quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Aos indiferentes, por Jacinto Ferreira

«Aos que se dizem Indiferentes

Senhores:

Se eu acreditasse nas vossas afirmações de indiferentistno político seria também obrigado a ter por vós uma absoluta indiferença pessoal.

Começaria por experimentar intimamente um sentimento de inveja pelo dom com que havíeis sido favorecidos, de conseguirdes viver impassíveis no meio das lutas, dos choques, dos ruídos e dos clamores. Depois, decerto, sentiria por vós um profundo desprezo porque ser indiferente em política é comer o pão que outros ganharam, é gozar a harmonia que outros estabeleceram; usufruir a paz que outros conquistaram, é, enfim e em resumo, viver a vida que outros! criaram. Ser indiferente em política é adoptar uma posição de parasitismo intelectual, filha de um egoísmo agudo, e que leva tantos a gozar benefícios recebidos de uma sociedade, para cuja manutenção e aperfeiçoamento se recusam sistematicamente a contribuir.

Mas eu, sem quebra de respeito pela vossa palavra honrada, não acredito no indiferentismo que proclamais, embora acredite, sim, numa atitude de repugnância, de desprezo por tanta desorientação, por tanto atropelo, por tanta violência publicamente apresentados como afirmações políticas, mas que são, única e simplesmente manifestações reles de POLITIQUICE.

E como é à roda da questão de regime que as lutas sempre têm atingido a intensidade máxima, também é pelas questões de regime que vós mostrais a indiferença mais profunda.

Essa atitude de afastamento resulta, porém, incompreensível se sobre ela fizermos incidir a luz de um raciocínio claro e sincero.

Estais, de facto, longe de vos desinteressardes da governação pública, mas entendeis que, boa ou má, ela será consequência da educação dos homens, servindo as divergências quanto a regimes, unicamente para azedar e enredar as relações entre cidadãos. Mas, atribuindo vós à educação uma importância primordial (ou não fôsseis pessoas austeras e sizudas) esqueceis, por outro lado, ou ignorais que o ambiente educacional cívico para os povos, é constituído em larga extensão pelo regime político.

Sois incompreensíveis, senhores!

Sabeis, através uma certa ilustração moral e religiosa, que «a ocasião é que faz o ladrão» e que muitas almas de elite só atingiram a perfeição cristã porque procuraram intransigentemente fugir às ocasiões em que poderiam cair em tentação, mas é-vos, afinal, indiferente que, na vida pública, estas ocasiões sejam múltiplas ou reduzidas, que haja muitas quedas ou apenas raras, a lamentar.

Sois, de facto, incompreensíveis, pois deveríeis saber que são as más leis e a falta de disciplina e de respeito na sociedade, a ausência de prémio ou de castigo, o que representa para todos, aquelas ocasiões de prevaricar, de não cumprir, de ser infiel a si próprio, a Deus e à Pátria.

E a excelência das disposições legais, tanto como o zelo no seu cumprimento, estão dependentes do carácter do regime, porque é este que, em última análise as enforma e lhes transmite, ou não, a seriedade, a equidade e também a humanidade de que necessitam revestir-se para serem boas e serem cumpridas.


Nos ambientes deletérios, mesmo os organismos mais saudáveis acabam por se contagiar e adoecer. Vós não pensais, por exemplo, que, na nossa primeira república, todos os governantes foram desonestos, incompetentes ou mal intencionados, ainda que nesses tempos houvesse inteira liberdade de o afirmar e até de o provar em relação a muitos deles.(…)

Pois pensai e raciocinai, para, quando chegar a hora de concluir, poderdes obedecer apenas aos ditames da inteligência iluminada pela boa vontade.

Então, estareis de acordo comigo em dizer: A Monarquia não é um regime ideal. Tem defeitos, como tudo o que é fruto do engenho humano. Mas exactamente por isto, é o regime que, revestido das suas características tradicionais e paternais, melhor garante ao Homem o exercício da plenitude da sua personalidade, sabiamente orientada para o serviço da comunidade, mas sem o culto de nacionalismos estreitos e belicosos.

É certo, porém, que, no fundo, não haverá motivo para apagardes a vossa aversão aos truques partidistas, às arruaças e à agitação elei-çoeira. Mas passará a havê-lo no dia em que acreditardes que os monárquicos em Portugal, embora às vezes participem nas lutas eleitorais, porque têm de aceitar a luta no campo onde ela se oferece, não constituem um partido político.

Deixai que digam o contrário os mal intencionados e os pouco esclarecidos.

Se, em relação aos republicanos, aos socialistas, aos comunistas, e mesmo a certos nacionalistas se pode afirmar que, «de degrau em degrau, se chega a perder, num dado momento, a origem do pensamento que os inspira», tal suspeição não pode ser aplicada aos monárquicos.

Estes, por virtude mesmo, do seu carácter de agrupamento restritamente nacional são insusceptíveis de filiação em qualquer internacional, seja ela maçónica, financeira ou revolucionária.

Reparai até que havendo agrupamentos monárquicos por todo o Mundo, e todos com princípios mais ou menos comuns, não há sombra de ligações internacionais entre uns e outros.

Além disso, não será preciso subir muitos degraus para se encontrar o inspirador das suas atitudes colectivas — O Rei, servidor dedicado, número um, do Interesse Nacional em todos os tempos e sob todos os regimes.

Quando for possível fazer-se a história completa e desapaixonada da última guerra, muitos se admirarão de ter havido Príncipes que nem mesmo em troca da garantia do seu trono, aceitaram pôr-se ao serviço de interesses estrangeiros, com possível afectação do Interesse do Seu País.

Por fim, sei que vós não acreditais na possibilidade de mudança de regime em Portugal, o que está dentro da lógica da vossa posição agnóstica. Pois bem, esse acto de fé não é essencial, de início. Ele surgirá como uma consequência no dia em que considerardes necessária tal mudança. E esta necessidade impor-se-á ao vosso espírito quando tiverdes concluído pela superioridade do regime monárquico.

Para atingires este primeiro elo de tão curta cadeia, basta que, como disse, estudeis e vos interesseis pelas verdades políticas associadas à lição elucidativa dos factos.

Então a vossa adesão, a vossa convicção, os vossos desejos, unidos aos de milhares e milhares, hão-de polarizar-se na vontade decidida de um homem talvez desconhecido mas cheio de fé, a qual será assim accionada em hora de intensa angústia ou de magnífica exaltação nacional.

Estudai-vos a vós próprios e reconhecereis que os vossos sentimentos são mais de antipatia por uma coisa do que de indiferença por todas. O que é bem melhor.»


Prédicas de um Monárquico, Jacinto Ferreira 1957


Fonte: O Manto do Rei

Índice de Liberdade de Imprensa 2013

Foto: Mito no. 6: "O regime republicano é o melhor garante da liberdade de expressão"

Todos os anos uma organização internacional de jornalistas independentes, "Reporters Without Borders" (Reporters Sem Fronteiras), que zela pela liberdade de expressão, publica um índice de liberdade de imprensa. Infelizmente não existia em 1910, quando o Reino de Portugal estaria certamente entre os primeiros lugares, mas revela que ainda hoje a liberdade de imprensa é protegida de forma mais consistente pela Coroa.

http://en.rsf.org/spip.php?page=classement&id_rubrique=1054
 
Mito no. 6: "O regime republicano é o melhor garante da liberdade de expressão"
 
Todos os anos uma organização internacional de jornalistas independentes, "Reporters Without Borders" (Reporters Sem Fronteiras), que zela pela liberdade de expressão, publica um índice de liberdade de imprensa. Infelizmente não existia em 1910, quando o Reino de Portugal estaria certamente entre os primeiros lugares, mas revela que ainda hoje a liberdade de imprensa é protegida de forma mais consistente pela Coroa.

http://en.rsf.org/spip.php?page=classement&id_rubrique=1054
 
 
Fonte: Causa Real

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

«Episódios da Monarquia Portuguesa»

João Paulo Oliveira e Costa revela os «Episódios da Monarquia Portuguesa»
 

«Depois da «Cronologia da Monarquia Portuguesa», o Círculo de Leitores publica os «Episódios da Monarquia Portuguesa», da autoria de João Paulo Oliveira e Costa.

«As pequenas histórias da História.

Episódios singulares, momentos de alegria ou infortúnio, de guerra ou paz, eventos que marcaram as vidas de reis e rainhas, de delfins e bastardos. Seguindo a cronologia de mais de sete séculos de monarquia, o historiador e romancista João Paulo Oliveira e Costa propõe uma viva galeria de pequenas narrativas que o leitor pode seguir do séc. XII aos alvores do séc. XX, ou que pode simplesmente ler saltando.

Saltando entre histórias, tal qual uma viagem no tempo.

Importante que seja a visão geral, e alicerçado esse conhecimento em títulos como a Cronologia da Monarquia Portuguesa, do mesmo autor, nesta obra convida-se a uma dinâmica e emotiva leitura do passado. Os traços de personalidade, os segredos, os receios, a dedicação, a valentia ou vilania dos muitos homens e mulheres que marcaram a monarquia.

Um álbum de vidas, em suma.»


Fonte: Diário Digital

S.A.R. Dom Duarte de Bragança na Gazeta Imperial

 
 
Ler AQUI
 
 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Grândola, Vila Morena?

Portugal é, decididamente, um país alegre. É o foguetório minhoto, é o folclore beirão, é o bailinho da Madeira. Mesmo em crise, com um brutal desemprego, com famílias endividadas, com jovens a emigrar, o país canta. Na Grécia os manifestantes arremetem com fúria contra a polícia de choque; em França, os habitantes dos bairros periféricos incendeiam carros; nos Estados Unidos, os psicopatas fazem fogo real em escolas e universidades. Mas em Portugal não, em Portugal os descontentes cantam o “Grândola, Vila Morena”!

Vai um ministro a um acto oficial e que faz a horda contestatária? Atira uma bomba? Sequestra o membro do governo? Acerta-lhe com ovos? Suja-o com tinta? Nada disso! Canta-lhe uma balada! E não é que o ministro fica tão comovido que, para esconder as lágrimas, se retira silencioso, com a voz embargada pela emoção?! Que exemplo para a Europa e para o mundo!

 Não sei se este excesso de alegria da juventude contestatária não deveria ser taxado pelas Finanças. Temo que os jovens destes coros espontâneos não saibam passar recibos sem erros ortográficos, mas certamente sabem responder ao jeito do ex-secretário de Estado da Cultura. Da cultura vicentina, certamente.

O país deve regozijar-se com a jovialidade destes manifestantes profissionais, porque se cantam é porque estão felizes e, se estão tão alegres, é de certeza porque comem bem e bebem melhor. Se algum reparo há a fazer é quanto à letra, porque em vez de “Grândola, Vila Morena”, ficava-lhes melhor dizer “Grândola, Vila Escurinha”…


P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Fonte: I online

SS. AA. RR., Os Senhores Duques de Bragança participaram na Procissão do Senhor dos Passos


 

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Uma manhã bem passada



Há poucas coisas que me arranquem da cama num Sábado de manhã, e menos ainda as que me levem a fazê-lo com prazer. Mas uma delas é, sem dúvida, ter o privilégio de ser um dos primeiros oradores do Curso de Formação Monárquica para jovens que hoje se iniciou, a convite do Nuno Pombo, Presidente da Real Associação de Lisboa, e poder aprender com o Nuno e também com os jovens formandos que se revelaram uma audiência interessada e interessante. Gabando o estoicismo destes para me ouvirem falar, ao longo de cerca de uma hora, sobre alguns conceitos teóricos, ideias e autores, devo confessar que a discussão elevada e intelectualmente muito estimulante que se gerou me alegrou de sobremaneira o espírito. Não é todos os dias que nos deparamos com uma audiência de jovens de grande qualidade - o facto de ali estarem num Sábado de manhã era desde logo um bom indício. É um óptimo sinal, de que se manterá viva e de boa saúde a tradição monárquica portuguesa, reserva política, moral e cultural da nação.


Samuel de Paiva Pires
 
 

Reina

Por que razão não deve um rei ser mais do que um símbolo? Porque os símbolos têm uma força que os simples mortais não atingem. Um rei constitucional tem uma função única: representar a sua comunidade, o mesmo significa representar-nos a nós, ao que estiveram antes de nós e aos que virão a seguir a nós. Achar que o rei só o será se exercer o «mando», porque essa é a nossa «tradição», ou por nos representar a todos, é fazer dele uma vulgar peça do xadrez político, um agente igual aos demais, com a única diferença de que tirar-lhe o «mando» das mãos será muito mais difícil do que de qualquer outro governante. Por outro lado, a nossa tradição do rei do «mando», quando a tivemos, mais não foi do que a consequência de uma influência (nefasta, a meu ver) do espírito do Ancien Régime francês, que o Marquês eternizaria na Avenida da Liberdade, uma pífia sombra dos Champs Élysées. Antes disso, os nossos reis foram conquistadores, guerreiros, criaram e consolidaram o reino, mandavam, é certo, mas o poder público era ainda uma força bruta que não conhecia os limites impostos pela natureza moral e transcendente do homem, ditados pela força da razão e da razoabilidade, que só tempos mais tardios lhe haviam de trazer, e que muito nos arrependeríamos hoje se os deixássemos de ter. Também aqui, a «tradição» não foi só nossa, mas de todos os rei e reinos do Renascimento e da modernidade pós-medieval. O poder era ainda uma pedra bruta e áspera a delapidar. Não será, com certeza, por aqui que retiraremos lições para o modo como hoje queremos viver.

O modelo da monarquia constitucional, no qual o rei reina, mas não governa, é, na verdade, o único que poderá equilibrar as instituições portuguesas e conferir seriedade e respeitabilidade ao país. Um rei-símbolo, isto é, um rei constitucional, tem o poder imenso de refrear, com a naturalidade daquilo que ele mesmo é e representa, os vícios e defeitos que o uso do poder traz a qualquer sociedade. Como faz ele isso? Precisamente não agindo politicamente, estando constitucionalmente inibido de fazer política mesmo que abdique, não sendo um actor político que, por esse facto, seja visto e tratado de igual para igual por quem tem interesses de circunstância a defender. O poder disto é imenso. Como se apresentará a um rei, a alguém que vota a sua existência à comunidade, sem que possa agir politicamente sobre essa comunidade, e que, por isso, não pode senão ter o consenso público de todos (pela razão elementar de que nada que ele possa fazer poderá gerar dissensão), um político, um governante, um chefe de partido, um sindicalista, se não com, pelo menos, a mesma seriedade que o seu interlocutor lhe transmite? E como não poderá deixar de responder positivamente um qualquer desses agentes políticos a quem o rei lhe apresente um pedido que não possa ser senão de conciliação com o todo, melhor, com a comunidade que o rei-símbolo encarna? Imagina-se algum primeiro-ministro inglês, ou espanhol, ou sueco, que assuma um compromisso com o representante da sua coroa e intencionalmente se não esforce por o cumprir? Ou algum protagonista político que vá chantagear o rei, perante a comunidade, para que ele lhe dê uma vantagem política sobre um adversário, quando, ainda por cima, isso lhe está vedado?
 
De um rei de uma sociedade livre não se espera que governe, menos ainda que tome decisões de soberania. Isso só será legítimo quando estiver em perigo a própria comunidade, e isso será, então, um gesto quase reflexivo de legítima defesa e não uma decisão de exercício poder. Não será uma decisão de A em detrimento de B, mas uma atitude que beneficiará igualmente A, B, C e D. Foi o que sucedeu, por exemplo, com Juan Carlos, na crise da tentativa de golpe de estado de 1981. Nenhum rei que não fosse um símbolo respeitado por todos conseguiria evitar a guerra civil que esteve para acontecer. De resto, do mesmo modo que não se espera que um rei do Oriente, dos que ainda hoje são considerados deuses vivos, comece a operar milagres e prodígios paranormais, também não deve ter-se a expectativa de que um rei deva governar a sua comunidade, isto é, se governe a si mesmo. Isso fica para os políticos, que hoje pensam uma coisa e amanhã coisa diferente. O rei constitucional terá de os acolher a todos, tendo apenas como único critério de ingerência a obrigação moral de subsistência e respeito pela comunidade.

Rui A, no blogue Portugal Contemporâneo
 
 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Os filhos da nação!

Os filhos da nação são aquilo que temos, melhores ou piores, não temos outros. Convinha portanto ensiná-los o melhor possível, convinha acabar com as mentiras e com a propaganda, que em nada contribuem para respectiva formação.
 
 
Na escola, os filhos da nação continuam a ser enganados pelos professores, também eles já enganados pelos professores dos professores! Logo desde tenra idade! Ao nível da terceira classe! Assim, por exemplo, quando se ensina qual o significado das cores da bandeira nacional (o verde e o encarnado) lá vem a mentira piedosa e ridícula: - que o verde significa a ‘esperança’ e que o encarnado significa o ‘sangue derramado pelos portugueses’! Como se a esperança não fosse comum a todos os povos, como se o sangue derramado fosse um exclusivo português! Como se a esperança e o sangue fossem sinais distintivos da nossa identidade!
 
Claro que não são. E ficamos sem perceber por que razão o verde da esperança há-de ser mais pequeno que o encarnado do sangue! Com historietas deste género não é de admirar que as criancinhas se tornem obtusas e ainda mais infantis quando crescerem.
 

E a verdade pura e dura sobre a bandeira já a expliquei aqui inúmeras vezes: - trata-se de uma bandeira partidária, imposta aos portugueses pelo partido republicano em 1910, e as cores são nem mais nem menos que as cores da bandeira da carbonária, braço armado da maçonaria. O que simbolizam essas cores?! Pois bem, o verde (mais pequeno) simboliza Portugal numa idealizada união ibérica. O encarnado simboliza Castela, nessa mesma união. Nada mais simples. Custa assim tanto dizer a verdade?! Claro que custa, porque quer o verde quer o encarnado nada têm a ver com as cores de Portugal. Nada tem a ver com o azul e branco que o Fundador (Afonso Henriques) ostentava. Azul e branco que são de facto as cores e o símbolo da nossa independência.

Tudo o resto é propaganda enganosa.
 
Saudações monárquicas
 
 
Nota básica: “O símbolo é o nada que é tudo”. Quando o renegamos, ficamos sem nada, e o fim está próximo.
 
JSM


Fonte: Interregno

SAR, DOM DUARTE DE BRAGANÇA VISITOU O PAPA

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Caras de 23 de Fevereiro de 2013
 
Fonte: Família Real Portuguesa

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Vão todos chegando à mesma conclusão

 
 
"Concordo com o Carlos Novais: Duarte de Bragança tem vindo, com o tempo, a revelar qualidades pessoais crescentes, que seriam insuspeitas há uns ano e que fazem dele um homem capaz de representar um país com elevação e sem dificuldade para si, nem desprestígio para os representados. Seria um bom rei, em suma. E eu, que nos últimos anos tenho vindo a descobrir os encantos da monarquia constitucional, ao ponto de hoje a considerar, de longe, a forma de estado mais compatível com o parlamentarismo e com a democracia liberal, não me desagradaria que Duarte de Bragança e a sua família desempenhassem, entre nós, esse papel."
 
 
Nuno Castelo-Branco
 

OS INFANTES EM ACTO OFICIAL COM OS PAIS

 
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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Verdades mentirosas

[As entidades eclesiais e a comunicação social]

Reza a história que um oficial de marinha estava zangado com o comandante do navio em que ambos andavam embarcados. Tendo a seu cargo o diário de bordo, ocorreu-lhe nele escrever: «Hoje, o capitão não se embebedou». Era verdade, porque de facto o dito não se tinha embriagado, mas uma verdade mentirosa, porque qualquer leitor concluiria que o comandante andava habitualmente alcoolizado, o que mais não era do que uma rematada mentira.

Há muitas formas de mentir. Uma delas é dizendo a verdade, mas de forma a insinuar uma falsidade. Por exemplo, se se disser de alguém que não é nenhum anjinho, está-se formalmente afirmar a realidade, porque os seres humanos não são anjos, mas é óbvio que se está, sobretudo, a sugerir que a pessoa em causa é um grande malandro.

O mesmo se diga das instituições eclesiais, principalmente quando têm a desgraça de merecer algum protagonismo mediático. Se, para cúmulo, também forem alvo de uma rigorosa investigação jornalística, é certo e sabido que os resultados não poderão ser menos do que escandalosos, até porque, em caso contrário, o investimento de meios económicos e humanos não teria retorno.

Uma entidade da Igreja tem alguns bens, para assim poder realizar o seu apostolado? É podre de rica. Tem gente? Claro, é porque lhes arranja tachos e conhecimentos que lhes são úteis para trepar na vida. Os seus membros rezam? São fanáticos. Mortificam-se? São masoquistas. O fundador é santo? Compraram a canonização. Tem gente influente? São lóbi. E assim por diante, … mas sempre presos, por ter cão ou o não ter.

Já com Jesus foi assim. Ele comia e bebia? Era um glutão e um beberolas. Dava-se com publicanos e pecadores? É porque era como eles. Expulsava os demónios? Pois bem, era com o poder do próprio Belzebu que o fazia. Curava no dia de sábado? Então é evidente que transgredia a Lei. Perdoou a adúltera? Um cúmplice não teria feito de outro modo! Censurava os escribas e os fariseus? Era porque estes, sendo cultos, não se deixavam enganar, ao contrário da arraia-miúda.

É certo que nem todos crêem nestas caluniosas insinuações, mas geralmente fica a ideia de que a entidade em causa é, pelo menos, «polémica», «controversa» ou «duvidosa», até porque onde há fumo, há fogo. «Se Ele não fosse um malfeitor» – disseram os fariseus a Pilatos, quando lhe entregaram Jesus – «não O entregaríamos nas tuas mãos» (Jo 18, 30).

Não é possível que o mundo aplauda os discípulos do Crucificado, mas seria lamentável que, com as suas verdades mentirosas, lograsse dividir a Igreja, ou confundir os fiéis. Os critérios mundanos não são aptos para julgar as instituições eclesiais e qualquer cristão coerente sabe que a contradição é um dos critérios para aferir a autenticidade evangélica de um carisma. A Beata Teresa de Calcutá sabia-o e, por isso, quando João Paulo II lhe fez notar, com bom humor, que toda a gente falava bem dela, mas mal dele e de uma obra de Deus, a santa fundadora das Missionárias da Caridade reagiu com santa inveja, pedindo orações. Com razão, porque bem-aventurados serão os que forem insultados e perseguidos e deles disserem falsamente toda a espécie de mal, porque será grande a sua recompensa nos Céus (cfr. Mt 5, 11-12).


P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Fonte: Voz da Verdade

SAR, Dom Duarte de Bragança esteve em Roma nas Comemorações do 900º aniversário da Ordem Soberana Militar de Malta

 
 
Por ocasião da deslocação a Roma da delegação da Assembleia Portuguesa, o Exm.º Sr. Conselheiro Dr. Luiz Manuel de Albuquerque Veloso, Encarregado de Negócios da República Portuguesa junto da Santa Sé e junto da Ordem Soberana Militar de Malta, e Cavaleiro de Graça e Devoção, membro da Assembleia Portuguesa ofereceu um jantar nos salões do Palácio da Vila Lusa , com a presença de cerca de 70 participantes.
Presente também S.E. Sr. Embaixador de Portugal acreditado junto da República Italiana, SAR. o Duque de Bragança e Sua Eminência o Sr. Cardeal D. Manuel Monteiro de Castro.
 
 
 
 
S.E. o Sr. Conde de Albuquerque, ofereceu um jantar de retribuição ao Exm.º Sr. Conselheiro Dr. Luiz Manuel de Albuquerque Veloso nos salões do Circollo degli Sccachi no passado dia 9 de Fevereiro.
Dignou-se estar presente SAR o Duque de Bragança.
 
 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

SS. AA. RR., Os Senhores Duques de Bragança estiveram presentes na apresentação do livro "Mafalda de Saboia"

 SS.AA.RR. os Duques de Bragança
 
Principe Charles Phillippe d'Orleans, Duquesa de Cadaval e SS.AA.RR. os Duques de Bragança
 
 
Grupo Danças com Histórias


 



 
Fotos: INParties, Nova Gente, MPR


Mafalda de SaboiaSinopse:Quando a sua amiga D. Teresa lhe contou, entre lágrimas, o terrível segredo que guardava há anos no peito, D. Mafalda de Saboia sabia que morreria sem nunca poder contar a verdade sobre o seu marido Afonso Henriques. A legitimidade e consolidação do reino de Portugal, perante a Santa Sé e o mundo, razões pela qual fora escolhida para partilhar o destino com o primeiro rei deste reino distante, dependia de si e do seu silêncio. Mafalda de Mouriana, filha do conde Amadeu III de Saboia, chega a Portugal, em 1146, aos 20 anos para casar com Afonso I, que aos 37 anos, ganhara uma áurea de conquistador, graças às duras batalhas que ia vencendo contra os infiéis. Mafalda não encontrou em Portugal a felicidade desejada. Procura na ajuda aos mais necessitados, o amor que não encontra nos braços violentos de Afonso, com quem mantém uma relação distante e conflituosa. Entre guerras e conquistas, o marido preferia cair nos braços da amante Châmoa Gomes. De si, sua legítima esposa, procurava apenas a garantia da continuidade da dinastia que iniciara. Tarefa que Mafalda cumpriu com honra até à data da sua morte, em 1157. Foi mãe de sete filhos e sentou no trono Sancho I. Portugal era agora um reino independente reconhecido pela Santa Sé. Morreu sem nunca revelar o segredo que poderia ter mudado a história do país para sempre…


Fonte: Esfera dos Livros

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Bem-Haja, Santo Padre!

Foi no silêncio da minha meditação que constatei uma vez mais que, não obstante as vicissitudes dos tempos e dos homens, é Deus quem dirige a barca de Pedro.
 
papa - ilustração
 
Quando tive conhecimento da renúncia de Bento XVI ao ministério papal, confesso que fiquei surpreendido e um pouco confuso. A surpresa resultava do inesperado acontecimento, que nada fazia prever, nem ninguém antecipara, não obstante a profusão de profetas que enxameiam a comunicação social.

A confusão nascia do insólito da situação, agora criada, e sem precedentes nos últimos séculos da história da Igreja e do papado. E também das suas causas e consequências. Porque renunciara? Será que alguma razão oculta levara o Papa a esta dolorosa decisão? Que iria ocorrer agora? Como continuaria, sem ele, o Ano da Fé?

Se me doeu o sentimento de uma antecipada orfandade, consolou-me a certeza da fé. Antes ainda de percorrer os comentários, ou de aceder às inevitáveis especulações mediáticas, recolhi-me em oração. Foi no silêncio da minha meditação que constatei uma vez mais que, não obstante as vicissitudes dos tempos e dos homens, é Deus quem dirige a barca de Pedro e que, portanto, é coisa de secundária importância o timoneiro de turno. E senti aquela paz que o mundo não pode dar.

Se o discurso do Beato João Paulo II se dirigia, sobretudo, aos crentes, recorrendo à linguagem da fé, Bento XVI falou principalmente aos intelectuais, no registo da razão em diálogo com a transcendência. Não estranha, portanto, que de todos os quadrantes ideológicos se oiçam agora palavras de apreço por Joseph Ratzinger, que não é apenas um importante expoente do pensamento católico actual, mas também uma indispensável referência cultural da modernidade.

Coube-lhe a ingrata missão de suceder ao carismático Papa Wojtyla. Até então, tinha sido o odiado titular do órgão mais malquisto de toda a Igreja. Foi no seu pontificado que eclodiu um dos piores escândalos da bimilenar história da Igreja, a que soube fazer frente com corajosa determinação, impondo a caridade da verdade, contra a cumplicidade do silêncio e da impunidade.

As multidões pareciam causar-lhe algum desconforto. Talvez sofresse a nostalgia do seu escritório, dos seus livros, das suas partituras e, seguramente, do recato da sua oração. Mas foi essa sua timidez, pele de ovelha a esconder a fibra de um verdadeiro leão da fé, que me fez sentir mais comprometido com o seu pontificado. Foi a sua fragilidade que me obrigou a permanecer, em sentido, a seu lado, firme na oração e na fidelidade ao seu magistério. Foram os ataques à sua pessoa que me forçaram a sair à liça, com a indignação de um filho ferido no seu mais sincero e profundo afecto filial.

Eu não sabia que queria tanto a Bento XVI! Aprendi a quere-lo rezando, ouvindo e meditando as suas palavras, vendo-o. Descobri agora, quando o Papa acenou um adeus que feriu a minha alma, quanto o queria. Teria desejado que este dia nunca tivesse acontecido. Mas dou graças pelo amor ao Papa que Deus pôs no meu coração. E se uma lágrima furtiva se desprender, na hora da sua partida, tenho por certo que não é sentimentalismo, mas gratidão, piedade, fé.

Em breve, outro será o Papa. Muitas vezes, como tantos outros católicos do mundo inteiro, usei a expressão “Santo Padre” para me referir a Sua Santidade, o Papa Bento XVI. Mas creio que nunca a disse com tanta verdade e unção como agora, que Joseph Ratzinger abandona a ribalta, para se retirar para a penumbra de uma vida de sacrifício e oração, ao serviço da Igreja universal.

Bem-haja, Santo Padre!

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Fonte: I online

E daí?

O Mundo foi surpreendido com a notícia da renúncia do Papa Bento XVI (antes de prosseguir convém esclarecer que não se irá abordar o tema sob o ponto de vista espiritual). Segundo a tradição o Papa exerce a sua função desde que é eleito até à sua morte. “É um trabalho para a vida.” O facto de o Vaticano ser uma Monarquia aparentemente faz com que a surpresa para muitos seja ainda maior (isto é, pelo menos para aqueles que sabem que o Vaticano é uma Monarquia). É certo que é uma Monarquia com características muito específicas mas ainda assim uma Monarquia e, também por este ponto de vista, era suposto que um Papa só abandonasse o cargo devido à sua morte.
 
Mas os tempos são outros e até o tradicionalíssimo Vaticano parece estar consciente disso.
 
Passando para um Estado muito mais liberal, também nos Países Baixos (erroneamente chamados de Holanda) S.M. a Rainha Beatriz decidiu abdicar após um considerável reinado de 33 anos e com uma elevadíssima popularidade. A intenção é declaradamente dar lugar à geração mais nova. E abdicou como a Sua mãe e a Sua avó haviam feito.
 
Com esta renúncia e esta abdicação mostrou-se aquilo que muitos monárquicos têm vindo a dizer: numa monarquia é normal que o Monarca reine até morrer mas não é obrigatório que assim seja. Caso o Monarca não se encontre com capacidade (quer física quer mental) para continuar a exercer o cargo pode ocorrer a renúncia (ou abdicação, conforme o caso) sem que isso deva ser considerado como algo surpreendente. Existe ainda a hipótese da regência. No entanto a mudança é feita de tal modo que a estabilidade dos respectivos Estados fica assegurada.
 
Tanto o Vaticano como os Países Baixos são Monarquias Ocidentais embora com características muito díspares. Em ambas os seus líderes vão deixar o poder (por livre vontade): uma renúncia e uma abdicação. Pois muito bem, e daí? Qual o espanto?
 
Servirão estes dois acontecimentos para mostrar que um Monarca não exerce, necessariamente, o poder até morrer como alegam alguns mal-intencionados?
 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Por uma Causa Real


Joaquim Leandro Monteiro Costa e Nora nasceu a 9 de Maio de 1954, em Coimbra. Passou a infância em Murtede, no concelho de Cantanhede, e a juventude em Coimbra. Praticou andebol, basquetebol e râguebi e, ainda hoje, continua intimamente ligado ao desporto, sendo Presidente do Conselho Fiscal da Associação de Basquetebol de Coimbra. Licenciou-se em Direito e ainda pensou ser diplomata. Casado, tem três filhos, três netos e é confrade na Confraria da Rainha Santa Isabel. Costa e Nora é também conhecido por ser um defensor da monarquia, regime político que promove em diversos eventos e iniciativas.

Joaquim Costa e Nora materializa a imagem que temos de um cavalheiro, algo que transparece nos seus gestos e na sua forma de estar. Escolheu seguir uma carreira na advocacia, embora durante algum tempo tivesse ponderado licenciar-se em Economia. Já sobre quem deve ocupar o cargo de Chefe de Estado de Portugal, o advogado não tem dúvidas: o Rei.

O seu escritório de advocacia, que partilha com o irmão José Sampaio Nora e outros familiares, encontra-se numa rua de Cantanhede baptizada com o nome do primeiro rei de Portugal — D. Afonso Henriques. “Como não podia deixar de ser”, brinca Joaquim Costa e Nora, advogado e apoiante da Causa Real. Coincidência ou não, também a estátua de D. António Luís de Meneses, Marquês de Marialva, figura central na Restauração da Independência, aponta para o local de trabalho do causídico.

Estas curiosidades foram referidas no decorrer de uma breve conversa telefónica que tivemos com Costa e Nora para agendar uma entrevista. Por isso mesmo, quando chegámos ao seu escritório, já sabíamos estar perante um acérrimo defensor da monarquia. Também o emblema que trazia na lapela do casaco, representando as armas reais, denunciava a sua convicção política.

Sobre a monarquia e sobre o que o advogado considera ser a nova “nobreza” falaremos mais à frente. Para já, vamos começar pelos primeiros anos de vida de um homem que veio ao Mundo em 1954, em Coimbra, concretamente “na Clínica dos Olivais, embora a sede familiar estivesse então em Murtede”. Foi nesta localidade do concelho de Cantanhede que residiu durante a infância, juntamente com os pais — um advogado e uma licenciada em Farmácia — e os dois irmãos mais velhos. “Quando os meus irmãos entraram no Liceu, deixei a Escola de Murtede e passei a frequentar a Escola Primária de Santo António dos Olivais, em Coimbra. A última metade da quarta-classe foi passada na Escola de Sepins [Cantanhede]”. “Posso dizer, com algum orgulho, que ainda tenho bons amigos que conheci nas três escolas que frequentei”.

Diz ter vivido uma infância feliz e, mesmo que não houvesse tantas distracções como hoje em dia, diz não se recordar “de ter tempos em que me maçasse. Tinha sempre a companhia de bons amigos. Aliás, a amizade era tão boa que quando seguimos caminhos diferentes nos estudos, nas férias juntávamo-nos e, inclusivamente, numas férias de Natal, formámos em Murtede um grupo de teatro”. O grupo ensaiava no Centro de Recreio Popular de Murtede, ligado à FNAT (Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho), a instituição que precedeu o INATEL.

Trabalho de equipa

De Sepins o jovem Joaquim Costa e Nora seguiu para o então Liceu D. João III, em Coimbra, cidade para onde entretanto se tinha mudado definitivamente com a família. Dos sete anos no Liceu, hoje a Escola Secundária de José Falcão, recorda o elevado nível de exigência dos professores. “Todo o ensino era exigente. Não havia as facilidades que há hoje, em que os alunos quase são levados ao colo. Ali havia estímulo. Os professores, que eram muito bons, estimulavam os alunos a aprender”. De entre os docentes que o marcaram destaca Álvaro Silveira e Monteiro Rodrigues. Na sua memória guarda ainda alguns professores de Educação Física, responsáveis por o terem incentivado a praticar diversos desportos, como o andebol, o basquetebol e o râguebi, sendo este último o que praticou durante mais tempo. “Cheguei a jogar râguebi pela Associação Académica [de Coimbra], de manhã, e, à tarde, futebol pelo C.R.P. Murtede, no campeonato da FNAT. Gostei sempre de desporto e, sobretudo, de desportos de equipa, daí a razão de não gostar de falar de mim, mas das minhas “equipas”.

Continuou a jogar râguebi enquanto frequentou o ensino superior, mas o basquetebol também sempre foi uma das suas paixões, tendo pertencido à Direcção da Secção desta modalidade no Clube Académico de Coimbra. De facto, a sua paixão pelo “desporto rei” norte-americano estende-se até à actualidade. Embora já não drible e enceste, presta o seu apoio com os conhecimentos jurídicos que adquiriu ao longo dos anos. “Mais recentemente, a secção de Basquetebol da Associação Académica [de Coimbra] passou por momentos menos bons e uma equipa directiva a que pertenci e de que fui Presidente durante três épocas, conseguiu recuperar a secção, ao ponto de hoje o basquetebol da Académica só ser suplantado pelas profissionalíssimas equipas do Benfica e do Porto”. Também integra o Conselho Desportivo Municipal de Coimbra, um órgão consultivo independente, e é presidente do Conselho Fiscal da Associação de Basquetebol de Coimbra.

Joaquim Costa e Nora licenciou-se emDireito, pela Universidade de Coimbra, cumprindo a tradição familiar iniciada pelo pai e continuada pelo irmão mais velho. Mas Direito não foi, pelo menos durante um período, o curso que Costa e Nora ponderou seguir. “Tinha relativamente boas notas a Matemática e, portanto, pensei ir para Economia, como acabou por ir um dos meus filhos. Só que em Coimbra [ainda] não havia Faculdade de Economia, de maneira que acabei por cursar Direito”.

Enquanto frequentava o curso, o universitário pertenceu ao Orfeon Académico de Coimbra e frequentava o Centro Académico de Democracia Cristã (CADC), também conhecido por Instituto Justiça e Paz. Aos fins-de-semana, ministrava a catequese em Murtede. Em termos profissionais futuros acalentou, durante algum tempo, o desejo de seguir uma carreira diplomática. Porém, o sonho acabou por nunca se cumprir. “Um das coisas que estava nos meus horizontes seria a carreira diplomática, que acabei por deixar de lado porque, entretanto, no final do meu curso, “deu-se” o 25 de Abril e, como aluno, estive saneado durante dois anos e impedido de fazer exames”. Porquê? “Por motivos políticos, naturalmente. As pessoas que na altura estavam à frente dos plenários da Faculdade não eram propriamente muito tolerantes e eu não era da cor política delas. Sempre fui uma pessoa reconhecidamente de direita. Como a carreira diplomática era uma carreira muito hierárquica e dependente da administração do Estado, deixei-a de lado”.

Depois de concluída a licenciatura em Direito, em 1977, Costa e Nora cumpriu o serviço militar na Escola Prática de Administração Militar, em Lisboa, no 1.º Curso Especial de Oficiais Milicianos de 1978. “Curiosamente, fui o primeiro classificado desse curso”. Depois, seguiu para o Estado-Maior General das Forças Armadas, também na capital, e, posteriormente, para a Comissão de Extinção da PIDE/DGS, em Coimbra. “Funcionava no edifício anteriormente ocupado pela própria PIDE. Instruíamos processos que depois iriam para o Tribunal Militar, onde um Promotor de Justiça entendia se os processos deveriam, ou não, ser submetidos a julgamento militar”. Concretamente, o que Costa e Nora e os colegas faziam era apurar quem tinha pertencido à polícia do antigo regime. Pouco antes de terminar o serviço militar foi promovido a alferes e passado à disponibilidade. “Hoje estou na reserva”.

Enquanto cumpria o serviço militar completou o estágio profissional em advocacia, no escritório do pai, em Cantanhede. Tornou-se advogado em 1978, o ano em que também se casou. “Quando eu comecei só havia meia dúzia de advogados em Cantanhede”, recorda. Ao longo dos mais de 30 anos de profissão revelou ser um notável causídico. Confessa-se apaixonado pela profissão, embora não goste de comentar os processos em que esteve envolvido.

Um Real Chefe de Estado

Joaquim Costa e Nora é, desde a juventude, um apoiante da Causa Real, acreditando que o Chefe de Estado deve ser o Rei e não o Presidente da República. De uma forma resumida explicou-nos a razão desta sua convicção. “No meu ponto de vista, o que se nota nas eleições para Presidente da República, é que criam uma divisão. Qualquer Presidente da República, quando chega ao momento de tomar uma posição, é sempre acusado, ou pelos que o elegeram, que o acusam de traição, ou pelos outros, que o acusam de estar a proteger os que o elegeram. Portanto, nunca tem paz”. “Entendo que o Rei — e não a nobreza, entenda-se, até porque nobreza existe em República, que são os membros dos aparelhos partidários — sendo preparado e não estando dependente de eleições e de apoios partidários, é muito mais independente do que o Presidente da República”.

Nos antepassados mais próximos do advogado não há registo de monárquicos, exceptuando o pai que tinha “alguma simpatia” por este regime político. “Isto talvez funcione como contra-peso. Por exemplo, o meu avô, como viveu em Monarquia, consta que era Republicano”.

Curiosamente, Costa e Nora não é militante do Partido Popular Monárquico (PPM). “Embora tenha muita simpatia pelo partido, o PPM está como partido no arco do Governo. Os partidos têm os seus combates eleitorais numa área de Governo. E eu entendo que o Rei deve reinar e não governar. O Rei é um chefe de Estado, é um símbolo nacional, tal como a Bandeira e o Hino Nacional”.

Nas últimas décadas o causídico tem vindo a bater-se pela divulgação da Causa que apoia, nomeadamente através da participação em cerimónias que evocam momentos importantes da história da nacionalidade. “A nossa actuação funciona também noutros âmbitos. Criámos o Instituto da Democracia Portuguesa, de que fazem parte pessoas que não são monárquicas. Pretendemos arranjar soluções para Portugal. Fazemos várias reuniões, os chamados fóruns, e chegamos a conclusões”. Refira-se que essa vontade de arranjar novas ideias para salvar o País da crise deu origem ao livro “Plano C”, uma obra que reúne depoimentos de nomes conhecidos como Gonçalo Ribeiro Telles, Rui Moreira e Rui Rangel.

Depois de mais de uma hora à conversa com Joaquim Costa e Nora, o advogado alertou-nos para a sua necessidade de se ausentar de Cantanhede. A agradável troca de palavras tinha-se estendido mais do que o previsto e Costa e Nora tinha um compromisso em Coimbra, ao qual não podia faltar. Estávamos a 1 de Fevereiro, um dia banal para muitos, talvez, mas de grande relevo para os monárquicos: foi no primeiro dia de Fevereiro, do ano de 1908, que o Rei D. Carlos e o Príncipe D. Luís Filipe foram assassinados. E, tal como é hábito, o nosso entrevistado ia assistir a uma missa de evocação do regicídio.


Autor: Luís Monteiro
Fonte: Aurinegra

S. Teotónio

São Teotónio nasceu em Ganfei, junto de Valença do Minho, possivelmente no ano de 1082. Era filho de D. Oveco Mogueimes e de Dª Eugénia pessoas aparentadas com nobres e reis da Europa cristã. Com cerca de 10 anos juntou-se ao seu tio D. Crescónio bispo de Coimbra. Formou-se em teologia e filosofia, depois de ter sido um brilhante estudante do acerdiago D. Tello. Depois da morte de D. Crescónio veio para Viseu onde em 1112 e por instâncias do Bispo de Coimbra sucedeu a D. Teodónio, um outro seu tio, como prior da Sé de Viseu. Nesse lugar permaneceu durante mais de 30 anos e a Sé de Viseu, onde tinha a sua residência, tornou-se lugar de abrigo de peregrinos e de muitos pobres. As suas celebrações atraiam multidões, no final costumava distribuir pão e esmolas. Por duas vezes foi em peregrinação à Terra Santa, tendo na ocasião da primeira renunciado ao seu lugar que foi ocupado por D. Onório. No regresso da primeira viagem, por humildade recusou retomar a anterior posição e também não quis ser nomeado Bispo de Viseu.

No ano de 1131 voltou para Coimbra onde fundou, com mais onze religiosos, o Mosteiro de Santa Cruz de que foi o primeiro Prior. Foi apoiante e aliado do jovem principe Afonso Henriques na luta contra a sua mãe. São Teotónio tornou-se um bom amigo, conselheiro e confessor do rei D. Afonso Henriques. Sob a orientação de São Teotónio o mosteiro de Coimbra foi um foco de irradiação da fé cristã e apoiante da fundação da nacionalidade, em 1152 renunciou ao priorado de Santa Cruz e em 1153 o Papa quis fazê-lo Bispo de Coimbra, dignidade que voltou a recusar. Veio a falecer em 18 de Fevereiro de 1162 e foi canonizado logo no ano seguinte pelo Papa Alexandre III. O seu corpo repousa numa capela da igreja do mosteiro que fundou muito perto do primeiro rei de Portugal.

Fonte: Povo
Capela de São Teotónio no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Carnaval

Embora não dispense uma boa comédia, aprecie uma excelente anedota e tenha amigos de óptimo humor, não gosto do Carnaval. E nem sequer é pelo facto de ser o pórtico de acesso ao rigor penitencial da Quaresma.

Mesmo miúdo, não me disfarçava. Sempre detestei as bombinhas de mau cheiro, que alguns colegas faziam explodir na sala de aula, obrigando-nos a suportar o horroroso pivete. As bisnagas também não faziam o meu género: para além de não achar divertido molhar os outros, achava cobarde a atitude de atacar o próximo, com um esguicho de água, e depois bater em retirada.

Do Carnaval só se aproveitavam as férias, a meio do segundo período que, quando a Páscoa era alta, era longo de mais.

Num mundo em que a mentira parece ser a regra e a autenticidade a excepção, o Carnaval não faz sentido. Para quê pôr uma máscara, se tantas pessoas já andam escondidas atrás de uma careta falsa?! Para quê uma partida, se a regra parece ser a da irresponsabilidade? Qual a graça de uma fuga precipitada, se a impunidade campeia?

No dia primeiro de Abril, em que alguns festejam o dia das mentiras, outra lamentável efeméride do nosso calendário laico, há quem se divirta a enganar os outros. Jornais há que alinham com alguma notícia falsa, embora seja cada vez mais difícil saber qual é a que se pretende que o seja, para cumprir com a data.

Salvo melhor opinião, que tal marcar a diferença pela alegria da verdade, todos os dias, na autenticidade de se ser quem é e de se responder sempre, de caras, pelos próprios actos?

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Fonte: I online

Curso de Formação Monárquica

Está agendado para o próximo dia 23 de Fevereiro, entre as 10:30 e as 12:30, na sede da Real Associação de Lisboa, no Largo Camões, o início do 1.º Curso de Formação Monárquica. Esta iniciativa está aberta a todos os jovens monárquicos, embora seja dada natural preferência a jovens associados da Real Associação de Lisboa.

A formação, especialmente dos jovens, é fundamental, tendo sido um dos objectivos constantes do compromisso assumido pela presente Direcção da Real Associação de Lisboa.

O cumprimento de tal objectivo será alcançado nomeadamente com a realização de acções de formação que possibilitem aos jovens monárquicos intervir, mais qualificadamente, na defesa do Ideal Monárquico nas diversas plataformas comunicacionais e em todas as dimensões da sociedade civil.

É fundamental que os jovens que comungam dos nossos valores e se revêem nos princípios estruturantes da Instituição Real possam argumentar, mesmo no seu dia a dia, de uma forma objectiva, focada e esclarecida, independentemente do seu interlocutor. É muito importante que conheçam as vantagens do sistema monárquico face ao actual e que tenham uma cultura política adequada. Tal como é fundamental que certos mitos e preconceitos sejam desfeitos. De resto, o preconceito combate-se com o conhecimento.

A natureza do Curso e os objectivos que se propõe alcançar exigem que as vagas sejam limitadas. Não se pretende deixar ninguém de fora, mas quer-se que estes Cursos sejam eficientes. Outros, nos mesmos moldes, se seguirão.

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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Noticias e debates online

Sempre que é publicada, nas páginas online dos jornais nacionais, alguma notícia minimamente relacionada com a Monarquia Portuguesa surge quase de imediato uma espécie de debate Monarquia vs república na zona dedicada aos comentários dos leitores. Ler esses comentários é sempre interessante quanto mais não seja para verificar o desespero dos ‘anti-monarquia’ (que não são necessariamente republicanos), a sua ignorância (a respeito da questão de regime) e a fragilidade dos seus supostos argumentos. Com relativa frequência a falta de argumentos sólidos por parte dos ‘anti-monárquicos’ leva-os a usarem o insulto e uma linguagem menos própria fazendo com que um debate que podia ser bastante proveitoso desça a um nível pouco recomendável.
 
Já há bastante tempo surgiu uma notícia online em que se afirmava a necessidade de haver um referendo sério, em Portugal, sobre a questão do regime. Inevitavelmente surgiu de imediato, na parte reservada aos comentários, um debate. Foram muitos os comentários mas um merece ser destacado pela sua seriedade e análise independente. Com a devida vénia ao autor, transcreve-se o referido comentário:
A ler os comentários noto, salvo raras excepções para um lado e para o outro, uma tendência: Os que defendem a república metem-se em bicos dos pés, gritam muito, chamam betos aos outros, falam de repúblicas que, pensam eles, estão a funcionar e não sabem argumentar com factos históricos porque a desconhecem. Os que defendem a monarquia falam de factos, de economia, de patriotismo, de democracia (ou falta dela, neste caso), de crises de valores. Conclusões que eu, indiferente aos dois, retiro: Os que defendem a república têm medo da monarquia e inveja dos monarcas, os que defendem a monarquia têm amor ao país e conhecem bem a história… Quem estará a ganhar? Eu, indiferente, diria a monarquia, mas tanto me dá.
Esta mensagem parece ser suficientemente importante para nela se meditar com verdadeira honestidade intelectual. Se não fossem os preconceitos que ainda existem sobre a Monarquia, tudo em Portugal podia estar bem melhor!
 

Jantar de Reis foi um sucesso! (Sim - Revista do Minho)



Fonte: Casa Real Portuguesa

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Coisas do diabo em tempos de ruína

 
Fora o resto que sabemos e o que não se sabe: os 3 ex e as suas policiais seguranças, motoristas e mordomias "deslocativas", etc
 
 
Nuno Castelo-Branco
 

Presidência da República não poupa na despesa (in Vida Económica 01-Fev-2013)

A Presidência da República portuguesa não está para contenções orçamentais. A redução inscrita no OE2013 é inferior a 1% comparativamente a 2012.

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Cavaco Silva tem gasto anualmente, desde 2006, mais do que o seu antecessor, Jorge Sampaio. Só em horas extraordinárias do pessoal da Presidência, as despesas anuais ultrapassaram até 2012 um milhão de euros. Comparando os últimos anos de Presidência de Cavaco Silva e Jorge Sampaio (2005 / 2012), as despesas com telecomunicações móveis subiram 41,8% e com os serviços de vigilância e segurança 3680%.

Só os custos com o pessoal da Presidência ultrapassam os 9,5 milhões de euros, mais do que todo o erário de funcionamento da Casa Real espanhola.

Seria de esperar que, perante tanta austeridade e contenção orçamental, o exemplo viesse de cima, da Presidência da República. Tal não acontece.

Em 2012, a despesa inscrita no OE foi de 16 409 118 euros. Para 2013, a Presidência da República vai poder gastar 16 272 380 euros.

Um corte de apenas 136 738 euros (- 0,84%) não serve de exemplo para o país. Seria exigível e até um dever para o país um esforço de contenção maior. Não seria possível um esforço de contenção maior, por exemplo, nas despesas nas “Gratificações” (299 174 euros) e “Combustíveis e lubrificantes” (375 mil euros) ou na “Locação de material de transporte” (366 392 euros) e nas “Deslocações e estadias” (120 mil euros)? Isto para não falar com o que vai ser gasto este ano em “Material de escritório” (200 mil euros), “Refeições confecionadas” (72 mil euros), “Ajudas de custo” (41 355 euros) ou em “Comunicações móveis” (283 mil euros), entre tantas outras coisas.

Casa Real espanhola gasta menos de metade


 O Orçamento da Presidência da República portuguesa continua a ser assim superior em dobro ao da Casa Real espanhola que, em 2012, dispôs de um total de 8 264 mil euros, implicando uma redução de 2% relativamente ao ano anterior. O corte orçamental na Casa Real espanhola foi realizado segundo o princípio da justiça redistributiva, afetando sobretudo os altos cargos, cortando nos salários mais altos e poupando nos salários mais básicos ou menores.

Mas a família real espanhola não ficou de fora deste esforço de contenção orçamental.

O Rei Juan Carlos e o príncipe de Espanha baixaram o seu rendimento, voluntariamente, em 7,1%. O monarca e o filho decidiram, desta forma, acolher um decreto real publicado no BOE, sobre os cortes nos salários dos funcionários públicos. Assim sendo, o rei passou a receber 292 752 euros brutos por ano, enquanto o príncipe recebeu 141 376 euros. Com esta medida, a Casa Real reduziu a despesa em 100 mil euros. Recorde-se que já no Orçamento do Estado, a Casa Real tinha reduzido 170 mil euros nas suas contas.

Relembre-se também que foram também efetuados cortes nos gastos de protocolo da Casa Real.
E foi desta forma que a família real se alinhou ao esforço de contenção orçamental realizado em 2012 pelo executivo espanhol que, a 30 de março, apresentou o mais austero projeto de orçamento de Estado de que há memória em Espanha, primeiro, com um ajuste de 27,3 mil milhões de euros com aumento de impostos e corte de gastos e, posteriormente, com um novo corte de 10 mil milhões de euros em educação e saúde, com o objetivo de reduzir o déficit espanhol de 8,51% do PIB em 2011 a 5,3% acertado com a União Europeia.

Note-se que a Casa Real espanhola vai receber de novo menos dinheiro do orçamento geral do Estado para 2013. E, apesar de não estarem previstos cortes nas remunerações do Rei Juan Carlos e do seu herdeiro, Príncipe Felipe das Astúrias, ao contrário dos restantes membros da família real, que vão receber menos ao final do mês, não seria de admirar mais cortes voluntários.

Pessoal da Presidência custa mais de 9,5 milhões


 Em Portugal, só as despesas com o pessoal da Presidência da República custaram, no último ano, 9 549 929 euros, dos quais, 3 474 722 euros foram para “remunerações certas e permanentes” de pessoal dos quadros da função pública e 1 146 570 euros para o pessoal dos gabinetes do PR e SG. Pessoal este que recebeu também mais um milhão de euros em horas extraordinárias.

Em 2013, as despesas com o pessoal mantêm-se inalteradas (9 548 342 euros). Reduz-se a despesa com as horas extraordinárias (de 1 037 476 euros para 895 322 euros), mas sobem as subvenções dos ex-presidentes da República e as despesas com o pessoal de apoio, com representação, subsídios de refeição, de férias e Natal (neste último caso, o aumento é de 202%).

Já quanto à aquisição de bens e serviços, as despesas com combustíveis e lubrificantes aumentam em 70 mil euros, com material de escritório 30 mil euros, locação de material de transporte 39 406 euros, telemóveis 97 380 euros, entre outros exemplos.

Cavaco continua a gastar mais do que Sampaio

A Presidência de Cavaco Silva tem sido e continua a ser a mais cara de sempre. Desde que tomou posse, em 2006, Cavaco Silva sempre gastou mais, ano após ano, do que o seu antecessor, Jorge Sampaio.

A maior parte da despesa da Presidência está concentrada nos custos com o pessoal, que em 2013 atingirão os 9 548 342 euros (9 549 929 em 2012).

Sampaio não está isento de responsabilidade. No seu último ano de mandato, foram pagos 1 119 100 euros de horas extraordinárias.

Em 2012, foram pagos 1 037 476 euros em horas extraordinárias. Para 2013, esta despesa, apesar de menor, ainda terá um custo elevado para o erário público (895 322 euros).

Cavaco Silva revela ser mais poupado do que Jorge Sampaio no que toca a despesas com as horas extraordinárias, com os artigos de limpeza e higiene, o vestuário e artigos pessoais, mas é bem mais gastador com os serviços de comunicações, segurança e vigilância, gratificações, representação, transportes, etc...

quadro

Texto – Virgilio Ferreira

Fonte: Real Associação de Lisboa

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Querido “Diário de Notícias”

Obrigado por me fazeres sentir a alegria de ser discípulo de Cristo, na sua Igreja e nesta obra de Deus, que tem a glória humana de não ter como Jesus, nenhuma glória humana
 
Que sina a minha: mal nasci, saí no jornal! Não tive culpa. Só que me aconteceu o insólito facto de ser o primeiro de três gémeos portugueses, dados à luz em Haia, a capital dos Países Baixos.
 
Menino e moço, recordo que em casa se lia o “Diário de Notícias”, sobretudo a sua necrologia, uma parte indiscutivelmente verídica do órgão oficioso do regime que, por isso, só podia ser objectivo na medida em que a censura o permitisse.
 
Depois do 25 de Abril, o mesmo diário, para se redimir do seu passado colaboracionista, entregou-se com fervor ao novo poder. Foi por estas alturas o consulado do Nobel literato que, em pleno PREC, alinhou pelas “boas práticas” da ditadura do proletariado.
 
Em casa, claro, continuava-se a receber o jornal, cujo obituário merecia a melhor atenção dos mais velhos da família, que aí encontravam sempre pessoas das suas relações. Para as outras verdades, as do país e do mundo, era preciso ir ao “Le Monde”, à “Time”, à BBC ou à “Deutsche Welle”.
 
Lembrei-me de tudo isto agora, que o “Diário de Notícias” se lembrou de devassar uma pacata obra de Deus – logo por azar a instituição eclesial em que sirvo há já alguns anos – atribuindo-lhe estranhas gestas, para além de secretos mundos e muitos fundos. Fá-lo com meias verdades, repetindo velhos tópicos, mas sem nenhuma especial originalidade.
 
Nada de novo, portanto. Contudo, surpreendi-me: afinal, é tão fácil fabricar um escândalo! Quer-se acusar de opulência a diocese de Lisboa? Basta recordar que as igrejas da Baixa valem muitos milhões e, portanto, o patriarcado é, na realidade, multimilionário. Pretende-se denegrir as carmelitas descalças? Escandalizem-se os leitores com a sua obrigatória reclusão e as suas arrepiantes autoflagelações. Precisa-se de caricaturar as missionárias da caridade? É dizer que as desgraçadas não têm televisão, não leram, nem podem ler, O Memorial do Convento. Interessa difamar a Companhia de Jesus? Reedite-se o que dela disseram os que, em 1910, a expulsaram do país, sob a acusação dos jesuítas envenenarem as águas dos fontanários públicos…
 
A bem dizer, não há pessoa ou instituição, por mais santa que seja, que resista a uma “grande investigação sobre o seu lado secreto”. Nem mesmo o próprio Cristo. Bastaria dizer, por exemplo, que, com trinta anos, não tinha residência fixa e vivia apenas com homens, um dos quais, por certo, ladrão. Que se deixava tocar por prostitutas e, enquanto havia quem morresse de fome, aceitava ser perfumado com bálsamos caríssimos. Que pregou o amor, mas chicoteou os seus semelhantes. Que chamava a si as criancinhas e tinha, como seu amigo predilecto, um jovem adolescente, que se reclinou sobre o seu peito… Tudo verdades, a concluir numa sacrílega mentira, a que o incauto leitor seria induzido por um inquérito “rigoroso” e “objectivo”.
 
É lógico que seja assim. É lógico que o poder laico não possa tolerar uma Igreja livre. É lógico que os discípulos do Mestre crucificado sejam objecto do escárnio e da maledicência dos seguidores do príncipe deste mundo. É lógico que uma entidade indiscutivelmente fiel à Igreja e unida ao Papa e aos bispos, seja maltratada onde recentemente se negou o dogma católico da virgindade de Maria e se criticou o último livro de Bento XVI. É lógico que a viúva do Nobel, erigida – sabe-se lá porquê!? – em alta autoridade para os fenómenos eclesiais, seja fiel à memória anticristã do seu defunto marido que, segundo a própria, “detestava profundamente as religiões”. É lógico. Aliás, como o mundo, também o inferno deve estar cheio de gente com carradas de razão… Mas sem amor.
 
Querido “Diário de Notícias” da minha vida: obrigado por esta companhia, desde o meu nascimento e, presumivelmente, até à minha morte. Obrigado por me fazeres sentir a alegria de ser discípulo de Cristo, na sua Igreja e nesta obra de Deus, que tem a glória humana de não ter, nem querer ter, como Jesus, nenhuma glória humana.
 
Não te peço que deixes de ser o que sempre foste e, seguramente, continuarás a ser, por muitos e bons anos. Mas, se noticiares a minha morte na tua infalível necrologia, por favor, diz apenas que morreu alguém profundamente feliz.



P. Gonçalo Portocarrero de Almada

SAR, D. Duarte de Bragança entrevistado no programa "Conversas com Vida", 8 de Fevereiro 2013




quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

DOM DUARTE, O REI QUE "IRRITOU" MARCELLO CAETANO



 
A família real esteve exilada desde 1834 e só foi autorizada a regressar a Portugal em 1950.

Duarte, da parte do pai, e Pio, da parte do padrinho, o Papa Pio XII. Dom Duarte Pio, Duque de Bragança, nasceu no estrangeiro, mas em território português: "Pela lei da monarquia só pode ser Rei de Portugal alguém que nasceu em Portugal e que seja português. Para assegurar essa hipótese, os meus pais conseguiram que a minha mãe ficasse instalada na Embaixada portuguesa, em Berna, e foi lá que nasci". A Família Real esteve exilada desde 1834 "após a vitória do exército liberal que invadiu Portugal e que derrotou o exército português e exilou o Rei Dom Miguel". Mais tarde, em 1910, "foi o exílio de Dom Manuel II". Apesar da Família Real ter demonstrado, por várias vezes, vontade de regressar a Portugal, só teve autorização para o fazer em 1950: "A Assembleia Nacional tinha bastantes deputados monárquicos. O governo não queria retirar o exílio, mas o grupo de deputados monárquicos lançou a proposta e acabou por ganhar".
O regresso só aconteceu três anos depois porque, apesar do governo ter aceite, ia dizendo "não venham já". Dom Duarte tinha oito anos quando chegou a Portugal e recorda com "grande emoção" os "três ou quatro dias de viagem de carro": "Tenho outra experiência menos agradável! Quando chegámos a Gaia, fomos comidos pelos mosquitos nas primeiras noites e a minha mãe foi buscar o véu do vestido de noiva e transformou-o num mosquiteiro para cobrir as nossas camas."
Ficaram "muitos anos" instalados na Quinta da Boavista, em Vila Nova de Gaia, propriedade da Condessa da Covilhã, porque não tinham onde ficar: "Quando o Rei Dom Manuel II morreu, o Estado expropriou as nossas propriedades de família e transformou-as numa Fundação". Mais tarde, "por instruções do governo, a Fundação passou a pagar uma quantia" à Família Real "e arranjou uma casa perto de Coimbra": "Era um antigo convento que foi restaurado e que o meu pai achava muito pouco prático porque gastava-se muito em aquecimento. E a minha mãe sofria muito com o frio porque era brasileira e não estava habituada."
 
Apesar de já estar em Portugal, aos olhos dos regimes vigentes, era como se a Família Real não existisse: "O meu pai e eu, em particular, fomos convidados para alguns actos oficiais. Mas havia cenas cómicas como, por exemplo, eu estava numa missa oficial ao lado da mulher do presidente da república, o Almirante Américo Tomás, e tiveram o cuidado de cortar a minha presença na foto."


O interesse pela agricultura levou Dom Duarte a escolher um curso de Engenharia Agrónoma, que teve de interromper para seguir outra paixão: "Queria ir para piloto desde criança e interrompi o curso para ir para a Força Aérea". Passou três anos e meio em Angola, que descreve como "uma experiência muito bonita", fez amigos, mas depois, teve "um azar": "um ministro da Defesa, muito fanático republicano, proibiu que eu voasse por razões políticas". Trocou o helicóptero por uma mota e passou a viajar pelo interior de Angola para perceber "os descontentamentos que havia". O governo português só ficou "muito zangado já no tempo de Marcello Caetano" porque Dom Duarte organizou uma lista da oposição "constituída, sobretudo, por candidatos angolanos" para as eleições do Parlamento português de 1972. Dom Duarte garante que "a lista estava muito bem encaminhada", mas acabou por ser expulso de Angola porque "o Governo de Marcello Caetano tinha um projecto secreto de independência em conjunto com os Estados Unidos e com África do Sul".
Estava no Vietname do Sul, quando recebeu um telefonema do Presidente do Parlamento a dizer: "Os seus ganharam". Era o 25 de Abril de 1974.
 

Dom Duarte de Bragança acredita que “nunca teríamos chegado a esta situação de falência fraudulenta” com uma Monarquia.


Está em vias de ter tripla nacionalidade, mas é em Portugal que gostaria de reinar. Em entrevista ao "Conversas com Vida" do ETV, Dom Duarte, duque de Bragança, acredita que poderia colaborar mais com o actual Governo e garante que "90% dos filiados no CDS são monárquicos"

O jornal "El Pais" caracterizou-o como "um Rei sem reino". É assim que se sente?


Não. Eu sinto-me representante de uma História, de uma dinastia, de uma memória política e um português à disposição dos portugueses para o que for preciso. Se quiserem a minha presença como Chefe de Estado, estou disponível, mas há outras coisas que também posso fazer e tenho feito. E acho que o Estado português poderia ter utilizado muito mais as minhas possibilidades de acção. Colaborei com os governos portugueses na solução do caso de Timor, nas relações com a Indonésia, na Guiné-Bissau e em Angola, nas relações com o mundo árabe... Tenho tido acções que tento coordenar com os vários ministros dos Negócios Estrangeiros.


Mas continua a ser consultado pelos vários ministros dos Negócios Estrangeiros?


Actualmente, não tem acontecido. Mas com os ministros de Durão Barroso, Jaime Gama, houve bastante colaboração, em particular, em relação a Angola e Timor. E o Parlamento timorense, muito amavelmente, reconheceu que foi em parte graças à minha intervenção que se resolveu a ocupação indonésia e tiveram um gesto simpático que foi darem-me a nacionalidade timorense com passaporte timorense. Estou em vias também de passar a ser brasileiro porque a minha mãe era brasileira e a presidente Dilma Roussef confirmou que gostava muito que eu fosse brasileiro.

Mas porque é que acha que os ministros dos Negócios Estrangeiros não pedem a sua colaboração?
Não tem havido ocasião para isso.
Mas acha que podia dar um contributo relevante para a diplomacia portuguesa?


Em alguns casos, sim. Há países com os quais a situação é complicada, como a Guiné-Bissau, onde me dou muitíssimo bem com todos os grupos políticos e chefias tradicionais e chefes de tribo... Já ofereci a minha ajuda ao Dr. José Ramos Horta que vai agora como delegado especial das Nações Unidas para a Guiné... Fui duas vezes à Síria a pedido do Presidente da República e alguns membros da oposição... E chegámos a acordo, mas só não foi posto em prática porque há um movimento islamista radical.

No actual momento de crise, uma monarquia poderia dar um contributo diferente ao país?


Estou convencido que uma das razões porque em quase todas as Monarquias, talvez com a excepção de Espanha, não há uma crise financeira grave como temos em Portugal é porque, de algum modo, os Reis e as Rainhas, como são completamente independentes e não têm ligação aos partidos políticos, são escutados e aceites por todos os lados. No caso da Bélgica, da Rainha da Dinamarca, do Grão-duque do Luxemburgo eles colaboraram muito para que a oposição e o governo evitassem entrar em situações perigosas.
 
Quer dizer que Dom Duarte poderia ser uma peça importante no consenso político em Portugal?


Provavelmente, nunca teríamos chegado a esta situação de falência fraudulenta se tivesse havido um supremo juízo que pudesse controlar os desvios e exageros dos governos. Por outro lado, há o problema da corrupção. Segundo um programa da BBC, se a corrupção em Portugal tivesse sido controlada, estaríamos ao nível económico da Dinamarca porque perdemos, no mínimo, 10% do PIB com a corrupção. É fácil de perceber que, se tivéssemos poupado esses 10%, não estaríamos onde estamos hoje. E a corrupção não é só o dinheiro desviado é, sobretudo, a quantidade de obras inúteis, não produtivas de riqueza, que foram feitas, para que depois pudesse haver ganhos dos amigos.
 
Tais como?


O excesso de auto-estradas, a Expo, o Centro Cultural de Belém, o novo Museu dos Coches, os estádios de futebol... Uma quantidade de obras que não faziam falta nenhuma. Sempre protestei contra isso, mas até a Santa Madre Igreja caiu nesse erro: construiu aquele monstro no Santuário de Fátima ou a Igreja de Marco de Canavezes, quando o dinheiro podia ser muito mais bem utilizado para os fins próprios da Igreja. É como o Estado! Tem de nos esfolar todos em impostos excessivos para pagar os desvarios que foram feitos.


Se tivesse hipótese de reinar, o que faria de diferente?



O que o Estado tem de fazer é ver onde há despesas que não são necessárias, onde há funcionários que seria melhor reciclar para um trabalho mais útil porque se calhar estão a mais...
Se tínhamos 200 mil funcionários em 1974 hoje temos 700 mil. Certamente que há gente a mais. O Estado teria que encorajar directamente a produção, todos aqueles portugueses que fazem coisas fantásticas, produtos bons que são exportados para todo o mundo, mas que têm como principal dificuldade o Estado. O Estado português tem sido sempre o grande empecilho da produtividade e da criatividade. O tempo que demora a dar licenças, todas as dificuldades burocráticas... Penso que uma parte da burocracia existe para justificar a existência de tantos funcionários e organismos.

 
No actual Governo tem alguns simpatizantes da Monarquia...


Há muitos simpatizantes em todos os partidos políticos, até no Bloco de Esquerda. Os que não são simpatizantes da Monarquia são, pelo menos, meus simpatizantes.


Em particular, no CDS...


Algumas sondagens feitas lá indicam que 90% dos filiados são monárquicos. Mas no PSD e no PS também há bastantes.


Esses 90% fazem do CDS um partido monárquico?


Não porque a direcção não é, mas os militantes são. Mas uma sondagem da Comissão dos 100 anos da República perguntou quem era republicano em Portugal. 40% respondeu que não. Desses 40%, alguns serão anárquicos. Mas quem não é anárquico nem republicano, é monárquico.


Económico, 08 de Fevereiro de 2013


Fonte: Família Real Portuguesa