quarta-feira, 6 de novembro de 2024

♛ | 6 de Novembro – Dia da Festa Litúrgica de São Nuno de Santa Maria (D. Nun’Álvares Pereira)


D. Nuno Álvares Pereira ou simplesmente Nun’Álvares, também conhecido como o Santo Condestável, hoje formalmente São Nuno de Santa Maria, foi um nobre e general português do século XIV. O Santo Condestável desempenhou um papel fundamental na crise de 1383-1385, quando Portugal defendeu sua independência face à Coroa de Castela. D. Nuno Álvares Pereira também foi o 2º Condestável de Portugal, o 38º Mordomo-Mor do Reino, o 7º Conde de Barcelos, o 3º Conde de Ourém e o 2º Conde de Arraiolos. O grande militar português comandou, sempre, com denodo, forças em número substancialmente inferior ao inimigo e venceu todas as batalhas que travou, e a sua forma de comandar caracterizou-se fundamentalmente pelo exemplo e pelas inúmeras virtudes militares, próprias de um Cavaleiro da Távola Redonda, junto de seus homens.

Dom Nuno Álvares Pereira nasceu no Crato, Flor de Rosa, Bonjardim (no Paço do Bonjardim ou Flor da Rosa, porque Flor da Rosa quando nasceu São Nuno era conhecida como o Bom Jardim, pode ler-se na Ala dos Namorados “Nuno Álvares Pereira nasceu no Castelo do Bom Jardim a pequena distância do Crato e da Fronteira de Castela”), em 24 de junho de 1360 e faleceu em Lisboa, Convento do Carmo, em 1 de Novembro de 1431.

D. Nuno Álvares Pereira foi um dos filhos naturais de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital, e Iria Gonçalves do Carvalhal. Era meio-irmão mais novo de Rodrigo Álvares Pereira, D. Frei Pedro Álvares Pereira e Diogo Álvares Pereira, e irmão mais novo de Fernão Álvares Pereira, sendo legitimado pelo rei D. Pedro I, em 1361, pelo que cresceu na casa do seu pai até aos seus treze anos, tornando-se exímio cavaleiro, homem d’armas e guerreiro. Desde cedo demonstrou gosto pela leitura dos livros de cavalaria cujo ideal moldou o seu nobre e virtuoso carácter.

Com treze anos, abandonou a casa de seu pai para ir como pajem para a Corte do Rei D. Fernando de Portugal, onde desde cedo se destacou, como numa missão de reconhecimento ao exército de Castela, que cruzava Santarém a caminho de Lisboa, onde Nuno foi ao serviço da Rainha D. Leonor Telles e Diogo pelo do Rei, tendo Nuno envergado uma armadura emprestada por D. João, o Mestre de Avis, gesto que os tornaria amigos inseparáveis para toda a vida. O jovem Nuno, demonstrando já ser grande estratega, relatou então que o exército de Castela, apesar de grande, era mal comandado, e que poderia ser vencido por uma pequena força desde que bem comandada. O relatório recolheu tal aplauso que D. Nuno e o seu irmão Diogo foram armados cavaleiros como sinal de reconhecimento régio.
Com temperamento virtuoso D. Nuno decidira manter-se casto, aspiração que viu contrariada, em 1376, quando o seu pai decidiu que D. Nuno deveria casar, aos 16 anos, com D. Leonor de Alvim, quatro anos mais velha, viúva rica de um primeiro casamento sem filhos. Assim aconteceu o matrimónio, em cerimónia realizada em Vila Nova da Rainha, freguesia do concelho de Azambuja, estabelecendo-se o casal depois em Pedraça, Cabeceiras de Basto, no Minho, numa propriedade da noiva. Com este casamento, o pai quis garantir o futuro do filho, já que Nuno não podia suceder-lhe no cargo de prior que passaria para o irmão D. Pedro, nem nos seus bens, que herdaria o seu irmão D. Rodrigo.

Foi um dos grandes protagonistas na crise de 1383-85. D. Nuno Álvares Pereira logo foi fazer penhor da sua lealdade e apoio ao Mestre de Avis, nas Cortes de Coimbra. Com a eleição em 6 de Abril de 1385 de D. João, Mestre de Avis como D. João I Rei de Portugal, D. Nuno é nomeado Condestável de Portugal e agraciado com o título de Conde de Ourém.

D. Nuno Álvares Pereira realizou, então, a sua famosa expedição pelo Alentejo acompanhado de 40 dos melhores escudeiros da altura, e foi engrossando as fileiras com a boa gente dessa região, até que chegou a Atoleiros, a meia légua da fronteira com Castela, que se preparava para acometer. Aí D. Nuno começou por inovar, pois foi nos Atoleiros que pela primeira vez se combateu a pé em Portugal, e, D. Nuno utilizou a famosa técnica da formação do exército em quadrado: distribuiu os seus homens armados e os besteiros pelas alas e o povo no meio. Também por isso, D. Nuno empunhava a famosa Arma de liderança da Infantaria, o célebre e temido Martelo Bico de Corvo, tipo de arma de haste do final da Idade Média, que consistia em uma haste com um martelo e uma ponta afiada. Enquanto a ponta conseguia perfurar armaduras, o martelo passava a força do golpe através da armadura mesmo não o quebrando. De volta à batalha, os castelhanos ao verem os portugueses apeados, e para mais em minoria, acharam que ia ser fácil vencê-los pelo que se lançaram a cavalo sobre o exército lusitano aos gritos de “Castyla! Sant’iago!” ao que os portugueses responderam berrando “Portugal! São Jorge!” e D. Nuno ordenou aos seus soldados que como ele fizessem uma genuflexão com o joelho direito no chão e a outra perna a fazer finca-pé e depois levantar as lanças num ângulo agudo, apoia-las no chão e os cavalos castelhanos se foram espetar nelas. Os Castelhanos feridos e no chão eram então bombardeados por dardos e virotões, e cercados por todos os lados pelos portugueses o que impedia que os primeiros escapassem. Assim os portugueses saíram vitoriosos sobre os castelhanos, na Batalha dos Atoleiros, em 1384. D. Nuno Álvares Pereira cimenta assim o seu papel de 2.º Condestável de Portugal – título criado após o fim do Império Romano com a grafia latina de Comitis stabilis que substituiu o imperium proconsulare maius e o ulterior Dux -, honra com que foi agraciado por D. João I, de Avis, e ainda recompensado com o título de 3.º Conde de Ourém.

Em Outubro de 1385 trava em terreno castelhano a célebre batalha de Valverde, onde na fase mais crítica da batalha e quando já parecia que o exército português iria sofrer uma derrota completa, se deu pela ausência de D. Nuno, e quando já se temia o pior desfecho, os seus companheiros encontram-no em êxtase, ajoelhado a rezar entre dois penedos. Quando Rui Gonçalves, em aflição o chamou dando conta ao Conde que a batalha que se perdia, o Condestável fez um sinal com a mão a pedir silêncio. Sendo, de novo, chamado à atenção por Gonçalo Annes de Villas-Boas, Alcaide-mor de Castelo de Vide, que invectivou ao Conde: ‘Nada de orações, que morremos todos!, respondeu-lhe D. Nuno, serenando-o: ‘Amigo, ainda não é hora. Aguardai um pouco e acabarei de orar.’; quando acabou de rezar, ergue-se com o rosto iluminado e dando as suas ordens, foi temerário e inspirado pelo Senhor ganhar a batalha, atacando ao hordas do mestre de Santiago. Foi tal o arrojo de D. Nuno que, após esta batalha, os castelhanos recusaram-se a voltar a enfrentá-lo em campo aberto.
O nome do Conde Nun’Álvares passou, então, a inspirar terror nos castelhanos, limitando a partir daí a pilhagens junto à fonteira e ao bate e foge.

A consolidação da Independência ocorreu na batalha de Aljubarrota, na qual se deve a maior quota-parte da vitória sobre o Leão de Castela às tácticas de D. Nuno Álvares Pereira. Aí a sua característica espada ilustrou-se mais do que nunca na batalha. Pelas dezoito horas do dia 14 de Agosto de 1385, o exército português composto por 6500 homens e 200 archeiros dos aliados ingleses comandados por El-Rei Dom João I de Portugal e pelo Conde Dom Nun’Álvares Pereira, o 2.º Condestável de Portugal, ilustraram-se pelas armas ao defrontarem e vencerem o exército castelhano de 30.000 soldados e 2000 cavaleiros dos seus aliados franceses liderados pelo Rei Don Juan I de Castela, reconfirmando a Independência do Reino de Portugal.

Apesar das sucessivas derrotas militares, como em Lisboa e nos Atoleiros, o rei D. Juan I de Castela não desistira da coroa de Portugal, que entendia advir-lhe ius uxoris pelo casamento e opondo-se a tal resolução, responde invadindo Portugal, pela Beira-Alta, em Junho de 1385, e desta vez à frente da totalidade do seu exército e auxiliado por um forte contingente de cavalaria francesa. Quando as notícias da invasão chegaram, D. João I de Portugal encontrava-se em Tomar na companhia de D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável do Reino, e do seu exército, e mais uma vez, o chicote de Portugal, D. Nuno Álvares Pereira, resolve tomar rédeas à situação e sitia as cidades que, entretanto, se converteram fiéis a Castela. Avança e a decisão tomada foi a de enfrentar os castelhanos antes que pudessem levantar novo cerco a Lisboa. Com os aliados ingleses, o exército português interceptou os invasores perto de Leiria. Dada a lentidão com que os castelhanos avançavam, D. Nuno Álvares Pereira teve tempo para escolher o terreno favorável para a batalha e a 14 de Agosto de 1385 tem a oportunidade de exibir toda a sua mestria e génio militar em Batalha.

A opção para a Batalha recaiu sobre uma pequena colina de topo plano rodeada por ribeiros, no Campo de São Jorge, Calvaria de Cima, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre Leiria e Alcobaça. Contudo o exército português não se apresentou ao castelhano nesse sítio: inicialmente formou as suas linhas noutra vertente da colina, tendo depois, já em presença das hostes castelhanas mudado para o sítio predefinido, isto provocou bastante confusão nas tropas de Castela. Assim pelas dez horas da manhã do dia 14 de Agosto, o exército português e os aliados ingleses comandados por El-Rei de Portugal D. João I e o Condestável do Reino tomaram a sua posição na vertente norte desta colina, de frente para a estrada por onde o exército castelhano e seus aliados franceses liderados por D. Juan I de Castela e Leão, eram esperados.

A disposição portuguesa era a seguinte: infantaria no centro da linha, uma vanguarda de besteiros com os 200 archeiros ingleses, 2 alas nos flancos, com mais besteiros, cavalaria e infantaria. Na retaguarda, aguardavam os reforços e a cavalaria comandados por D. João I de Portugal em pessoa. Desta posição altamente defensiva, os portugueses observaram a chegada do exército castelhano protegidos pela vertente da colina. A vanguarda do exército de Castela chegou ao teatro da batalha pela hora do almoço, sob o sol escaldante de Agosto. Ao ver a posição defensiva ocupada por aquilo que considerava os rebeldes, o Rei de Castela tomou a esperada decisão de evitar o combate nestes termos. Lentamente, devido aos 30.000 soldados que constituíam o seu efectivo, o exército castelhano começou a contornar a colina pela estrada a nascente. A vertente sul da colina tinha um desnível mais suave e era por aí que, como D. Nuno Álvares previra, pretendiam atacar. O exército português inverteu então a sua disposição e dirigiu-se à vertente sul da colina, onde o terreno tinha sido preparado previamente. Uma vez que era muito menos numeroso e tinha um percurso mais pequeno pela frente, o contingente português atingiu a sua posição final muito antes do exército castelhano se ter posicionado. D. Nuno Álvares Pereira havia ordenado a construção de um conjunto de paliçadas e outras defesas em frente à linha de infantaria, protegendo esta e os besteiros. Este tipo de táctica defensiva, muito típica das legiões romanas, ressurgia na Europa nessa altura. Pelas seis da tarde, começava a pôr-se o Sol, os castelhanos, ainda não completamente instalados decidem, precipitadamente, ou temendo ter de combater de noite, começar o ataque. É discutível se de facto houve a tão famosa táctica do “quadrado” ou se simplesmente esta é uma visão imaginativa de Fernão Lopes de umas alas reforçadas. No entanto tradicionalmente foi assim que a Batalha acabou por seguir para a história. O ataque começou com uma carga da cavalaria francesa composta por 2000 cavaleiros, com a sua sela alta e lança pesada, a toda a brida e em força, de forma a romper a linha de infantaria adversária. Contudo as linhas defensivas portuguesas repeliram o ataque. A pequena largura do campo de batalha, que dificultava a manobra da portentosa cavalaria, as paliçadas (feitas com troncos erguidos na vertical separados entre si apenas pela distancia necessária à passagem de um homem, o que não permitia a passagem de cavalos) e a chuva de virotes lançada pelos besteiros (auxiliados por 2 centenas de arqueiros ingleses) fizeram com que, muito antes de entrar em contacto com a infantaria portuguesa, já a cavalaria se encontrar desorganizada e confusa. As baixas da cavalaria foram pesadas e o efeito do ataque nulo. Ainda não perfilada no terreno, a retaguarda castelhana demorou a prestar auxílio e, em consequência, os cavaleiros que não morreram foram feitos prisioneiros pelos portugueses. Depois deste revés, a restante e mais substancial parte do exército castelhano atacou entraram em confronto com a infantaria portuguesa: “Castyla! Sant’iago!” ao que os portugueses replicaram bradando “Portugal! São Jorge!”. A linha castelhana era bastante extensa, pelo elevado número de soldados. Ao avançar em direcção aos portugueses, os castelhanos foram forçados a apertar-se (o que desorganizou as suas fileiras) de modo a caber no espaço situado entre os ribeiros. Enquanto os castelhanos se desorganizavam, os portugueses predispuseram as suas forças dividindo, D. Nuno, a vanguarda em dois sectores, de modo a enfrentar a nova ameaça e onde se destacou com especial bravura a famosa Ala dos Namorados. O primeiro português a ferir um castelhano na Batalha foi Gonçalo Annes de Villas-Boas, Senhor da Casa de Villas-Boas, Senhor da Torre de Ayró e Alcaide-Mor de Castelo de Vide, fiel companheiro de armas do Conde Nun’Álvares e armado Cavaleiro para lutar na Batalha pelo Rei D. João I ao qual prometeu “ser o primeiro a ferir, com a lança, os Castelhanos”.

Mas, vendo que o pior da investida castelhana ainda estava para chegar, o Rei de Portugal ordenou a retirada dos besteiros e archeiros ingleses e o avanço da retaguarda através do espaço aberto na linha da frente. Desorganizados, sem espaço de manobra e finalmente esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos pouco puderam fazer senão morrer ou tentar fugir.

Ao entardecer a batalha estava já perdida para Castela. Precipitadamente, D. Juan de Castela ordenou uma retirada geral sem organizar uma cobertura. Os castelhanos debandaram então desordenadamente do campo de batalha. A cavalaria portuguesa lançou-se então em perseguição dos fugitivos, dizimando-os sem piedade, inclusive o partidário de Castela, D. Pedro, irmão de D. Nuno. Alguns fugitivos procuraram esconder-se nas redondezas, apenas para acabarem mortos às mãos do povo. Surge aqui um mito português em torno da batalha: uma mulher, de seu nome Brites de Almeida, recordada como a Padeira de Aljubarrota, iludiu, emboscou e matou, pelas próprias mãos, alguns castelhanos em fuga. A história da verduga figura é por certo uma lenda da época.

De qualquer forma, pouco depois, D. Nuno Álvares Pereira ordenou a suspensão da perseguição e deu trégua às tropas fugitivas. Ao amanhecer do dia seguinte, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à vista: os cadáveres eram tantos que chegaram para barrar o curso dos ribeiros, que flanqueavam a colina e o barulho ensurdecedor do crocitar dos corvos contribuía para o cenário de tétrico. Para além de soldados de infantaria, morreram também muitos nobres castelhanos, o que causou pesado luto em Castela.
A apenas 400 baixas portuguesas corresponderam mais de 4000 baixas castelhanas.

A Batalha de Aljubarrota representa uma das raras grandes batalhas campais da Idade Média entre dois exércitos régios e um dos acontecimentos mais decisivos da História de Portugal. No campo militar significou a inovação de uma táctica, onde os homens de armas apeados foram capazes de vencer a poderosa cavalaria medieval, que, a partir daí, entrou em declínio.

 No campo diplomático, permitiu reafirmar a aliança entre Portugal e a Inglaterra, que já haviam assinado o Tratado de Paz, Amizade e Aliança ou Tratado de Westeminster, a 16 de Junho de 1373, na Catedral de São Paulo, em Londres, firmado entre os plenipotenciários d’El-Rei Dom Fernando I de Portugal e o Rei Eduardo III de Inglaterra e o Príncipe de Gales (Eduardo de Woodstock, “o Príncipe Negro”). O Tratado de ‘perpétua amizade, sindicato e aliança’ entre as duas nações, a mais antiga aliança do mundo, confirmou o anterior Pacto de Tagilde. O chamado Tratado, ou melhor Pacto de Tagilde, que o Rei D. Fernando I de Portugal assinou com os delegados de John de Gaunt, Duque de Lencastre, e 4.º filho do Rei Eduardo III de Inglaterra, é considerado o preambulo da Aliança Luso-Britânica, e foi firmado a 10 de Julho de 1372, na Igreja de São Salvador de Tagilde, e marcou o exórdio da mais velha aliança diplomática do mundo, que perdura até aos nossos dias.

Esta Aliança foi reforçada no ano seguinte a Aljubarrota pelo Tratado de Windsor de 9 de Maio de 1386 e seria consolidada, em 1387, pelo casamento de D. João I com a Princesa Inglesa Dona Filipa de Lencastre (Lady Phillippa of Lancaster), filha de John Gaunt, Duque de Lancaster, e neta do então monarca inglês Eduardo III, de cujo consórcio matrimonial nasceria a Ínclita Geração. No aspecto político, resolveu a disputa que dividia o Reino de Portugal e de Castela.

Finda a ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como Condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos, e foi generosamente recompensada pelo rei pelos vários títulos que recebeu e propriedades, ficando dono de quase metade do país.
Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. Juan de Castela, dedicou-se a realizar incursões contra a fronteira de Castela, com o objetivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques.

Do seu casamento com D. Leonor de Alvim (1360), o Condestável teve três filhos, mas apenas uma filha teve descendência, D. Beatriz Pereira de Alvim. Foi, então, acordado o casamento da sua filha com um dos filhos do rei, em 1401: D. Afonso, que seria 1.º Duque de Bragança, D. Afonso (I) – filho natural que D. João, Mestre de Avis, ainda solteiro e antes de ser Rei tivera com uma rapariga solteira de nome Inês Pires -, dando origem à Casa de Bragança que viria a reinar em Portugal três séculos mais tarde, solidificando toda a aura que já o seguia.

Consolidada a paz com Castela, D. Nuno Álvares Pereira, que entrementes fora agraciado com sucessivas doações de terras e bens, dedicou-se a obras de caridade. Em 1393 distribui muitas das suas terras pelos companheiros de armas. Estando ele viúvo desde 1388, em 1414 morre a sua única filha, D. Beatriz. Opta, então, por novo rumo de vida, dedicando-se mais aos trabalhos agrícolas nos seus domínios de Vila Viçosa.
D. Nuno participou, ainda, na conquista de Ceuta em 1415 e foi convidado pelo rei a comandar a guarnição que lá ia ficar. O Condestável recusou, pois desejava abandonar a vida militar.

Luís de Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em “Os Lusíadas”: o forte Nuno, como Camões o designa, aparece logo evocado na 12.ª estrofe do canto primeiro, “Por estes vos darei um Nuno fero, Que fez ao Rei e ao Reino tal serviço,” e no canto oitavo, estrofe 32: “Mas mais de Dom Nuno Álvares se arreia. Ditosa Pátria que tal filho teve!”.
Em 1422 reparte pelos netos os seus títulos e bens; a sua neta D. Isabel, casou-se com o infante D. João, futuro Condestável.

Torna-se, então, carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo, que mandara construir como cumprimento de um voto), tomando o nome de Irmão Nuno de Santa Maria.
Percorria as ruas de Lisboa e distribuía esmolas a quem precisava. No convento tinha um grande caldeirão usado pelos seus homens nas campanhas militares, onde se faziam refeições para os pobres. Estas ações levaram o povo a chamá-lo de Santo Condestável.

Ao tornar-se Frei Nuno de Santa Maria, como irmão donato, abdicou do título de conde e de Condestável e pretendeu ir pelas ruas pedir esmola, o que assustou o rei, que pediu ao Príncipe D. Duarte, que tinha muita admiração por D. Nuno, para convencê-lo a não fazer tal coisa. O infante convenceu Frei Nuno a apenas aceitar esmola do Rei, o que foi aceite. Passa os últimos anos da sua vida, entregue à penitência e servindo os pobres.

No seu último ano de vida, o Rei D. João I fez-lhe uma visita no Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno Álvares Pereira o seu mais próximo amigo, que o colocara no trono e salvara a independência de Portugal.

Aí permanece D. Nuno até à morte, que ocorreu em 1 de Novembro de 1431 (dia de Todos-os-Santos), com 71 anos, rodeado pelo rei e os infantes.

Já em vida era conhecido como o Santo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira foi beatificado em 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV através do Decreto “Clementíssimus Deus”, e foi consagrado beato no dia 6 de Novembro. Sua Santidade O Papa Bento XVI, durante o Consistório de 21 de Fevereiro de 2009, determinou que o beato Nuno fosse inscrito no álbum dos Santos no dia 26 de Abril de 2009.

Do seu casamento com Leonor de Alvim, nasceram três filhos: dois rapazes que morreram jovens e uma filha que chegou à idade adulta e teve descendência: Beatriz Pereira de Alvim, que se tornou mulher de D. Afonso, o 1.º Duque de Bragança, dando origem à Sereníssima Casa de Bragança que viria a reinar em Portugal três séculos mais tarde.

Não obstante, a primogenitura, a descendência direta e a representação genealógica do Condestável pertence aos Marqueses de Valença, por o 1.º Marquês de Valença e 4.º Conde de Ourém (por doação directa do condestável, seu avô materno), Afonso de Bragança, ser o filho primogénito de sua mãe: Beatriz Pereira de Alvim, primeira esposa do 1.º Duque de Bragança, D. Afonso. Por esse motivo os Marqueses de Valença mantiveram até aos dias de hoje o uso do apelido “de Portugal” em alusão ao reino e também à varonia real, mais tarde mantida pelo tronco “de Sousa Coutinho” (Borba e Redondo). Esta razão está também patenteada na própria heráldica, mantendo os Marqueses de Valença a “cruz florenciada” dos Pereira alternada com as Armas do Reino, o que já não acontece com o ramo segundogénito, os Duques de Bragança, que nunca tiveram direito ou pretensão a esta representação genealógica.

Por outro lado, a família Mello dos Duques de Cadaval, por sua vez um ramo segundogénito da família Bragança, veio mais tarde a adoptar, em memória ao seu ilustre antepassado e por passarem a ter a varonia Bragança, o apelido “Álvares Pereira” e as mesmas armas dos “Portugal”, o que não lhes induz algum direito de representação, a não ser por pura analogia.

Epitáfio no túmulo de D. Nuno Álvares Pereira, destruído no Terramoto de 1755:

“Aqui jaz aquele famoso Nuno, o Condestável, fundador da Sereníssima Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo.”


| Estandarte de D. Nuno Álvares Pereira

O Estandarte pessoal concebido por D. Nuno Álvares Pereira revela os sentimentos piedosos do Santo Condestável.
O seu pavilhão particular era branco, dividido ao centro em quatro campos por uma cruz vermelha: a cruz do escudo de Galaad, tinta no sangue do redentor; em cada quarto tinha uma imagem piedosa e nos quatro cantos outros tantos escudos da sua linhagem que era a dos Pereiras. No primeiro quarto via-se Jesus Cristo crucificado e aos pés da cruz sua Mãe a Virgem Maria, de um lado e do outro São João, o discípulo amado. No segundo quarto superior, estava a Virgem com o menino ao colo. No terceiro inferior, São Jorge de joelhos, rezando a Deus de mãos postas e finalmente no último quarto, o apóstolo das Espanhas e primeiro de Portugal, San’Tiago, na mesma atitude.

Miguel Villas-Boas 

‘Sem os líderes, sem os Santos, sem os heróis, sem os Reis, a História é ininteligível.’, escreveu Charles Maurras, escritor monárquico francês, jornalista, dirigente e principal fundador do jornal “Action Française”.


Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Roteiros Reais 09 de Novembro, 10:00hs - Os segredos do Palácio dos Condes de Óbidos

A Real Associação de Lisboa irá retomar os Roteiros Reais das manhãs de Sábado já no próximo dia 09 de Novembro com uma visita ao Palácio dos Condes de Óbidos actual sede da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP). Para o efeito contaremos com a valiosa colaboração da historiadora da CVP, Dra. Luisa Nobre.

O Palácio dos Condes de Óbidos tem origem no séc. XVII e permaneceu na posse da família Óbidos-Sabugal até 1919, data em que foi adquirido pela CVP, que aí instalou a sua sede nacional. Nesta visita especialmente preparada para os nossos associados, além de um pequeno filme sobre a colaboração de D. Manuel II com a Cruz Vermelha durante a Grande Guerra, será possível visitar o museu, o palácio e os importantes painéis de azulejos azuis e brancos, datados da primeira metade do séc. XX e realizados por Gabriel Constante, imitando os painéis do séc. XVIII e o interior onde é visível uma concepção romântica patente nos silhares de azulejos, nos tectos pintados e apainelados, e nos revestimentos das paredes.

Com o limite de 30 inscrições, esta visita terá um custo de €15,00 por pessoa. O ponto de encontro será no Jardim 9 de Abril em frente à entrada do Museu Nacional de Arte Antiga. O prazo de inscrições termina na 5a feira dia 7 de Novembro.

Para mais esclarecimentos e inscrições, contacte-nos através do endereço secretariado@reallisboa.pt, pelo telefone 213 428 115 ou presencialmente na nossa sede de 2ª a 6ª feira entre as 11:00hs e as 14:00hs.

Contamos consigo!

A Direcção,
Real Associação de Lisboa
Praça Luís de Camões, 46 2° Dto
1200-243 Lisboa
Tlf.: (+351) 21 342 81 15
http://www.reallisboa.pt

domingo, 3 de novembro de 2024

CARTA ABERTA AOS CATÓLICOS AMERICANOS À MEDIDA QUE AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS SE APROXIMAM


Tradução Deus-Pátria-Rei

A grande marcha de destruição mental continuará. Tudo será negado. […]
Acenderemos fogueiras para provar que dois mais dois são quatro.
Desembainharemos espadas para provar que as folhas são verdes no verão.

GK Chesterton, Hereges, 1905

Queridos fiéis católicos americanos,
Escrevo a todos vós, poucos dias antes das eleições presidenciais que convocarão milhões de cidadãos americanos às urnas.

Se, em condições relativamente normais, o exercício do seu voto é um dever moral, pelo qual coopera em primeira pessoa na escolha daquele que governará a Nação durante os próximos quatro anos, neste próximo ciclo eleitoral - como e muito mais do que em 2020 – não somos simplesmente chamados a escolher entre dois candidatos de alinhamento político diferente, mas que, no entanto, têm em mente o bem comum, respeitando a Constituição e a Lei. Desta vez, deveis escolher entre duas formas radicalmente opostas de conceber o governo da vossa nação: sois chamados a escolher entre a democracia e a ditadura, entre a liberdade e a escravatura.

Por um lado, temos o candidato Donald J. Trump, que, apesar de todas as questões graves – nomeadamente sobre o aborto e a reprodução assistida – visa o bem comum e a protecção das liberdades fundamentais dos cidadãos. Nos Estados Unidos de Donald Trump, todos os católicos podem praticar a sua fé e educar os seus filhos sem interferência do Estado. Por outro lado, temos um candidato e um partido que promove tudo o que se opõe diretamente à fé e à moral da Igreja Católica. Na América de Kamala Harris, um católico – tal como um protestante – é considerado um fundamentalista para ser marginalizado e eliminado, e os seus filhos são propriedade do Estado, que assume o direito de os desviar desde a mais tenra idade na alma e no corpo. A América de Trump pode tornar-se grande e próspera novamente; a América de Harris está condenada à invasão e à destruição moral, social e económica: à mais feroz ditadura.

Olhem para o vosso próprio país: as vossas cidades tornaram-se lixeiras para vagabundos e criminosos, traficantes de drogas e viciados, prostitutas e ladrões. As vossas escolas são receptáculos de doutrinação e corrupção desde o jardim de infância. Nos vossos tribunais, os criminosos são absolvidos e os inocentes presos: novos crimes ideológicos são processados, enquanto a anarquia é tolerada e encorajada. Nos vossos hospitais, as multinacionais fazem a lei e vocês são as suas cobaias para expandir a liberdade de escolha.

Tribos indígenas são exterminadas ou transformadas em pessoas com doenças crónicas e clientes perpétuos. Agricultores, pecuaristas e pescadores são perseguidos e forçados à falência, enquanto as terras são apropriadas por multinacionais sem escrúpulos que as transformam em intermináveis ​​centrais fotovoltaicas e eólicas para alimentar os seus centros de dados e servidores onde recolhem todos os seus dados, os seus movimentos, as suas compras e as suas preferências políticas. Chegaram ao ponto de manipular o clima através de operações sofisticadas de geoengenharia e incêndios devastadores para tornar credível a fraude do aquecimento global e impor a transição verde, aumentando os preços da energia, dos carros e das scooters eléctricas. E tudo isto através de uma mentira óbvia, sem qualquer prova científica, mas com a colaboração servil dos meios de comunicação do regime, prontos a acusar-nos de teóricos da conspiração. Mas o que, ainda ontem, foi descrito como fruto de teorias da conspiração é hoje admitido pelos próprios detentores do poder. Eles privam-no da luz solar, envenenam-no ao semear as nuvens, inundam as suas aldeias e campos com furacões mortais; eles matam o seu gado e secam as suas colheitas com secas incendiárias e incêndios devastadores. Eles querem controlar toda a indústria alimentícia, para obrigar-lo a comer apenas o que eles colocam à sua disposição. Isto é o que a Agenda 2030 impôs sem o voto das Nações Unidas e o Fórum Económico Mundial exige.

Durante estes quatro anos desastrosos da administração Biden-Harris, tivemos uma marionete na Casa Branca e uma vice-presidente corrupta e incompetente que nunca parou de mentir e enganar os eleitores sobre o seu passado e o seu futuro. O poder é exercido pelo Estado Profundo criminoso – cujos nomes e rostos conhecemos agora – responsável pela destruição da sua grande nação. E para que a crise não tenha fim, abrem-se continuamente novos teatros de guerra, em conflitos que ninguém quer, excepto aqueles que deles tiram enormes lucros, sacrificando vidas humanas e comprometendo a estabilidade internacional.

Já viram durante estes quatro anos aquilo de que os Democratas, ou seja, a extrema-esquerda, foram capazes. Imaginem do que serão capazes se, em vez dos numerosos adjuntos de Biden, o seu vice-presidente for eleito - na fraude mais escandalosa e inimaginável - com o bando de ministros LGBTQ+, estritamente woke, vendidos à China ou ao Fórum Económico Mundial, patrocinados por George Soros ou Bill Gates, manipulados por Obama e Hillary Clinton. Nessa altura, queridos católicos americanos, vocês não terão apenas que mudar o seu comício – como diria Kamala – para dizer que Cristo é o Senhor, porque dizer isso será considerado discurso de ódio, e rezar em frente a uma clínica de aborto como um acto de terrorismo. Não acredite que estas sejam hipóteses distantes.

Onde quer que a esquerda tome o poder, ela estabelece a ditadura mais feroz, mais anti-humana e anti-cristã que a humanidade já conheceu. E sabemos que sempre que a esquerda chegou ao poder, nunca o abandonou por meios democráticos.

Donald Trump e Kamala Harris: não são duas visões diferentes, fazem parte da dialéctica política normal. Estamos a falar de dois mundos opostos e irreconciliáveis, onde Trump luta contra o Estado Profundo e promete libertar a América das suas garras tentaculares, enquanto do outro lado temos um candidato corrupto e chantageado, orgânico ao Estado Profundo, que actua como uma marionete nas mãos de fomentadores da guerra como Barack Obama e Hillary Clinton, autoproclamados “filantropos” como os criminosos George Soros e Klaus Schwab, ou figuras como Jeffrey Epstein e Sean Combs. A sua agenda é a da Esquerda Global, do Fórum Económico Mundial, da Fundação Rockefeller, da Fundação Bill e Melinda Gates e, em última análise, a da Vanguard, BlackRock e StateStreet. A sua agenda é escrita de acordo com os ditames da oligarquia financeira que controla a humanidade em detrimento do povo: uma elite que opera não só nos Estados Unidos, mas também no Canadá, na Austrália, na Europa e onde quer que a política seja feita refém dos seus fundos de investimento e organizações pseudo-humanitárias dedicadas à eliminação da civilização ocidental.

Atrás deles – como já sabemos – estão personagens maliciosos, unidos por um ódio satânico a Nosso Senhor Jesus Cristo e a todos aqueles que Nele acreditam, especialmente os fiéis católicos. Queremos que Cristo reine e proclamamos com orgulho: Cristo é rei! Eles querem o reinado do Anticristo, cuja tirania é composta de caos, guerras, doenças, fome e morte. E quanto mais a elite globalista planeia e implementa emergências e crises, mais desculpas tem para impor novas limitações, novas restrições aos direitos fundamentais e novos controlos.

Joe Biden, o actual “presidente”, está ao serviço desta elite subversiva e é amplamente chantageado pelos seus escândalos e crimes e pelos da sua família, a começar por Hunter. A sua “vice-presidente”, Kamala Harris, também está sujeita a este mesmo Estado Profundo. E o Partido Democrata, ao qual ambos pertencem, é a expressão da ideologia woke que infecta todos os partidos da esquerda global.

O candidato Donald J. Trump, embora apresente certamente sérias questões críticas que um católico não pode partilhar, constitui para nós, queridos fiéis americanos, neste momento histórico específico, a única opção possível para contrariar o golpe de estado globalista que a esquerda woke está prestes a implementar de forma definitiva, irremediável e com danos incalculáveis ​​para as gerações futuras.

Votar em Donald Trump significa distanciar-se firmemente de uma visão anticatólica, anticristã e anti-humana da sociedade. É bloquear quem quer criar uma distopia infernal, pior que a anunciada por George Orwell. E isso significa também – não se esqueça – dar confiança, para que o Presidente Trump saiba que o voto massivo de católicos e cristãos que o trouxe de volta à Casa Branca deve ser a premissa para um compromisso mais incisivo na defesa da vida, desde a  concepção à morte natural, na defesa da família tradicional, na defesa do direito dos pais à educação dos filhos, na defesa da Fé e da identidade cultural da Nação.

Repito: a escolha é entre um presidente conservador que paga com a vida na luta contra o Estado Profundo e um monstro infernal que obedece a Satanás. Para um católico, não há dúvida: votar em Kamala Harris é moralmente inaceitável e constitui um pecado grave. Nem sequer é possível abster-se, porque nesta guerra proclamar a neutralidade é aliar-se ao inimigo.

As pessoas em todo o mundo estão a começar a compreender a ameaça para si próprias e para o futuro dos seus filhos, e vocês, os americanos, também o compreenderam. Mas embora desta vez seja mais difícil para o Estado Profundo repetir a fraude de 2020, não devemos acreditar que se resignará a derrotar tão facilmente. Preparemo-nos, portanto, para evitar possíveis ataques e cenários de guerra civil que sirvam de pretexto para impor a lei marcial e novas restrições, depois dos ataques aos quais o Presidente Trump escapou providencialmente.

Mas não esqueçamos, queridos fiéis, que só as energias humanas são impotentes diante deste conjunto de forças infernais. Proclamamos que Cristo é Rei: isto significa que Nosso Senhor deve reinar novamente, e a primeira maneira de fazê-lo reinar é obedecer à sua santa Lei e viver na sua Graça. Deixai Cristo reinar nos vossos corações, nas vossas famílias, nas vossas comunidades e em todos os Estados Unidos da América: esta é a única forma de garantir a paz, a harmonia e a prosperidade da nação.

Pense em quantos católicos existem nos Estados Unidos! Votem sem hesitação e rezem para que Nosso Senhor ilumine os cidadãos americanos na sua escolha e dê a vitória àquele que, pelo menos, não tem problemas em proclamar que Cristo é o Senhor.

Que Deus os abençoe e que Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira dos Estados Unidos, e São Miguel Arcanjo os protejam.

+ Carlo Maria Viganò, Arcebispo,

Ex-Núncio Apostólico nos Estados Unidos da América 

22 de Outubro de 2024


sábado, 2 de novembro de 2024

Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso

 Hoje a Igreja comemora o dia dos Fiéis Defuntos. É dia de rezar por todos os que já morreram, especialmente pelas pessoas da nossa família e pelos nossos amigos que já foram chamados à presença de Deus. Também é bom visitar as suas campas durante esta primeira semana de Novembro. É bom rezar esta oração muitas vezes:


Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso,
nos esplendores da luz perpétua. 
Que descansem em paz. 
Ámen.


Requiem æternam dona eis, Domine,
et lux perpetua luceat eis.
Te decet hymnus Deus, in Sion,
et tibi reddetur votum in Ierusalem.
Exaudi orationem meam;
ad te omnis caro veniet.
Requiem æternam dona eis, Domine,
et lux perpetua luceat eis.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Se há tantos santos, porque não eu?

A beatitude consiste em alcançar aquilo que preenche e torna feliz o coração do homem. É a felicidade que conseguiram os santos que hoje celebramos, todos reunidos numa única festa. É um grupo que ninguém pode enumerar e que lavaram as suas vestes no sangue do Cordeiro, isto é, experimentaram em vida e na morte a infinita Misericórdia Divina e vivem também, pela virtude deles, na beatitude eterna.

Uma beatitude à qual todo fiel aspira na esperança que o próprio Cristo nos infunde. O Cristo anuncia uma felicidade que não é da ordem dos valores terrenos, mas é em vista do Reino, proclamado por Ele, e, mesmo começando já nesta Terra para aqueles que acolhem Cristo e as suas exigências, será definitiva somente na eternidade. 

A Igreja, formada por todos os santos, convida-nos hoje a olhar para o futuro e para o prémio que Deus reservou àqueles que o seguem no difícil caminho da perfeição evangélica. Todos nós gostaríamos que, depois da nossa morte, este dia fosse também a nossa festa. Jesus convida-nos a regozijarmos e alegrarmos já durante o percurso, em vista à chegada final. 

A santidade, portanto, não é a meta de poucos privilegiados, mas a aspiração contínua e constante de todo crente, na firme convicção de que ela é antes de tudo um projecto divino que a ninguém exclui e que nos foi confirmada a preço do sacrifício de Cristo, que deu a vida pela nossa salvação, e, portanto, pela nossa santidade. 

Não conseguir a meta significaria tornar-se responsável daquele grande pecado, que esperamos que ninguém cometa, de frustrar a obra redentora do Salvador. Santo Agostinho, movido por santa inveja costumava repetir a si mesmo: “Se tantos e tantas, porque não eu?”

Dos Sermões de São Bernardo, Abade e Doutor da Igreja


segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Desordem e caos na República


Há 100 anos, tal como hoje, era assim:

Às vezes, mesmo antevendo a catástrofe para que nos encaminhamos com aquela fúria singular de quem tem medo de não chegar a tempo, sorrimos de desdém, ouvindo a gritaria, a choramingaria, os protestos, os discursos, as ameaças, as reclamações, que surgem nos jornais, nas representações, nos parlamentos, nas salas, nas ruas, em toda a parte. Porque tudo isso, gritos, choradeiras, protestos, discursos, ameaças, reclamações, – é poeira vazia, é linguagem de papagaio, e tolice... Gritam, protestam, contra o assassinato e o roubo, contra a injúria e a calúnia, mas fazem muralha, quando alguém, audaz, se ergue contra a origem do assassinato que os aflige, do roubo que os amedronta, da injúria que os vexa e da calúnia que os irrita.
Acabo de percorrer a maior parte dos comentários que se fizeram ao acontecimento trágico de quarta-feira passada, em que um agente da ordem pública e social sucumbiu às mãos de um inimigo da mesma ordem, – acontecimento que se deu no mesmo dia em que pela terceira vez se adiou o julgamento de outro inimigo da ordem social. Palavras, palavras, palavras – e nem um conselho positivo, e nem uma solução positiva! Tocar na arca santa da instituição do júri criminal? Pedir a instituição dos processos sumários militares? Esquecer tudo, tudo e obrigar o Governo a defender a Ordem, e impor a Ordem, com a Constituição ou contra a Constituição, com o Parlamento ou contra o Parlamento, com a Lei ou contra a Lei? Credo! Seria magoar a Democracia. Seria ofender a Democracia.
Diante de uma casa a arder, não se discutem teorias: apaga-se o fogo, a bem ou a mal. A sociedade portuguesa está a arder. Acudam-lhe enquanto é tempo. Arrumem para o lado os incendiários ou os coniventes, encontrem-se eles onde se encontrarem, – no Parlamento, nos jornais, nas Secretarias, nas ruas e nas alfurjas – e salvem isto da derrocada!

Alfredo Pimenta in jornal «A Época», Nº 1749, 1 de Junho de 1924


Fonte: Veritatis

domingo, 27 de outubro de 2024

SAR D. Afonso, SA D. Maria Francisca e Duarte no casamento da Princesa Xenia de Croy e Nobile Guy delle Piane


SAR D. Afonso, Príncipe da Beira, SA Infanta D. Maria Francisca e Duarte de Sousa Araújo Martins estiveram presentes no casamento da Princesa Xenia de Croy e Nobile Guy delle Piane no dia 28 de Setembro.

sábado, 26 de outubro de 2024

Le duc de Calabre en visite à Lisbonne

Le prince Pedro de Bourbon-Deux-Siciles, duc de Calabre, Grand Maître de l’Ordre Constantinien de Saint Georges a fait récemment un voyage au Portugal à l’occasion de l’investiture de nouveaux Chevaliers et Dames dans l’Ordre Constantinien.

Le prince, ici au côté de la duchesse de Bragance, lors d’un dîner au Turf Club a décerné aux deux fils du duc et de la duchesse de Bragance la Grand-Croix de Justice de l’Ordre Constantinien de Saint Georges.


Moment de complicité pour le duc de Calabre et le prince de Beira, qui sont aussi cousins puisque leurs grands-mères les princesses Isabelle et Françoise d’Orléans-Bragance, respectivement comtesse de Paris et duchesse de Bragance étaient soeurs.
 
Fonte: Noblesse & Royautés

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Da falsa educação e a corrupção da infância

Das estatísticas criminais em França, se colhe que dentro de 20 anos, o número dos criminosos menores triplicou e subiu de 11.000 a 30.000; em 50 anos, de 1836 a 1889, o número dos suicídios dos mesmos quadruplicou. E os crimes e os suicídios se vão multiplicando mais, ao passo que a desmoralização avança e se vai encarnando na sociedade. Esta desmoralização é devida em sua maior parte à irreligiosa e falsa educação que é subministrada pelas escolas leigas em França. É esta a funesta influência da educação sem Deus.

«Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 1º Ano, Nº 12, Dezembro de 1895


Fonte: Veritatis

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Evocação da Festa da Titular da Igreja da Rainha Santa Isabel em 2024

347.º Aniversário da dupla trasladação do sagrado corpo de Santa Isabel de Portugal

A Confraria da Rainha Santa Isabel pretende evocar neste ano de 2024 a Festa da Titular da sua Igreja e assinalar o 347.º aniversário da dupla trasladação do sagrado corpo de Santa Isabel de Portugal, comemorando esta efeméride nos próximo dia 27 de Outubro.

No dia 27 de Outubro de 1677 ocorreu a trasladação do corpo santo da Rainha Santa Isabel do túmulo de pedra, onde jazia desde 1336, para o túmulo de prata mandado fazer por D. Afonso de Castelo Branco, 41.º Bispo de Coimbra, 6.º Conde de Arganil, que chegou a ser Vice-Rei de Portugal.

No dia 29 de Outubro seguinte (de 1677), ocorreu a trasladação do corpo santo da Rainha Santa Isabel, já no túmulo de prata, desde o velho Mosteiro (Santa Clara-a-Velha) para o novo Mosteiro de Santa Clara (Santa Clara-a-Nova).

Aliás, o dia 29 de Outubro foi, durante mais de um século, a 2.ª data mais importante do novo Mosteiro de Santa Clara (o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova) – era o dia da Festa da Titular da Igreja da Rainha Santa Isabel:
 
No Calendário da Igreja da Rainha Santa Isabel, “a Festa da Titular não se faz, como pareceria mais natural, a 4 de Julho, que é a Festa natalícia, ou aniversário da morte e entrada na glória da Rainha-Santa; mas a 29 de Outubro, Festa da Trasladação do seu santo Corpo para este mosteiro novo de Santa Clara. Assim se fez sempre, desde o ano em que o templo foi sagrado, no fim do século XVII, certamente porque, no acto de Sagração, o Bispo sagrante designou este dia para a Festa da Titular". - cfr. António Ribeiro de Vasconcelos “Liturgia da Rainha-Santa";, Coimbra, 1934.

Por esse motivo, a Confraria da Rainha Santa Isabel pretende comemorar a data da “Festa da Titular” da sua Igreja com a maior dignidade.

Neste ano de 2024, na evocação da “Festa da Titular”, para o próximo Domingo, dia 27 de Outubro, está previsto o seguinte programa:

a) Às 11h00, na Missa dominical na Igreja da Rainha Santa Isabel, agradecer-se-á a exemplar vida acontecida de Santa Isabel de Portugal;

b) Às 16h30, a Confraria da Rainha Santa Isabel exibirá no coro baixo do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova uma ímpar fotografia do túmulo de pedra, da autoria do fotógrafo Varela Pé Curto, oferecida pelo próprio à Confraria;

c) Às 18h00, realizar-se-á na Igreja da Rainha Santa Isabel, um concerto musical – RE(encontros) - pela Orquestra Clássica do Centro, com a participação do notável pianista italiano Danilo Mascetti e do Quarteto Vintage, sob a direcção do Maestro Sergio Alapont, em que serão interpretadas obras de A. Fragoso, K. Fiorini, G. Foret, L. van Beethoven e Ana Seara.

  
Este programa de “Evocação” não altera nenhuma das celebrações religiosas habituais na Igreja da Rainha Santa Isabel, que se mantêm.

A entrada é livre, mas sujeita a inscrição prévia junto da Orquestra Clássica do Centro em www.orquestraclassicadocentro.org .

Com os melhores cumprimentos,

Joaquim Leandro Costa e Nora

(Presidente da Mesa Administrativa da Confraria da Rainha Santa Isabel)