quinta-feira, 17 de setembro de 2015

D. Carlos I – Rei e Pintor


Marinha – Barco À Vela (pastel sobre cartão) Autor: Rei D. Carlos I – assinado ‘Carlos, 1894’


É de todos conhecido, para além de um largo escol de outros dotes, o mérito D’El-Rei Dom Carlos I, como pintor.
O 1.º mestre – se assim se pode chamar – de D. Carlos foi o avô (o Rei-viúvo D. Fernando II de Saxe-Coburgo-Gotha) que vendo o talento do jovem Príncipe instigou o Rei D. Luís I a contratar um Mestre. Assim, seguiu-se Teodoro da Mota, depois Tomás José da Anunciação, António Manuel da Fonseca, Miguel Ângelo Lupi e por fim Enrique Casanova.
Dom Carlos I privou com os melhores artistas da época e naturalmente que trocariam ideias, e foi não só Malhoa, mas, também, Columbano, Silva Porto, Carlos Reis, etc. Enquanto criança Dom Carlos assinava com as iniciais C.F. (Carlos Fernando), como no caso das aguarelas e desenhos a lápis do ‘Álbum dos Yachts’. Já pintor e já Rei, reconhecido naturalista, assinava desinvestido de realeza, simplesmente, como Carlos, e apresentando-se como simples ‘artista’ ganhou diversos concursos nacionais e internacionais, como no ‘Salon de Paris’ que entre milhares dos melhores pintores do Mundo e sem qualquer deferência ganhou a Medalha de Prata ou na Exposição Internacional de St. Louis onde com ’Gado à Bebida – Ribatejo’ alcançou o Ouro!
Nem o costumeiro maldizente Fialho de Almeida conseguiu ficar indiferente ao imenso talento do Monarca Português:
‘No grupo novo, o lugar de honra pertence ao rei D. Carlos, cujos pastéis passam de prenda à categoria de verdadeiro trabalho de arte. O curioso acabou-se, e agora é necessário apontá-lo entre os pouquíssimos que, neste país de costa, verdadeiramente sentem a marinha e entre os raros que, na exposição [Grémio Artístico, 1892], se esforçam por pintar em português.’
Assim, não temos pejo em afirmar que, Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom Carlos I de Portugal foi um dos melhores aguarelistas da Sua época e o melhor pastelista português da Sua era, pois a pintura a pastel é uma técnica que não admite correcções e as suas telas parecem óleos dos mais renomados pintores mundiais do Seu tempo.
Miguel Villas-Boas

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