Dom Nuno Álvares Pereira nasceu no Crato, Flor de Rosa, Bonjardim (no Paço do Bonjardim ou Flor da Rosa, porque Flor da Rosa quando nasceu São Nuno era conhecida como o Bom Jardim, pode ler-se na Ala dos Namorados “Nuno Álvares Pereira nasceu no Castelo do Bom Jardim a pequena distância do Crato e da Fronteira de Castela”), em 24 de junho de 1360 e faleceu em Lisboa, Convento do Carmo, em 1 de Novembro de 1431.
D. Nuno Álvares Pereira foi um dos filhos naturais de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital, e Iria Gonçalves do Carvalhal. Era meio-irmão mais novo de Rodrigo Álvares Pereira, D. Frei Pedro Álvares Pereira e Diogo Álvares Pereira, e irmão mais novo de Fernão Álvares Pereira, sendo legitimado pelo rei D. Pedro I, em 1361, pelo que cresceu na casa do seu pai até aos seus treze anos, tornando-se exímio cavaleiro, homem d’armas e guerreiro. Desde cedo demonstrou gosto pela leitura dos livros de cavalaria cujo ideal moldou o seu nobre e virtuoso carácter.
Com treze anos, abandonou a casa de seu pai para ir como pajem para a Corte do Rei D. Fernando de Portugal, onde desde cedo se destacou, como numa missão de reconhecimento ao exército de Castela, que cruzava Santarém a caminho de Lisboa, onde Nuno foi ao serviço da Rainha D. Leonor Telles e Diogo pelo do Rei, tendo Nuno envergado uma armadura emprestada por D. João, o Mestre de Avis, gesto que os tornaria amigos inseparáveis para toda a vida. O jovem Nuno, demonstrando já ser grande estratega, relatou então que o exército de Castela, apesar de grande, era mal comandado, e que poderia ser vencido por uma pequena força desde que bem comandada. O relatório recolheu tal aplauso que D. Nuno e o seu irmão Diogo foram armados cavaleiros como sinal de reconhecimento régio.
Com temperamento virtuoso D. Nuno decidira manter-se casto, aspiração que viu contrariada, em 1376, quando o seu pai decidiu que D. Nuno deveria casar, aos 16 anos, com D. Leonor de Alvim, quatro anos mais velha, viúva rica de um primeiro casamento sem filhos. Assim aconteceu o matrimónio, em cerimónia realizada em Vila Nova da Rainha, freguesia do concelho de Azambuja, estabelecendo-se o casal depois em Pedraça, Cabeceiras de Basto, no Minho, numa propriedade da noiva. Com este casamento, o pai quis garantir o futuro do filho, já que Nuno não podia suceder-lhe no cargo de prior que passaria para o irmão D. Pedro, nem nos seus bens, que herdaria o seu irmão D. Rodrigo.
Foi um dos grandes protagonistas na crise de 1383-85. D. Nuno Álvares Pereira logo foi fazer penhor da sua lealdade e apoio ao Mestre de Avis, nas Cortes de Coimbra. Com a eleição em 6 de Abril de 1385 de D. João, Mestre de Avis como D. João I Rei de Portugal, D. Nuno é nomeado Condestável de Portugal e agraciado com o título de Conde de Ourém.
D. Nuno Álvares Pereira realizou, então, a sua famosa expedição pelo Alentejo acompanhado de 40 dos melhores escudeiros da altura, e foi engrossando as fileiras com a boa gente dessa região, até que chegou a Atoleiros, a meia légua da fronteira com Castela, que se preparava para acometer. Aí D. Nuno começou por inovar, pois foi nos Atoleiros que pela primeira vez se combateu a pé em Portugal, e, D. Nuno utilizou a famosa técnica da formação do exército em quadrado: distribuiu os seus homens armados e os besteiros pelas alas e o povo no meio. Também por isso, D. Nuno empunhava a famosa Arma de liderança da Infantaria, o célebre e temido Martelo Bico de Corvo, tipo de arma de haste do final da Idade Média, que consistia em uma haste com um martelo e uma ponta afiada. Enquanto a ponta conseguia perfurar armaduras, o martelo passava a força do golpe através da armadura mesmo não o quebrando. De volta à batalha, os castelhanos ao verem os portugueses apeados, e para mais em minoria, acharam que ia ser fácil vencê-los pelo que se lançaram a cavalo sobre o exército lusitano aos gritos de “Castyla! Sant’iago!” ao que os portugueses responderam berrando “Portugal! São Jorge!” e D. Nuno ordenou aos seus soldados que como ele fizessem uma genuflexão com o joelho direito no chão e a outra perna a fazer finca-pé e depois levantar as lanças num ângulo agudo, apoia-las no chão e os cavalos castelhanos se foram espetar nelas. Os Castelhanos feridos e no chão eram então bombardeados por dardos e virotões, e cercados por todos os lados pelos portugueses o que impedia que os primeiros escapassem. Assim os portugueses saíram vitoriosos sobre os castelhanos, na Batalha dos Atoleiros, em 1384. D. Nuno Álvares Pereira cimenta assim o seu papel de 2.º Condestável de Portugal – título criado após o fim do Império Romano com a grafia latina de Comitis stabilis que substituiu o imperium proconsulare maius e o ulterior Dux -, honra com que foi agraciado por D. João I, de Avis, e ainda recompensado com o título de 3.º Conde de Ourém.
Em Outubro de 1385 trava em terreno castelhano a célebre batalha de Valverde, onde na fase mais crítica da batalha e quando já parecia que o exército português iria sofrer uma derrota completa, se deu pela ausência de D. Nuno, e quando já se temia o pior desfecho, os seus companheiros encontram-no em êxtase, ajoelhado a rezar entre dois penedos. Quando Rui Gonçalves, em aflição o chamou dando conta ao Conde que a batalha que se perdia, o Condestável fez um sinal com a mão a pedir silêncio. Sendo, de novo, chamado à atenção por Gonçalo Annes de Villas-Boas, Alcaide-mor de Castelo de Vide, que invectivou ao Conde: ‘Nada de orações, que morremos todos!, respondeu-lhe D. Nuno, serenando-o: ‘Amigo, ainda não é hora. Aguardai um pouco e acabarei de orar.’; quando acabou de rezar, ergue-se com o rosto iluminado e dando as suas ordens, foi temerário e inspirado pelo Senhor ganhar a batalha, atacando ao hordas do mestre de Santiago. Foi tal o arrojo de D. Nuno que, após esta batalha, os castelhanos recusaram-se a voltar a enfrentá-lo em campo aberto.
O nome do Conde Nun’Álvares passou, então, a inspirar terror nos castelhanos, limitando a partir daí a pilhagens junto à fonteira e ao bate e foge.
A consolidação da Independência ocorreu na batalha de Aljubarrota, na qual se deve a maior quota-parte da vitória sobre o Leão de Castela às tácticas de D. Nuno Álvares Pereira. Aí a sua característica espada ilustrou-se mais do que nunca na batalha. Pelas dezoito horas do dia 14 de Agosto de 1385, o exército português composto por 6500 homens e 200 archeiros dos aliados ingleses comandados por El-Rei Dom João I de Portugal e pelo Conde Dom Nun’Álvares Pereira, o 2.º Condestável de Portugal, ilustraram-se pelas armas ao defrontarem e vencerem o exército castelhano de 30.000 soldados e 2000 cavaleiros dos seus aliados franceses liderados pelo Rei Don Juan I de Castela, reconfirmando a Independência do Reino de Portugal.
Apesar das sucessivas derrotas militares, como em Lisboa e nos Atoleiros, o rei D. Juan I de Castela não desistira da coroa de Portugal, que entendia advir-lhe ius uxoris pelo casamento e opondo-se a tal resolução, responde invadindo Portugal, pela Beira-Alta, em Junho de 1385, e desta vez à frente da totalidade do seu exército e auxiliado por um forte contingente de cavalaria francesa. Quando as notícias da invasão chegaram, D. João I de Portugal encontrava-se em Tomar na companhia de D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável do Reino, e do seu exército, e mais uma vez, o chicote de Portugal, D. Nuno Álvares Pereira, resolve tomar rédeas à situação e sitia as cidades que, entretanto, se converteram fiéis a Castela. Avança e a decisão tomada foi a de enfrentar os castelhanos antes que pudessem levantar novo cerco a Lisboa. Com os aliados ingleses, o exército português interceptou os invasores perto de Leiria. Dada a lentidão com que os castelhanos avançavam, D. Nuno Álvares Pereira teve tempo para escolher o terreno favorável para a batalha e a 14 de Agosto de 1385 tem a oportunidade de exibir toda a sua mestria e génio militar em Batalha.
A opção para a Batalha recaiu sobre uma pequena colina de topo plano rodeada por ribeiros, no Campo de São Jorge, Calvaria de Cima, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre Leiria e Alcobaça. Contudo o exército português não se apresentou ao castelhano nesse sítio: inicialmente formou as suas linhas noutra vertente da colina, tendo depois, já em presença das hostes castelhanas mudado para o sítio predefinido, isto provocou bastante confusão nas tropas de Castela. Assim pelas dez horas da manhã do dia 14 de Agosto, o exército português e os aliados ingleses comandados por El-Rei de Portugal D. João I e o Condestável do Reino tomaram a sua posição na vertente norte desta colina, de frente para a estrada por onde o exército castelhano e seus aliados franceses liderados por D. Juan I de Castela e Leão, eram esperados.
Mas, vendo que o pior da investida castelhana ainda estava para chegar, o Rei de Portugal ordenou a retirada dos besteiros e archeiros ingleses e o avanço da retaguarda através do espaço aberto na linha da frente. Desorganizados, sem espaço de manobra e finalmente esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos pouco puderam fazer senão morrer ou tentar fugir.
Ao entardecer a batalha estava já perdida para Castela. Precipitadamente, D. Juan de Castela ordenou uma retirada geral sem organizar uma cobertura. Os castelhanos debandaram então desordenadamente do campo de batalha. A cavalaria portuguesa lançou-se então em perseguição dos fugitivos, dizimando-os sem piedade, inclusive o partidário de Castela, D. Pedro, irmão de D. Nuno. Alguns fugitivos procuraram esconder-se nas redondezas, apenas para acabarem mortos às mãos do povo. Surge aqui um mito português em torno da batalha: uma mulher, de seu nome Brites de Almeida, recordada como a Padeira de Aljubarrota, iludiu, emboscou e matou, pelas próprias mãos, alguns castelhanos em fuga. A história da verduga figura é por certo uma lenda da época.
De qualquer forma, pouco depois, D. Nuno Álvares Pereira ordenou a suspensão da perseguição e deu trégua às tropas fugitivas. Ao amanhecer do dia seguinte, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à vista: os cadáveres eram tantos que chegaram para barrar o curso dos ribeiros, que flanqueavam a colina e o barulho ensurdecedor do crocitar dos corvos contribuía para o cenário de tétrico. Para além de soldados de infantaria, morreram também muitos nobres castelhanos, o que causou pesado luto em Castela.
A apenas 400 baixas portuguesas corresponderam mais de 4000 baixas castelhanas.
A Batalha de Aljubarrota representa uma das raras grandes batalhas campais da Idade Média entre dois exércitos régios e um dos acontecimentos mais decisivos da História de Portugal. No campo militar significou a inovação de uma táctica, onde os homens de armas apeados foram capazes de vencer a poderosa cavalaria medieval, que, a partir daí, entrou em declínio.
No campo diplomático, permitiu reafirmar a aliança entre Portugal e a Inglaterra, que já haviam assinado o Tratado de Paz, Amizade e Aliança ou Tratado de Westeminster, a 16 de Junho de 1373, na Catedral de São Paulo, em Londres, firmado entre os plenipotenciários d’El-Rei Dom Fernando I de Portugal e o Rei Eduardo III de Inglaterra e o Príncipe de Gales (Eduardo de Woodstock, “o Príncipe Negro”). O Tratado de ‘perpétua amizade, sindicato e aliança’ entre as duas nações, a mais antiga aliança do mundo, confirmou o anterior Pacto de Tagilde. O chamado Tratado, ou melhor Pacto de Tagilde, que o Rei D. Fernando I de Portugal assinou com os delegados de John de Gaunt, Duque de Lencastre, e 4.º filho do Rei Eduardo III de Inglaterra, é considerado o preambulo da Aliança Luso-Britânica, e foi firmado a 10 de Julho de 1372, na Igreja de São Salvador de Tagilde, e marcou o exórdio da mais velha aliança diplomática do mundo, que perdura até aos nossos dias.
Esta Aliança foi reforçada no ano seguinte a Aljubarrota pelo Tratado de Windsor de 9 de Maio de 1386 e seria consolidada, em 1387, pelo casamento de D. João I com a Princesa Inglesa Dona Filipa de Lencastre (Lady Phillippa of Lancaster), filha de John Gaunt, Duque de Lancaster, e neta do então monarca inglês Eduardo III, de cujo consórcio matrimonial nasceria a Ínclita Geração. No aspecto político, resolveu a disputa que dividia o Reino de Portugal e de Castela.
Finda a ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como Condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos, e foi generosamente recompensada pelo rei pelos vários títulos que recebeu e propriedades, ficando dono de quase metade do país.
Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. Juan de Castela, dedicou-se a realizar incursões contra a fronteira de Castela, com o objetivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques.
Do seu casamento com D. Leonor de Alvim (1360), o Condestável teve três filhos, mas apenas uma filha teve descendência, D. Beatriz Pereira de Alvim. Foi, então, acordado o casamento da sua filha com um dos filhos do rei, em 1401: D. Afonso, que seria 1.º Duque de Bragança, D. Afonso (I) – filho natural que D. João, Mestre de Avis, ainda solteiro e antes de ser Rei tivera com uma rapariga solteira de nome Inês Pires -, dando origem à Casa de Bragança que viria a reinar em Portugal três séculos mais tarde, solidificando toda a aura que já o seguia.
Consolidada a paz com Castela, D. Nuno Álvares Pereira, que entrementes fora agraciado com sucessivas doações de terras e bens, dedicou-se a obras de caridade. Em 1393 distribui muitas das suas terras pelos companheiros de armas. Estando ele viúvo desde 1388, em 1414 morre a sua única filha, D. Beatriz. Opta, então, por novo rumo de vida, dedicando-se mais aos trabalhos agrícolas nos seus domínios de Vila Viçosa.
D. Nuno participou, ainda, na conquista de Ceuta em 1415 e foi convidado pelo rei a comandar a guarnição que lá ia ficar. O Condestável recusou, pois desejava abandonar a vida militar.
Luís de Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em “Os Lusíadas”: o forte Nuno, como Camões o designa, aparece logo evocado na 12.ª estrofe do canto primeiro, “Por estes vos darei um Nuno fero, Que fez ao Rei e ao Reino tal serviço,” e no canto oitavo, estrofe 32: “Mas mais de Dom Nuno Álvares se arreia. Ditosa Pátria que tal filho teve!”.
Em 1422 reparte pelos netos os seus títulos e bens; a sua neta D. Isabel, casou-se com o infante D. João, futuro Condestável.
Torna-se, então, carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo, que mandara construir como cumprimento de um voto), tomando o nome de Irmão Nuno de Santa Maria.
Percorria as ruas de Lisboa e distribuía esmolas a quem precisava. No convento tinha um grande caldeirão usado pelos seus homens nas campanhas militares, onde se faziam refeições para os pobres. Estas ações levaram o povo a chamá-lo de Santo Condestável.
Ao tornar-se Frei Nuno de Santa Maria, como irmão donato, abdicou do título de conde e de Condestável e pretendeu ir pelas ruas pedir esmola, o que assustou o rei, que pediu ao Príncipe D. Duarte, que tinha muita admiração por D. Nuno, para convencê-lo a não fazer tal coisa. O infante convenceu Frei Nuno a apenas aceitar esmola do Rei, o que foi aceite. Passa os últimos anos da sua vida, entregue à penitência e servindo os pobres.
No seu último ano de vida, o Rei D. João I fez-lhe uma visita no Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno Álvares Pereira o seu mais próximo amigo, que o colocara no trono e salvara a independência de Portugal.
Aí permanece D. Nuno até à morte, que ocorreu em 1 de Novembro de 1431 (dia de Todos-os-Santos), com 71 anos, rodeado pelo rei e os infantes.
Já em vida era conhecido como o Santo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira foi beatificado em 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV através do Decreto “Clementíssimus Deus”, e foi consagrado beato no dia 6 de Novembro. Sua Santidade O Papa Bento XVI, durante o Consistório de 21 de Fevereiro de 2009, determinou que o beato Nuno fosse inscrito no álbum dos Santos no dia 26 de Abril de 2009.
Do seu casamento com Leonor de Alvim, nasceram três filhos: dois rapazes que morreram jovens e uma filha que chegou à idade adulta e teve descendência: Beatriz Pereira de Alvim, que se tornou mulher de D. Afonso, o 1.º Duque de Bragança, dando origem à Sereníssima Casa de Bragança que viria a reinar em Portugal três séculos mais tarde.
Não obstante, a primogenitura, a descendência direta e a representação genealógica do Condestável pertence aos Marqueses de Valença, por o 1.º Marquês de Valença e 4.º Conde de Ourém (por doação directa do condestável, seu avô materno), Afonso de Bragança, ser o filho primogénito de sua mãe: Beatriz Pereira de Alvim, primeira esposa do 1.º Duque de Bragança, D. Afonso. Por esse motivo os Marqueses de Valença mantiveram até aos dias de hoje o uso do apelido “de Portugal” em alusão ao reino e também à varonia real, mais tarde mantida pelo tronco “de Sousa Coutinho” (Borba e Redondo). Esta razão está também patenteada na própria heráldica, mantendo os Marqueses de Valença a “cruz florenciada” dos Pereira alternada com as Armas do Reino, o que já não acontece com o ramo segundogénito, os Duques de Bragança, que nunca tiveram direito ou pretensão a esta representação genealógica.
Por outro lado, a família Mello dos Duques de Cadaval, por sua vez um ramo segundogénito da família Bragança, veio mais tarde a adoptar, em memória ao seu ilustre antepassado e por passarem a ter a varonia Bragança, o apelido “Álvares Pereira” e as mesmas armas dos “Portugal”, o que não lhes induz algum direito de representação, a não ser por pura analogia.
Epitáfio no túmulo de D. Nuno Álvares Pereira, destruído no Terramoto de 1755:
“Aqui jaz aquele famoso Nuno, o Condestável, fundador da Sereníssima Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo.”
| Estandarte de D. Nuno Álvares Pereira
O Estandarte pessoal concebido por D. Nuno Álvares Pereira revela os sentimentos piedosos do Santo Condestável.
O seu pavilhão particular era branco, dividido ao centro em quatro campos por uma cruz vermelha: a cruz do escudo de Galaad, tinta no sangue do redentor; em cada quarto tinha uma imagem piedosa e nos quatro cantos outros tantos escudos da sua linhagem que era a dos Pereiras. No primeiro quarto via-se Jesus Cristo crucificado e aos pés da cruz sua Mãe a Virgem Maria, de um lado e do outro São João, o discípulo amado. No segundo quarto superior, estava a Virgem com o menino ao colo. No terceiro inferior, São Jorge de joelhos, rezando a Deus de mãos postas e finalmente no último quarto, o apóstolo das Espanhas e primeiro de Portugal, San’Tiago, na mesma atitude.
Miguel Villas-Boas
‘Sem os líderes, sem os Santos, sem os heróis, sem os Reis, a História é ininteligível.’, escreveu Charles Maurras, escritor monárquico francês, jornalista, dirigente e principal fundador do jornal “Action Française”.