quarta-feira, 11 de junho de 2014

Auditório do Museu de Penafiel encheu para assistir à tertúlia com D. Duarte de Bragança

Chefe da Casa Real Portuguesa assistiu ao lançamento do livro “Estórias com História”, da Rota do Românico e do jornal VERDADEIRO OLHAR e falou sobre património

Os lugares do Auditório do Museu Municipal de Penafiel não foram suficientes para todos os que quiseram assistir à tertúlia com D. Duarte de Bragança, no passado dia 29 de Maio. Mesmo de pé, foram muitos os que não desmobilizaram e quiseram ouvir o chefe da Casa Real Portuguesa falar de património e da importância do turismo para o país, mas também da democracia, da república e da monarquia. Numa conversa onde houve tempo para momentos de diversão e algumas risadas, o duque de Bragança elogiou o projecto da Rota do Românico e a preservação do centro histórico de Penafiel.


O chefe da Casa Real Portuguesa assistiu ainda à apresentação do livro "Estórias com História", uma compilação de 24 reportagens publicadas pelo jornal VERDADEIRO OLHAR, que levaram personalidades da região a visitar monumentos da Rota do Românico. 


"A nossa memória colectiva, a nossa alma, está em grande parte nos monumentos"

Nesta passagem por Penafiel, D. Duarte de Bragança teve a oportunidade de visitar um dos monumentos integrados na Rota do Românico – o Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa, onde conheceu o túmulo de Egas Moniz, aio de D. Afonso Henriques –, o Museu Municipal de Penafiel e também de passear pelo centro histórico da cidade.
Durante a tertúlia, moderada pelo director do jornal VERDADEIRO OLHAR, Francisco Coelho da Rocha, e onde marcaram presença o presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Antonino e Sousa; a directora da Rota do Românico, Rosário Machado; diversos autarcas da região e personalidades que integraram o livro "Estórias com História"; o chefe da Casa Real Portuguesa elogiou o projecto da Rota do Românico, considerando esta uma iniciativa "interessante". "Fico feliz por ver que os monumentos estão enquadrados na paisagem. Temos belíssimos monumentos em Portugal que estão cercados de edifícios feios. Não se tem tomado cuidado", referiu. Falando do potencial económico que o turismo representa para o país, D. Duarte criticou a acção de alguns políticos que "por ignorância ou falta de interesse" desprezam a herança cultural portuguesa. "As câmaras que têm centros históricos deviam dizer ao Ministério da Cultura e ao IPPAR o que acham que deve ser feito. O Estado tem feito coisas boas mas também se têm feito coisas chocantes. O país está a ser desfigurado", alertou, reprovando a intervenção de alguns arquitectos. O duque de Bragança elogiou ainda o centro histórico de Penafiel, que dá mostras de ter sido preservado: "havia algumas coisas a melhorar, mas o essencial foi salvo e isso é raríssimo em Portugal". 


Para o presidente da Fundação Dom Manuel II, as verbas destinadas à recuperação do património não devem ser consideradas como despesas, mas sim como um investimento. "A cultura de um povo é uma riqueza fundamental. E esse investimento tem resultados. Aqui, por exemplo, temos turismo, já vi alguns turistas hoje, mas ninguém vai fazer turismo a Almada ou aos arrabaldes do Porto", deu como exemplo. O herdeiro do trono de Portugal defende a promoção turística por sectores, como acontece na região. "Há pessoas que querem apanhar cogumelos ou ver pássaros e há quem queira ver património. É preciso que sejam encaminhados", disse. D. Duarte defende a importância do património e acredita que "a nossa memória colectiva, a nossa alma, está em grande parte nos monumentos".


Regime monárquico é o que fica mais próximo do povo, defende

Durante a conversa houve tempo para contar histórias que arrancaram gargalhadas da plateia e também para falar sobre como é ser "um rei" num país que vive numa República há mais de cem anos. "Achamos que um rei serve melhor a República. Pode ser mais livre, mais independente e mais responsável que um político", defendeu D. Duarte de Bragança, que lembrou que tem estado sempre disponível para ajudar o Governo e que mantém-se em contacto permanente com os países de língua portuguesa. "Sinto-me tão em casa em Angola como em Timor ou no Brasil", afirmou.
Perante uma Constituição que diz não ser democrática, já que em Portugal não se pode mudar a forma republicana de governo, o chefe da Casa Real Portuguesa acredita que o "regime monárquico é o que fica mais próximo do povo". "Em Portugal quem não tem o apoio de uma máquina partidária ou muito dinheiro dos hipermercados não consegue ganhar eleições", frisou.


O duque criticou ainda a "ignorância" de quem governa e que tem feito do país um lugar onde ainda se vive muito mal e onde se continua a gastar dinheiro com obras de luxo. "Os políticos estão a vender o futuro dos nossos netos. Temos mais auto-estradas por metro quadrado do que qualquer país da Europa. E durante vários anos gastamos mais 5 ou 10 % do que tínhamos, por ano, e isso conduziu-nos a esta bancarrota fraudulenta", sustentou.
Este evento foi organizado pelo jornal VERDADEIRO OLHAR, em colaboração com a Rota do Românico e contou com o apoio da Câmara Municipal de Penafiel.





Livro "Estórias com História" apresentado
O evento teve como mote a apresentação do livro "Estórias com História", uma compilação de 24 reportagens elaboradas pelo jornal VERDADEIRO OLHAR, e publicadas entre Setembro de 2012 e Abril de 2013. O livro conta estórias de várias personalidades relacionadas com os monumentos da Rota do Românico situados nos seis concelhos do Vale do Sousa. Abi Feijó, Alberto Santos, António Guedes, António Rocha, António Sousa Pinto, Armando Pinto Lopes, Cândido Barbosa, Celso Ferreira, Eduardo Teixeira Lopes, Gonçalo Rocha, Guilherme Lickfold, Inácio Ribeiro, Jorge Magalhães, Jorge Neto, Jorge Sousa, José Augusto, José Neto, Luiz Oliveira, Mário Magalhães, Melanie Santos, Miguel Leal, Óscar Meireles, Pedro Pinto e Rui Barros foram as personalidades que aceitaram o desafio de visitar um monumento românico da região.



Quem é Dom Duarte de Bragança?

Dom Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança nasceu na Suíça, na Embaixada de Berna, a 15 de Maio de 1945, durante o período de exílio da família real. O chefe da Casa Real Portuguesa é filho de Dom Duarte Nuno (neto de D. Miguel I, Rei de Portugal) e de Dona Maria Francisca de Orleans e Bragança (princesa do Brasil, trineta do Imperador D. Pedro I do Brasil).
Veio com a família para Portugal nos anos 50 e desenvolveu cá os seus estudos, passando pelo Colégio Nuno Álvares, pelo Colégio Militar e pelo Instituto Superior de Agronomia. Estudou ainda no Instituto para o Desenvolvimento na Universidade de Genebra, cumprindo o serviço militar em Angola, como tenente piloto aviador da Força Aérea, entre 1968 e 1971.



Em Maio de 1995, Dom Duarte de Bragança casou com Dona Isabel de Herédia. Deste casamento nasceram três filhos: Dom Afonso de Santa Maria, Dona Maria Francisca e Dom Dinis.
O chefe da Casa Real preside ainda à Fundação Dom Manuel II, que ajuda a concretizar projectos nos domínios da educação, cultura e promoção do desenvolvimento humano em Timor e noutros países lusófonos. É também presidente honorário e membro de diversas instituições, sendo actualmente membro do Conselho Supremo dos Antigos Alunos do Colégio Militar e presidente honorário do Prémio Infante D. Henrique.












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