29 fevereiro 2020

EUTANASIAR OU NÃO, EIS A QUESTÃO!

 “Disse mais: ora, não se ire o Senhor, Que ainda só mais esta vez falo: se porventura se acharem ali dez?
E disse: Não a destruirei por amor dos dez.”
                           Génesis, 18,32.


O Homem não quer aceitar o mistério… Quer até ser Deus de si próprio; quiçá sobrepor-se a Deus…

Ou, porventura, tentar “pegar Deus” de cernelha como parece ser o caso da eutanásia.

Mas fará sentido que o universo tenha sido criado por geração espontânea e a vida criada do nada?

Mas para quem não acredita em Deus, negue a transcendência, a existência do Bem e do Mal – que até dá para sentir no ar … - ou a existência da alma, certamente não é alheio a normas morais, à Ética…

Não vamos aduzir as razões pró e contra a “Eutanásia”, pois são conhecidas, mas apesar de tudo, convém defini-la, “o acto intencional de proporcionar a alguém uma morte indolor para aliviar o sofrimento causado por uma doença incurável ou dolorosa”.

Vamos apenas tecer algumas considerações na vastidão do tema, que várias propostas de deputados alucinados querem reduzir ao fósforo de uma discussão e votação rápida, apanhando os lorpas dos “contribuintes” desprevenidos…

E a primeira é já esta: a vida não é uma coisa que se referende e só assinei a petição para evitar “in extremis” a aprovação desta (s) proposta (s) de lei, iníquas e imorais.

Do mesmo modo a Vida não se discute (como a Pátria), defende-se.

E não vemos – como aduzido pelos adeptos da “matança” – que ajudar uma pessoa doente a morrer (onde é que a coisa vai parar?) seja defender a “Dignidade” dessa pessoa. Pois não descortino onde é que o sofrimento natural de uma pessoa possa beliscar a sua Dignidade!

O suicídio entra no campo do livre arbítrio dado ao homem para poder viver (usufruir) uma liberdade (conceito absoluto mas de aplicação relativa) responsável.

De facto o “direito” de pôr fim à vida voluntariamente, o que contraria “a priori”, o instinto natural da sobrevivência – apesar de ninguém se lembrar de ter pedido para nascer – é um “direito” (apesar de condenado desde tempos imemoriais) que só implica o individuo, do qual lhe irão pedir contas no “Juízo Final” – para quem acredita em tal – ou desfazer-se no nada para quem é ateu.

Isto independentemente da dor que possa causar em seu redor, pelo acto.

Certamente os ateus e os agnósticos são alheios a quaisquer considerações religiosas mas não quer dizer que sejam alheios a valores morais, à ética e à justiça.

Agora não se deve sair fora da esfera privada de cada um para tornar o suicídio um espectáculo público, ou pôr o Estado (quem?) responsável por “matar docemente”, quem o deseje, e a restante população ter de pagar com os seus impostos.

É assim como o Pacifismo total, isto é um individuo pode deixar-se matar, recusando usar qualquer tipo de violência para se defender (ou “dar a outra face”), mas tal não pode ser extrapolado para quem tem responsabilidades na Sociedade.

Tal assumpção é muito evidente também com aqueles que se querem “eutanasiar” devagarinho fumando desenfreadamente. Recentemente houve o cuidado de os isolar dos não fumadores para estes não serem contaminados à força… (já nem falo dos drogados, onde o caso é muito mais grave).

E os principais argumentos relativamente a estas duas classes de cidadãos prendem-se com factores de saúde pública e económicos.

Pois parece serem estes últimos o que mais preocupa as autoridades, ao contrário da verdadeira subversão da sociedade, nomeadamente a de cariz cristã, que é o que os áulicos do “MAL” querem impor aos incautos.

São insaciáveis. Já não lhes chegava a criminosa lei do aborto; a legalização do casamento homossexual; as barrigas de aluguer; as experiências de manipulação genética; tratar drogados como doentinhos; a tentativa de acabar com a raça branca e o aceleramento da mestiçagem; o fim da matriz cultural dos povos, com o multiculturalismo e as migrações; a subversão das instituições nacionais, etc., para agora quererem matar os velhinhos e os doentes terminais, numa espiral de cultura de morte, que deixa os eugenistas da Alemanha Nazi a perder de vista!

Isto é um autêntico retrocesso civilizacional, já só falta irem copiar os costumes de algumas tribos antigas que abandonavam os seus idosos, já considerados inúteis, no meio das montanhas, para morrerem.

Era a morte digna daqueles tempos…

Se esta lei não for travada, não vai ficar por aqui.

No dia seguinte à aprovação eventual, desta lei antinatural, antimoral e antiética, logo surgirão novas “ideias” por parte dos “tarados” de serviço. Antevejo, a lei da poligamia; do casamento de uma mulher com um cavalo; evocando o António Boto (poema “sentados nos meus joelhos…”) lá aparecerá a despenalização para os pedófilos; “relações abertas” para todos os gostos; “missas negras” serão celebradas à luz do dia, etc. um etecetera que só tem limite na maldade e na estupidez humana que como se sabe tende para o infinito.

E porque só estender a eutanásia aos doentes terminais que o requeiram (para já…)? Porque não a alargar aos portadores de qualquer deficiência grave, física ou mental? E logo à nascença!

E porque se há-de atirar com essa responsabilidade para cima dos profissionais de saúde que, logo por azar (!) têm códigos deontológicos que proíbem tais práticas?

Porque não ressuscitar a figura do “carrasco” (que cortava cabeças a machado; puxava a segurança da guilhotina ou punham os desgraçados a baloiçar pelo pescoço). Será uma injecção letal melhor que um tiro na nuca?

Os senhores deputados tão defensores da “Dignidade” humana quando terminarem os seus mandatos como representantes do povo (ah,ah,ah) quererão candidatar-se à futura e nobre profissão de carrasco?

Então em Portugal orgulhamo-nos (e bem) de termos sido os primeiros a abolir a escravatura, no território europeu; de termos sido os primeiros a abolir a pena de morte; não termos sequer, no nosso Código Penal, a prisão perpétua e agora quere-se aprovar, numa casa que sempre deixou muito a desejar, uma legislação destas?

Pelos vistos só copiamos os maus exemplos que vêm do estrangeiro, mesmo sendo uma escassa minoria os países onde tal foi aprovado, e sem aprender com os “desmandos” que neles já se manifestam?

Tudo isto representa um atentado violento contra o “Direito Natural”. Ora existem “leis naturais” que são imprescritíveis e que estão cá muito antes do Direito Positivo e não devem ser contrariadas por este.

Lembremos “Antígona”, de Sófocles, Atenas, 440 aC:

“Eu não pensava que as tuas ordens tivessem uma autoridade tal que um mortal pudesse permitir-se de transgredir as leis não escritas, mas imprescritíveis dos deuses. Porque não é de hoje nem de ontem que elas estão em vigor, mas desde sempre e ninguém sabe quando elas foram promulgadas”.

Natureza vai sempre, aliás, buscar aquilo que é seu…

É preciso também dizer que modernamente se começou a tentar torcer, menosprezar e acabar com o “Direito Natural”, em meados do século XVIII, através do “Iluminismo”, dos “Racionalistas” e da Maçonaria (ou seja lá o que está por detrás dela), que foram exponenciando o “Direito Positivo” – baseado apenas na razão dos Homens e na Ciência – a ponto de, hoje em dia, se ter deixado de falar no Direito Natural que é de todos, é de sempre e está intimamente ligado à vida na terra. Mesmo deixando o “Transcendente” de fora.

Desta “razão” se aproveitou o Capitalismo, continuando o ataque ao Direito Natural, agora de modo exacerbado, pelo Marxismo, Comunismo, Anarquismo e outros “ismos” que por aí medraram, como a parvoeira dos exageros feministas…

Sobretudo após o fim da II Guerra Mundial e dado que a “Ditadura do Proletariado” e a via “revolucionária da tomada do poder pelo povo”, não fizeram vencimento na Europa Ocidental e mais tarde nas Américas, foi a vez da “Escola de Frankfurt” e suas derivações, como é o “Fórum de S. Paulo”, começarem a espalhar o “Marxismo Cultural” e as suas teses subversivas e malignas.

Tudo isto tem submergido as Igrejas Cristãs, com destaque para a Católica (que tem sido pouco firme e corajosa na defesa dos seus princípios) tendo a Igreja Ortodoxa sobrevivido miraculosamente a 70 anos de Comunismo, na URSS e países de Leste.

A única religião que tem resistido a esta avalanche de ataque ao Direito Natural tem sido a islâmica, e nos países onde são maioritários. Mas tal só faz exacerbar o “ódio” que têm ao “infiel”…

E é preciso também deixar claro que a questão de viver ou morrer, nada tem a ver com Democracia. Por isso Pilatos nunca devia ter lavado as mãos e permitido uma votação ululante, de braço no ar…

A vida é um valor absoluto por isso não pode estar dependente de modismos, maiorias, minorias ou de votações na Assembleia da República.

Há pois que pôr ordem na casa sob pena de nos transformarmos numa espécie de Sodoma e Gomorra, a que alude o Génesis.

E qualquer dia, não restarão 10 justos para serem salvos…


João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (Ref.)

Fonte: O Adamastor

28 fevereiro 2020

Eles berraram porque nada têm a dizer

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1. Mamadou Ba ataca violentamente a Nova Portugalidade. Percebemos porquê: aqui encontrou quem lhe faz frente, quem o ouve, o percebe, o supera e o refuta; na Nova Portugalidade encontrou a mensagem estruturada, pensada, serena, inteligente, filha do estudo e do trabalho de que eles pura e simplesmente não estavam à espera - e para a qual, francamente, não têm resposta alguma. O Prós e Contras de ontem, na RTP, foi a esse respeito eloquente. Aos argumentos do representante da Nova Portugalidade, o Doutor Miguel Castelo Branco, com melhor não puderam responder que com gemidos, unhas roídas, frenéticos movimentos nas cadeiras e berros - berros que envergonharam os demais participantes, a assistência, a televisão e o país. Ora, histeria nunca a tem quem está seguro; a histeria é característica primeira do nervosismo, e nervosismo é o que sente quem se sabe derrotado. Os guinchos insistentes dos sequazes de Mamadou não revelam apenas má educação e falta de urbanidade, não obstante muito haja a ser dito a esse respeito. Mostra, sobretudo, a pobreza dos seus argumentos, a fragilidade dos seus esquemas e uma preguiça intelectual a que se habituaram quando não havia Nova Portugalidade, mas a que já não mais podem dedicar-se.

2. Ainda assim, o ódio incontrolável de Mamadou e colegas pela Nova Portugalidade não radica apenas no ressentimento. É igualmente um ódio de estupidez - manifestamente, nunca se deram ao trabalho de tentar perceber o que é a Nova Portugalidade -, um ódio de medo (aqui têm oposição tenaz) e um ódio de substância. É que, malgrado os teatros cuidadosamente orquestrados, Mamadou e colegas sabem perfeitamente (isso sabem) que a Nova Portugalidade é, pela sua visão da História, pela sua compreensão da natureza do povo português e pelas suas ideias de futuro, a mais coerente adversária do racismo que há em Portugal. A razão que despoleta neles erupções incontroláveis de azedume? É que Ba e o seu grupo, a Associação SOS Racismo (bem podia chamar-se "Associação Só Racismo"), não são contrários ao racismo; são justamente a mais influente, gabada, presente e relevante organização racista do país. Os portugueses ouviram-no ontem no Prós e Contras na linha dos que se nos opuseram. Francisco Bettencourt, alinhado com Ba e colegas, dizia com todas as letras, sem aperceber-se da evidente contradição, que Portugal é uma "nação racial"- isso para opor-se ao ponto da Nova Portugalidade de que Portugal se fez também, pela sua História e através dos séculos, uma nação africana, sul-americana e asiática. Caídas as máscaras e os acessórios retóricos, expurgada a doutrina de todo o disfarce, compreende perfeitamente o ouvinte que, para os identitários de esquerda como para os de direita, nem História nem cultura importam ou podem importar, e que a sua vocação não é fazer a unidade dos portugueses, seja qual for a sua cor ou religião, mas justamente destruí-la em nome de critérios biológicos. Temos nós e devem ter todos quanto a isto a coragem da clareza conceptual. A associação Só Racismo não é anti-racista; é racista. Mamadou Ba não é anti-racista; é racista.

3. É contra este programa de destruição da harmonia nacional, da unidade dos portugueses e da vontade de todos eles em serem cidadãos orgulhosos, iguais e fiéis da mesma comunidade humana, que se tem insurgido a Nova Portugalidade. É uma luta que insistimos em manter, pois sabemo-la essencial ao bem comum, à felicidade do povo português e ao interesse da nação; é uma luta que manteremos porque esta ideia portuguesa de fraternidade humana é resultado de uma experiência secular que sabemos autêntica; é uma luta que continuaremos porque falhar nela seria entregar o país ao comunitarismo, à divisão, à partição dos portugueses em grupos mutuamente excludentes e mutuamentes hostis, o que teria as consequências mais graves para o país. Em nós, encontraram quem lhes dá resposta - pior, encontraram quem os deixa sem ela. Por isso nos odeiam, e por isso difamam este movimento composto por centenas de cidadãos de quase todas as nações da Portugalidade, e que postula, pratica e celebra a diversidade humana do espaço português como eles, sempre incoerentes e nunca convincentes, jamais serão capazes de fazer.

Estamos cá, e daqui não saímos, pois manter posição é para nós o mais alto dever patriótico. Por muito que eles não queiram. E por muito que berrem dos assentos.

A Direcção da Nova Portugalidade

25 de Fevereiro de 2020

27 fevereiro 2020

Começa a Quaresma


A observância da Quaresma é o laço de nossa Milícia; por ela é que nos distinguimos dos inimigos da Cruz de Jesus Cristo; por ela é que desviamos os flagelos da cólera divina, somos protegidos com o socorro celeste durante o dia, e nos fortificamos contra os príncipes das trevas. O relaxar dessa observância traz detrimento à glória de Deus, desonra da religião católica, perigo para as almas cristãs, e, não há dúvida que essa negligência se torne fonte de desgraças para os povos, desastres nos negócios públicos e infortúnios para os particulares.

Papa Bento XIV, encíclica de 23 de Maio de 1741


Fonte: Veritatis

23 fevereiro 2020

A UE contra a cultura europeia

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Noticia-se que a União Europeia exigirá ao Reino Unido a "devolução" à Grécia dos famosos mármores de Elgin, provenientes do Partenon de Atenas, como condição das negociações para um tratado de comércio entre as duas partes. Trata-se de uma estupidez que não deixa de demonstrar a impressionante falta de tacto, e mesmo grosseria, da Comissão Europeia.
Várias preocupações se nos impõem.
Primeira: se é da devolução de património histórico e cultural que se trata, não seria lícito pedir a extensão do mesmo princípio aos próprios Estados-membros da União Europeia? Portugal, impiedosamente rapinado pelas invasões francesas e, depois, pelo "devorismo" posterior às guerras civis entre absolutistas e liberais, muito poderia exigir dos museus e galerias da Europa e do mundo.
Segunda: compreenderá a União Europeia que portas abre este perigoso precedente, em particular quanto à "devolução" de património proveniente do que são hoje países da Ásia, do Médio Oriente e da África, património esse, aliás, que encontrou na Europa refúgio seguro que nenhuma outra parte do mundo poderá garantir? Compreenderá a União Europeia que de semelhante cruzada só poderá resultar o fortalecimento daqueles clamam hoje pelo esvaziamento dos museus e galerias da Europa e pela transferência de património para países frequentemente instáveis, vulneráveis ao terrorismo e ao tráfico de arte, sem tradição de reverência pela História, desprovidos de técnicos capazes e, pior, em cleptocracias em que é muitas vezes impossível distinguir o que é propriedade pública e o que é de presidentes, ministros ou chefes militares? Esperava-se maior maturidade de Bruxelas. Definitivamente, há quem não perceba que a cultura não é nem pode ser um brinquedo na mão dos políticos.

22 fevereiro 2020

SAR, D.Duarte Pio, Duque de Bragança, investiu novos membros na Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa

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O Grão-Mestre das Ordens Reais Dinásticas Portuguesas , D.Duarte Pio, Duque de Bragança, investiu novos membros na Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, em Lisboa. Entre os novos membros investidos na ordem estão o Príncipe D. Antônio de Orleans e Bragança, o arquiduque Josef Karl von Habsburg, príncipe da Hungria e o padre Tiago Pinto.

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21 fevereiro 2020

Juramento de Hipócrates


Texto original de Hipócrates, chamado Pai da Medicina, século V a.C.:

Juro por Apolo Médico, por Esculápio, por Higia, por Panaceia, e por todos os Deuses e Deusas, que acato este juramento, e que o procurarei cumprir com todas as minhas forças físicas e intelectuais.
Honrarei o professor que me ensinar esta arte como os meus próprios pais; partilharei com ele os alimentos e auxiliá-lo-ei nas suas carências.
Estimarei os filhos dele como irmãos e, se quiserem aprender esta arte, ensiná-la-ei sem contrato ou remuneração.
A partir de regras, lições e outros processos, ensinarei o conhecimento global da medicina, tanto aos meus filhos e aos daquele que me ensinar; como aos alunos abrangidos por contrato e por juramento médico, mas a mais ninguém.
A vida que professar será para benefício dos doentes e para o meu próprio bem, nunca para prejuízo deles ou com malévolos propósitos.
Mesmo instado, não darei droga mortífera nem a aconselharei; também não darei pessário abortivo às mulheres.
Guardarei castidade e santidade na minha vida e na minha profissão.
Operarei os que sofrem de cálculos, mas só em condições especiais; porém, permitirei que esta operação seja feita pelos praticantes nos cadáveres.
Em todas as casas em que entrar; fá-lo-ei apenas para benefício dos doentes, evitando todo o mal voluntário e a corrupção, especialmente a sedução das mulheres, dos homens, das crianças e dos servos.
Sobre aquilo que vir, ou ouvir, respeitante à vida dos doentes, no exercício da minha profissão ou fora dela, e que não convenha que seja divulgado, guardarei silêncio como um segredo religioso.
Se eu respeitar este juramento e não o violar; serei digno de gozar de reputação entre os homens em todos os tempos; se o transgredir, ou violar, que me aconteça o contrário.

Esta tradução, fiel ao original grego, foi jurada durante séculos pelos médicos, desde a Antiguidade até 1948, ano em que foi pela primeira vez "actualizada" pela Associação Médica Mundial. Seguiram-se outras modificações, em 1968, em 1983, e em 2017.

Fonte: Veritatis

20 fevereiro 2020

«Não matarás!»

Depois de tudo, ou quase, ter sido dito sobre a eutanásia, é preciso regressar ao essencial: a eutanásia é uma licença para matar. Acrescente-se o que se quiser, mas sem esquecer que a eutanásia é isto mesmo: uma autorização ‘legal’ para matar uma vida humana inocente. Ou seja, um homicídio.

Os novos sofistas não gostam da verdade, que procuram evitar com capciosos eufemismos, que quase fazem parecer virtuoso um acto que, pela sua própria natureza, é necessariamente criminoso. Não usam a palavra aborto, que é quase tão feia quanto a horrível acção de exterminar uma vida humana inocente, ainda no ventre materno, e por isso recorrem à fórmula ‘interrupção voluntária da gravidez’. Também não apreciam a palavra eutanásia, que recorda as detestáveis práticas eugenistas dos campos de extermínio nazi e, por isso, preferem usar expressões mais ambíguas e conciliadoras, como a que apela a um alegado ‘direito a uma morte digna’. Seja suicídio ou morte assistida, seja até por vontade do próprio ou em situação de grande sofrimento, a verdade é que se trata sempre de um assassinato, porque se atenta contra uma vida humana inocente.

É verdade que não há um direito absoluto à vida, na medida em que, no caso de legítima defesa, é moralmente lícito pôr termo à existência de alguém, se necessário for para salvaguardar a própria vida, ou salvar pessoas inocentes. A ninguém escandaliza, por exemplo, que um terrorista que tenha sequestrado crianças e seriamente ponha em causa as suas vidas, seja eliminado pelas forças policiais, se esse for o único meio para salvar os menores em risco. Em caso de guerra, também se entende que é eticamente razoável o recurso às armas susceptíveis de causar a morte do inimigo, num contexto de legítima defesa nacional.    

Não há, portanto, um direito absoluto à vida, mas há um imperativo ético a que todos os Estados devem obedecer: nenhuma vida humana inocente pode ser eliminada. Não há razão política, religiosa, étnica ou ideológica que possa legitimar um homicídio. Nem sequer o hipotético consentimento da vítima, porque seria necessário questionar até que ponto pode ser juridicamente relevante o consentimento de alguém que está tão perturbado que deseja a própria morte.

No seu laconismo, a Lei de Deus não podia ser mais explícita: “Não matarás!” (Ex. 20, 13; Mt 5, 21). Tinha que o ser, porque esta regra não pode estar sujeita às circunstâncias do tempo ou do lugar. O princípio da inviolabilidade da vida humana inocente prevalece até sobre o respeito devido à liberdade pessoal e, por isso, há que contrariar o propósito do suicida: dar-se-lhe-ão todos os meios necessários para que viva com dignidade, mas em caso algum se lhe dará a morte, mesmo que seja a seu pedido. Quem faz o mal ao seu próximo, mesmo que seja a seu pedido, não faz bem: o bem da vida prevalece sobre o da liberdade individual, porque a vida é condição da liberdade e uma liberdade que atenta contra a própria vida é contraditória, ou seja, anula-se a si mesma.

Não faltarão ‘católicos’ – de facto, já os há – que tentem a quadratura do círculo: conciliar a fé cristã com a defesa da eutanásia, em nome da compaixão, da liberdade individual, do respeito pelas regras da democracia parlamentar e do direito a optar por um fim de vida digno, senão mesmo – imagine-se! – da caridade. Em termos lógicos, uma tal argumentação é um absurdo; em termos morais, se consciente e voluntária, uma hipocrisia.

Os ‘cristãos’ defensores da eutanásia são lobos disfarçados de cordeiros, que procuram estabelecer a confusão entre o rebanho. Os mercenários, com medo do desfavor da comunicação social, mais uma vez maioritariamente alinhada com esta causa fracturante, talvez se calem ante essas vozes enganadoras. Mas, os verdadeiros pastores, não poderão deixar de denunciar a falsidade e duplicidade de quem pretende compatibilizar a fé cristã, com propostas que directamente violam um preceito divino, como é o quinto mandamento da Lei de Deus.
P. GONÇALO PORTOCARRERO DE ALMADA

Fonte: Voz da Verdade

Ss. Jacinta e Francisco Marto

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São Francisco e Santa Jacinta, rogai por nós!

19 fevereiro 2020

13 de Fevereiro: Portugal confirmava a liberdade e renascia para a História

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Há 352 anos, a 13 de Fevereiro de 1668, dava-se um dos menos conhecidos, mas mais importantes, acontecimentos da nossa História de povo: a assinatura do Tratado de Paz de Lisboa entre Portugal e a Monarquia espanhola dos Habsburgos. Terminava assim a Guerra da Restauração (1640-1668). Pela letra do tratado, a Espanha passava a reconhecer a independência portuguesa e a Casa de Bragança como reinante em Portugal.

Portugal determinou-se da Espanha no contexto da Guerra dos Trinta Anos, quando a Espanha, então a principal potência europeia, se desdobrava em esforços para manter a sua hegemonia continental. Portugal, pois, aliou-se aos adversários daquela, incluindo à Inglaterra e à França, assinando ainda a paz com a Holanda na Europa mas mantendo-se na prática em guerra com ela no ultramar. Quando a Espanha encontrou finalmente os recursos necessários para tentar uma invasão, Portugal estava preparado, conseguindo suster as sucessivas tentativas de invasão dos exércitos da monarquia espanhola, e vencê-los nas mais importantes batalhas: Montijo (1644), Arronches (1653), Linhas de Elvas (1659), Ameixial (1663), Castelo Rodrigo (1664) e Montes Claros (1665).

Ao mesmo tempo, entre 1641 e 1654, as tropas portuguesas conseguiram expulsar os holandeses do Brasil, de Angola e de São Tomé e Príncipe, restabelecendo o território ultramarino português e o respectivo poder atlântico anteriormente firmado antes do reino de Portugal estar sob o domínio filipino. O império do Oriente, contudo, havia sofrido perdas terríveis para a Holanda de que não mais recuperaria. O foco imperial de Portugal virar-se-ia de leste para oeste e da Índia para o Brasil.
Foi uma guerra em todas as frentes e em quatro continentes - e, provavelmente, o maior esforço alguma vez empreendido por Portugal.

A liberdade estava reconquistada, e Portugal renascia para a História. Os portugueses de hoje bem devem permitir-se inspirar pelos desta geração, capaz de reerguer o país do desastre e de recolocá-lo no caminho da independência e da vitória.

18 fevereiro 2020

LEI DA MORTE A PEDIDO (EUTANÁSIA) Como travar?


1. O Parlamento prepara-se para legalizar a morte a pedido – Eutanásia. Foram apresentados 4 projetos de Lei (BE, PAN, PEV e PS) que, face à composição política daquele, têm condições para ser aprovadas de imediato.

2. É dever de todos nós opormo-nos a tão odiosa lei. Seria uma lei que em vez de remeter para os cuidados médicos, manda matar. Trata-se de uma lei fraturante, que nega a Solidariedade para com os mais vulneráveis e doentes, que nega o Humanismo e a medicina.

3. A vida não se referenda. Mas uma lei que atenta contra a Vida não pode ser aprovada. E só a força do Povo pode fazer travar tal lei.

4. Para travar a lei foi preparada uma Iniciativa Popular de Referendo na qual o Povo pede à Assembleia da República que rejeite tais projetos e continue a proteger a vida humana.

5. Para esta Iniciativa Popular de Referendo, a partir de hoje, estão disponíveis os impressos para recolher assinaturas. Basta descarregar o impresso no site “todaavidatemdignidade.pt” e pedir a amigos e colegas que a subscrevam. Naquele impresso estão todas as informações para o entregar na sede de Campanha. Também a podem subscrever online em (Petição Publica).
São necessárias 60.000 subscrições. Cada um é responsável pela sua, e por todos aqueles que estão à sua volta. O prazo de recolha de assinaturas irá para além do dia 20 e será publicamente anunciado (talvez até final de Março)

6. O Parlamento, agendou para o dia 20 de Fevereiro o debate na generalidade, da Eutanásia. Seria muito relevante que nesse dia pudéssemos contar com milhares de assinaturas.

7. Nesse dia 20 de Fevereirosairemos à rua para, em frente ao Parlamento, mostrarmos (das 12h:30min às 14h:30min) a nossa oposição à lei da morte a pedido e a toda esta violência.

8. Queremos uma Sociedade que cuide. Não queremos uma Sociedade que mate. Dizemos Sim à Vida em qualquer circunstância.
Todas as vidas têm Dignidade, todas merecem cuidados de saúde, carinho, respeito e amor. A eliminação de vidas humanas que se diz “a pedido” é uma violência para aquele que a ela se sujeita. É a última violência em vida.
Uma Sociedade com tais práticas, no tempo, gera novas formas de violência e destruição.

9. Dizemos “Sim à Vida” por isso lançamos a Iniciativa Popular contra a Eutanásia. Não pactuamos com a violência e destruição.  Defendemos a nossa vida e a das gerações futuras.  

10. Desafiamos todas as pessoas de valores, a que se empenhem nesta luta de coração aberto à Vida. Trata-se de uma lei que tem efeitos para todos os cidadãos. Precisamos de conhecer bem as suas consequências, todo o mal que a coberto da Eutanásia se tem espalhado em países como a Bélgica e a Holanda.

11. Só um grande debate nacional pode esclarecer estas consequências. E só a Iniciativa Popular será capaz de levantar esse debate.

O Parlamento prepara-se para aprovar a lei silenciosamente. Por isso a voz de cada um é fundamental – para travar a eutanásia!

Salvar o planeta é preciso! Mas para isso é preciso salvar o Homem!

ISILDA PEGADO

16 fevereiro 2020

Centenário da morte de Santa Jacinta assinalado em Lisboa

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Santa Jacinta Marto, no centenário da morte

J – JESUS. Jesus começa com a primeira letra de Jacinta. Jesus é o maior amigo da Jacinta. Jacinta quer ser amiga de Jesus até ao fim.
A – ADORAR Deus. O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Que alegria ter Deus à mão, trazer Deus no coração.
C – CÉU para todos. “Vão muitas almas para o inferno, por não haver quem reze e se sacrifique por elas”.
I – IGREJA. Família Feliz em Jesus Cristo. Toda a família humana seja Igreja.
N – NOSSA SENHORA: “Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido”.
T – TERÇO- Nas 6 aparições, Nossa Senhora pediu: “Rezem o TERÇO todos os dias.”
A – AMAR todos. ALIVIAR o Coração de Deus e o Coração de Nossa Senhora pelos pecados de toda a humanidade. DESAGRAVAR Jesus e Maria pelos pecados da humanidade.

A Jacinta não perdia um, nem uma ocasião, de fazer um sacrifício pela conversão, pela salvação, pelo Céu dos pecadores.

Reflexão do Pe. Lereno

15 fevereiro 2020

República limita mandatos por “ter medo das próprias instituições”

República limita mandatos por “ter medo das  próprias instituições”

D. Duarte Pio de Bragança defende que em democracia o povo é que deveria escolher, por isso, “não faz sentido” proibir a reeleição. Sobre a União Europeia, D. Duarte é peremptório: “infelizmente é um clube de países que quer unificar tudo”.

De visita ao distrito de Braga, D. Duarte Pio de Bragança falou ao Correio do Minho do país e da União Europeia. Para D. Duarte é “uma contradição”, num Estado democrático, haver limitação de mandatos. Sobre a União Europeia, D. Duarte lamenta que se tenha transformado “num clube de países que quer unificar tudo”.

Correio do Minho (C.M.)- O que tem feito e por onde tem andado?
D. Duarte Pio - Estivemos, ano passado, em Ceilão (actual Sri Lanka) a convite da comunidade portuguesa católica. Ofereci uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, na zona onde vivem mais descendentes portugueses. Uns dias depois, os terroristas islâmicos rebentaram com três igrejas e mataram cerca de 200 descendentes portugueses, apesar da imprensa só falar da morte de um português. Houve um terrorista que tentou explodir essa igreja e a carga explosiva não rebentou, por isso, toda a gente ficou a comentar que tinha sido um milagre de Nossa Senhora de Fátima. Depois fui a Nova Iorque, a convite da Sinagoga Portuguesa de Nova Iorque, para celebrar os 365 anos da construção da primeira sinagoga do Novo Mundo.

C.M. - O baptizado do seu primeiro filho, Afonso, foi em Braga, porquê?
D. Duarte Pio - O casamento tinha sido em Lisboa, depois disso, fizemos o baptizado do Afonso em Braga e a Consagração a Nossa Senhora em Guimarães. Já o baptizado da Maria Francisca foi em Vila Viçosa e o baptizado de Dinis foi no Porto. Simbolicamente corremos o país todo.
C.M.- Já está a preparar a sucessão do seu filho mais velho?
D. Duarte Pio -Todos os meus filhos estão preparados para servir Portugal, desde que isso esteja de acordo com a sua vocação, qualidades e interesses. Fazemos férias em países lusófonos por isso mesmo. Já fomos a Timor, São Tomé e Príncipe e tencionamos ir a Angola. Além disso, vamos visitar a família que está no Luxemburgo, Bélgica Alemanha, Áustria e República Checa. Manter o contacto entre primos é fundamental.

C.M. - A petição que defendia a inclusão de D. Duarte na lei do Protocolo de Estado ficou pelo caminho?
D. Duarte Pio - Estou no protocolo de Estado de Timor, que é importantíssimo para mim. O primeiro-ministro insiste na minha presença e, recentemente, celebramos em Timor os 500 anos do encontro entre Timor e Portugal. As cerimónias solenes festejaram o que foi o começo da actual cultura timorense e da evangelização. Em relação ao protocolo português, as assinaturas da petição são cerca de 10 mil e não foram entregues, porque há receio de certas forças políticas. Por isso, só vale a pena entregar as assinaturas quando houver algum consenso no Parlamento.

C.M. - O papel do Presidente da República é o papel que defende que deveria ser o do rei? Gostaria de ter esse papel?
D. Duarte Pio - Actualmente em Portugal, desde o general Ramalho Eanes, passando por Mário Soares, Cavaco Silva e agora também com Marcelo Rebelo de Sousa, os Presidentes tentam e seguem um modelo real. O povo português gosta de ter o Chefe de Estado independente dos partidos, no papel de juíz. Se nem no futebol se aceita que o árbitro pertença a um dos clubes que está em confronto, como é que na política, quem deveria ser o árbitro, pode pertencer a um dos partidos políticos? É uma contradição. Depois, por outro lado, a lei proíbe que um Presidente seja indefinidamente eleito, enquanto o povo assim o quiser. Os republicanos têm medo, que o Presidente tenha um potencial de ditador. Não faz sentido. Em democracia o povo é que devia escolher, até mesmo os presidentes de câmara. É o receio que a República tem das suas próprias instituições. E ao mesmo tempo, a vontade que o povo tem que as próprias instituições republicanas guardem os valores da monarquia, que é o valor da continuidade da chefia de Estado. Em Portugal, cerca de 30% dos portugueses, segundo a sondagem feita pela Comissão do Centenário da República, dizem que o rei seria melhor que o Presidente da República.

C.M.- Por isso, fazia todo o sentido ter um Partido Monárquico no Parlamento?
D. Duarte Pio - Há um partido que além de monárquico é ecologista. Obviamente, que há muitos deputados monárquicos noutros partidos e, portanto, não se pode nunca confundir ser monárquico ou ser do PPM. Há muitos mais monárquicos espalhados por outros partidos.

C.M. - E sobre a Europa? Como vê o que se está a passar?
D. Duarte Pio - Portugal é um país europeu desde o seu começo e esteve sempre bem representado. Fomos a cara da Europa perante o mundo. Hoje em dia estamos muito dependentes economicamente da União Europeia. Mas não devíamos confundir esta política, às vezes, extremista e abusiva até de certos políticos da União Europeia com o verdadeiro sentido da Europa, que é uma Europa de fraternidade, cooperação, defesa de valores de civilização baseados no cristianismo. O Papa Bento XVI dizia que a Europa é a combinação entre o espírito e moral cristã, a cultura grega e espiritualidade judaica e a organização romana e isso ultrapassa as fronteiras do continente europeu. Por isso, fazia algum sentido, por exemplo, Israel entrar na União Europeia. Há uma visão da Europa como uma cultura e espiritualidade. E hoje em dia, infelizmente, a União Europeia é um clube de países que quer unificar tudo, desde o queijo até à vida moral e sentimentos das pessoas, estando a entrar abusivamente em campos que não devia.

C.M. - Que relação mantém com as casas reais europeias?
D. Duarte Pio - Mantemos uma relação, em primeiro lugar, com os nossos primos próximos, que são nossos descendentes, como são o caso da Casa Real da Bélgica, do Luxemburgo e Liechtenstein e as casas reais europeias como da Áustria, Hungria e Baviera. Depois há as famílias reais que nos damos muito bem e temos relações de amizade próxima como são o caso da inglesa, holandesa, sueca e com o Mónaco.

C. M. - Assiste-se a uma renovação da própria monarquia. Já há príncipes que não casaram com princesas? O caminho é esse?
D. Duarte Pio - Em cada época, os reis tentaram representar os valores da sua época, melhorando-os e encorajando-os. Na Idade Média era a capacidade militar, na Renascença foram a cultura, a ciência e o progresso. Hoje em dia, o valor universal que toda a gente quer impor é a democracia e os reis são muito democráticos nos seus comportamentos. Os príncipes fazem casamentos muito democráticos, mas nem sempre funcionam bem. Os próprios divórcios também são uma inovação desta época e facilitou-se muito. Há uma grande instabilidade familiar, que também se reflecte, por vezes, nas famílias reais.

C.M. - E os seus filhos poderão seguir o exemplo dos príncipes inglês e espanhol?
D. Duarte Pio - Espero que sigam os bons exemplos e não os maus exemplos. O importante é que no casamento haja uma grande identidade de valores espirituais e culturais de preferência. O que aconteceu agora na Inglaterra foi uma grande dificuldade cultural, porque é muito difícil uma mulher americana, com vivência completamente diferente, adaptar-se à cultura inglesa.

C.M. - Imagina os casamentos dos seus filhos? Como acha que vão os portugueses acompanhar as cerimónias?
D. Duarte Pio - Espero que acompanhem como acompanharam o meu casamento. Mas espero que casem mais cedo do que eu.

Herança deixada por D. Catarina de Bragança


D. Catarina de Bragança casou com o rei D. Carlos II de Inglaterra e, apesar de nunca terem tido filhos, sempre se deram “muito bem”. D. Duarte Pio de Bragança aproveitou para revelar algumas curiosidades associadas à rainha.
“Ao princípio, os ingleses estavam bastante hostis, por ela ser católica, mas foi ela que conseguiu a liberdade religiosa para todas as colónias inglesas”, contou D. Duarte Pio, referindo ainda que o chá, a marmelada de laranja e marmelada de marmelo foram introduzidas pelas mãos da rainha portuguesa.
Os ingleses comiam em pratos de barro, madeira e prata. E também foi D. Catarina de Bragança que levou a porcelana para as terras inglesas.
No dote, lembrou ainda D. Duarte Pio, “ficou incluída a cidade de Bombaim, sendo que o aeroporto actual ainda se chama Aeroporto de Santa Cruz e o forte lá existente é português”. Ainda no dote, continuou D. Duarte Pio de Bragança, foi a ilha de Ceilão (actual Sri Lanka), que estava ocupada pelos holandeses e, por isso, foi entregue aos ingleses. “Ainda hoje temos uma grande comunidade descendente de portugueses em Ceilão”, constatou D. Duarte Pio.

14 fevereiro 2020

Eles lá sabem o que é morte digna, meu coronel

Proibição do foie gras, coma-se antes o inútil ex-criador de gansos paraplégico. Todos baterão palmas, festejando a derrota do obscurantismo religioso, a vitória do novo Iluminismo da “liberdade”.

Não queria escrever este texto. Sinto que ao fazê-lo serei interpretado como tentando agarrar-me a uma quimera, a um tempo que já não existe; e, contudo, ao escrevê-lo, reconheço que apenas manifesto as dores de crescimento de uma infância que acabou passada em terra imaginária congeminada na minha mente. Uma terra povoada de míticas figuras e pensamentos liberais, que, a qualquer custo, rejeitariam heroicamente qualquer legislação que vise permitir o extermínio de pessoas.
Genocídio dos inúteis. Chamam-lhe eutanásia, talvez pela impunidade que o escárnio sobre outros tem, mas é disso que se trata: do extermínio, pelo aval de estado, por agente executor ao serviço deste, de pessoas a quem o próprio estado falha em providenciar meios para que reconheçam a dignidade em vida. Chamam-lhe “morte digna”, como porventura um guarda de campo de concentração também chamaria, naquele jeito jacobino de que a guilhotina purifica. No nosso tempo, pela guilhotina da dita misericórdia de livrar o mundo dos que só dão despesa, dos feios, dos paralíticos, dos malcheirosos, porém, o princípio é o mesmo. Hoje são doentes, amanhã, pela permanente redefinição de liberdade, poderão ser os que padecem da condição incurável de terem pele mais escura. Albinos, aborígenes, esquimós, ciganos. Muçulmanos ou católicos. Tanto faz qual é o ser a cessar de o ser: o estado julga o seu sofrimento e termina-o. E nós aplaudimos. Nunca foi estado eficiente para nada, mas desta é que é, desta é que vai ser infalível a aferir sofrimento e vontade. Nunca confiou nas pessoas para nada, mas desta é que vai ser, se diz que quer morrer, é garantido, não restam dúvidas, confie-se: tiro na nuca, guilhotina ou injecção letal. Injecção letal é melhor, não é preciso limpar nada no fim.
Sem pejo, sem nojo e sem a misericórdia de um esgar dos cínicos, reiteram que é a liberdade. Nenhum usa fralda ou sequer é maneta, mas sabem exactamente em que consiste a tal de liberdade: resume-se à benesse que o estado providencia, um rebuçado atirado à plebe inútil, não esclarecida, uma mole de meros objectos materiais cuja função é pagar impostos e desistir de viver em prol da causa, o próprio estado, quando passam a receptores de pensões de subsistência. Só se existe para servir o senhor feudal da perpétua máquina trituradora de humanidade.
Muito se argumenta sobre rampas descendentes, nomeadamente dos perigos de atribuir ao estado a decisão de aceitar ou rejeitar o que alguém faz com a vida – incluindo abdicar dela – através de acto burocrático e meramente administrativo. São argumentos válidos, mas este país não é para argumentos, nem estes servem para coisa alguma. Não, este é um país onde os humanistas de serviço encontram um Ramón Sampedro em cada esquina, uma massa informe de sofredores ansiosos por terminarem a vida, impedidos de o fazer conquanto a bondade do legislador não lhes proporcionar a absolvição de um pecado laico, o de não servirem mais o país. Não são seres com famílias, com filhos ou com pais, são seres autónomos, isolados do mundo, cuja cessação de existência por via estatal não causa dor a alguém, só júbilo comunitário pela nossa própria arrogância individualista, a que nos permite sermos isoladamente livres, sem responsabilidades, sem obrigação para com outros. Morreu o contribuinte com determinado número e aquilo nem é gente. São drones, objectos fonte de receita e originadores de despesa. Autorização, absolvição, expulsão do demónio da civilização que insistiu, com altos e baixos, progredir para a imoralidade de penas de morte, agora a moralizar como acto de heroísmo o pedido de inexistência. Pedido, não: a exigência. É criar uma população, começando por cada corredor de hospital, que cumpra o sonho húmido de uma população canónica de belos apresentadores de televisão, vegans que não consomem sal, não fumam, não bebem, não vão à tourada e tratam o cão por filho. Ou, quem diz apresentadores de televisão, diz de políticos, de deputados, de jornalistas e de cronistas, de gente educada, bonita, sapatinho fino, pop stars que nunca se peidam. Estado eugénico, como dantes, seja quem for o Abrantes.
Isto vai ser aprovado. Como expliquei, não pretendo parar o inevitável “progresso” que liberais e socialistas desejam. Há-de haver um velho a pedir para que o matem e há-de noticiar-se a vitória da humanidade que foi clinicamente conceder-lhe a ida para o matadouro. E, logo a seguir, notícia sobre o “tratamento humano” para galinhas. Proibição do foie gras, coma-se antes o inútil ex-criador de gansos paraplégico. Todos baterão palmas, festejando a derrota do obscurantismo religioso, a vitória do novo Iluminismo da “liberdade”, o mesmo Iluminismo que enojado de sangue de touro dá vivas ao sangue humano e que finalmente acabou com o interregno da pasmaceira com abolições de pena de morte. Até a Greta deve achar bem, logo está certo. How dare you? How dare you não me executarem?
O novo partido Iniciativa Liberal apoia a barbaridade. Não lhe chamam carrasco, chamam-lhe médico sem saberem em que consiste essa profissão; não lhe chamam execução, chamam-lhe “suicídio assistido”. No entanto, por muito que se pintem de liberais, não conseguem retirar o cheiro a jacobinos. Que lhes faça bom proveito, a eutanásia. No meu mundo imaginário, o que agora abandono, estes jacobinos fazem bem menos falta do que os desgraçados que condenarão à morte. Na velha tradição jacobina, também acabarão na guilhotina. Sempre em frente, soldados! Mas, no mundo real, neste admirável mundo novo, é nesta paragem que saio do autocarro. Não faço qualquer falta às ideologias de guilhotinas. Às ideologias que tornam hospitais em campos de morte. Isto é tempo de voltar para a caverna, senhores, é regressar às catacumbas de onde nunca devia ter saído. Fui ver o mundo à procura de luz e só encontrei o horror da escuridão.
Vítor Cunha
Fonte: Observador

13 fevereiro 2020

Conversas Reais


A Real Associação de Lisboa regressa aos Jantares Tertúlia "Conversas Reais" já no próximo dia 20 de Fevereiro, quinta-feira, pelas 20:00hs, no restaurante Parlatório (Rua de São Bento nº 334), tendo como convidado especial o historiador e antigo director do Museu Nacional de Arte Antiga António Filipe Pimentel, para uma conversa informal cujos tópicos serão “Rule, Britannia! O ‘Brexit’, o ‘Megxit’ e a saúde das democracias”.

O preço do jantar é de 20,00€ por pessoa e poderá reservar comodamente o seu lugar através do endereço secretariado@reallisboa.pt, pelo telefone 21 342 81 15 ou presencialmente na nossa sede, no novo horário de atendimento: de segunda a sexta-feira das 11:00 às 14:00.

Contamos com a sua presença!

Fonte: Real Associação de Lisboa

12 fevereiro 2020

Cansados de viver

Abre-se uma porta que, mais cedo ou mais tarde, acabará por se abrir de par em par. Não é um fantasma, é uma realidade que está diante dos nossos olhos quando olhamos para o que se passa na Holanda.

Em Portugal, está agendada para breve a votação na generalidade de projectos de legalização da eutanásia e do suicídio assistido. Leis que quebram um princípio estruturante da ordem jurídica e da civilização como é o da inviolabilidade da vida humana. Apesar da relevância da questão em jogo, a generalidade dos políticos e da comunicação social parece dar mais relevo a questões conjunturais como a eventual descida de impostos.
Entretanto, na Holanda, que foi o primeiro país a legalizar a eutanásia e o suicídio assistido, inicialmente em situações de doença grave e terminal como as que estão previstas nos projectos em discussão no Parlamento português, está em vias de ser aprovado um projecto de legalização da eutanásia de pessoas com mais de setenta anos que não sofram de qualquer doença, mas que sintam que estão «cansadas de viver» e que a sua vida «se completou». Este projecto, que partiu de uma iniciativa designada “Por sua própria vontade”, já vem sendo objecto de discussão há vários anos, vem recolhendo uma significativa adesão e só não foi aprovado na legislatura anterior porque o governo caiu. Os proponentes até já calcularam o número de pessoas que dele poderão supostamente “beneficiar”. Agora, a aprovação deste projecto ameaça o equilíbrio da coligação partidária que apoia o governo, onde se inclui um partido democrata cristão que a ela se opõe (este será um sinal de que a uma lei com tal relevo, e apesar de tudo, é dada aí mais importância do que a eventuais subidas ou descidas de impostos).
Quem se opõe à proposta de legalização da eutanásia em situações de pessoas «cansadas de viver», salienta como a resposta da sociedade e do Estado à angústia dessas pessoas não poderá ser a de confirmar essa angústia, mas, antes, a de tudo fazer para a eliminar e para devolver a essas pessoas o amor à vida (será esta o imperativo de uma sociedade solidária e fraterna, não o de satisfazer qualquer pedido de morte).
Podemos imaginar que mensagem transmitirão o Estado e a sociedade quando legalizarem a eutanásia dessas pessoas: confirmarão que elas teriam razão ao pensar que a sua vida «se completou» e já não teria sentido; e até que teriam razão ao pensar que seriam um peso para a família e para a sociedade. Transmitirão a ideia de que a morte provocada é resposta para a solidão e a angústia dos idosos. Podemos imaginar que efeito terrível terá esta mensagem numa sociedade cada vez mais envelhecida, onde a vida de cada vez mais idosos é marcada pela solidão e onde se multiplicam exponencialmente as despesas com a saúde e cuidado dessa franja da população. Uma tal mensagem não pode senão reforçar a desvalorização e marginalização dos idosos, vítimas da «cultura do descartável».
Dirão que este projecto que se discute na Holanda, de eutanásia de pessoas idosas saudáveis, nada tem a ver com os que estão em discussão no Parlamento português, onde a legalização da eutanásia e do suicídio assistido se restringe a situações de doença grave ou terminal. Mas não é assim. Na Holanda, como noutros países que seguiram a mesma opção, também o âmbito da legalização da eutanásia começou por doenças terminais, depois esse âmbito alargou-se a doenças graves e incuráveis (como já sucede nos projectos em discussão no Parlamento português) e esta será uma terceira etapa. Esta ampliação progressiva (habitualmente caracterizada com a imagem da rampa deslizante) não é fruto do acaso, é uma consequência lógica e previsível.
E é assim a partir do momento em que se quebrou o referido princípio estruturante da ordem jurídica e da civilização: o princípio da inviolabilidade da vida humana. Quando se considera que a autonomia individual prevalece sobre esse princípio, não há motivos para restringir essa prevalência da autonomia individual sobre a inviolabilidade da vida às situações de doença terminal, nem sequer a situações de doença. E, poderemos dizer, nem sequer a pessoas com mais de setenta anos. Justifica-se, em nome dessa prevalência da autonomia individual, a legalização sem restrições do homicídio a pedido e do auxílio ao suicídio, até de jovens.
Este exemplo da Holanda não pode ser esquecido quando se discutir, dentro em breve, no Parlamento português, a legalização da eutanásia e do suicídio assistido. Importa saber até onde nos pode levar a quebra do princípio da inviolabilidade da vida humana. Quando se quebra um princípio estruturante, não basta olhar para consequências imediatas e de curto prazo. Abre-se uma porta que será difícil manter entreaberta e que, mais cedo ou mais tarde, acabará por se abrir de par em par. Não é um fantasma, é uma realidade que está diante dos nossos olhos quando olhamos para o que se passa na Holanda.
Pedro Vaz Patto
Fonte: Observador