança

No dia de mais um aniversário da "república", convém relembrar que a chefia de Estado real, como provam as velhas monarquias constitucionais europeias, em situações de crise política ou económica opera com extraordinária eficácia como factor de equilíbrio e elemento aglutinador.

Dito isto, estou convicto que o aproveitamento do descontentamento popular e das fragilidades de um país sob resgate financeiro e sob forte ameaça de desagregação social com vista à afirmação do ideário monárquico me parece um grave erro. Foi esse o modelo de intervenção dos republicanos nos anos antecederam o 5 de Outubro: de uma forma impiedosa, numa política de terra queimada, de "quanto pior melhor", todas as ignomínias foram utilizadas para denegrir a chefia de Estado e o regime constitucional monárquico: a intriga permanente, a violência verbal e a calúnia, o assassinato político, o golpismo e o facciosismo deram frutos em 1908. Depois, o sucesso da "república" apenas foi possível à custa dum país profundamente fracturado e deprimido, e com a imposição duma continuada repressão e violência sobre os portugueses. Os reflexos desse trágico período condicionaram a nossa história até aos dias de hoje.

Acontece que a agenda dos monárquicos militantes é de facto mais difícil de afirmar nestes tempos de desagregação, empobrecimento, mágoa e revolta que vivemos; quando a demagogia apela à irracionalidade e a uma intolerante agenda igualitária que invoca os instintos mais primários. Tanto mais que o regime monárquico, para ser eficaz, exige uma nação com auto-estima e um Estado com instituições credíveis, factores intrinsecamente orgânicos, porque emergentes do povo de que procedem.

A militância realista é, por tudo o que referi, um trabalho de longo prazo. Uma exigente maratona de persistência, paciência e inteligência. Porque só após edificada a monarquia, reflectida na solidez das instituições democráticas da nação, faz sentido chamar o rei.


João Távora

Fonte: I online

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