domingo, 31 de março de 2019

Moinhos de vento


De que vale lutar, barafustar, escrever, contra uma realidade que nos incomoda mas parece imutável?! Para quê torturar-me, irritar a vesícula, se no fundo as pessoas gostam assim, e querem que assim continue! Representante fidedigno deste paraíso terreal é o presidente da república que temos. E as dúvidas sobre o seu perfil terão ficado dissipadas, imagino eu, com este caso do 'governo familiar'! Começou por dizer que não era assunto; depois, perante algum alarido social, admitiu que já chega, nem mais um parente, para finalmente afirmar que não foi ele, mas sim Cavaco Silva quem deu posse a semelhante fenómeno! Extraordinário!

Outro moinho de vento é a amnésia que afecta geralmente as pessoas responsáveis por empréstimos ruinosos. Inclui o supervisor. Face às 'brancas' sucessivas, tive pena do Governador, e apeteceu-me telefonar-lhe para dizer que foi a mim que emprestaram o dinheiro e que esteja descansado pois vou pagar tudo até ao último cêntimo. Palavra de contribuinte.

 

Fonte: Interregno

sábado, 30 de março de 2019

LV Governo da Monarquia Constitucional Portuguesa (não existiam quaisquer laços familiares entre o seus membros)



O 55.º Governo da Monarquia Constitucional e 27.º governo desde a Regeneração, Ministério presidido por João Franco, foi nomeado por Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom Carlos I, em consequência da vitória eleitoral do Partido Regenerador Liberal, a 19 de Maio de 1906 e exonerado a 4 de Fevereiro de 1908 (em consequência do Regicídio de 1908) por El-Rei Dom Manuel II. Neste governo não existia qualquer relação familiar entre os seus membros.
Na sequência da fotografia, a sua constituição era a seguinte:
De pé: em primeiro, Luís de Magalhães, Ministro e secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros (Mai. 1906 – Mai. 1907); José Malheiro Reimão, Ministro e secretário de Estado dos Negócios das Obras Públicas, Comércio e Indústria; António Carlos Coelho de V.B. Vasconcellos Porto, Ministro e secretário de Estado dos Negócios da Guerra (Mai. 1906 – Fev. 1908) e Ministro e secretário de Estado interino dos Negócios da Marinha e Ultramar (Jun. – Set. 1907); Ayres D’Ornellas, Ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar (Mai. 1906 – Jun. 1907 e Set. 1907 – Fev. 1908);
Sentados: José Novais, Ministro e secretário de Estado dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça (Mai.1906 – Mai. 1907 sendo substituído por António José Teixeira de Abreu, Ministro e secretário de Estado dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça, dessa data a Fev. 1908); João Franco Castello-Branco, presidente do Conselho de Ministros e Ministro e secretário de Estado dos Negócios do Reino; e Ernesto Driesel Schröeter, Ministro e secretário de Estado dos Negócios da Fazenda (Mai. 1906 – Mai. 1907).
Reitera-se que entre os Conselheiros – assim era o tratamento dedicado aos Ministros – retratados não existia qualquer laço familiar ou parentesco; deu-se este a título de exemplo assim como se poderiam referir os anteriores e seguintes Governos da Monarquia Constitucional Portuguesa.  O Rei reinava – e tinha o seu herdeiro presuntivo -, o Governo – sem qualquer laço familiar com a Família Real – governava!
Realmente, uma MONARQUIA não é uma república!

Miguel Villas-Boas

sexta-feira, 29 de março de 2019

O saco de penas



Era uma vez um homem que, por inveja, caluniou gravemente um amigo seu, levando-o à ruína.
Anos depois, arrependido do mal que as suas calúnias fizeram ao seu amigo, procurou um velho sábio, perguntando-lhe: "Que posso eu fazer para corrigir todo o mal que fiz ao meu amigo?" O velho respondeu: "Pega num saco cheio de penas de ave e solta-as ao vento".
No dia seguinte, o homem voltou ao velho sábio: "Já fiz como me mandaste". Ao que o velho lhe respondeu: "Essa foi a parte mais fácil, agora volta a encher o saco com as mesmas penas que soltaste ao vento". Mas o homem entristeceu-se, pois sabia que a tarefa era impossível.
E o velho sábio acrescentou: "Assim como não consegues juntar todas as penas que espalhaste ao vento, também não consegues reparar todo o mal que se espalhou de boca em boca. Vai, sê humilde e caridoso, pedindo perdão ao teu amigo e falando bem dele".


Catecismo Maior de São Pio X:
Quem pecou contra o Oitavo Mandamento [não levantar falsos testemunhos], não basta que se confesse disso, mas é também obrigado a retractar tudo o que disse caluniando o próximo, e a reparar, do melhor modo que possa, os danos que lhe causou.


Fonte: Veritatis

quinta-feira, 28 de março de 2019

SAR, A SENHORA D.ISABEL DE BRAGANÇA PRESENTE NA 432ª PROCISSÃO DO SENHOR DOS PASSOS DA GRAÇA

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Realizou-se no domingo, dia 17 de Março, 2º domingo da Quaresma, a 432ª Procissão do Senhor dos Passos da Graça. Mais uma vez, foi uma importante manifestação de fé, que se vem reforçando todos os anos, sempre com a presença de muitos irmãos, bem como com a forte adesão do povo de Lisboa.

As cerimónias, que iniciaram durante a manhã, com a Missa Solene presidida pelo Senhor D. Daniel Henriques, Bispo Auxiliar de Lisboa, foram muito participadas.

À tarde, a Procissão do Senhor dos Passos, presidida pelo Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa e Aio do Senhor dos Passos, contou com a presença da Duquesa de Bragança, do representante do Conselho das Antigas Ordens Militares, o Coronel Raúl Folques, da Presidente da Junta de Freguesia de São Vicente e do Embaixador dos Estados Unidos e a sua mulher. Estiveram presentes as Ordens do Santo Sepulcro, Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e Constantiniana de São Jorge, as Irmandades de São Miguel e de Santos o Novo. Esteve ainda presente o Exército e a Associação dos Pára-Quedistas os Grifos.

Como sempre, a procissão contou com a presença e apoio constante da Irmandade da Misericórdia e de São Roque.

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segunda-feira, 25 de março de 2019

23º Aniversário de SAR, O Senhor D. Afonso de Bragança, Príncipe da Beira



Dom Afonso de Santa Maria Miguel Gabriel Rafael de Herédia de Bragança, filho primogénito de SS.AA.RR., Dom Duarte Pio de Bragança, Duque de Bragança e de Dona Isabel de Herédia de Bragança, Duquesa de Bragança, nasceu numa segunda feira, 25 de Março de 1996, às 7h38 da manhã, no Hospital da Cruz Vermelha , em Lisboa. Ostenta os títulos de Príncipe da Beira e Duque de Barcelos.


S.A.R., Dom Afonso de Bragança, ao celebrar neste dia 25 de Março o seu aniversário, enche o coração de Portugal de esperança e de confiança num futuro promissor pela qual todos nós Portugueses sonhamos.


Desejamos ao nosso Príncipe Real, Saúde, Paz, Harmonia e muito Amor com toda a Nossa Querida Família Real, no mais belo exemplo de União e Tradição.


 Que Deus o guie e ilumine naquela que desejamos seja uma longa vida cheia de sucesso.


VIVA SUA ALTEZA REAL DOM AFONSO, PRÍNCIPE REAL!

VIVA A FAMÍLIA REAL!

VIVA PORTUGAL!

domingo, 24 de março de 2019

O meu amigo Augusto Cid

Sem Augusto Cid Camarate teria, para sempre, sido descrito como mero acidente, e os portugueses teriam vivido com uma mentira relativamente à morte do seu primeiro-ministro e do seu ministro da Defesa

O Augusto Cid deixou-nos na passada semana. Para muitos portugueses Augusto Cid foi um dos principais, senão o principal, cartoonista em Portugal depois do 25 de Abril. A objectividade e o humor dos seus desenhos, publicados em diferentes jornais como a Vida Mundial, o Diabo, o Independente, o Sol, assim como na TVI, eram inconfundíveis e tinham o mérito de nos fazer reflectir sobre o conceito do bem e do mal, e sobre os comportamentos humanos, seja quando revelavam mérito e deviam ser elogiados, seja quando eram reprováveis e deviam ser censurados. Este percurso talentoso como cartoonista iniciou-se nos EUA, onde frequentou o curso dos liceus, tendo depois passado a entregar os seus desenhos sobre política americana, a um pequeno jornal chamado “Laguna Beach”. Regressado a Portugal, e utilizando por regra os seus desenhos, publicou mais de trinta livros, entre 1975 e 2016.

Mas Augusto Cid notabilizou-se também como escultor, tanto de grandes como de pequenas obras, sempre marcadas por um pormenor e simbolismo cativante. Exemplos de esculturas suas encontra-se uma homenagem às vítimas do 11 de Setembro de 2001, colocada no cruzamento das avenidas de Roma com a dos Estados Unidos da América, em Lisboa, ou a estátua a Nuno Álvares Pereira, colocada na avenida Torre de Belém, em Lisboa, que foi inaugurada pelo Senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 6 de Novembro de 2016. Devido à sua notável obra como cartoonista e escultor, foi homenageado como comendador da Ordem do Infante D. Henrique, em 1994.
Essa foi a sua obra pública. Eu tive contudo a sorte de ser seu amigo, e dessa forma conhecer melhor o seu carácter e os valores que defendia. Conheci Augusto Cid em 1983, quando pediu para falar comigo. Sabia que, desde 1980, se dedicava a investigar o que verdadeiramente havia sucedido no desastre de Camarate, onde morreram Francisco Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa, o meu irmão António Patrício Gouveia e mais quatro acompanhantes. Disse-me que as chamadas “investigações oficiais” não estavam a ser sérias nem rigorosas, tendo-me apresentado vários exemplos dessa realidade. Referiu-me também que se não fossem os familiares das vítimas a interessarem-se por este assunto, e a desenvolverem a sua própria investigação, existia um risco real de ficar para a história uma descrição falsa do que havia sucedido. Aceitei passar a participar nas reuniões de trabalho do grupo de pessoas que se dedicavam a esta investigação, e que incluíam Dinah Alhandra, Alexandre Bettencourt, José Ribeiro e Castro, José Luís Ramos, Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Xavier de Brito, Rosário Carneiro, Manuela Vaz da Silva Pires e mais tarde, Ricardo Sá Fernandes. Foi realizado um trabalho profundo e rigoroso de investigação, que se prolongou de 1981 a 2015, data em que terminou a X Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Camarate.
Durante esses mais de 32 anos, tive oportunidade de apreciar a determinação e a honestidade de Augusto Cid nesta luta pela descoberta da verdade. Logo em 1982 recebeu uma proposta, dada por um director de informação da RTP, para deixar as investigações sobre Camarate, e passar a trabalhar em Paris. Nessa proposta de trabalho foi-lhe também entregue um cheque, tendo-lhe sido dito que o podia depositar na sua conta bancária, depois de o preencher com o número de zeros que entendesse. Chegado a Paris, constatou que o âmbito do trabalho que lhe era oferecido era inexistente, e que o único objectivo desse convite era que desistisse de investigar Camarate. Decidiu então regressar a Lisboa, tendo também recusado o referido cheque. Tinha assim rejeitado a possibilidade de se tornar rico, a troco de deixar de seguir os seus princípios.
Tendo recebido, logo em 1981, um convite de Vera Lagoa para trabalhar no Jornal “O Diabo”, passou a utilizar esse jornal para realizar e divulgar as suas investigações sobre Camarate, o que muito incomodou os responsáveis pela forma deturpada como estavam a ser conduzidas as investigações da Polícia Judiciária. Foi um meio importante de que dispôs, pois de forma clara e persistente, foi demonstrando porquê as chamadas investigações oficiais não tinham qualquer credibilidade, pretendendo apenas classificar esse desastre como um acidente. Realizou contudo essas investigações de forma profunda e rigorosa, de modo a poder falar, com autoridade, sobre o que havia sucedido. Como exemplo desse estudo rigoroso deslocou-se, por sua conta, aos EUA, apenas para adquirir os melhores livros e estudos sobre acidentes na descolagem de pequenas aeronaves. Tornou-se assim num conhecedor deste assunto.
Não se amedrontou também perante a Polícia Judiciária que, desde 1980, defendia e pretendia divulgar a teoria de que Camarate havia sido um simples acidente, porque alguém havia roubado a gasolina contida na asa esquerda do avião Cessna. Com efeito, teve que se submeter a interrogatórios da Polícia Judiciária que pretendiam, de forma intimidatória, que Augusto Cid aceitasse a tese do acidente sobre Camarate. Chegaram a referir que corria a risco de ser preso pela forma como estava a realizar as suas investigações. Augusto Cid soube contudo responder tranquilamente, com base no estudo rigoroso que havia realizado, o que impediu a Polícia Judiciária de encontrar incoerências no seu testemunho. Não foi uma experiência fácil, mas o seu carácter e integridade permitiram não só que respondesse de forma coerente a esses interrogatórios, como a prosseguir, nos anos seguintes, o seu trabalho de apuramento da verdade.
Em 1986, a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Camarate, recebeu uma carta da NTSB – National Transportation Safety Board, que é a principal instituição norte-americana na investigação de acidentes aéreos, enviada pela embaixada dos EUA em Lisboa. Referia essa carta que o avião Cessna havia caído por ter excesso de peso, dando por encerrada a investigação deste caso, sem mais explicações. Augusto Cid considerou que esta carta era suspeita e não se afigurava correcta, pelo que decide ir, em Outubro de 1986, à sede do NTSB, em Washington. Aí mostrou a um seu directorcópia da suposta carta do NTSB, ao que o seu interlocutor referiu que essa carta não era verdadeira e que ao constatar esse facto de tão grande gravidade, tinha que dar por concluída a reunião. Augusto Cid ficou então a saber que alguém com responsabilidade ligado aos EUA queria transmitir a mensagem de que Camarate tinha sido um acidente, utilizando o nome da NTSB. Esta circunstância nunca teria sido descoberta sem o empenho e a iniciativa de Augusto Cid.
Estes são apenas alguns exemplos da persistência e dedicação de Augusto Cid sobre a investigação realizada acerca das causas da queda do avião em Camarate. Sem Augusto Cid este desastre teria, para sempre, sido descrito como um mero acidente, e os portugueses teriam vivido com uma mentira relativamente à morte do seu Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa Nacional. Sacrificou a profundamente a sua vida profissional e financeira para conseguir divulgar a verdade, como sucedeu nomeadamente com a SIC, com o Jornal Expresso, e com todas as publicações do grupo Impresa, onde deixou de poder trabalhar devido ao conflito que mantinha com Francisco Pinto Balsemão relativamente a Camarate. E adoptou este comportamento determinado devido à sua luta pela verdade, mas também pela admiração que mantinha particularmente por uma das vítimas: Francisco Sá Carneiro. Não conheço muitas pessoas que prefiram ser prejudicadas em vez de cederem nos seus princípios. Mas se hoje os portugueses sabem que Francisco Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa, António Patrício Gouveia e demais acompanhantes morreram devido a um atentado, após os trabalhos de dez Comissões Parlamentares de Inquérito, devem-no a Augusto Cid.
Augusto Cid era uma pessoa integra, de carácter e determinada, mas sempre tranquila e afável com as pessoas com quem lidava. Mas dedicava também uma grande importância e atenção à sua família, tendo, conjuntamente com a sua mulher, conseguido tornar feliz as suas três filhas e cinco netas.
Deixou-nos na passada semana, mas permanecerá para sempre, entre os que o conheceram, o seu exemplo de honestidade intelectual e de coragem na luta pelos seus ideias. Obrigado, Augusto Cid.
Fonte: Observador

sábado, 23 de março de 2019

Nas velas das caravelas

Passam este mês 700 anos sobre a fundação da Ordem de Cristo. Corria o ano de 1319 e por bula papal, a pedido de D. Dinis, Rei de Portugal, a novel Ordem de Cavalaria de Jesus Cristo recebia os bens pertencentes à extinta Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, vulgo Ordem do Templo. A nacionalização dos templários teve uma influência determinante no ciclo dos descobrimentos, da expansão e da missionação. Não fosse a sua criação e a história da expansão teria sido certamente menos impressionante. A Ordem foi, talvez, juntamente com a Ordem de Santiago, o agente mais sólido da construção do império e da mística que o animou.



Tal como a Sagres tem nas velas a cruz de Ordem de Cristo, que faz este mês setecentos anos, Portugal carregou-a ao longo dos séculos. A Ordem de Cristo é inseparável do Império, o Império é inseparável da Portugalidade, e a Portugalidade é o futuro de Portugal.

A imagem pode conter: céu e ar livre


sexta-feira, 22 de março de 2019

TOMAR – Já arrancou a primeira fase das comemorações dos 700 anos da Ordem de Cristo



Já arrancou a primeira fase das Comemorações Oficiais dos 700 Anos da Ordem de Cristo, organizadas com o Convento de Cristo em Parceria com as Fundações D. Manuel II e Oureana, No dia 14 de Março, aniversário da Bula “Ad ea ex quibus”, teve lugar na Real Lipsanotheca da Fundação Oureana, no Castelo de Ourém, uma Santa Missa celebrada pelo Capelão Mor Assistente Padre José Joanees Oliveira, em Memória do Papa João XXII e do Rei D. Dinis. Serviu de preparação do Busto Relicário com as Relíquias Insignes da Rainha Santa Isabel levadas para Veneração Pública em Tomar. No dia seguinte, teve lugar, na Igreja de Santa Maria dos Olivais, em Tomar, uma Missa Solene de abertura oficial do VII Centenário e que foi celebrada pelo Pároco de Tomar e Capelão Honorário da Casa Real Padre Mário Duarte, com D. Duarte Pio, Duque de Bragança, e Conde de Ourém a assistir na qualidade de Presidente da Fundação D. Manuel II e Patrono da Fundação Oureana. No fim da Missa assistiu-se a um mini-concerto pelo Coro da Imaculada Conceição de Almeirim a Cargo do Cantor Lírico Maestro Armando Calado. Depois da Missa que relembrou todos os Membros da Ordem de Cristo Vivos e Mortos, e particularmente D. Afonso, IV Conde de Ourém, Primogénito da Casa Real, teve lugar uma Real Guarda de Honra com Veneração das Relíquias Insignes da Rainha Santa Isabel, Co-Fundadora da Ordem. O Jantar de Honra decorreu no Hotel dos Templários, um dos Patrocinadores Oficiais das Comemorações.
No dia 16 de Março, teve lugar pela manhã uma Visita Guiada ao Convento de Cristo a cargo do Arquitecto Álvaro Barbosa, Director Emérito do Monumento, seguida depois de um Porto de Honra de Boas Vindas oferecido pela Directora do Monumento Andreia Galvão que agradeceu e elogiou as Fundações, os Membros da organização e ainda os Patrocinadores, pelo papel que tiveram na organização do evento que mereceu o Alto Patrocínio da DGCP, do Ministério da Cultura e do IPT e o Apoio da Câmara Municipal de Tomar e demais entidades oficiais. Bruno de Castro, Delegado em Tomar da Fundação Oureana para as Celebrações, convidou os presentes a visitarem a pequena mostra de artefactos que farão parte da exposição Comemorativa dos sete Séculos da Ordem, que se vai realizar já no próximo mês de Maio, na antiga Sacristia Filipina no Convento de Cristo na 2ª Fase das festividades.
Conferencias de Humberto Nuno de Oliveira e Carlos Evaristo sobre a Fundação da Ordem de Cristo,o contexto político e diplomático, o Papa João XXII, D. Dinis e os Símbolos e legado da Ordem, foram bastante elogiados pelos presentes. Um Almoço de Convívio teve lugar na Quinta da Anunciada Velha, antigo Convento da Ordem de Cristo e hoje propriedade da Família do falecido Embaixador junto da Santa Sé, António Pinto da França. Entre as várias individualidades presentes no evento, do Governo, Forças Armadas, GNR e PSP, marcou especial presença o Embaixador Luis Parreira de Sousa e sua esposa. Os participantes foram recebidos carinhosamente pela Embaixatriz D. Sofia Pinto da França, viuvá do Embaixador. e depois do almoço servido
em réplicas dos pratos dos Monges da Ordem de Cristo, seguiu-se Visita Guiada à Quinta Monumental pelo Bernardo Júdice, sobrinho dos Embaixadores.
Fonte: Rádio Hertz

quinta-feira, 21 de março de 2019

SAR, O Senhor D. Duarte de Bragança esteve presente nas Comemorações dos 700 anos da Ordem de Cristo



Já começou a primeira fase das Comemorações Oficiais dos 700 anos da Ordem de Cristo, uma organização do Convento de Cristo em parceria com as Fundações D. Manuel II e Oureana. O aniversário da Bula “Ad ea ex quibus” realizou-se, no dia 14 de Março, na Real Lipsanotheca, da Fundação Oureana, no Castelo de Ourém. No dia seguinte, decorreu, na Igreja de Santa Maria dos Olivais, em Tomar, uma missa solene de abertura oficial do VII Centenário da Ordem de Cristo, que contou com a presença, entre outros, do Duque de Bragança, D. Duarte Pio.

No dia 16 de Março realizou-se uma visita guiada ao Convento de Cristo, tendo os convidados seguido para visitarem uma pequena mostra de artefactos que vão integrar a exposição comemorativa dos sete séculos da Ordem de Cristo, que se realiza em Maio, na antiga sacristia filipina, no Convento de Cristo.

Fonte: O Mirante

quarta-feira, 20 de março de 2019

Magalhães

Uma instituição com os pergaminhos da Real Academia de la Historia jamais se deveria permitir emitir um comunicado que enferma de simplismo, omissão, distorção de factos e falta de informação.

Li com surpresa um Informe de la Real Academia de la Historia sobre la Primera Circunnavegación a la tierra. Com esse comunicado pretende a ilustre academia espanhola, “evitar que la Conmemoración de estos años se conviertan en una fuente de disidencias entre los dos países vecinos”. É caso para dizer: que desaforos não teria proferido a douta assembleia se o seu escopo fosse, em vez de evitar dissidências, fomentá-las…

Uma instituição com os pergaminhos da Real Academia de la Historia jamais se deveria permitir emitir comunicados levianamente escritos sobre os joelhos. A historiadores desportivos facilmente se perdoam quejandos pecadilhos — mas tal não é o caso da instituição aqui em causa. Ora, como vou tentar mostrar, o comunicado enferma de simplismo, omissão, distorção de factos e falta de informação.
Comecemos por notar que, uma vez que Fernão de Magalhães era português — e não conheço documento algum que prove que se tenha alguma vez naturalizado castelhano —, assiste a Portugal o mesmo direito de se associar à comemoração do quinto centenário da histórica viagem que assistiu a Génova para se associar ao centenário de Colombo.
Como a própria academia reconhece no seu comunicado, tanto nas capitulações que em Maio de 1518 celebrou com el-rei D. Carlos, que no seu informe cita, como em muitos outros documentos que não cita, mas que se podem ler na obra clássica de D. Martín Fernández de Navarrete Colección de los Viajes y Descubrimientos que hicieron por Mar los Españoles desde fines del siglo XV, Magalhães e seu companheiro Rui Faleiro são quase sempre referidos na documentação oficial como “caballeros naturales del reino de Portugal”.
Mas quiçá que tal seja de pouca importância. O que o não é é afirmar-se que Magalhães “instituyó un mayorazgo en el que dejaba heredero a su hijo Rodrigo, nacido en Sevilla y, si éste falleciese sin descendencia, impone a su familia portuguesa que quien lo herede debería castellanizar su apellido, llevar sus armas y vivir en Castilla”. Na realidade do testamento original de Magalhães subsiste apenas uma folha, embora no Archivo General de Indias em Sevilha se guardem duas cópias quinhentistas. Das duas deve a priori ser a mais antiga a que merece mais fé; ora nessa cópia lê-se por 18 vezes a forma Magalhaes e uma única Magallanes. Sendo a primeira, do ponto de vista castelhano a lectio difficilior, é a essa, como o sabe qualquer aprendiz de crítica textual, que se deve dar a preferência. Por conseguinte, é abusivo afirmar que quem herdasse o morgadio “debería castellanizar su apellido, llevar sus armas y vivir en Castilla”: o que o testamento estatui é que o morgadio deve ser herdado por varões que continuem a usar quer o nome da família quer as suas armas “sin las mesclar con otras algunas”; segundo a letra do texto a cláusula de residir em Castela apenas se aplica a quem, não sendo descendente direto do navegador, mas de um colateral, viesse por varonia a herdar o morgadio — o que é lógico, pois os bens que Magalhães vincula se situavam naquele reino.
De tudo isto conclui a douta academia que Magalhães “se considera por tanto un castellano más”. Logicamente, o mesmo se deveria aplicar aos companheiros do capitão; fica-se então sem perceber porque razão reduziu a Casa de la Contratación drasticamente o número de participantes portugueses na expedição, impondo nomeadamente a exclusão de Rui Faleiro, sem embargo de ter sido, por carta régia de 22 de Março de 1518, nomeado capitão de um dos navios, e a sua substituição por Juán de Cartagena.
Se tudo se passava entre bons irmãos castelhanos fica-se igualmente sem compreender por que motivo foram, à última hora, impostos a Magalhães mais dois capitães oriundos de Castela, Luís de Mendoza e Gaspar de Quesada; e por que razão se rebelaram tanto este último como Juán de Cartagena contra o capitão português, levando-o a pôr este a ferros em Outubro de 1519 e em seguida a abandoná-lo na Patagónia a 24 de Agosto do ano seguinte, 17 dias depois de aquele ter sido executado. Igualmente sem explicação fica a destituição, a 16 de Setembro de 1521, de João Lopes de Carvalho, capitão da frota desde 2 de Maio, pela maioria castelhana da tripulação, que elegeu Gonzalo Gómez de Espinosa para lhe suceder.
É neste passo oportuno notar que a distinta academia dá no seu informeum salto mortal no tempo ao resumir: “Después de la desaparición de Magallanes, ya en el Índico, se hicieron cargo de los dos navíos que quedaban una vez que llegaron a las Molucas, Juan Sebastián Elcano de la Victoria y Gonzalo Gómez de Espinosa de la Trinidad“. A história é um pouco mais complicada: morto Magalhães em Mactán foi escolhido para lhe suceder seu cunhado Duarte Barbosa. Como Barbosa não tivesse sobrevivido ao cunhado senão quatro dias, foi eleito para o substituir um terceiro português, João Lopes de Carvalho.  Só quando este foi destituído pela chusma assumiu Juán Sebastián de Elcano, mestre da Concepción, queimada a 2 de Maio, o comando da Vitória. De boa ou de má fé, escamoteia assim o informe o facto de a frota ter sido sucessivamente capitaneada por três portugueses.
Embora a ninguém seja lícito fazer ao próximo processo de intenções, dir-se-ia que é na mesma lógica que se insere a agilidade com que a douta academia despacha em cinco linhas a atuação de Magalhães: “Fernando de Magallanes, tras una serie de contratiempos y motines entre la tripulación, logró encontrar el paso al Océano Pacífico por el Estrecho que lleva su nombre y una vez cruzado este océano, con sólo dos navíos, murió en Mactán, una isla del archipiélago de las Filipinas”. O seu mérito parece assim reduzir-se ao de ter achado a passagem para o Pacífico, com que qualquer um, costeando a América do Sul como ele fez, acabaria por topar. Fica no tinteiro o essencial da sua proeza: ter, quando o Atlântico demorara 54 anos a ser explorado, atravessado à primeira tentativa, em apenas três meses, a imensidão do Pacífico, que tanto quando sabemos jamais alguém atravessara. Se o fez não foi graças ao apoio que recebeu de Carlos I de Castela, mas graças à ciência náutica portuguesa que tinha bem assimilada. Foi dela que lhe veio a intuição genial de que o regime de ventos do Pacífico devia ser idêntico ao do Atlântico. Começou, assim, por rumar aproximadamente a norte, aproveitando os ventos alísios de sueste e a corrente de Humboldt que deles recebe a moção. Acompanhando a circulação do grande anticiclone do Pacífico sul inflectiu depois gradualmente para oeste, pondo-se de ló com os alísios do hemisfério sul.  Tendo cruzado a 13 de Fevereiro de 1521 a linha equinocial, pôs-se finalmente a c. de 10° de latitude norte, para aproveitar dos alísios do hemisfério boreal e da corrente equatorial do norte; e com eles, ao cabo de três meses de navegação no desconhecido, alcançou as Filipinas.
Um último reparo, ainda que de somenos importância: lamenta-se a academia quer dos protestos portugueses tentando convencer Carlos I a cancelar a expedição, quer do que veio a suceder aos tripulantes da nau Trinidad, que sem um capitão ou um piloto da fibra de Magalhães, tentou, mas em vão, alcançar o Panamá, vagueando três meses pelo Pacífico até não ter outro remédio senão render-se aos portugueses de Ternate. A cena repetir-se-ia, aliás, com todas as sucessivas expedições castelhanas mandadas a Maluco, pois foi apenas em 1565, quarenta e três anos após ter Elcano concluído a primeira circum-navegação do Globo, que Felipe de Salcedo, assistido do cosmógrafo Frei Andrés de Urdaneta, conseguiu ganhar o México a partir das Filipinas, colocando-se à latitude do Japão para beneficiar dos ventos gerais de oeste. Concluiu assim a primeira travessia do Pacífico no sentido oeste-este, abrindo o caminho ao célebre Galeão de Manila, que a partir daí sulcou anualmente o oceano, entre Manila e Acapulco. Nesta conformidade será um ato de nacionalismo histérico afirmar que, ao tempo, a ciência náutica portuguesa estava mais adiantada? É isso o que explica o frequente recurso de Castela a pilotos e cartógrafos portugueses: Magalhães, João Dias de Solis, Rui Faleiro, Diogo Ribeiro, Fernão da Alcáçova, João Rodrigues Cabrilho, Pedro Fernandes de Queirós e tantos outros.
Afirma a academia: “los tripulantes de la Trinidad, apresados por los portugueses, no pudieron regresar hasta varios años después, cuando fueron liberados al firmar las coronas de Castilla y Portugal un acuerdo sobre la posesión de las Molucas”. Respeito profundamente o seu drama humano; mas convém explicar que o sofreram por terem invadido os domínios que, pelo tratado de Tordesilhas, cabiam à coroa de Portugal. Segundo os cálculos que em detalhe exponho no meu livro O Drama de Magalhães e a volta ao Mundo sem querer (Gradiva, Lisboa, 2018), demasiado complexos para se resumirem aqui, a raia de Tordesilhas recaía necessariamente entre 48° 28’ e 43° 35’ W de Greenwich. O antimeridiano passava, por conseguinte, entre 131° 32′ e 136° 25′ E de Greenwich, ou seja, pelo menos a uns 4° a nascente de Ternate e Tidore, que ficam a c. 127° W. Após a sua travessia do Pacífico, Magalhães aterrou, a 16 de Março de 1521, na ilha filipina de Samar, sita a c. 125° E, por conseguinte, dois graus a oeste da posição real das ilhas de Maluco, nove e meio da que no seu memorial a el-rei D. Carlos lhes atribuíra. Bom marinheiro como era, é provável que se tenha de imediato apercebido do seu erro. Se assim foi, deve ter-se sentido frustrado, senão perdido: traíra el-rei de Portugal para provar que as Molucas pertenciam de direito ao reino comarcão; restava-lhe agora o dilema: ou dar a mão à palmatória, traindo el-rei de Castela, ou obstinar-se no erro e trair assim a sua própria consciência.
Foi talvez a angústia resultante do transe em que se via que o inibiu de rumar logo de seguida às ilhas que constituíam o objetivo da sua expedição, pondo-se durante quarenta dias a vaguear pelas Filipinas, até colher a morte numa luta tribal em que se imiscuiu, de mais que diminuto interesse para a Coroa de Castela. Assim feneceu tragicamente a vida de um homem que foi quiçá o mais ousado navegante da história da humanidade. Outros castelhanos e portugueses ao serviço de Castela, utilizando a favor desta quer as imprecisões de Tordesilhas quer as divergências na correspondência dos graus de longitude a léguas, deslocavam, de boa ou de má fé, a raia muito mais para ocidente do que fazia Magalhães. Se o faziam de má fé, tinham em certa medida desculpa, pois tentavam vergar a favor da potência de que dependiam a realidade matemática das coisas. Já a Real Academia de la Historia, com o que de officio é obrigada a saber, de todo em todo a não tem…
  • Luís Filipe Thomaz
Historiador
Fonte: Observador

terça-feira, 19 de março de 2019

Dia de São José - Dia do Pai

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Hoje comemoramos o grande patrono da Igreja Universal: São José.
Ninguém ignora que São José é o esposo de Nossa Senhora e o pai adoptivo de Jesus. A Bíblia não fala muito dele. No entanto, o amor cristão faz de cada palavra do Evangelho de São Mateus um ensinamento novo para a vida. Eis alguns factos que sempre recordamos:
- A ordem dada a São José de receber Maria como sua esposa - é o fim do Antigo Testamento e o começo do Novo; ele é o patriarca, o grande pai.
- A fuga para o Egipto e a volta lembram a história de todo o povo de Israel – o Êxodo.
Portanto, São José é o patrono da família, dos pobres, dos pequeninos, dos perseguidos e dos sofredores.
Da Bíblia, recebeu ele o título maior que ela costuma dar a alguém: Justo. São José era um homem "justo" e humilde a toda a prova.
Tanto a Idade Média quanto os tempos modernos lembraram muito São José como modelo de pai amoroso e de operário dedicado.
A sua simplicidade e a fidelidade fizeram dele o protector escolhido para Maria e para o próprio Jesus, bem como para todos nós.
Aprendamos com São José e invoquemos a sua protecção:
São José, rogai por nós!

segunda-feira, 18 de março de 2019

A Ciência Portuguesa Na Viagem de Circum-navegação de Magalhães



Fernão de Magalhães, argonauta português, terá nascido em Sabrosa – embora Ponte da Barca também reclame a sua naturalidade -, na Primavera de 1480 ou a 14 de Outubro desse mesmo ano e notabilizou-se por ter organizado a primeira viagem de circum-navegação ao globo de 1519 até 1522.
Fernão de Magalhães era oriundo de uma família da baixa Nobreza, pois era filho de Rui de Magalhães, um Cavaleiro-Fidalgo que exerceu cargos de governação na Cidade do Porto e de Alda de Mesquita. Sendo Rui de Magalhães Cavaleiro Fidalgo da Casa de D. Afonso, 1.º Conde de Faro, 2.º Conde de Odemira jure uxoris, Fernão de Magalhães com dez anos tornou-se pagem da Corte da Rainha D. Leonor, consorte de D. João II.
Em 1505, com 25 anos, alistou-se na Armada da Índia, na frota de 22 navios expedida para estabelecer D. Francisco de Almeida como primeiro vice-rei da Índia, onde Magalhães permaneceu oito anos, repartindo a estadia por Goa, Cochim e Quíloa. Tomou parte em várias batalhas, inclusive na célebre a batalha naval de Cananor em 1506, onde foi ferido, e na determinante batalha de Diu. Em 1509 partiu com Diogo Lopes de Sequeira na primeira embaixada a Malaca, onde seguia também o seu grande amigo e parente Francisco Serrão. Chegados a Malaca em Setembro, foram vítimas de uma conspiração e a expedição terminou em fuga, na qual Magalhães teve um papel crucial avisando Sequeira e salvando Francisco Serrão que havia desembarcado. Para trás ficaram dezanove prisioneiros. A sua valentia valeu-lhe honrarias e uma promoção.

Ao serviço do novo governador, Afonso de Albuquerque, participou junto com Serrão na conquista de Malaca em 1511. Após a conquista da cidade os seus caminhos separaram-se: Magalhães promovido, com um rico saque e na companhia de um escravo malaio, regressou a Lisboa em 1513.
Mas Fernão de Magalhães, ausenta-se da Capital do Reino sem permissão real e perde influência. Em Azamor, Marrocos, é ferido em combate, sendo ainda acusado de comércio ilegal com os mouros. Regressa a Lisboa a 15 de Maio de 1514 e D. Manuel I recusa-lhe aumento de tença. Mais tarde, em 1515, surgiu uma oferta para membro da tripulação de um navio de Português, mas Magalhães rejeitou-a, o que enfureceu El-Rei.
Em Lisboa, Magalhães dedica-se a estudar toda a ciência saída da cadeira de Astronomia na Universidade de Coimbra, cujo mecenas havia sido o Infante Dom Henrique, e da escola náutica do Infante responsável pelo desenvolvimento da Caravela, dos portulanos, de roteiros e de instrumentos náuticos que facilitassem as descobertas por parte dos navegadores portugueses. Recorde-se que “O Navegador” investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia. Todo esse conhecimento, aproveitou Magalhães e nas mais recentes cartas procurou em parceria com o cosmógrafo Rui Faleiro, uma passagem para o pacífico pelo Atlântico Sul e a possibilidade de as Molucas – onde D. Manuel I não o autorizava a ir – estarem na zona espanhola definida pelo Tratado de Tordesilhas.
Em 1517, Magalhães foi para Sevilha com Rui Faleiro, encontrando no feitor da “Casa de la Contratación” da cidade um adepto do projecto que entretanto concebera: dar a Espanha a possibilidade de atingir as Molucas pelo Ocidente, por mares não reservados aos portugueses no Tratado de Tordesilhas e, erradamente, provar que as ilhas das especiarias se situavam no hemisfério castelhano.
Ao fazer isso, Fernão de Magalhães cometia traição, pois El-Rei Dom João II estabelecera o Segredo de Estado: a salvaguarda dos segredos e da tecnologia marítima de que Portugal foi pioneiro, com vista à supremacia da sua política de expansão marítima, proibindo a divulgação dos planos de construção e a venda de caravelas portuguesas. Criou o conceito de material classificado, organizando e limitando o acesso a esses segredos, que eram agora da Coroa e do Estado. Assim, passou a haver níveis de informação com diferentes graus de acesso que estava limitado a pessoas autorizadas para o fazer consoante a sua grandeza na cadeia de comando, peso estratégico e posição no Estado. Desta forma mapas, cartas de marear, livros de astronomia, roteiros de viagem, instrumentos de navegação ficavam apenas ao alcance de quem tivesse autorização régia para os usar, pois eram ‘classified & top secret’. Dom João II, proibiu ainda pilotos, mestres e marinheiros de servir nações e entidades estrangeiras adversárias. Para quem violasse estas regras instituídas pela Coroa, severas penas estavam reservadas, pois constituiriam acto de traição – tal como nos nossos dias.

Magalhães ignorando tudo isso, estabelece-se em Sevilha, casando, em Dezembro de 1517, com Beatriz Barbosa, sua parente, filha de Diogo Barbosa e de sua mulher Maria Caldeira, e teve dois filhos: Rodrigo, que faleceu muito novo, e Carlos, que faleceu ao nascer.
A Coroa espanhola cobiçava as riquezas que os portugueses obtinham no Oriente. Ciente da forma esférica da Terra, Fernão de Magalhães com a ciência portuguesa propôs-se a navegar através dos mares do sul dobrando a extremidade do subcontinente americano. Esperava desta forma encontrar as cobiçadas Ilhas das Especiarias e reclamá-las para o rei de Espanha.
Com a influência do bispo de Burgos consegue o beneplácito para o projecto por parte do Imperador Carlos V – Carlos I de Espanha -, principiando os demorados preparativos para a viagem. O cartógrafo de origem portuguesa Diogo Ribeiro, com a ciência que aprendera em Portugal, participou no desenvolvimento dos mapas utilizados na viagem.
A 20 de Setembro de 1519, com uma esquadra de cinco navios e uma tripulação total de 234 homens, com cerca de 40 portugueses entre os quais Álvaro de Mesquita, primo co-irmão de Magalhães, e Duarte Barbosa, primo da mulher, João Serrão, primo ou irmão de Francisco Serrão e Estevão Gomes e Henrique de Malaca, Fernão de Magalhães parte de Sanlúcar de Barrameda, para a primeira viagem de circum-navegação ao globo.
Foi o primeiro a alcançar a Terra do Fogo no extremo sul do continente americano, a atravessar o estreito que hoje leva seu nome e a cruzar o Oceano Pacífico, a que deu o nome. O Pinguim-de-magalhães recebeu o seu nome como homenagem, já que Magalhães foi o primeiro Europeu a ter visto um. Aí, também, encontrou as nebulosas que hoje ostentam o seu nome – as nebulosas de Magalhães.
Em Março de 1521, a expedição alcançara a ilha de Ladrões no actual arquipélago de Guam, alcançando a ilha de Cebu, em 7 de Abril. Aí encetaram trocas comerciais com os nativos. Contudo, no dia 27 de Abril, em 1521, o navegador português Fernão de Magalhães, como gesto de boa vontade resolve auxiliar um Chefe local, que convertera ao cristianismo, a subjugar uma tribo inimiga na ilha vizinha de Maktan. Todavia, ao confrontar a tribo numa praia apercebeu-se que esta era mais belicosa do que antecipara, forçando a retirada atabalhoada dos soldados de Magalhães. Na sortida é atingido por uma flecha envenenada e abandonado pelos soldados em fuga. Magalhães cai morto pelo nativo Lapu-Lapu.
A expedição prosseguiu sob o comando de João Lopes Carvalho, deixando Cebu no início de Março de 1522. Dois meses depois, seria comandada por Juan Sebastián Elcano.

Decidiram incendiar a nau Concepción, visto o pequeno número de homens para operá-la, e finalmente conseguiram chegar às Molucas, onde obtiveram seu suprimento de especiarias. Essa acabou ali a viagem,permanecendo para reparos e a “Victoria” voltou sozinha para casa, contornando o Índico pelo sul, a fim de não encontrar navios portugueses.


Em Trinidade, após os reparos tentou seguir uma rota pelo Pacífico até a América Central, onde poderia contactar os espanhóis e levar sua carga, no entanto acabou tendo de retornar às Molucas onde seus tripulantes foram aprisionados pelos portugueses que haviam chegado. A nau “Victoria” dobrou o Cabo da Boa Esperança em 1522, fez escala em Cabo Verde, onde alguns homens foram detidos pelos portugueses, alcançando finalmente o porto de San Lúcar de Barrameda, com apenas 18 homens na tripulação.
Uma única nau tinha completado a circum-navegação do globo ao alcançar Sevilha em 6 de Setembro de 1522. Juan Sebastián Elcano, a restante tripulação da expedição de Magalhães e o último navio da frota regressaram decorridos três anos após a partida. A expedição poucos benefícios financeiros trouxe, não tendo a tripulação chegado a receber o pré.
Concluindo: uma expedição paga e ao serviço da Coroa espanhola, mas comandada pelo português Fernão de Magalhães, com ciência portuguesa – subtraída -, com tripulação de diversas nacionalidades – entre as quais, a portuguesa – descobriu a passagem entre o Oceano Pacífico e dá pela primeira vez a volta ao Mundo, demonstrando a esfericidade da Terra.

Miguel Villas-Boas

domingo, 17 de março de 2019

Roteiros Reais - Segredos do Museu Militar


No próximo dia 23 de Março, pelas 10:00, a Real Associação de Lisboa retoma a sua rubrica dos Roteiros Reais, desta vez para conhecer os segredos do Museu Militar, antigo Real Arsenal do Exército.

O Museu Militar foi criado em 1842 pelo Barão de Monte Pedral como Real Arsenal do Exército e oficialmente aberto ao público como Museu da Artilharia pela Rainha D. Maria II em 1851. A preocupação dos fundadores e do seu primeiro director, o General José Eduardo Castel Branco foi fazer deste antigo Real Arsenal um lugar de conservação do património militar e da memória da história bélica portuguesa, nas suas heróicas vitórias e honradas derrotas.

Nesta visita iremos conhecer o riquíssimo espólio do museu, da artilharia do Séc. XVI até à pinturas historicistas dos séculos XIX e XX, onde se destacam famosos quadros como o da aclamação de D. João IV,  e também alguns segredos como o da Sala dos Gessos, onde se encontra guardado o molde da estátua equestre de D. José I.

Esta visita, guiada pelo nosso associado Joel Moedas Miguel, tem lugares limitados* e um custo de 15,00 eur por pessoa. O ponto de encontro será em frente Panteão Nacional.

INFORMAÇÃO IMPORTANTE: Sendo dia de Feira da Ladra aconselhamos o uso de transporte público visto ser quase impossível encontrar lugar para estacionar. Contudo, quem trouxer carro aconselhamos o Parque que fica junto ao restaurante Bica do Sapato.

Para mais esclarecimentos e inscrições, contacte-nos através do endereço secretariado@reallisboa.pt, pelo telefone 21 342 81 15 ou presencialmente na nossa sede no novo horário de atendimento: de segunda a sexta-feira das 11:00 às 14:00.


* No caso de ser atingida a lotação da visita, é dada prioridade aos associados da Real Associação de Lisboa.

quinta-feira, 14 de março de 2019

Portugal Nunca teve Uma Mulher Presidente… Mas Já Teve Duas Rainhas Soberanas: D. Maria I e D. Maria II


 D. Maria I (Lisboa, 17 de Dezembro de 1734 – Rio de Janeiro, 20 de Março de 1816)

O primeiro acto de Dona Maria I, a primeira mulher Rainha de Portugal, foi ordenar a libertação massiva dos presos que, despótica e arbitrariamente, o Secretário de Estado do Rei D. José I, Sebastião José de Carvalho e Mello, vulgo Marquês de Pombal, no seu consulado, tinha enviado para o cárcere injustamente. O Povo deu a este acto o nome de Ressurreição”, assim eufemisticamente apelidado, porque foram soltos milhares de indivíduos que haviam sido encarcerados – há tanto tempo que ninguém acreditava que ainda estivessem vivos – no projecto de consolidação do poder pessoal do Marquês, que entretanto se demitiu. A este acto da Rainha seguiram-se inúmeras manifestações de júbilo popular que se prolongou ao longo de dias até à Aclamação (1777) da novel Rainha de Portugal, a primeira Soberana. Com D. Maria I, a Piedosa, a primeira mulher Rainha Soberana de Portugal, restabelece-se a Monarquia de Tradição Portuguesa segundo o qual o poder era entregue ao Rei para governar de acordo com o bem comum, não sendo nunca um poder pessoal, extirpado de qualquer forma de absolutismo, mas uma posição de prerrogativa com a obrigação de servir, governando com Justiça, sendo do ofício do Monarca manter os direitos e interesses de cada um dos súbditos e o bem comum do Reino de Portugal com a promulgação das competentes Leis justas. Com Sua Majestade Fidelíssima A Rainha Dona Maria I de Portugal, verifica-se o regresso da vocação de serviço da Monarquia Portuguesa em que o Monarca aceita que o seu poder é limitado pelas Leis Fundamentais do Reino, expressas nas Actas das Cortes de Lamego, que apesar de serem apócrifas, se tornaram na Lei Fundamental do Reino, uma vez que o seu teor jurídico é aquele que correspondia ao Costume, e por isso se tratam da codificação do direito da Monarquia Portuguesa:

‘Estas são as Leis da herança do nosso Reino: boas são, justas são, queremos que valham por nós, e por nossos descendentes, que depois vierem.’

D. Maria I, apelidada de “a Piedosa”, foi a Rainha de Portugal e Algarves de 1777 até 1815, e também Rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves a partir do final de 1815 até sua morte, em 20 de março de 1816, Rio de Janeiro, para onde havia partido com as invasões francesas; 1792, D. Maria I havia sido substituída na governação pelo filho D. João (VI), que se tornou Regente quando a mãe começou a mostrar sinais de demência.



 D. Maria II (Rio de Janeiro, 4 de Abril de 1819 – Lisboa, 15 de Novembro de 1853),
 apelidada de “a Educadora” e “a Boa Mãe”, foi a Rainha de Portugal e Algarves em dois períodos diferentes, primeiro de 1826 até ser deposta em 1828 por seu tio El-Rei Dom Miguel I, e depois da Guerra Civil que a colocou novamente no Trono de Portugal de 1834 até sua morte, em Lisboa, a 15 de Novembro de 1853.

Era filha do Regente, em Seu nome, D. Pedro, Duque de Bragança e 1.º Imperador do Brasil e da Arquiduquesa Dona Leopoldina da Áustria.

D. Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança (1819-1853) nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, e, enquanto jovem, era loira, de pele muito fina e clara, de olhos azuis como a mãe austríaca e um retrato da elegância.

Aos 7 anos de idade o pai, D. Pedro, abdicou a seu favor e assim Dona Maria da Glória acaba por ascender ao Trono de Portugal com apenas 15 anos. Deveria ter casado com seu tio El-Rei D. Miguel I, com quem chegou a celebrar os esponsais, casando por palavras futuras, em 1827, mas apesar do tio Dom Miguel, de boa vontade jurar a Carta Constitucional outorgada pelo irmão, o Senhor Dom Miguel acaba por ser Aclamado Rei, pelo que uma Guerra Civil passa a opor o chefe do partido Liberal o Regente D. Pedro e o Rei tradicionalista, nunca se vindo a concretizar o matrimónio entre tio e sobrinha.
Como Dona Maria II foi a 31.ª Rainha de Portugal e dos Algarves e teve um reinado difícil marcado não só pela Guerra Civil, assim como pela revolta militar dos Marechais e pelas revoltas populares da Maria da Fonte e da Patuleia.

Casou a 26 de Janeiro de 1835 com o príncipe Augusto Carlos Eugénio Napoleão de Beauharnais, que morreria em 28 de Março de 1835 de difteria, no Paço Real das Necessidades, em Lisboa. Viúva, Dona Maria II de Portugal casou, em segundas núpcias, com o Príncipe Fernando Augusto Francisco António de Saxe-Coburgo-Gotha (Rei Consorte como Fernando II), em 9 de Abril de 1836, com quem viveu uma conhecida felicidade conjugal. As gestações sucessivas, somada à subsequente obesidade, levaram os médicos a alertarem a Rainha sobre os graves riscos que corria em continuar a engravidar. Alheia aos avisos, Dona Maria II replicava: “Se morrer, morro no meu posto”. Em 15 de Novembro de 1853, treze horas após o início do trabalho de parto do seu 11.º filho, Dona Maria II morreu, aos 34 anos de idade, de parto distrófico. Jaz sepultada no Panteão dos Bragança no Mosteiro de S. Vicente de Fora.

A Soberana Portuguesa foi mãe de, entre outros, d’El-Rei Dom Pedro V e do Rei Dom Luís I.
Miguel Villas-Boas