09 agosto 2018

SAR, D. Afonso de Bragança está a estagiar num quartel, mas para já não pode combater fogos

D. Afonso, filho de D. Duarte, está em estágio nos Bombeiros Voluntários de Lisboa. Mas não pode ir apagar fogos tão cedo. "Não é bombeiro quem quer, é quem sabe", justifica o comandante.



Há muito tempo que Afonso de Santa Maria João Miguel Gabriel Rafael de Herédia de Bragança, filho primogénito de Dom Duarte Pio e de Dona Isabel de Herédia, discutia com a família e com os amigos “o estado de Portugal em matéria de incêndios”. A vontade de combater o problema cresceu ainda mais quando ardeu parte significativa do Pinhal de Leiria, obra pensada por D. Afonso III no século XIII e concretizada por D. Dinis, consumida nos grandes fogos de Outubro do ano passado.
Depois disso, D. Afonso encontrou-se com Paulo Vitorino, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Lisboa: “Ele sugeriu que participasse no estágio para os bombeiros para ver como é que as corporações funcionavam e para ter essa experiência própria”. D. Afonso de Bragança aceitou o desafio. Agora, o Príncipe da Beira e Duque de Barcelos, segundo da linha de sucessão ao trono (caso Portugal fosse uma monarquia), está em recrutamento para os Bombeiros Voluntários de Lisboa.
A conversa entre D. Afonso e Paulo Vitorino aconteceu há coisa de “seis ou sete meses”, recorda o comandante. O processo de admissão do príncipe de Portugal para esse estágio não foi em nada diferente do de outro cidadão qualquer, garantiu ao Observador: “O senhor Dom Afonso de Bragança veio à nossa corporação porque queria fazer recrutamento para o corpo dos Bombeiros Voluntários de Lisboa na área Social e de Emergência Pré-Hospitalar”. Segundo o comandante, “a notícia foi recebida com muita naturalidade porque ele é igual aos outros”. Para chegar até aqui, Dom Afonso de Bragança teve de submeter-se a inspeções médicas para avaliar se “as condições físicas, psíquicas e de idoneidade” o tornavam apto para a missão.

D. Afonso: “Foram muito simpáticos, mostraram como funcionava o quartel e introduziram-me no grupo”


O estágio de D. Afonso de Bragança começou esta quarta-feira e, garante o príncipe, “correu muito bem”. “Foram muito simpáticos, mostraram como funcionava o quartel e introduziram-me no grupo”. Este era um passo que D. Afonso queria cumprir “desde sempre”: “Quando era pequeno já pensava em tornar-me bombeiro ou polícia. Achei correto. Eu quero cumprir o serviço militar, mas como já não há obrigatoriedade em fazê-lo e eu não posso fazê-lo por razões académicas, fiz aquilo que me parecia mais próximo dessa missão”, conta ele.
D. Afonso, que completou 22 anos a 25 de março, não foi requisitado para uma acção. “Eles [os estagiários] não são carne para canhão, isto não é como na I Guerra Mundial que eram todos chamados para o campo”, sublinha o comandante Paulo Vitorino. Pela frente Dom Afonso de Bragança ainda tem quase um ano de treinos para ver se está apto a cumprir a missão dos Bombeiros Voluntários de Lisboa, que celebram 150 anos de existência.
Até lá não vai sair do quartel. “Não é bombeiro quem quer, é quem sabe”, justifica Paulo Vitorino. Se terminar o estágio com sucesso, o Príncipe da Beira e Duque de Barcelos será oficialmente incorporado no corpo dos Bombeiros Voluntários de Lisboa, mas ainda não poderá combater os incêndios: para o fazer terá de passar por uma nova formação que leva mais quatro meses.
D. Afonso de Bragança não é o primeiro membro da família real portuguesa ligado aos bombeiros, algo que o príncipe só descobriu durante a primeira formação do estágio: “Aprendi muito sobre a história dos bombeiros. Contaram-me que nos emblemas dos bombeiros há sempre uma máscara de cavaleiro, que normalmente está de lado. Se aquela corporação já tiver tido um membro da família real como bombeiro, a máscara de cavaleiro aparece virada para a frente”.

O irmão do Rei D. Carlos, D. Afonso de Bragança, conhecido como o Infante D. Afonso, duque do Porto, foi comandante honorário dos Bombeiros Voluntários da Ajuda. Foi ele quem fundou essa corporação a 10 de abril de 1880. Conta-se que D. Afonso andava num carro de bombeiros a altas velocidades pelas ruas de Lisboa para acudir quem precisasse. Esse carro não tinha sirene, por isso D. Afonso gritava “Arreda!” para que as pessoas na rua se afastassem e deixassem passar o automóvel. Isso valeu-lhe a alcunha “O Arreda”.

Fonte: Observador

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