Passou na quinta-feira mais um aniversário natalício do Imperador da língua portuguesa, o Padre António Vieira. Foi deste púlpito, situado na Igreja da Misericórdia, em Lisboa, casa-mãe da Companhia de Jesus em Portugal que o grande pregador elevou a culminâncias de grandiosidade as mais ardentes, comoventes, desafiadoras, exortativas e belas peças da oratória sacra, tão impressionantes para quem as escutou, como para quem as lê quase quatro séculos depois.
O Verbo de Vieira abalava e tocava profundamente qualquer um, fosse o cortesão, o mercador ou o simples escravo que ali afluíam à missa de domingo. Foi deste púlpito que Vieira conclamou ao arrependimento, à compaixão e à salvação, mas igualmente foi desta tribuna que desafiou os portugueses a serem dignos da missão que o eloquente orador pensava estar inscrita na ordem da providência. Ao entrar naquela rica igreja, os olhos do visitante depressa se afastam das pinturas, das relíquias, das talhas reluzentes e das peças de arte sacra para se fixarem naquele púlpito onde, sem grande custo de imaginação, ainda pode intuir o grande evangelizador que lembrava aos homens que um chamamento superior os empurrava para a plena realização da nação portuguesa derramada sobre o mundo.
ACM
Fonte: Nova Portugalidade
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