sábado, 13 de dezembro de 2025

Reis absolutos: todos os nossos

Rei absoluto quer dizer: um Rei como sempre foram os nossos, que fundaram, restauraram e ampliaram a monarquia... Foi Rei absoluto o Senhor D. Afonso Henriques... Foi Rei absoluto o Senhor D. João I, foi Rei absoluto o Senhor D. Manuel, e foi Rei absoluto o Senhor D. João III. Rei absoluto é um Rei que governa o seu Reino sem conhecer por seu superior senão o mesmo Deus... O poder dos Reis é absoluto, porque não é responsável a nenhuma jurisdição humana, do que fizer ou determinar, porque se houvesse jurisdição de inquirir do seu procedimento, seguia-se que este se devia chamar propriamente Soberano, e o Soberano seria ao mesmo tempo inferior e dependente, o que repugna segundo a hipótese!

D. Frei Fortunato de São Boaventura in «O Mastigóforo: Prospecto de um Dicionário das Palavras e Frases Maçónicas», Nº 1, 1824


Fonte: Veritatis

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Família Real Portuguesa na procissão em honra de Nossa Senhora da Conceição em Vila Viçosa


SS.AA.RR. os Duques de Bragança, o Príncipe da Beira e os Duques de Coimbra estiveram presentes nas Cerimónias de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, que se realizaram a 8 de Dezembro. Os Duques de Bragança participaram na procissão acompanhados com uma comitiva de cavaleiros da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e de damas da Ordem de Santa Isabel, duas das ordens dinásticas da Casa Real Portuguesa.
Em 1646, o rei D. João IV consagrou Portugal a Nossa Senhora da Conceição, declarando-a Padroeira e Rainha de Portugal. Como sinal dessa dedicação, os reis da dinastia de Bragança deixaram de usar a coroa na cabeça, simbolicamente a coroa passou a pertencer apenas a Nossa Senhora.
A devoção mariana tornou-se assim uma marca da Casa de Bragança, perpetuada pelos seus descendentes, os duques de Bragança, até hoje.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

O Ministério preferido da Maçonaria

O senador Alexandre Rossi, interpelando o Presidente de Ministros acerca da Maçonaria, declarou e acusou-a de que o seu Ministério predilecto é o da Instrução Pública. A Maçonaria prefere este Ministério a todos os demais para fazer dele o mais forte baluarte na guerra contra Deus e contra o Género Humano, começando pela revolução das ideias [*]. Nenhum maçon ousou negá-lo.

«Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 2º Ano, Nº 19, Julho de 1896.

[*] A este respeito, lembremos as palavras do Papa Leão XIII na encíclica Humanum Genus.

 

Fonte: Veritatis

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

A miraculosa trasladação da Casa da Sagrada Família de Nazaré até Loreto

Em Loreto, Itália, venera-se a Santa Casa: quer dizer o edifício onde Nossa Senhora nasceu, viveu e recebeu o anjo São Gabriel na Anunciação, momento em que o 'Sim' da Virgem permitiu a Encarnação do Verbo e o início da Redenção do género humano.

Em Nazaré, Terra Santa, sob a cúpula da igreja da Anunciação também se venera o local onde aconteceu este sublime mistério. Como se explica essa aparente duplicidade de endereços?

Esta contradição comporta maravilhosos acontecimentos que envolvem a translação da Santa Casa de Nazaré até Loreto por obra de Anjos.

Mas, o que diz a ciência a respeito? Não é tarefa da ciência declarar se um facto foi miraculoso ou não, se foram os anjos ou não. Mas, analisar a realidade segundo os seus métodos, instrumentos e objetivos próprios. E a ciência, trabalhando sobre o mistério da Santa Casa de Nossa Senhora, vêm trazendo a lume revelações materiais que explicam o acontecido e reforçam a fé. Eis um apanhado de algumas descobertas feitas nas últimas décadas.

O Altar dos Apóstolos na Santa Casa

O arquitecto Nanni Monelli e o Pe. Giuseppe Santarelli, director-geral da Congregação da Santa Casa de Loreto, constataram que as pedras que se encontram na Gruta da Anunciação, em Nazaré, Terra Santa, têm a mesma origem da pedra do altar dos Santos Apóstolos que está na Santa Casa de Loreto, em Itália. O Altar dos Apóstolos é constituído por uma pedra – hoje coberta por uma grade de metal – trabalhada em estilo nabateano, típico da Palestina. E leva esse nome porque nele os Apóstolos teriam celebrado a Missa quando iam a Nazaré visitar a casa de Nossa Senhora.

O Professor Giorgio Nicolini, especialista na matéria e autor do livro 'La veridicità storica della miracolosa Traslazione della Santa Casa di Nazareth a Loreto' (A veracidade da milagrosa trasladação da Santa Casa de Nazaré a Loreto), explicou à agência Zenit que “sobre a autenticidade da Santa Casa de Loreto enquanto verdadeira Casa de Nazaré de Maria jamais houve dúvida alguma, a não ser da parte daqueles que não conhecem os estudos científicos a respeito. Isso é tão verdadeiro que todos os Sumos Pontífices, durante sete séculos, confirmaram a autenticidade com solenes actas canónicas de aprovação”.

Nicolini acrescentou que este estudo sobre o Altar dos Apóstolos “é importante porque, além de proporcionar uma ulterior prova da autenticidade da Santa Casa de Loreto como a Casa de Maria em Nazaré, proporciona também uma prova ainda mais espetacular da milagrosa trasladação da Santa Casa de Nazaré”.

Percurso da Santa Casa desde a Palestina até Loreto

A tradição sempre afirmou que entre 1291 e 1296 três paredes da Santa Casa de Nazaré foram miraculosamente transportadas por anjos a “vários lugares”.

Isto está registrado em documentos antigos nos quais se fala da presença desse Altar unido às três paredes. Por exemplo, em Tersatto, Dalmácia (hoje Trsat, Croácia), onde a Santa Casa esteve entre 10 de Maio de 1291 e 10 de Dezembro de 1294.

Por isso pode-se afirmar que houve um duplo milagre: o transporte milagroso das três santas paredes na sua integridade e, em segundo lugar, junto com elas, mas como um objecto distinto da casa, o Altar dos Apóstolos.

No seu livro Nicolini demonstra que, do ponto de vista histórico e arqueológico, pelo menos cinco translações milagrosas ficaram constatadas de modo indiscutível entre 1291 e 1296.

A primeira levou a Santa Casa até Tersatto (Croácia); a segunda até Posatora (província de Ancona, Itália); a terceira até a floresta da senhora Loreta, na planície que está sob a actual cidade de Loreto (cujo nome deriva precisamente do nome dessa senhora); a quarta até a roça de dois irmãos sobre o morro lauretano (conhecido também como Monte Prodo); e a quinta até uma estrada pública, onde ainda se encontra sob a cúpula da magnífica basílica posteriormente construída em volta.

Todas estas mudanças foram registradas nos diversos lugares por testemunhas oculares contemporâneas. As mudanças foram rigorosamente controladas pelos Bispos diocesanos da época, que emitiram pronunciamentos canónicos sobre a veracidade dos factos e dos testemunhos. Tal é confirmado pelas igrejas construídas nos diversos locais na época das mudanças e consagradas pelos Bispos de Fiume, Ancona, Recanati, Macerata e Nápoles, entre outros.

Nicolini esclareceu que em Loreto se encontram apenas as três paredes que constituíam o quarto de Nossa Senhora, geralmente chamado de Santa Casa, local onde aconteceu a Anunciação. A quarta parede do quarto é a gruta, a qual pode ser visitada na igreja da Anunciação em Nazaré, Terra Santa. Ali ficaram apenas a gruta e os alicerces da Casa. Enquanto em Loreto se venera a Casa desprovida dos seus alicerces, em Nazaré ficaram a gruta e os alicerces sem a casa.

Análise de pedras, tijolos e argamassa

Ao mesmo tempo em que a análise química da massa que une as pedras apresenta características típicas da zona de Nazaré, a sua homogeneidade exclui qualquer possibilidade de uma hipotética desmontagem e remontagem das pedras. A massa foi feita com sulfato de cálcio hidratado (gesso) engrossado com pó de carvão de madeira, segundo uma técnica utilizada na Palestina há 2000 anos, mas jamais empregada na Itália.

Portanto, a Santa Casa chegou a Loreto com as pedras e os tijolos unidos pela mesma massa usada para uni-los há 2000 anos em Nazaré, assim se encontrando até hoje.

Ensinamento dos Papas sobre a Santa Casa de Loreto

O Bem-aventurado Papa Pio IX escreveu na 'Bula Inter Omnia', de 26 de Agosto de 1852:

Entre todos os santuários consagrados à Mãe de Deus, a Imaculada Virgem Maria, um encontra-se no primeiro lugar e brilha com incomparável fulgor: a venerável e augustíssima casa de Loreto. consagrada pelos mistérios divinos, ilustrada por inumeráveis milagres, honrada pelo concurso e afluência dos povos, a glória do seu nome atinge toda a Igreja universal, e constitui muito justamente objecto de culto para todas as nações e para todas as raças humanas. Em Loreto venera-se aquela casa de Nazaré, tão querida ao coração de Deus, e que, fabricada na Galileia, foi mais tarde separada das suas bases e, pela força divina, trasladada além do mar, primeiro à Dalmácia e logo à Itália.

E o santo pontífice acrescentou: 

Naquela casa, a Santíssima Virgem, que por eterna e divina disposição ficou perfeitamente isenta da culpa original, foi concebida, nasceu e cresceu, e o celestial mensageiro a saudou ‘cheia de graça’ e ‘bendita tu és entre todas as mulheres’. Naquela casa, Nossa Senhora, repleta de Deus e sob a acção fecunda do Espírito Santo, sem perder nada da sua inviolável virgindade, tornou-se a mãe do filho unigénito de Deus.

Também o Sumo Pontífice Leão XIII escreveu, na sua 'Encíclica Felix Lauretana Cives', de 23 de Janeiro de 1894: 

Compreendam todos, e em primeiro lugar os italianos, quão especial dom lhes foi concedido por Deus que, com suma providência, subtraiu prodigiosamente a Casa a um poder indigno [N.: refere-se aos muçulmanos ] e com um expressivo acto de amor a ofereceu a eles. Naquela beatíssima moradia foi sancionado o início da salvação humana, com o grande e prodigioso mistério de Deus que Se fez homem, e que reconcilia a humanidade perdida com o Pai eterno e renova todas as coisas.” 

E ainda: 

Deus quis de tal maneira exaltar o Nome de Maria para tornar realidade neste lugar (Loreto), aquela famosa profecia: ‘Todas as gerações chamar-me-ão bem-aventurada.’”

Numerosos Papas aprovaram ininterruptamente desde o início a veracidade histórica do milagroso traslado da Santa Casa, desde Nicolau IV em 1292 até João Paulo II em 2005 e o Papa Bento XVI em 2007.

in cienciaconfirmaigreja.blogspot.com


terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Investidura dos novos cavaleiros e damas da Ordem Constantiniana de São Jorge


S.A.R. o Príncipe da Beira, S.A. a Infanta D. Maria Francisca, Duquesa de Coimbra, e S.E. o Duque de Coimbra, estiveram presentes na Investidura dos novos cavaleiros e damas da Ordem Constantiniana de São Jorge, que se realizou na quinta-feira, dia 27 de Novembro, na Igreja de São Pedro, em Alcântara. A investidura foi presidida por S.E.R. o Senhor D. Rui Valério, Patriarca de Lisboa e Capelão-Chefe da Delegação Portuguesa da Ordem.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

A Rainha de Portugal

Neste dia 8 de Dezembro, celebra-se a Solenidade da Imaculada Conceição, a Festa da Rainha de Portugal, pois por provisão régia D’El-Rei Dom João IV referendada nas Cortes Gerais de 1646, estando reunidos todos os poderes da Nação, Nossa Senhora da Conceição foi Proclamada e Coroada Senhora, Rainha e Padroeira de Portugal:

‘Estando ora junto em Cortes os três Estados do reino, proclamou-se solenemente tomar por padroeira de nossos Reinos e Senhorios a Santíssima Virgem Nossa Senhora da Conceição’.


‘A verdadeira e única Rainha de Portugal’
, exclamou D. João IV ao ofereceu a Coroa de Portugal a Nossa Senhora da Conceição, depondo-a aos pés de uma imagem da Imaculada.

Por esse motivo os Reis de Portugal desde essa data não usam Coroa.


Durante a Cerimónia de Aclamação do Rei pelas Cortes, a Coroa Real é acomodada numa almofada ao lado do novo Rei, como símbolo real, e não na cabeça do monarca uma vez que El-Rei Dom João IV ofereceu a Coroa Real portuguesa à Padroeira Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa pela protecção concedida na Restauração, em 1640.

Também, por essa razão, durante a Sua viagem oficial ao Reino Unido, em Novembro de 1904, a convite do Monarca inglês, El-Rei Dom Carlos I de Portugal durante uma cerimónia de gala no Palácio de Buckingham, em que os Reis presentes deviam apresentar-se com as cabeças coroadas, D. Carlos fez-se acompanhar de um pajem transportando a Coroa de Portugal colocada numa almofada.

Viv’á Eternamente Rainha de Portugal e que para sempre dê à nossa Nação a Sua Divina protecção!

Miguel Villas-Boas

Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

Viva a Imaculada Conceição, Rainha de Portugal! Feliz dia da Mãe!

 

domingo, 7 de dezembro de 2025

♚ | 𝟎𝟔-𝟏𝟐-𝟏𝟏𝟖𝟓 – 𝕸𝖔𝖗𝖗𝖊 𝕰𝖑-𝕽𝖊𝖎 𝕯. 𝓐𝖋𝖔𝖓𝖘𝖔 𝖑 𝓗𝖊𝖓𝖗𝖎𝖖𝖚𝖊𝖘, 𝕺 𝕮𝖔𝖓𝖖𝖚𝖎𝖘𝖙𝖆𝖉𝖔𝖗


Sua Mercê Dom Afonso I Henriques, Pela Vontade dos Homens Rei dos Portugueses e Pela Graça de Deus Rei de Portugal, o Maior de todos os Reis na Terra, partiu para a Casa do Senhor em 6 de Dezembro de 1185.

Afonso, O Primeiro de seu nome, Rei dos Primeiros Portugueses, nasceu (provavelmente) em 25 de Julho de 1109, e era filho do Conde D. Henrique e, portanto, neto de Henrique de Borgonha, trineto de Roberto I de França, sobrinho-bisneto do Abade S. Hugo de Cluny, e que, como tal, tinha por avoengos os Reis Capetos de França e os Imperadores romanos da Dinastia Comnenus e Paleólogo, e da Infanta D. Teresa de Leão, e como tal neto do Imperador da Hispânia, o Rei D. Afonso VI, o 1° Rei de Leão, Castela e Galiza, e de todos os Reis e Senhores de Leão e Castela.
Alphonsus Burgundiensis Primus Portugaliae Dux et Rex foi o Unificador dos 5 Povos (Suevos, Visigodos, Lusitanos, Bracos e Alanos), o algoz do Sarraceno e o Tomador de Praças. Afonso I, mais conhecido pelo seu nome de príncipe, Dom Afonso Henriques (de Henrique, em tradução literal do patronímico Henriques), também chamado de Ibn-Arrik (“Filho de Henrique”) e El-Bortukali (“O Português”), apelidado de “o Conquistador”, foi o primeiro Rei de Portugal desde 1139 até à sua morte, a 6 de Dezembro de 1185.
Em 1125, com apenas 14 anos de idade, num acto de importante relevância política, o efebo Príncipe Dom Afonso Henriques, conforme o uso e costume dos reis, arma-se a si próprio “Cavaleiro” na Catedral de Zamora, cidade onde se refugiara. O Infante Portucalense torna-se assim guerreiro e cavaleiro independente considerando legitima a pretensão de tomar o governo do Condado Portucalense, pois quando o Conde D. Henrique faleceu, em 1112, o governo do condado foi assumido por Dona Teresa, uma vez que, Afonso Henriques, o filho de ambos tinha apenas três anos de idade.
Dona Teresa, em 1121, autointitulara-se Rainha (D. Teresa, que entendia que Portucale era seu e não do marido o Conde D. Henrique, a partir de 1117 assina como “Ego Regina Taresia de Portucale regis Ildefonssis filia”), mas os conflitos com o Clero e a sua relação com o fidalgo galego Fernão Peres, a quem entregara o governo dos distritos do Porto e Coimbra, originou a insurreição dos Portucalenses e do próprio filho o Infante D. Afonso Henriques, invariavelmente afastados, por forasteiros, da gestão dos negócios públicos.
Assim, Dom Afonso Henriques considerando-se usurpado dos seus legítimos direitos prepara a senda aventureira que o haveria de levar a conquistar o governo do Condado Portucalense e depois à Fundação da Nação Portuguesa e a recortar o território deste tão grande País, Portugal. O primeiro Acto da Sua Gesta pode-se, pois, considerar o episódio em que se armou a Si próprio Cavaleiro. O relato de Frei António Brandão in ‘Crónica de D. Afonso Henriques’ é expressivo:

‘Célebre e glorioso se pode reputar, entre nossa gente o ano do Senhor de 1125, pois nele tomou a Ordem de Cavalaria o infante D. Afonso, filho da rainha D. Teresa, com cujas armas se ilustrou o nome português.
E porque o facto foi mui notável e o são também as palavras com que se lhe refere a História dos Godos, será bem trasladá-la neste lugar, para satisfação dos curiosos leitores, e são as que se seguem:

«Na era de 1163 (1125, pois só a partir de 1422 é que os documentos portugueses passam a usar a era de Cristo, logo têm que se diminuir 38 anos) o ínclito infante D. Afonso, filho do Conde D. Henrique, tendo 14 anos de idade, se armou cavaleiro na igreja da catedral da cidade de Samora. Ele mesmo, com suas próprias mãos, tomou as insígnias militares do altar do Salvador, a uso dos reis, e se vestiu a loriga, e como gigante (que era grande de corpo) se mostrou semelhante em suas façanhas ao leão, e ao filho do leão, quando anda feroz na montaria. Foi de gentil presença, amável por sua formosura, de engenho claro, de corpo bem composto e agradável, de ânimo intrépido. Com razão podemos chamar a este rei D. Afonso, o Viriato cristão, ou o primeiro Hércules Lusitano, respeitando os imensos trabalhos que passou na dilatação da Fé, e as obras de valor estranho que executou.»’

Devem-se-Lhe os Actos que levaram ao Nascimento de Portugal: no dia 24 de Junho de 1128, à dianteira dos barões e fidalgos portucalenses, Dom Afonso Henriques defrontou no campo de São Mamede, perto de Guimarães as forças galegas comandadas por Dona Teresa e por Fernão Peres de Trava, derrotando-os naquela que ficou conhecida pela Batalha de São Mamede e que marcou a Fundação da Nacionalidade Portuguesa, uma vez que o Infante Dom Afonso Henriques avoca a si o governo do Condado Portucalense, com pretensões de independência. Não é ainda após esta Batalha que se autointitula Rei, Rex Portucalensis, pois com duas frentes de Batalha – uma contra Leão , outra contra os sarracenos –, tal só se viria a acontecer após a Batalha de Ourique, em 1139, quando arrasou os mouros – que temiam sobremaneira o gigante de 1,91 metros (imagine-se aquela figura real, agigantado para a época, a surgir no horizonte a bradar a sua grande e larga espada, quase um espadão, que outros só conseguiriam manejar com ambas as mãos, e montado num portentoso Cavalo Ibérico) e Lhe chamavam o terrível Ibn Erik (Filho de Henrique) – e consegue uma importante vitória que o engrandece sobremaneira e assim declara a Independência face a Leão, após um Alevantamento seguido de Aclamação como Rei pelos Barões Portucalenses. Dom Afonso Henriques, é totalmente apoiado nas suas pretensões pelas poderosas Parcialidades Portucalenses: os de Ribadouro ou Gascões, onde pontua Dom Egas Moniz, “O Aio”; os Sousão; os da Maia; os de Baião; e os Braganções. As armas e escudo armorial de Portugal mantêm desde a Batalha de Ourique, em 1139, e até hoje, cinco escudetes posicionados em forma de cruz, representando cada um dos cinco reinos mouros derrotados na batalha. Sobre esses cinco escudetes, estão inscritos besantes em número variável (inicialmente onze em cada escudete), que significavam, que por Direito e Graça divinos D. Afonso Henriques era Rei, e que por isso tinha direito a cunhar a sua própria moeda.
Ulteriormente, foi determinado o número de cinco besantes (em vez de onze) sobre cada um dos escudetes, passando a contar-se segundo a tradição duas vezes os besantes do escudete central.
Nascia, assim, em 1139, o Reino de Portugal e a sua 1.ª Dinastia, com El-Rei Dom Afonso I Henriques de Borgonha.
Em 1143, quando assina a Paz em Zamora com o primo Rei de Castela e Leão, onde é reconhecido como Rei, Dom Afonso Henriques usava já o título havia três anos, desde o torneio de Arcos de Valdevez, em 1140, após o episódio de Ourique. Mas desaparece, assim, e só aí, em 1143, a designação histórica de Condado Portucalense e nasce o Reino de Portugal.
O chamado Torneio de Arcos de Valdevez, também conhecido por Recontro de Valdevez ou Bafordo de Valdevez, foi um episódio determinante da História de Portugal conexo à Fundação da Nacionalidade.
O evento teve lugar na Primavera de 1141, e não 1140 como erradamente foi enunciado durante muito tempo, no Vale do Vez – tributário do rio Lima-, em Arcos de Valdevez, quando o recém Aclamado Rei Dom Afonso Henriques, depois da vitória decisiva na batalha de Ourique, em 1139, rompeu a Paz de TUI, que em 1137, havia assinado com seu primo co-irmão o Imperador da Hispânia Don Afonso VII Rei de Leão e Castela, e o temerário Rei Portucalense fez uma incursão à Galiza, subjugando alguns castelos sob protecção do monarca leonês. Perante este cenário o Imperador envia um exército cuja força numérica era muito superior, e que penetrou em terras portucalenses, descendo as montanhas do Soajo em direcção a Valdevez, derribando tudo, castelos e povoações, à sua passagem.

Seguiram-se horas de refregas e desafios, mas a fim de prevenir uma batalha campal sangrenta que disperderia homens e recursos necessários para o combate contra o avanço sarraceno. Assim, foram escolhidos os mais bravos cavaleiros de ambos os contingentes para entre si decidirem o conflito num torneio de justa, de acordo com o uso medieval.
Na autenticidade da Justa saíram vitoriosos os cavaleiros de Afonso Henriques, ficando os cavaleiros leoneses retidos, conforme o Código de Cavalaria da Idade Média.
Mas, e só, em 1143, desaparece a designação histórica de Condado Portucalense e nasce o Reino de Portugal.
No dia 5 de Outubro de 1143, há 879 anos, foi realizada a Conferência de Zamora, na cidade leonesa homónima. Tratou-se de uma Conferência de Paz organizada pelo Arcebispo de Braga Dom João Peculiar e que teve como intervenientes Sua Mercê El-Rei Dom Afonso Henriques e o seu primo o Rei D. Alfonso VII de Leão e Castela, autointitulado Imperator Totius Hispaniae, sob os auspícios do enviado papal, o Cardeal Guido de Vico. Desta Reunião resultou a independência de Portugal.
Neste Acordo de Zamora, vulgarmente chamado de Tratado de Zamora, que revogou o anterior Tratado de Tui datado de 1137, ficou assente que Alfonso VII de Leão e Castela concordava com a transformação do Condado Portucalense em Reino de Portugal com Dom Afonso Henriques com o título de ‘Rex Portucalensis’- Rei de Portugal, embora continuasse, apesar do reconhecimento da Independência, como vassalo do Rei de Leão, que se intitulava Imperador da Hispânia. Alexandre Herculano escreveu que “o imperador reconheceu o título de rei que seu primo tomara, e que este recebeu dele o senhorio de Astorga, considerando-se por essa tenência seu vassalo. Não é menos provável que, ainda como rei de Portugal ficasse numa espécie de dependência política de Afonso VII, o imperador das Espanhas ou de toda a Espanha, como ele se intitulava nos seus diplomas”. Porém, caso único entre todos os Reis da Ibéria, Dom Afonso Henriques nunca prestou essa vassalagem.

Dom Afonso Henriques, herdeiro da Grande Casa dos Condes de Tuy e Portucale, recebe esta herança e liberta-a da vassalagem a seu Primo, o Rei de Leão e Castela, e, depois, vai expandi-la para lá dos seus antigos limites, a linha do Tejo.
A partir desta data, Dom Afonso Henriques passou a enviar ao Papa remissórias declarando-se vassalo lígio e comprometendo-se a enviar anualmente uma determinada quantia em ouro, pelo que, em 1179, o Papa Alexandre III, através da Bula Manifestis Probatum, reconheceu Dom Afonso Henriques como ‘Rex’.
Na Bula acima referida, o Papa ao aceitar que Dom Afonso Henriques lhe preste vassalagem directa, reconhece não só, definitivamente, a independência do Reino de Portugal, como o Rei de Portugal fica livre de prestar vassalagem ao Rei de Leão e Castela, imperador de toda a Espanha, porque nenhum tributário podia ter dois senhores directos.
Assim sendo, apesar de Portugal ter ganho a sua Independência e soberania enquanto Estado com o Acordo de Zamora, só naquele 17 de Julho de 1179, Portugal se torna Reino, pois só nessa altura Dom Afonso Henriques é reconhecido juridicamente como Rei pela comunidade política internacional: ‘Rex Portucalensis’- Rei de Portugal. El-Rei Dom Afonso Henriques, então com 70 anos de idade e 51 de governação (de 1143), é reconhecido juridicamente como Rei pela comunidade política internacional.
Em 15 de Agosto de 1170, logo após o acidente de D. Afonso Henriques em Badajoz, onde ficou gravemente ferido em resultado de uma ferida numa perna, o filho D. Sancho foi armado cavaleiro pelo seu Augusto pai. O Cerco de Badajoz ocorreu em Maio de 1169. Tendo o rei D. Afonso I Henriques ido socorrer o salteador Geraldo Geraldes «o sem pavor», que cercava Badajoz, foram os portugueses surpreendidos pela chegada de reforços leoneses, vendo-se obrigados a fugir. Na fuga, porém, D. Afonso Henriques sofreu um acidente: batendo de encontro ao ferrolho de uma das portas da cidade, partiu o fémur da perna direita e foi feito prisioneiro. Embora, bem tratado pelos captores, a libertação do rei ocorreu depois do pagamento de um resgate em dinheiro e da entrega de certas terras conquistadas, que havia entregue aos Templários. A carreira militar de D. Afonso Henriques terminava aqui. É nesta altura instaurado um conselho de regência para governar em nome do rei incapacitado. A regência ficou a cargo dos filhos do rei que ainda se encontravam, àquela data, no reino: D. Sancho e a sua irmã D. Teresa.
A partir de 1174, D. Afonso I afasta-se definitivamente dos assuntos do reino, destacando-se os corregentes Teresa e Sancho que partilhavam o governo do Reino; D. Teresa desempenhava funções administrativas e D. Sancho encarregava-se de guerrear.
É nesta data, que D. Sancho casou com D. Dulce de Aragão, filha de Raimundo Béranger IV.
Assim, Dom Afonso Henriques, guerreiro completo, governante exemplar e virtuoso cristão, nasceu em 1109 e Reinou entre 1128 e 1185, como Dom Afonso I Henriques, 1.º Rei de Portugal, isto é, 57 anos, um dos Reinados mais longos da História – o recorde pertence ao Rei-Sol Luís XIV de França seguido de Sua Majestades a Rainha Isabel II e a Rainha Reino Unido.

Dom Afonso Henriques morreu, em Coimbra, a 6 de Dezembro de 1185, onde jaz sepultado em túmulo manuelino no Mosteiro de Santa Cruz, na capela-mor do lado do Evangelho. Na inscrição original do túmulo podia-se ler:

‘Aqui jaz um outro Alexandre, ou outro Júlio César,
guerreiro invencível, honra brilhante do orbe.
Douto na arte de governar, alcançou tempos seguros,
alternando a sucessão da paz e das armas.
Quanto a religião de Cristo deve a este homem
provam-no os reinos conquistados para o culto da fé.
Alimentado pela doçura da mesma fé, cumulou,
além das honras do reino, riquezas para os pobres infelizes.
Que foi defensor da Cruz e protegido pela Cruz
assinala-o a Cruz, formada de escudos, no seu próprio escudo.
Ó Fama imortal, ainda que reserves para ti tempos longos,
ninguém pode proclamar palavras dignas dos seus méritos.’

Miguel Villas-Boas

Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

sábado, 6 de dezembro de 2025

A história invulgar de São Nicolau, o verdadeiro Pai Natal

São Nicolau nasceu na cidade de Patras, de pais santos e ricos. O pai, Epifânio, e a mãe, Joana, geraram-no na primeira flor da juventude e viveram a partir de então em continência, levando uma vida de celibatários.

Diz-se que no primeiro dia em que o lavavam se pôs de pé na bacia; além disso, às Quartas e Sextas-Feiras só mamava uma vez. Chegando à juventude, evitava as lascívias dos outros jovens, preferindo entrar nas igrejas e decorar o que lá podia ouvir acerca da Sagrada Escritura. Quando os seus pais morreram, começou a pensar em como haveria de gastar as suas enormes riquezas, não para os louvores dos homens, mas para a glória de Deus.

Então, certo nobre, seu vizinho, pensou prostituir as suas três filhas virgens por falta de recursos, para, com o infame comércio delas, se poder sustentar. Quando o santo homem soube, ficou horrorizado com o crime e atirou uma quantidade de ouro envolvida num pano através de uma das janelas da casa onde ele morava e regressou à sua às escondidas.

Quando chegou a manhã, o homem encontrou aquela quantidade de ouro e, dando graças a Deus, celebrou o casamento da filha mais velha. Não muito tempo depois, o servo de Deus voltou a realizar obra semelhante. Voltando a encontrar o ouro e dando muitas graças, aquele homem decidiu vigiar para saber quem socorria a sua miséria. Passados alguns dias, Nicolau atirou o dobro do ouro para a casa do vizinho, que acordou com o barulho e seguiu São Nicolau que fugia, dizendo-lhe em alta voz:

‒ Pára, por favor, e não escondas o teu rosto do meu!

E, correndo mais depressa que Nicolau, reconheceu-o. Logo se prostrou e queria beijar-lhe os pés, mas ele, evitando-o, exigiu que nunca tornasse público aquele acontecimento.

Depois disto, tendo morrido o Bispo da cidade de Mira, combinaram os bispos nomeá-lo para aquela igreja. Havia entre eles um de grande autoridade de quem todos dependiam para aquela eleição. Depois de ter aconselhado todos a fazerem jejum e orarem, ouviu naquela noite uma voz a dizer-lhe que de manhã cedo observasse as portas da igreja e quando visse chegar o primeiro homem cujo nome fosse Nicolau, olhasse bem para ele, para consagrá-lo bispo.

Revelou isto aos outros, aconselhando-os a insistirem na oração enquanto ia observar as portas da igreja. Admirou-se muito ao ver que, àquela hora matinal, o homem enviado por Deus antes de todos os outros era Nicolau; chamando-o a si, o bispo disse-lhe:

‒ Como te chamas?

Ele, com uma simplicidade de pomba, respondeu, de cabeça inclinada:

‒ Nicolau, servo de vossa santidade.

Levaram-no para a igreja e, embora ele a isso muito se opusesse, colocaram-no na cátedra episcopal.

Mas ele em tudo continuava a observar a humildade e a seriedade da sua conduta anterior: passava as noites em oração, mortificava o corpo, fugia do convívio com mulheres; era humilde com quantos recebia, eficaz no falar, entusiasta no exortar e severo no corrigir. 

Bem-aventurado Jacques de Voragine in 'Légende Dorée'


sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Ao serviço dos portugueses

A Real Associação de Lisboa junta-se à editora By the Book e ao autor Vasco Medeiros Rosa para o lançamento da Fotobiografia de Dom Duarte de Bragança “Ao serviço dos portugueses”. Em modo de homenagem, a apresntação, que contará com a presença da Família Real, realizar-se-á no próximo dia 18 de Dezembro no Palácio Nacional da Ajuda, às 18:30hs.
 
Convidamos os nossos associados e simpatizantes a divulgar e participar nesta importante acontecimento, estando a apresentação da obra a cargo do Professor José Miguel Sardica.
 
Este elegante livro, que relata com profusas imagens o percurso de vida do Chefe da Casa Real Portuguesa, conta com prefácio de S.A.R. D. Isabel de Bragança, e estará à venda no local com um preço especial de lançamento. A entrada é livre.
 
Brevemente à venda aqui