quinta-feira, 14 de maio de 2015

Monarquia. A longa espera de um sonho adormecido

Monárquicos insistem no progresso das monarquias europeias e querem um referendo em Portugal


Os monárquicos queixam-se dos preconceitos e mitos instalados. 
Os monárquicos em Portugal continuam à espera que algum político se lembre de propor um referendo com a pergunta: “Quer uma chefia de Estado com um presidente eleito ou prefere a chefia de Estado assumida pelo rei?”. O grande entrave, apesar das opiniões divergentes de constitucionalistas, é a alínea b do artigo 288.o da Constituição, que prevê que as leis de revisão constitucional “terão de respeitar a forma republicana de governo”. 

Para muitos, e para a maioria dos monárquicos, a forma republicana de governo não põe em causa a assunção da chefia do Estado pelo rei. O Herdeiro do trono, D. Duarte Pio, vai mais longe e dá o exemplo dos partidos socialistas sueco e holandês. Ambos já declararam que consideram que os dois países são repúblicas e o rei ou a rainha são os melhores defensores das suas repúblicas.

Numa das suas escassas declarações públicas nos últimos anos, Paulo Teixeira Pinto garante que um rei deve existir para reinar e não para governar. O antigo governante e ex-banqueiro acrescenta que o monarca não pode ser uma parte do jogo político.

Luís Lavradio, actual presidente da Causa Real, que congrega todas as reais associações espalhadas pelo país e estrangeiro, insiste que em Portugal continua a haver preconceitos e mitos criados sobre a monarquia. João Mattos e Silva, primeiro presidente da Real Associação de Lisboa, explica que “com a revolução liberal, em toda a Europa e também em Portugal, o conceito de nobreza alterou-se profundamente”, referindo-se às concessões prestadas pelo Estado aos monárquicos. Os títulos, que também passaram desde essa altura a poderem ser conferidos pelo governo por serviços prestados à nação, têm, para os monárquicos, um paralelismo com as ordens honoríficas entregues pelos chefes de Estado.
Segredos Em Portugal há monárquicos pouco assumidos ou que simplesmente não falam nas suas preferências, sobretudo quando se encontram ao serviço do Estado, em partidos ou quando se candidatam a órgãos públicos. Não é notório que o ex-candidato à Presidência da República, Fernando Nobre, abrace a causa da monarquia. Poucos sabem que Marcelo Rebelo de Sousa é presidente vitalício da Fundação de Bragança. Que os ministros Paulo Portas ou Pedro Mota Soares são monárquicos. Que o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, António Lobo Xavier ou José Adelino Maltez fazem parte do Conselho Monárquico da Causa Real. Assunções pouco públicas.

Luís Lavradio esclarece que há monárquicos em todos os partidos, inclusivamente no PS e no PCP. D. Duarte fez questão de referir que é muito bem recebido nas câmaras comunistas. Diz o chefe da Casa Real que faziam sempre questão de se afirmar republicanos, mas com respeito pela história de Portugal.

Ainda em raras declarações, uma das referências políticas da monarquia em Portugal, Gonçalo Ribeiro Telles, não tem dúvidas em afirmar que o sistema republicano não encontra soluções para a maior parte dos problemas nacionais.
Um dos argumentos mais utilizados pelos defensores da causa é o nível de prosperidade das monarquias constitucionais. Por exemplo, sublinha o economista Luís Lavradio, que dos dez países mais prósperos sete são monarquias; no índice da democracia, todos estão no top 25, nas sociedades mais desenvolvidas do mundo, nos países com mais liberdade de imprensa e níveis de transparência.

Ainda com exemplos que vêm de fora, e numa altura em que os conservadores ingleses infligiram uma importante derrota aos trabalhistas, D. Duarte e Luís Lavradio, sem estarem combinados, contaram a história do ex-primeiro-ministro Tony Blair, que revelou que as reuniões para as quais se preparava melhor e que eram também as mais ricas eram as que tinha com a rainha de Inglaterra. Não seria fácil surpreender a mesma governante que, logo no início do seu reinado, recebia com frequência Winston Churchill. 

Portugal precisa de um chefe de Estado independente e que represente com inabalável legitimidade histórica cada um de nós e o que somos enquanto povo, conclui João Távora, actual presidente da Real Associação de Lisboa e editor do “Correio Real”.
Fonte:  Jornal I

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