31 maio 2015

Conferência "Comunicar a Monarquia"



Quais as limitações que a mensagem monárquica encerra – que terá ser sempre agregadora e transversal a todos os portugueses de todas as facções?
Como é percepcionada a nossa mensagem tendo em conta a realidade sociológica e cultural dos operadores dos media?
Quais os meios que poderemos utilizar tendo em conta a nossa realidade?
Como colmatar o problema financeiro e as limitações das nossas estruturas?

Estas foram algumas das questões debatidas por um painel de convidados composto por Raquel Abecasis, Jornalista e Directora-adjunta da Rádio Renascença, João Palmeiro presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, Rodrigo Moita de Deus, Consultor de Comunicação; moderado por João Távora, presidente da Real Associação de Lisboa que organizou o evento no Altis Grande Hotel. Seguiu-se um vivo e participado debate por uma concorrida plateia, à qual se juntou Sua Alteza Real, Dom Duarte, Duque de Bragança, e que contou também com a presença do presidente da Causa Real, Luís Lavradio, bem como outros elementos da direcção e suas estruturas regionais.






































30 maio 2015

Entrevista a SAR, O Senhor D. Duarte de Bragança, o homem que só quer servir Portugal


SAR, D. Duarte de Bragança não dá entrevista em que não refira os países da CPLP e esta não foi excepção.
Parte da entrevista fez parte de um especial sobre monarquia elaborado pelo i no início do mês. Ficou muito por publicar e aqui não está tudo. Falou horas, sem impor regras ou limites. Mesmo a constipação que o incomodava não o impediu de falar dos seus ideais, ideias e inspiração familiar. Concorde-se ou não com as suas convicções, D. Duarte é um homem simpático, sereno e, aparentemente, de bem com uma vida preenchida com histórias e peripécias.
Sendo hoje em dia o chefe da casa real, quais são as suas actividades?
O que nós pretendemos é servir Portugal, como diria o meu pai. Trabalho na direcção da Fundação D. Manuel II e, actualmente, as actividades em Portugal já não são muitas, com excepção de algumas obras de solidariedade. O nosso grande empenho é com os países da comunidade de língua portuguesa (CPLP). Os povos sentem-se esquecidos por Portugal. E quando sabem que há portugueses que vão lá, nem que seja como turistas, ficam muito satisfeitos.
O primeiro brasileiro foi d. Pedro I, o quarto avô da minha mulher. Concederam-me a nacionalidade
Nasceu a 15 de Maio de 1945 na Suíça, no exílio. Veio novo para Portugal?
Vim mais cedo que os meus pais. Vim para Serpins, na Lousã, onde fiquei em casa da tia Filipa, que já tinha podido regressar antes. Aprendi a nadar no rio Ceira, com os filhos da moleira, e aprendi a caçar.
Ficou com ligações à sua terra natal? Regressa com alguma frequência?
Infelizmente, muito pouco, mas tenho uma grande admiração. Considero que é o único regime republicano verdadeiramente democrático e que assume essa grande preocupação democrática. Em certa medida, a Suíça podia servir de modelo para a União Europeia. É um modelo de um país bem governado.
Não tem nacionalidade suíça?
Podia ter tido, mas os meus pais nunca quiseram. Mas agora já tenho tripla nacionalidade. Também a brasileira.
© Bruno Simoes Castanheira
Portuguesa, timorense e brasileira?
Sim. Tenho passaporte diplomático timorense que me foi dado o ano passado; votaram por unanimidade a atribuição da nacionalidade timorense. A minha mãe era brasileira e perguntei a uns amigos do governo se achavam que eu podia obter a nacionalidade, apesar de não residir lá. Dilma Rousseff concordou. O motivo, segundo me foi dito, foi que o primeiro brasileiro foi D. Pedro I do Brasil, quarto avô da minha mãe. Antes havia os portugueses que viviam no Brasil, as nações índias, guaranis, tamoios, etc. Concederam-me nacionalidade a mim, aos meus filhos, à minha mulher e aos meus irmãos.
Regressa a Portugal com seis anos. Como foram os primeiros anos?
Primeiro em Serpins, perto da Lousã. Depois, quando os meus pais voltaram, fomos viver para Coimbrões, uma casa muito simpática que foi emprestada pela D. Maria Borges, da família dos vinhos Borges, e passámos lá anos muito agradáveis. Os meus irmãos e eu fomos à escola primária local. Depois fomos para o Liceu Alexandre Herculano, no Porto, e posteriormente os meus pais acharam que o ensino era melhor no Colégio Nuno Álvares em Santo Tirso, colégio dos jesuítas. Curiosamente, o meu sogro também estudou lá.
Cruzou-se com o presidente do FC Porto, Pinto da Costa? Ou com o social-democrata Eurico de Melo?
Cruzaram-se com o meu sogro.
Proibiram-me de voar. O prof. Marcelo Caetano expulsou-me de Angola em 1972
O que recorda com mais intensidade desses anos?
Era um pouco maçador ser um colégio interno, mas tinha muitas compensações. O ensino era muito bom, o ambiente simpático. Não era muito bom do ponto de vista desportivo. Havia ginástica, claro, e futebol. E nunca gostei de futebol. Começámos a introduzir outros desportos, o râguebi, e achei mais divertido.
Qual era o seu desporto favorito?
Gostava muito de patinagem em patins de rodas. Ainda hoje acho que é um desporto interessantíssimo e acho uma pena estar um pouco desprezado.
Sabia andar?
Sabia e ainda hoje ando. Nunca mais se esquece, é como andar de bicicleta. Também sempre fui bom em corridas de longa distância, porque tenho umas pernas muito compridas. Aprendi a montar antes de ir para o colégio, com o mestre Nuno de Oliveira, um dos grandes professores de equitação clássica.
Ainda hoje monta?
Gosto de montar. Mas não como desporto, como passeio. Gosto de montar no Brasil porque os cavalos brasileiros são muito mais confortáveis. Não fazem o trote. Passam do passo para o galope. Em Portugal não tenho tido muito tempo.
Achei óptimo o filme 'A Gaiola Dourada', que tenho oferecido aos meus primos no estrangeiro
O curso de Agronomia em Lisboa veio depois?
Estudei no Instituto Superior de Agronomia, mas entrei para a Força Aérea no último ano e não cheguei a acabar o curso. Queria ser piloto da Força Aérea e havia um limite de idade, e pensei em acabar o curso depois. Quando saí das Forças Armadas, depois de Angola, achei mais interessante fazer um curso na Universidade de Genebra, no Instituto de Estudos do Desenvolvimento, que na altura se chamava Instituto de Estudos Africanos. Tive professores muito bons, como Jean Zigler, e fiquei conhecedor da história e dos problemas económicos em África. Conheci lá dirigentes responsáveis do MPLA, FRELIMO. Na primeira aula perguntavam aos alunos porque tinham querido vir para este curso e eu respondi que admirava muito os países africanos. Quando me perguntaram o que estive a fazer em África, disse que estive na Força Aérea: o horror geral. Lá fui dizendo que fiz o meu papel tal como eles tinham feito o deles. Acreditava no futuro desses países com democracia e liberdade mas, tanto quanto possível, ligados a Portugal.
O que fazia exactamente na Força Aérea?
Pilotava sobretudo helicópteros, mas também aviões mais pequenos, de observação. Mas a minha formação foi de piloto de helicóptero. Sobretudo transportava feridos, fazia evacuações e outros transportes.
Muitas horas de voo? Muitas missões?
Bastantes. Entretanto, o ministro da Defesa na altura, já no tempo do governo de Marcelo Caetano, mandou uma ordem confidencial que me proibia de voar. Foi um dos poucos que no parlamento votou contra o fim da lei que nos impunha o exílio, quando era deputado da União Nacional. E por preocupação republicana de que a Força Aérea me desse algum prestígio, proibiu-me de voar. O comandante da base onde estava, Negage, disse que não sabia o que se passava. O meu pai protestou junto do governo e combinei que iria fazer uma acção com a população civil. Tinha uma moto checa, uma Jawa, que comprei em Angola, e um Volkswagen. Conforme as estradas, num ou noutro ia visitar as aldeias africanas, conversar com o chefe da aldeia, com o professor, onde ficava às vezes durante a noite. Durante quase um ano dei a volta toda ao norte e sul de Angola. Fiquei a conhecer o país profundamente. De repente, em Lisboa, ficaram muito preocupados e deram ordens para regressar.
Estamos a falar de que ano?
Creio que 1970. Saí da Força Aérea e voltei a Angola, e continuei o trabalho que estava a fazer com um projecto político na altura das eleições para a Assembleia Nacional. Criámos um movimento eleitoral com angolanos negros e brancos, de todas as origens, protestantes, católicos e até pessoas próximas da UNITA. Tínhamos muitas possibilidades de ganhar os lugares de deputados por Angola.
O prof. Marcelo Caetano tomou conhecimento e expulsou-me de Angola em 1972.
Assinou uma ordem?
Não sei se assinou uma ordem. O director-geral da DGS (ex-PIDE) falou comigo e disse que tinha de sair de Angola naquele próprio dia. Perguntei os motivos e disse que não sabia. Que eram ordens de Lisboa. Perguntei se tinha a ver com o que estava a fazer e respondeu que até era positivo, que iam mostrar ao mundo que, afinal, havia liberdade política em Angola e que os angolanos não queriam a independência. Isto porque a nossa lista defendia a democracia, liberdade, justiça social, direitos iguais para os territórios ultramarinos em relação ao território português, mas defendíamos que Angola não estava preparada para a independência. No fundo, criar uma espécie de Commonwealth lusófona, com progressivamente mais autonomia, era o projecto desta lista.
O que lhe disse Marcelo Caetano?
Marcelo Caetano convidou-me e começou por explicar que tinha havido um equívoco e que não era uma expulsão, mas que tive de sair de Angola por razões de segurança pessoal... ficou muito aborrecido, zangado, falou em forças vivas, que achava inadmissível o que estava a fazer. Depois das independências, depois de 1974, encontrei pessoas próximas que me disseram que Caetano estava a organizar a independência em Angola e Moçambique em colaboração com os Estados Unidos e África do Sul. E, portanto, o meu projecto estava a estragar este plano.
Conheço e tenho muitos amigos republicanos convictos e sinceros que têm bons argumentos
Na altura do 25 de Abril creio que fez um comunicado a apoiar o Movimento das Forças Armadas.
Estava em Timor um pouco antes e no dia 25 estava no Vietname a convite do presidente do parlamento. Foi ele mesmo que me disse “a sua revolução ganhou”. Falou-me no general Spínola, Galvão de Melo, Santos e Castro, pessoas conhecidas, amigas. Referiu que estavam todos na nova junta, por isso “a minha revolução” tinha ganho. Fiquei satisfeito com os generais, gente séria, honesta e patriota, e mandei logo um telegrama de parabéns. E achei que era finalmente a revolução democrática.
Depois foi um pouco diferente? Como viveu esses tempos conturbados até Novembro de 1975?
Nunca dormia em casa. Dormia sempre em casas de amigos. Porque o COPCON (Comando Operacional do Continente) ia buscar as pessoas a casa à noite.
O meu escritório foi assaltado pelo COPCON. Foi complicado. Por outro lado, os meus amigos da Força Aérea iam-me dando notícias.
Nunca pensou num novo exílio?
De todo. Tinha esperança que mudasse e até comprei a casa de Sintra. Não estava a ver um país na Europa, apoiado pelos Estados Unidos, com a população a favor das liberdades, dos direitos, da propriedade, com uma percentagem de católicos elevadíssima.
Alguns anos mais tarde, em 1995, casou com Isabel Herédia. Como a conheceu?
Sou amigo da Isabel desde que ela tinha seis anos. Encontrei-a em Angola, os pais estavam lá a trabalhar, o pai como engenheiro na Força Aérea. Nessa altura ensinei-a a nadar. Ficámos sempre muito amigos. A família teve de ir para o Brasil e foram muito acolhidos por primos e amigos meus no Brasil. Na altura, ia praticamente todos os anos ao Brasil e acabava quase sempre em casa deles, em São Paulo. Fomos mantendo esta relação de amizade até que, a dada altura, chegámos à conclusão de que havia coisas mais interessantes a fazer do que sermos só amigos. Perguntei se ela tinha pensado na possibilidade de casar comigo e pediu-me para pensar. Nunca mais dizia nada e convenci-me de que não queria, mas não queria dizer para não ser desagradável. Apanhei um susto.
Todos os cientistas estão de acordo que na música clássica há um efeito fantástico sobre o nosso cérebro
Quanto tempo passou?
Seis ou sete meses. Fui ao Brasil e ela tinha de dar uma resposta, não podia continuar assim. Ela disse que eu nunca mais lhe perguntava. Estava à espera que lhe perguntasse. Mas quando a pedi em casamento foi em Santiago de Compostela. Tínhamos feito uma peregrinação e à saída da Basílica perguntei--lhe. E ela dizia que tinha de pensar. Seis meses depois, no Brasil, finalmente deu a resposta. Houve umas questões engraçadas, mas são mais do âmbito familiar.
Disse que comprou a sua casa em Sintra?
Foi comprada por mim, foi a minha “conquista revolucionária”. Em 74/75 havia casas boas e eu comprei uma em Sintra por um preço justo e razoável. As casas de família, as únicas, são no Chiado e fazem parte do testamento da rainha Dona Amélia, minha madrinha.
Tem hobbies?
Gosto de aprender, mas quando termino acabo por não praticar. Quando era novo tirei o brevê de planadores, mas depois não continuei a voar. Uma vez ou outra voo na base aérea de Sintra, mas pouco. Não tenho essas paixões. O meu filho Afonso é apaixonado pela pesca e agora ficou apaixonado pela caça também. Cacei, pesquei e de vez em quando estou com ele e também pesco, mas mais pela companhia. Não tenho propriamente hobbies. Tento fazer actividades físicas o mais possível para me manter em forma, desde a ginástica no Ténis Clube do Estoril. Ando bastante de bicicleta, se possível com os filhos. Tenho necessidade de me manter ao nível dos meus filhos, mas à medida que os anos passam vai ficando mais difícil, porque eles progridem, e nós não tanto assim. Também me ocupo da minha horta de Sintra, onde temos quase todos os legumes que se consomem em casa.
Vê televisão? Vê séries como, por exemplo, “A Guerra dos Tronos”?
Vi uma vez. Engraçada, mas não creio que valha a pena perder tempo com isso. Gosto de ver coisas onde aprendo. Como o Discovery, o National Geographic. Gosto imenso de ver as culturas e paisagens doutras regiões. Procuro bons filmes. Procuro na internet e depois compro-os, mando-os vir por correio.
Por exemplo?
Há filmes que são praticamente boicotados em Portugal. Houve um que considero de altíssima qualidade que em inglês se chama “For Greater Glory”.
É a história da grande revolta católica no México, em 1926, contra um governo que decidiu fechar as igrejas, e em que os mexicanos, durante mais de um ano, dois anos, controlaram metade do país, e o governo acabou por negociar com a população um acordo. Um filme que não conhecia, “King Maker”, que é como os portugueses salvaram a independência da Tailândia. Gostei do “Rien a declarer”, passado na fronteira franco--belga. Achei óptimo “A Gaiola Dourada”, que tenho oferecido aos meus primos no estrangeiro. Há filmes portugueses bons, mas os cineastas portugueses têm a mania de ser intelectualmente muito correctos e não se interessam muito pela opinião do público.
Gosta de música?
Gosto de todos os géneros desde que seja boa. Encontro música boa e música muito maçadora, inútil. Há música contemporânea popular muitíssimo boa e há outra que é simplesmente barulho e ruído, e não tem nenhuma qualidade estética.
Se tivesse de escolher…
A vantagem da música clássica é que já foi esquecida há muito tempo. A que sobreviveu até hoje é porque realmente é muito boa. É por isso que há tão poucos músicos clássicos. Os antigos continuam a ser tocados ainda hoje.
A música clássica mais antiga baseia-se nos ritmos do nosso cérebro e, por isso, dinamiza e melhora o nosso pensamento, o raciocínio. Todos os cientistas estão de acordo que na música clássica há um efeito fantástico sobre o nosso cérebro.
O seu filho Afonso já tem 18 anos. Considera-o preparado para assumir uma responsabilidade histórica e familiar?
Está preocupado com isso. Gosta muito de participar nas diferentes actividades mas, ao mesmo tempo, insisto com ele que a preocupação dele não é essa. Agora é ser o mais bem preparado academicamente, escolher o curso de que verdadeiramente ele gosta e que possa ser-lhe útil na prática, e os irmãos a mesma coisa. A grande paixão do Afonso sempre foi a biologia marinha. Agora interessa-se por plantas medicinais e compra livros sobre a matéria. Por outro lado, acha mais útil para o futuro ciências políticas. Agora está um pouco dividido entre biologia e política.
Em Portugal?
Preferia que fosse cá. Tenho medo de que perca os contactos com os amigos e depois porque as boas universidades no estrangeiro são muito caras. Passou dois anos num colégio em Inglaterra e fizeram-lhe muito bem em todos os aspectos mas, realmente, foi uma facada no orçamento familiar.
E se um dos seus filhos fosse republicano?
Apesar de não concordar, mas acho graça, houve alguém que disse que se pode ser republicano e inteligente e republicano e honesto, mas era muito difícil ser as três coisas ao mesmo tempo. Um republicano que discuta inteligentemente, sem preconceitos, comparando os países com repúblicas e monarquias, acaba por concordar que os países monárquicos funcionam, melhor. O dr. João Soares diz isso e não é o único.
Não corre, por isso, o risco de ter um republicano em casa.
Não, mas se tivesse pensava que seria uma questão de oposição aos pais. Respeito, mas não é muito lógico ou inteligente, ou então teria sido algum erro na nossa educação. Dito isto, conheço e tenho muitos amigos republicanos convictos e sinceros que têm bons argumentos. Houve um que me disse concordar que as monarquias funcionam melhor que as repúblicas, mas ainda achava que um dia podia ser Presidente da República, o que para mim é o melhor argumento de todos. Teoricamente, o facto de todos poderem ser Presidentes da República é um símbolo de igualdade e democracia, mas na prática não acontece. Na prática precisa de apoio de partidos, muito dinheiro, os melhores publicistas brasileiros. Se não tiver isso, pode ser óptimo mas não ganha.
Há muito mais solidariedade e empatia na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
Há partidos europeus socialistas e liberais que defendem a monarquia.
Também é a minha posição. Um governo republicano e uma chefia de Estado monárquica é uma boa combinação.
Se tivesse de aconselhar o governo sobre as políticas de austeridade, o que diria?
Os meus conhecimentos de economia são dos livros que leio de economistas sérios em todo o mundo e, precisamente por causa disso, fui contra a entrada de Portugal no euro. Todos os economistas sérios diziam que Portugal não estava em condições de ter como moeda o “marco alemão”. Infelizmente, na altura, quase ninguém estava de acordo comigo.
Portugal devia regressar ao escudo?
Se podemos ou não regressar a uma moeda nacional, é outra história. Hoje há opiniões muito diversas e aparentemente bem fundamentadas, e não sei dizer qual seria a melhor solução. Admito que as duas opções têm a sua razão de ser. A terceira opção seria um grupo de países da União Europeia saírem do euro em conjunto e terem uma moeda multinacional. Há uma alternativa muito interessante que não sei se é viável: é ter uma moeda dos países da CPLP. Poderia ser uma ideia interessante. Há muito mais solidariedade e empatia entre os países da CPLP que entre os países da União Europeia. A UE é uma união de interesses, enquanto a CPLP é uma união de afectos. Ainda sobre a crise, acho que o governo não pode viver abusivamente à custa dos cidadãos. A obrigação do governo é diminuir os seus custos e tentar cobrar aquilo que é justo, mas sem estrangular a capacidade económica das empresas e das famílias. Aí, a oposição tem razão quando diz que se as famílias têm menos rendimentos, também gastam menos no país.
Como podíamos alterar o estado das coisas?
Todos nós devíamos tomar muito mais cuidado e preferir os produtos nacionais. Desde o automóvel fabricado em Portu gal até à comida, roupa. Era a nossa melhor contribuição contra a crise.
E as mentalidades?
A base de todos os problemas portugueses é a falta de raciocínio lógico, que não é ensinado no sistema escolar. O sistema ensina a decorar aquilo que vem nos livros e a responder como um papagaio amestrado. Nos países de formação anglo-americana têm mais sistemas em que privilegiam o raciocínio, a compreensão, o esforço, muito mais do que as respostas dadas nos testes. É a grande evolução que temos de fazer.
Mora em Sintra numa casa que comprou por “um preço justo”
Mora em Sintra numa casa que comprou por “um preço justo”

Fonte: I Online

29 maio 2015

INTERVENÇÃO DE SAR O SENHOR D. DUARTE PIO DE BRAGANÇA | I CONVENÇÃO DA APAM - PORTO



Juventude Monárquica Portuguesa participa este ano no Arraial dos Santos Populares na Praça da Alegria, em Lisboa, de 29 de Maio a 14 de Junho.

A Festa de Inauguração será esta SEXTA-FEIRA, dia 29 de Maio, a partir das 18:00, com happy-hour até às 20h00 e em que será apresentado um novo produto do Bar Real Copo – o cocktail D. CARLOS I.

Vamos conviver com a nossa Juventude e apoiar esta iniciativa!

28 maio 2015

Espada de Afonso Henriques



A espada de D. Afonso Henriques esteve ontem no centro do debate. no âmbito do ciclo "Um Objeto e Seus Discursos por Semana", organizado pela Câmara Municipal do Porto, no Museu Militar do Porto.

O chefe da Casa de Bragança e da Casa Real Portuguesa, D. Duarte Pio de Bragança, e um governante da III República, com a pasta da Defesa, José Pedro Aguiar Branco, foram os convidados da sessão, que contou ainda com a participação do coronel Carlos Oliveira Andrade, do Museu Militar do Porto.

Reza a lenda que D. Sebastião terá mandado retirar do túmulo do primeiro rei a sua espada, para com ela se sagrar imperador de Marrocos e que, no infortúnio de 1580, terão devolvido a Santa Cruz a espada de Afonso V.

Como D. Afonso Henriques é o patrono do Exército Português desde 1987, a espada encontra-se exposta no Museu Militar do Porto.

O projeto "Um Objeto e Seus Discursos por Semana" está na sua segunda edição, que se iniciou  a 21 de março, e contará com 33 sessões ao longo do ano, cruzando, nesta segunda edição, o Património Municipal com o de 18 entidades parceiras, entre as quais a Universidade do Porto, Serralves, a Casa da Música, o Teatro Nacional de São João, o Futebol Clube do Porto, a Misericórdia, o Museu Nacional Soares dos Reis, o Coliseu do Porto e o Museu Nacional da Imprensa.

O ciclo acontece todos os sábados, sempre às 18h00, até 12 de dezembro.











Fonte: Porto.

A Espada de Dom Afonso Henriques



Foi óptima e interessante a palestra/tertúlia, no Museu Militar do Porto, sobre a Espada de D. Afonso Henriques, que juntou na mesma mesa o Senhor Dom Duarte Pio, Duque de Bragança, José Pedro Aguiar-Branco, ministro da Defesa, e o Coronel Carlos Oliveira Andrade, Comandante do Museu Militar do Porto.
A iniciativa surge no âmbito das conferências organizadas pelo pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto, subordinadas ao tema genérico "Um objecto e seus discursos por semana", que acontecem aos sábados, com entrada gratuita, em diversos locais, e com vários palestrantes convidados. Desta vez coube ao Herdeiro do Trono de Portugal e ao ministro da Defesa, republicano assumido, fazerem a oratória de ontem à tarde.
O coronel Carlos Oliveira Andrade explicou como a espada surgiu no Porto, lembrando que terá sido D. Sebastião que terá mandado retirar a espada do túmulo do nosso primeiro rei, de Coimbra, para a levar para Alcácer Quibir, para aí se sagrar imperador de Marrocos, e que tendo morrido a espada terá sido devolvida ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Classificou, aliás, esse episódio, como um desastre trágico para Portugal, pois perdemos a independência. Mais tarde, depois da Guerra Civil, entre Liberais e Tradicionalistas, D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, mandou entregá-la no Porto, ficando à guarda do futuro Museu Nacional Soares dos Reis, tendo posteriormente o Museu Militar do Porto solicitado a guarda da Espada de D. Afonso Henriques ao Soares dos Reis.
D. Duarte Pio, fez com que todos os presentes viajassem no tempo, falando das conquistas feitas pelos portugueses, primeiro do território hoje conhecido como Portugal Continental, depois da aventura do desbravar dos mares para o engrandecimento do império. E, obviamente, falou do feito de D. Sebastião, que não considerou aventura, apesar de considerar que calculou mal o mês pois não devia ter optado por Agosto. Mas disse que o pretendido era a aliança com Marrocos contra o Império Otomano e isso interessava a Portugal. Infelizmente foi mal sucedido.
José Pedro Aguiar-Branco foi mais político, fez a defesa das actuais forças militares, devido aos interesses portugueses na Nato, na União Europeia, face às ameaças com os fundamentalismos, etc, e fez a defesa da República.
Houve uma pequena provocação, por parte de um jovem, uma vez que o público foi autorizado a intervir. E esse rapaz foi um dos que interveio. Perguntou se a espada não estaria melhor entregue a um símbolo vivo de Portugal, ou seja ao Senhor D. Duarte. Perante a pergunta, o ministro da Defesa, diplomaticamente, disse que embora respeitasse muito o Senhor Duque de Bragança, Portugal é uma República que tem um chefe de Estado que é um presidente da República e que é essa a forma prevista na Constituição. Por sua vez, D. Duarte Pio, referiu que na maior parte dos países da União Europeia, os Estados são Repúblicas, no sentido de Res-publica, presididas por um Rei, dando o exemplo da Bélgica, Holanda, Reino Unido, etc.

Por José Maria Cameira
Vogal da Direcção da Real Associação do Porto










26 maio 2015

Coches Reais e Muito Mais…

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O Coche é uma carruagem antiga, na maioria das vezes, bastante luxuosa, e comummente de quatro rodas. Ainda que inspirado nos carros da Antiguidade clássica denominados Faetonte, a pequena carruagem de quatro rodas, descoberta e bastante rápida, o coche remonta a sua existência apenas ao século XIV europeu. A palavra coche deriva de kocsi ou koci e designa um novo tipo de transporte de tracção animal destinado à transportação de pessoas, no qual a caixa se encontrava suspensa sobre o rodado através de fortes correias de couro fixas a uma estrutura de montantes, evitando, desta forma, o incómodo causado aos passageiros pela trepidação sentida nas viaturas com a caixa assente directamente nos eixos das rodas.
A invenção, deste sistema de suspensão, é apontada tradicionalmente como ocorrida na localidade da Hungria, Kotze, e, depois de exportada para Itália, logo ocorreu a sua difusão pelo restante continente europeu.
Os coches originais eram muito diferentes dos que foram divulgados pela Europa: as caixas ainda eram idênticas às utilizadas nos carros medievais sem suspensão, com a cobertura de arcos ultrapassados, que formavam igualmente as paredes laterais.
No século XV, surgiram várias inovações no campo dos coches: o tejadilho passou a ter uma forma curva, suportado por quatro pilares ligeiramente ligados para fora. A caixa era aberta, mas podia ser protegida por cortinas de couro. Não tinha portas e podia ser e o seu acesso fazia-se por uma abertura existente em cada um dos lados, através de um estribo.
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Este coche, ainda que se destinasse à realeza e às classes aristocratas, só via os mais faustosos utilizados em solenidades da Corte, como Aclamação de um novo Rei, Casamentos reais, Abertura do Parlamento (só no século XIX), recepção de Monarcas ou altos dignitários estrangeiros.
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A sua generalização ocorreu no período conhecido como o Renascimento, atingindo o apogeu no século XVIII, em Portugal, durante o reinado do Rei-Sol Português, o Magnânimo El-Rei Dom João V, Sua Majestade Fidelíssima – assim apodado por receber o Título do Papa Bento XIV, quatro anos depois de inaugurado em 1744 do Convento de Mafra que mandou construir em Acção de Graças pela descendência, titularia extensível aos seus sucessores, facto pelo qual, a partir do século XVIII, passou a ser atribuído o título de Sua Majestade Fidelíssima ao Rei de Portugal.
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Os Coches eram, vulgarmente, obras de grande aparato, esculpidos em superior madeira ao melhor estilo do barroco e enriquecidos com os materiais mais preciosos como ouro, prata, tartaruga, veludo, e ornamentados de pinturas magníficas.
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Eram fruto da imaginação e talento de enormes artistas da época, e, são grandes nomes desta arte: Barros Laborão, José Almeida, Cunha Taborda, etc.
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Reconhecendo a enorme importância, valor artístico e cultural desta forma de expressão artística Sua Majestade a Rainha Dona Amélia de Portugal reuniu um riquíssimo espólio datado do século XVII ao XIX no Museu dos Coches Reais, que por Sua iniciativa abriu portas em 23 de Maio de 1905, no Picadeiro Real do Palácio de Belém uma antiga escola de arte equestre, construída em 1726.
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A colecção é rica e imensa, donde se destacam três gigantescos e grandiosos coches de esstilo Barroco construídos em Roma por encomenda do embaixador português na Santa Sé, D. Rodrigo Almeida e Menezes para a célebre embaixada enviada por El-Rei Dom João V ao Papa Clemente XI e que dividiriam o protagonismo com o célebre elefante Hanno. Estes coches possuem interiores luxuosos forrados a veludo vermelho e ouro, e no exterior são decorados com variadas esculturas em tamanho natural explanando diversas alegorias e revestidos a ouro num trabalho denominado talha dourada, para além das armas reais ricamente pintadas. Acresce que durante muitos anos nenhum outro monarca europeu enviou embaixadas ao Papa por não se achar em condições de pelo menos igualar tamanha magnificência.
Motivos coche barroco
E dentro dos coches existem ainda vários subtipos como o coche de viagem de Filipe II  de Portugal (III de Espanha), de madeira e couro negro, do século XVII e por exemplo o landau, do século XIX, daquele trágico episódio da História de Portugal, o atentado conhecido como Regicídio, onde foram brutalmente assassinados, em 1 de Fevereiro 1908, o legítimo Monarca Constitucional El-Rei Dom Carlos I de 44 anos e Seu Augusto filho e herdeiro, Dom Luís Filipe de Bragança de 20 anos pelos terroristas carbonários Manuel Buiça, Alfredo Costa e mais três.
Também, nem todos os coches da Família Real Portuguesa são coches, pois há ainda as Berlindas assim chamadas porque a caixa da carruagem era apoiada sobre a estrutura das rodas que a suportava e por isso o/os seus ocupantes ficavam numa posição bastante elevada, elo que ainda hoje se usa a expressão, ‘andar na berlinda’.
Berlina
Tal-qualmente, existem outros exemplos de carruagens reais, incluindo cabriolés de duas rodas. Existe, também, uma sege do séc. XVIII,  fabricada durante a época do Conde de Oeiras – mais tarde Marquês de Pombal -, com janelas que parecem óculos, viatura encarada como o primeiro táxi de Lisboa, pintado de preto e verde, as cores dos táxis até meados da década de 90; e ainda uma carruagem do Correio.
Da colecção fazem ainda parte o Coche da Princesa D. Maria Benedita do séc. XVIII, o Coche da Coroa do século XVIII, os Coches dos Reis Dom João V e Dom José I e o Coche do Papa Clemente XI.
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Tudo isto é enriquecido e complementado com trajos da corte como dos pajens, de criados de libré e dos cocheiros, assim como de diversos equipamentos de cavalos como os arneses, liteiras, para além de retratos a óleo da família real.
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Acresce que, com o golpe republicano do 5 de Outubro, o nome do Museu foi alterado para Museu Nacional dos Coches.
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O último coche que foi utilizado em Portugal foi a Carruagem da Coroa do século XIX, aquando da visita de Sua Majestade a Rainha Isabel II do Reino Unido, em 1957.
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Quanto à estória das novas instalações do Museu é de conhecimento público…
VIV’Á HISTÓRIA DA MONARQUIA!
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Miguel Villas-Boas 

25 maio 2015

O Zé Alberto "a retalho"

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As alarvidades que José Alberto Carvalho terá dito - eu não ouvi, já quase não oiço noticiários televisivos - sobre o testamento do Buiça e os famosos «valores republicanos», como se matar uma, duas pessoas, pai e filho, ambos queridos da esmagadora maioria dos portugueses de então, andasse longe do respeito devido aos seres humanos, - a boçalidade do Sr. Carvalho, dizia, causou geral indignação. E talvez não seja caso para isso.
Porque se José Alberto Carvalho sabe do que está a falar, e fala em nome dos tais indiscritiveis «valores republicanos», ficamos todos entendidos. E legitimado qualquer colega seu, pela res publica que são os canais públicos da TV, para o abater a tiro sob pretextos da intrigalhada à volta dele gravitando lá dentro.
Mas o mais certo é o Sr. Carvalho ignorar completamente do que se trata. Do que papagaia, cinco minutos depois de ter folheado alguma brochura sobre o património do Museu, e só para não ficar calado. Possuido de tais ideias a retalho, o Zé Alberto - e como ele tantos! - acreditem serão os primeiros a louvaminhar o Rei assim lhes cheire a proximidade do Trono. É que acima de tudo o emprego; e só depois as convicções políticas.
Só depois do futebol, evidentemente.

João Afonso Machado

Fonte: Corta-Fitas