terça-feira, 24 de julho de 2018

Albuquerque não conquistou Goa: Albuquerque libertou-a

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Há meia dúzia de dias, no aceso do debate Prós e Contras sobre o Museu dos Descobrimentos, Ângela Barreto Xavier aludiu à conquista de Goa por Afonso de Albuquerque e referiu as destruições provocadas pelos portugueses. Ângela Barreto Xavier sabe que tal não é verdade, nem conforme com a abundantíssima documentação até nós chegada, à cabeça da qual destacamos a correspondência de Afonso de Albuquerque enviada a D. Manuel I, integralmente publicada em sete espessos volumes entre 1884 e 1935 sob direcção de Bulhão Pato e Henrique Lopes de Mendonça.

Para o leitor atento evidencia-se que a tese de Barreto Xavier não só é abusiva, como falsa. Goa foi conquistada por por forças portuguesas comandadas por Afonso de Albuquerque, juntamente com outros milhares de guerreiros hindus sob o comando de Timoja, habitualmente indicado como "pirata hindu". De facto, Timoja era "pirata", pois não tinha terra sua desde que os seus antepassados, reinetes locais, haviam sido sessenta anos antes desapossados do poder pela dinastia muçulmana de que o Idalcão (Adil Xá) era sucessor.

As forças portuguesas não teriam conseguido tomar a cidade sem a preciosa ajuda das tropas hindus de Timoja. Após a tomada da cidade, os abusos não foram cometidos por portugueses, mas pelos ajustes de contas das tropas de Timoja e população hindu cansada de tantas arbitrariedades e violências de que haviam sido objecto durante décadas pelos governantes muçulmanos.

Miguel Castelo-Branco

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