domingo, 28 de abril de 2024

Os Portugueses Não Pedem Desculpa Pela História de Portugal

Enquanto Portugueses, não abdicamos nem da nossa Identidade, nem (de nenhuma parte) da nossa História, nem nos deixaremos apoucar.

'A História há-de ser luz da verdade e testemunha dos antigos tempos', escreveu Fernão Lopes.

O viés político e ideológico da (in)cultura de cancelamento, woke mob e outros movimentos demagógicos, mundialistas e internacionalistas munidos de argumentatório falso escolheram a História das Grandes Nações e as suas Memórias, derradeiros resquícios dos Estados-Nação, como alvo e colocaram-nas sob ataque cerrado, de tal forma que alguns (até com grande responsabilidades), sem qualquer critério, parecem tratar com indolência o que merecia o maior respeito e orgulho.
A História do Herói e da sua acção no tempo e no espaço concomitantemente à análise de processos e eventos por ele praticados, ocorridos no passado, mas julgados à luz do processo moral (quase inquisitorial) presente, resultam em distorção e menoscabo, e isso pode moldar a opinião das massas nivelando-a pelo mínimo, pichar a pedra do conhecimento e/ou menorizar os feitos e imagem dos nossos viris illustribus.
A intolerância e repúdio pela História por determinado espectro político-social, comparado com a sua total abertura, bonomia e até carinho com que trata regimes totalitários de esquerda (e não só) e radicais intolerantes subversivos e agressivos, é preocupante. Como pode a História ser assim distorcida e corrompida pela mentira niilista e radical?
Por isso, também precisamos sem tréguas, continuar a desconstruir toda a mentira dessa poluição à ordem de interesses e agendas obscuras que tentam moldar a opinião das massas e pichar os feitos dos nossos Maiores.

O Rei Fundador, D. Afonso, O Primeiro de seu nome, Rei dos Primeiros Portugueses, nasceu (provavelmente) em 25 de Julho de 1109, e era filho do Conde D. Henrique e, portanto, neto de Henrique de Borgonha, trineto de Roberto I de França, sobrinho-bisneto do Abade S. Hugo de Cluny, e que, como tal, tinha por avoengos os Reis Capetos de França e os Imperadores romanos da Dinastia Comnenus e Paleólogo, e da Infanta D. Teresa de Leão, e como tal neto do Imperador da Hispânia, o Rei D. Afonso VI, o 1° Rei de Leão, Castela e Galiza, e de todos os Reis e Senhores de Leão e Castela.
Alphonsus Burgundiensis Primus Portugaliae Dux et Rex foi o Unificador dos 5 Reinos (Suevos, Visigodos, Lusitanos, Bracos e Alanos), o algoz do Sarraceno e o Tomador de Praças. Afonso I, mais conhecido pelo seu nome de príncipe, Dom Afonso Henriques (de Henrique, em tradução literal do patronímico Henriques), também chamado de Ibn-Arrik (“Filho de Henrique”) e El-Bortukali (“O Português”), apelidado de "o Conquistador", foi o primeiro Rei de Portugal desde 1139 até à sua morte, a 6 de Dezembro de 1185.
Em 1125, com apenas 14 anos de idade, num acto de importante relevância política, o efebo Príncipe Dom Afonso Henriques, conforme o uso e costume dos reis, arma-se a si próprio “Cavaleiro” na Catedral de Zamora, cidade onde se refugiara. O Infante Portucalense torna-se assim guerreiro e cavaleiro independente considerando legitima a pretensão de tomar o governo do Condado Portucalense, pois quando o Conde D. Henrique faleceu, em 1112, o governo do condado foi assumido por Dona Teresa, uma vez que, Afonso Henriques, o filho de ambos tinha apenas três anos de idade.
Devem-se-Lhe os Actos que levaram ao Nascimento de Portugal: no dia 24 de Junho de 1128, à dianteira dos barões e fidalgos portucalenses, Dom Afonso Henriques defrontou no campo de São Mamede, perto de Guimarães as forças galegas comandadas por Dona Teresa e por Fernão Peres de Trava, derrotando-os naquela que ficou conhecida pela Batalha de São Mamede e que marcou a Fundação da Nacionalidade Portuguesa, uma vez que o Infante Dom Afonso Henriques avoca a si o governo do Condado Portucalense, com pretensões de independência. Não é ainda após esta Batalha que se autointitula Rei, Rex Portucalensis, pois com duas frentes de Batalha – uma contra Leão e Castela, outra contra os sarracenos –, tal só se viria a acontecer após a Batalha de Ourique, em 1139, quando arrasou os mouros – que temiam sobremaneira o gigante de 1,91 metros (imagine-se aquela figura real, agigantado para a época, a surgir no horizonte a bradar a sua grande e larga espada, quase um espadão, que outros só conseguiriam manejar com ambas as mãos, e montado num portentoso Cavalo Ibérico) e Lhe chamavam o terrível Ibn Erik (Filho de Henrique) - e consegue uma importante vitória que o engrandece sobremaneira e assim declara a Independência face a Castela-Leão, após um Alevantamento seguido de Aclamação como Rei pelos Barões Portucalenses.
Com o enorme e recortado litoral português a vocação marítima deste tão grande e aventureiro Povo, virado para o imenso e misterioso Mar, era inevitável, pelo que naturalmente foi impulsionado a partir para rumos incertos descobrindo assim novos caminhos e novas terras.
Com o fim da Idade Média, encerrou-se, também, uma Era que para Portugal foi a da consolidação da Independência e afirmação como potência. Era altura de levar o Sonho Portugal mais além, e inicia-se a Época que ficará e será sempre indissociável de quando se falar de Portugal: os Descobrimentos.
É com o início da Dinastia de Avis que, de facto, a sociedade portuguesa sofre a sua maior metamorfose, pois dá-se a introdução da mentalidade Humanista do Renascimento em Portugal.
Para começar a língua portuguesa toma a sua característica e inconfundível fisionomia que é enriquecida com os neologismos que advém do contacto com as obras clássicas e esse contacto influência a mentalidade tornando-, tal-qualmente, científica. Com o Renascimento vem a ideia de tomar a Antiguidade Clássica como modelo.
A educação que Dom João I recebeu como Grão-mestre da Ordem de Avis transformou-o num Rei invulgarmente culto para a época e o seu gosto pelo saber passou-o para a sua Ínclita Geração, assim como a sua necessidade de sonhar mais longe.
A expansão portuguesa ultramarina principiou em 1415, com a conquista de Ceuta. Nem vamos abordar o papel guerreiro que o Infante D. Henrique teve nos Descobrimentos portugueses, mas sim o seu papel como patrocinador da criação de uma cadeira de Astronomia na Universidade de Coimbra, ou o seu empenho no desenvolvimento da Caravela, de portulanos, de roteiros e de instrumentos náuticos que facilitassem essas mesmas descobertas por parte dos navegadores. "O Navegador" investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos Descobrimentos. Esta descoberta geográfica do Mundo empreendida pelos portugueses que se expandirá por séculos, é reflexo do paradigma do Renascimento na medida que o humanismo não se trata apenas de um ideal de cultura, mas um ideal de pensamento de confiança no Homem. Com os Descobrimentos, Portugal participa na primeira linha da construção de um admirável Mundo Novo. Sulcaram-se Mares e Oceanos e como escreveu Luís Vaz de Camões, no Canto VII d’Os Lusíadas: “E se mais mundo houvera, lá chegara".

‘Estou certo de que nada produz mais o barbarismo do que a ignorância, e nenhuma mais do que a da História, porque a história mostra o que são os homens, mostra o que eles foram, e é a experiência dos séculos; e acrescentarei nenhuma ignorância de história é mais prejudicial do que a da História da Civilização.’, grafou Dom Pedro V de Portugal nos seus famosos ‘Escritos’.

Os nossos antigos Reis criaram um Império de espanto através da Espada e do Sonho em descobrir Novos Mundos, por isso os que descrêem e desertaram desse Passado, neste Presente só de garganta, renegam o nome não só dos maiores desta tão grande Nação, mas também negam a grandeza, no futuro, aos seus filhos, pois existe um tronco directo que liga Passado, Presente e Futuro. ‘Quebramos estouvadamente o fio da nossa missão histórica. Desmoralizamo-nos, enxovalhamo-nos, desaportuguesamo-nos.(...) Bem exíguo, bem frágil, bem desacompanhado do mundo era o pequeno Portugal que no espaço de cem anos, entre o século XV e o século XVI, se assenhoreou no globo de um império territorial e marítimo consideravelmente superior àquele a que aspira a hegemonia germânica dos nossos dias.’, escreveu Ramalho Ortigão, Escritor, jornalista e Par do Reino in extrato da "Carta de um velho a um novo" - de Ramalho Ortigão a João Amaral.
‘- Tempos bons! Bons tempos esses, em que os súbditos não mentiam, pelo sufrágio, aos Chefes da Nação e em que os Reis, só a verdade diziam aos súbditos; mas fartaram-se estes da quezilenta companhia (a mentira é muito mais gostosa!) e mandaram a Verdade para o ostracismo, como coisa antiquada; mas essa coisa, real e verdadeira, - não podia existir sem a Realeza, nem a Realeza sem a Verdade e, pelo exílio Se ficaram, enquanto a jovial mentira fazia as delícias de um século…’, sintetizou magistralmente Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes, 3.º Conde de Alvelos in ‘O Berço Exilado’, 1945.

‘Rex eris si recte facies, si non facies non eris - serás rei se actuares rectamente, se não actuares, não serás’.
Primeiro foi o grande Horácio (Venúsia, 8 de Dezembro de 65 a.C. — Roma, 27 de Novembro de 8 a.C.), poeta lírico e satírico romano que enunciou a tese acima, depois esta foi recolhida e completada por Santo Isidoro de Sevilha (c. 560, Cartagena - 4 de Abril de 636, Sevilha), "o último académico do mundo antigo”, e depois elevada à categoria de princípio político fundamental na Monarquia Visigótica.
Quando os portucalenses, esse povo calaico e suevo, com idiossincrasias distintas dos visigodos leoneses e castelhanos, quis que o mais valente e insigne de todos os Infantes os conduzisse à independência, não vislumbrou nele uma centelha sagrada, mas uma valentia e nobreza que lhes interessava para seu primus inter pares. Não o viram apenas como um ungido e como tal com o direito divino de reinar, como acontecia nas monarquias absolutas, mas elegeram-no para conduzir a Nação Portucalense e que haveria de unificar os 5 Reinos (Suevos, Visigodos, Lusitanos, Bracos e Alanos), para nascer como Portugal.
Assim, no Reino de Portugal, nunca a Soberania foi cativada pelos Reis, mas os primeiros Monarcas Portugueses exerciam a Soberania por delegação da Comunidade por intermédio de um pactum subjectionis em que o mandato real era limitado, uma vez que o poder vinha directamente de Deus para o Povo tendo estes súbditos o poder in habitu e os reis apenas o poder in actu.
Assim, desde que o Primeiro Rei de Portugal fundou esta tão grande Nação com o auxílio dos Infanções Portucalenses, foi através de um Alevantamento de todos, que naquela linda manhã do Dia de San’ Tiago, em 1139, foi alçado no Trono El-Rei Dom Afonso Henriques, este reinou sempre de acordo com a vontade expressa de todos os Portugueses e já como Rei de Portugal de acordo com o desejo de todo o Reino. Assim reinaram seus filhos, netos, bisnetos, etc., nos 771 anos da Monarquia Portuguesa: por delegação e vontade da Comunidade portuguesa.
Por que se diz que era de acordo com a vontade expressa de todo o Reino?
Assim acontecia, porque o poder real era legitimado pelas Cortes Gerais da Nação Portuguesa. As Cortes eram assembleias políticas, Gerais ou Extraordinárias, os órgãos políticos de carácter consultivo e deliberativo das Monarquias orgânicas. Eram convocadas pelo Rei, ou em seu nome, para as diferentes classes sociais estabelecidas em três Ordens: o Primeiro Estado, fronde do Clero; o Segundo Estado, fronde da Nobreza; e o Terceiro Estado, braço do Povo.
As Cortes da Monarquia Portuguesa eram uma evolução dos concílios nacionais da monarquia visigótica, e, a designação de Cortes provém do nome de Corte dado a cada uma das várias audiências pelas quais se desenvolviam os trabalhos da Assembleia.
Assim a legitimação dos Reis resulta destes receberem o poder do Povo para governar sob a obrigação implícita de reinar bem. O Rei coloca-se ao serviço da Nação – a servidão de reinar de que falava D. Pedro V - caso contrário, se ele não cumprir quaisquer deveres próprios à função real, a Comunidade pode destroná-lo. A Nação não é obrigada a amargar um Rei despótico e caprichoso ou um incapaz e por isso mesmo o Monarca pode ser deposto por Cortes Gerais. É a repristinação do mandamento do direito visigótico de que o Rei tem de reinar justamente: ‘És Rei se fizeres rectamente, se não fizeres, não és’, que foi plasmado nas leis do Reino e depois nas Constituições do Reino de Portugal.
‘Os Tês Estados destes Reinos de Portugal, juntos nestas Cortes, onde representam os mesmos Reinos e em todo o poder que neles há, consultarão que por princípio delas deviam fazer assento por escrito firmado por todos (…) E pressupondo por cousa certa em direito, que ao Reino somente compete (…) eximir-se também de sua sujeição e domínio, quando o Rei por seu modo de governo se fez indigno de reinar, por quanto este poder lhe ficou, quando os povos a principio transferirão o seu poder no Rei para os governar’, escreveu Ayres de Campos in ‘O poder Real e as Cortes’.
Para castigar o Rei que fazia mau uso do poder ou que não tivesse capacidade para governar e administrar o poder que lhe havia sido conferido pela Comunidade, as Cortes Gerais, e depois, na Monarquia Constitucional – onde entre o Rei e o Povo já existia um pactum unionis - o Parlamento, também chamado de Cortes, dispunham de meios que iam desde a ab-rogação das regalias reais, pela instituição de uma Regência, ou mesmo pela extremada deposição do Rei para por fim ao problema. Isso passavam as Leis da Monarquia Portuguesa e depois na sua vigência Constitucional o Art. 15° da Carta Constitucional de 1826.
Assim, em Portugal, no caso particular de Dom Sancho II, por mau governo, no caso de D. Afonso VI por incapacidade, os Reis foram afastados com base nesse princípio enunciado. Essa é uma das grandes diferenças entre Monarquia e o actual regime: em Monarquia se um Rei fosse 'tolo' era logo afastado.

Miguel Villas-Boas

quinta-feira, 25 de abril de 2024

25 de Abril de 1828: Aclamação de SMF D Miguel I

“O povo espantava-se de se achar tão grande, tão livre, tão rico em direito teórico; porque na realidade, as coisas estavam pouco mais ou menos na mesma.”
“Sem entrarmos em maiores detalhes, é o próprio Alexandre Herculano quem instrui o processo da gente de 20. “ Mandaram a D João II e a D João III, nos seus túmulos o código do absolutismo e a bula da Inquisição, - escreve ele nos Opúsculos. Queimaram profusamente a cera e o azeite em iluminações brilhantes, vestindo-se de riche nacional, horrorosamente grosseiro e bastante caro.
Foi um tiroteio de banquetes, procissões, foguetes, discursos, arcos de triunfo, revistas, Te Deum, eleições, artigos de jornais e salvas de artilharia”. É Herculano, minudenciando com uma leveza que nem parece sua , prossegue em traços felizes de caricatura:- “ Todos os dias havia novas festas e babava-se por elas. Era um saleiro de hinos, sonetos, canções, dramas, cortes de fatos e formas de sapatos liberais…”
“ Multiplicam-se as lojas maçónicas: os tolos iam lá gastar dinheiro em honra do “supremo arquitecto do Universo”, e outros a comer-lho em honra do mesmo arquitecto. Reuniram-se as Cortes. Fez-se uma constituição republicana, mas inteiramente inadequada ao país .
Repetiram-se , palavra por palavra, traduzidos em português, os discursos mais celebres do choix des rapports , ou das páginas mais excêntricas de Rousseau e de Bentham.
O povo espantava-se de se achar tão grande, tão livre, tão rico em direito teórico; porque na realidade, as coisas estavam pouco mais ou menos na mesma.”
O texto, de António Sardinha na sua obra Ao Ritmo da Ampulheta, retrata bem o intemporal logro da revolução.
A partidocracia prepara-se agora, para celebrar os cinquenta anos da sua revolução, a quarta que a Pátria Portuguesa sofre neste turbilhão que a vai destruindo.
Gabava-se um comentador, há dias, dos enormes ganhos que esta última revolução nos trouxe:- da evolução técnica da saúde, (como se tal fosse uma conquista revolucionária), das pensões , da massificação do ensino, até dos milhares de quilómetros de autoestradas que vem sendo construídos. Falou extasiado da escravidão da Pátria às “novas uniões”.
Esqueceu, contudo, que não vivemos em democracia. A democracia obriga ao sorteio e os governos de poder ilimitado a que estamos sujeitos, não dependem de sorteios, nem de uma “soberania popular”, pois tal, na verdade, não existe.
Existe sim a vontade indiscutível e sem recurso a sufrágios, de partidos que nomeiam deputados, presidentes de câmara e juízes, para a pura e estrita satisfação dos seus interesses mais intimos.
Até porque, sendo a Soberania uma supremacia que se exerce constantemente, ela jamais esteve, ou estará, nas mãos do povo.
Esqueceu também, que as liberdades comunitárias, aquelas que foram o braseiro onde se forjou a nossa Pátria, foram totalmente destroçadas pela revolução em 1835, momento em que partidocracia Constitucional entregou o poder das Freguesias e Municípios a um governo de poder centralizado e ilimitado.
Esqueceu que todos os nossos “problemas estruturais” se devem aos sucessivos processos revolucionários e para os quais a revolução, não quer encontrar solução.
Esqueceu de nos explicar, porque passados duzentos anos de amputações revolucionárias, de democracias uni e pluripartidárias, a fome continua a existir, a sua tão prometida igualdade continua a ser uma miragem e a solidariedade um paradoxo, nestas sociedades decapitadas do seu Bem Comum e entregues ao mais torpe e destrutivo egoísmo.
A Revolução, depois de nos prostrar, no deplorável estado comatoso em que nos encontramos, encaminha-nos agora para a morte.
E nunca é demais recordar Alexandre Herculano, pois as coisas estão mais ou menos na mesma: Há uma polícia de pensamento, que persegue e cala, quem ousar pôr em causa as suas teorias pseudo -científicas, quem se atrever a combater um regime que dê democrata só lhe resta o nome; a iliteracia escorre pelas vielas do conhecimento da “geração com mais estudos de sempre”; a ignorância e um cretinismo massificado tingem visivelmente a sociedade.
Mas as Pátrias precisam do vigor refrescante de um Bem Comum.
E se por Vontade de Deus somos uma Pátria, então por amor a Deus e à Pátria ergamos a Cruz como guia e desfraldemos as bandeiras da Tradição!
Somos, portanto, profundamente reacionários, porque nos opomos à monstruosidade destrutiva de qualquer revolução.
Por isso, neste vinte cinco de Abril celebremos pois, não a negra desgraça da revolução de 74, mas a aclamação de SMF D Miguel I, o último Rei da Tradição Católica de Portugal.
Por Deus, Pátria e Rei

quarta-feira, 24 de abril de 2024

25 de Abril: "A miséria continua, se é que não aumentou"


A miséria continua, se é que não aumentou; e sobretudo, há cinquenta anos, esperava-se uma vida melhor para as novas gerações na maioria das famílias.  Hoje, os filhos têm a expectativa de uma vida mais difícil e pior do que a dos pais.  Os salários mínimos e médios são dos mais baixos da Europa.

Eu não tive muitas expectativas em relação ao 25 de Abril.  Para mim foi essencialmente um movimento corporativo, ditado, em parte, pelo cansaço, no Corpo de Oficiais, em relação à guerra. Um movimento com o qual o governo de Marcelo Caetano não soube lidar, ora concedendo, ora reprimindo, de forma indecisa, contraditória e pouco eficaz.

Para mim e para os que, nos anos sessenta, acreditávamos num projecto de nação plurirracial e pluricontinental, pela qual tinham combatido e morrido alguns dos nossos amigos, para os que éramos e somos, antes do mais, nacionalistas, o 25 de Abril foi o fim desse ideal, desse projecto, do que agora nos aparece como uma utopia.  Por isso não tínhamos muitas expectativas.

Mas o geral dos portugueses, que acreditaram na letra das promessas de Abril, esperavam, com o fim do regime autoritário e a chegada da democracia política, uma sociedade mais justa, uma vida melhor, para eles e para os seus filhos.  Cinquenta anos passados, não creio que devam estar muito contentes.

A miséria continua, se é que não aumentou; e sobretudo, há cinquenta anos, esperava-se uma vida melhor para as novas gerações na maioria das famílias.  Hoje, os filhos têm a expectativa de uma vida mais difícil e pior do que a dos pais.  Os salários mínimos e médios são dos mais baixos da Europa e os serviços públicos entraram em crise, mesmo o Serviço Nacional de Saúde, que chegou a ser das poucas excelências do país e do regime.

Não temos censura prévia, mas poucas vezes se viu uma tão grande uniformidade de opiniões em tudo o que tem alguma importância, em política externa ou interna.  E a dissidência, que dantes era interdita, continua a sê-lo, embora por processos mais sofisticados e sob a aparência de pluralidade.

Mas como, para o mal e para o bem, acabamos sempre por sofrer a influência da Europa, a nova vaga nacionalista, mais conservadora ou mais popular, já aí está e pode vir a trazer algum equilíbrio.

Quanto às novas gerações, não tenho idade nem procuração para falar por elas.  Mas, a julgar pelas indicações da sociologia eleitoral, creio que as novas gerações são mais livres da propaganda do regime e da sua influência, que é muito televisiva.  Vejo isso também pelo contacto que vou tendo, em termos pessoais.  Apesar dos dispositivos orwellianos que, com o aproximar do meio século do golpe militar, se concentram em pintar os horrores do regime e o PREC como um período revolucionário, heroico e generoso, vejo que muitos dos mais novos – pelo menos os que têm alguma independência – não se deixam enganar e são críticos.

Isso deixa-nos a nós, mais velhos, uma certa esperança, sobretudo aos que sempre procurámos preservar um juízo objectivo da História e das realidades das coisas e nunca nos importámos muito de ser uma minoria marginalizada.

Jaime Nogueira Pinto

Fonte: jornal I

segunda-feira, 22 de abril de 2024

22 de Abril de 1500 - Achamento Oficial do Brasil (Terra de Vera Cruz)

“SENHOR

Posto que o capitão-mor desta vossa frota e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que se ora nesta navegação achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que para o bem contar e falar o saiba pior que todos fazer.
Mas tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual, bem certo, creia que por afremosentar nem apear haja aqui de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu.
Da marinhagem e singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza, porque o não saberei fazer e os pilotos devem ter esse cuidado.
E, portanto, Senhor, do que hei-de falar começo e digo que a partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de Março.
E sábado, 14 do dito mês, entre as 8 e 9 horas, nos achámos entre as Canárias, mais perto da Grã Canária. E ali andámos todo aquele dia, em calma, à vista delas, obra de três ou quatro léguas.
E domingo, 22 do dito mês, às 10 horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas do Cabo Verde, isto é, da ilha de S. Nicolau, segundo dito de Pêro Escobar, piloto. E a noute seguinte, à segunda-feira, quando lhe amanheceu, se perdeu da frota Vasco d'Ataíde, com a sua nau, sem aí haver tempo forte nem contrairo para poder ser. Fez o capitão suas diligências para o achar, a umas e a outras partes, e não apareceu mais.
E assim seguimos nosso caminho por este mar e longo, até terça-feira d'oitavas de Páscoa, que foram 21 dias d'Abril, que topámos alguns sinais de terra, sendo da dita ilha, segundo os pilotos diziam, obra de 660 ou 670 léguas, os quais eram muita quantidade d'ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho e assim outras, a que também chamam rabo d'asno.
E à quarta-feira seguinte, pela manhã, topámos aves, a que chamam fura-buchos. E neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra, isto é, primeiramente d'um grande monte, mui alto e redondo, e d'outras serras mais baixas a sul dele e de terra chã com grandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal e à terra a Terra de Vera Cruz.
Mandou lançar o prumo, acharam 25 braças, e, ao sol-posto, obra de 6 léguas de terra, surgimos âncoras em 19 braças; ancoragem limpa. Ali ficámos toda aquela noute.
E à quinta-feira, pela manhã, fizemos vela e seguimos direitos à terra e os navios pequenos diante, indo por 17, 16, 15, 14, 13, 12, 10 e 9 braças até meia légua de terra, onde todos lançámos âncoras em direito da boca dum rio. E chegaríamos a esta ancoragem às 10 horas, pouco mais ou menos.
E dali houvemos vista d'homens, que andavam pela praia, de 7 ou 8, segundo os navios pequenos disseram, por chegarem primeiro. Ali lançámos os batéis e esquifes fora e vieram logo todos os capitães das naus a esta nau do capitão-mor e ali falaram. E o capitão mandou no batel, em terra, Nicolau Coelho, para ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.
Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar quebrar na costa. Somente deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça e um sombreiro preto. Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal grande de continhas brancas, miúdas, que querem parecer de aljaveira, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza, e com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar.
Sendo Afonso Lopes nosso piloto, por ser homem vivo e destro, meteu-se logo no esquife a sondar o porto. E tomou uma almadia dos homens da terra, mancebos de bons corpos. Trouxe-os logo, já de noute, ao capitão, outros foram recebidos com muito prazer e festa. A feição deles é serem pardos, maneira avermelhada, de bons rostos e bons narizes. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com muita inocência. O capitão, quando eles vieram, estava assentado, com colar de ouro mui grande ao pescoço. Um deles, porém, pôs os olhos no colar do capitão e começou a acenar para o castiçal de prata. O capitão trouxe vinho, mas não beberam. E, então tornou-se o capitão aquém do rio, e logo acudiram muitos à beira dele. Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma. Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos. Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo. Era já a conversação deles connosco, tanta que quase nos tornavam ao que havíamos de fazer. E assim não foi esse dia mais que escrever. Até agora não podemos saber que haja ouro de metal, nem de ferro vimos. A Terra por si é de muitos bons ares e temperado como os de Entre-Douro e Minho. E de entre todos estes que hoje vieram, não veio mais que uma mulher moça, a qual esteve sempre à missa, à qual deram um pano com que se cobrisse, e puseram-lhe em derredor de si. Mas ao assentar não fazia memória de o muito entender para se cobrir. E nessa maneira, Senhor, vou daqui, a V. Alteza contar do que nesta terra vi. E, se, algum ponto alonguem, Ele me perdôe. Que o desejo que tinha de vos tudo dizer, assim pôr pelo miúdo. Beijo as mãos de Vossa Alteza. Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera-Cruz."

Pêro Vaz de Caminha | Carta a El-Rei Dom Manuel I de Portugal sobre a Descoberta do Brasil

Imagem: Pormenor do 'Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500', Óleo sobre tela de Óscar Pereira da Silva (1865–1939)

sexta-feira, 19 de abril de 2024

O Papa Bento distribuía normalmente a comunhão de joelhos e na boca

Em 2009, sendo Bento XVI o Papa reinante, o Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice emitiu um documento no qual defende a comunhão de joelhos e na boca. Publicamos aqui a tradução das partes mais relevantes desse texto:

Desde o tempo dos Padres da Igreja, existiu uma tendência que foi sendo consolidada: a preferência de distribuir a Sagrada Comunhão na língua ao invés de distribui-la na mão. São duas as motivações para esta prática: 1) para evitar, tanto quanto possível, que partículas Eucarísticas possam perder-se (por ex: ficarem na mão depois de comungar, e até mesmo caírem no chão); 2) aumentar a devoção entre os fiéis na Presença Real de Nosso Senhor no Sacramento da Eucaristia.

São Tomás de Aquino também se refere à prática de receber a Sagrada Comunhão apenas na língua. Ele afirma que tocar no Corpo do Senhor é próprio, apenas, para o sacerdote ordenado.

Portanto, por vários motivos, entre os quais o Doutor Angélico cita o respeito pelo sacramento, escreve: "...como forma de reverência para com este Sacramento, nada o toque, apenas o que é consagrado (o sacerdote), uma vez que o corpo e o cálice são consagrados, também as mãos do sacerdote (o foram) para que tocasse nesse Sacramento. Por isso, não é lícito a ninguém tocá-lo, excepto por necessidade, por exemplo, se fosse cair sobre o chão, ou então em algum outro caso de urgência."(Summa Theologiae, III, 82, 3).

Ao longo dos séculos, o momento da Santa Comunhão sempre foi marcado com sacralidade e respeito, esforçando-se constantemente para desenvolver os melhores sinais externos que poderiam promover a compreensão deste grande mistério sacramental. Na sua solicitude amorosa e pastoral, a Igreja tem a certeza que os fiéis recebem a Santa Comunhão tendo no seu interior correctas disposições, entre as quais se destacam a disposição e a necessidade dos fiéis compreenderem a Presença Real d'Aquele que estão para receber. (ver: Catecismo do Papa Pio X, nn. 628 e 636). 

A Igreja ocidental estabeleceu o sinal de ajoelhar-se como um dos sinais de devoção adequado para os que vão comungar. Um ditado célebre de Santo Agostinho, citado pelo Papa Bento XVI no n. 66 da sua Encíclica Sacramentum Caritatis, ("O Sacramento do Amor"), ensina: "Ninguém come desta Carne sem primeiro adorá-la, podemos até pecar se não a adoramos" (Enarrationes in Psalmos 98, 9). Ajoelhar-se mostra e promove a adoração necessárias antes de receber Cristo Eucarístico.

A partir desta perspectiva, o então Cardeal Ratzinger assegurou que: "A comunhão só atinge a sua verdadeira profundidade quando é apoiada e rodeada por adoração" [The Spirit of the Liturgy (Ignatius Press, 2000), p. 90]. 

Por esta razão, o Cardeal Ratzinger afirmou que "a prática de se ajoelhar para a Santa Comunhão tem em seu favor uma tradição já antiga, e é um sinal particularmente expressivo de adoração, completamente apropriado, à luz da presença verdadeira, real e substancial de Nosso Senhor Jesus Cristo sob as espécies consagradas "[citado na carta "This Congregation" of the Congregation for Divine Worship and the Discipline of the Sacraments, July 1, 2002].

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Uma democracia de «Aiatolas» de esquerda

Ontem, um Presidente de Câmara Municipal mandou cancelar e impedir que continuasse a decorrer uma conferência em que participavam reputados intelectuais e académicos, destacados políticos incluindo um primeiro-ministro europeu em funções, um candidato presidencial, diversos ex-ministros, deputados e até um cardeal da Igreja Católica.

Este Presidente de Câmara ordenou que as forças policiais cercassem o edifício onde o evento estava a decorrer, impedindo a entrada do público e dos conferencistas, proibindo a distribuição de comida e bebidas a quem já estava dentro da sala há horas e preparando-se para cortar a electricidade ao espaço, fazendo dos participantes reféns.

O local onde decorre esta conferência é privado, e o seu dono foi ameaçado de lhe ser retirada a licença de exploração da sua sala de eventos caso não cumprisse a ordem do autarca, que estava a ser posta em prática através da força pela polícia.

Tudo isto decorreu em Bruxelas, nas barbas e quiçá com a conivência de toda a classe de dirigentes e burocratas da União Europeia. Para estes actos absolutamente antidemocráticos e totalmente contrários à defesa das liberdades humanas básicas foram apresentadas, por escrito, pelo próprio presidente da Câmara local, razões que se prendem com o facto de o evento juntar personalidades com uma visão da sociedade de pendor conservador-nacionalista, uma atitude eurocéptica e que, portanto, seria gente conotada com a extrema-direita e que isso acarretaria riscos de perturbar a ordem pública na cidade.

Entretanto, numa decisão judicial de urgência, um tribunal superior belga revogou a ordem do autarca e determinou que o congresso deveria ter lugar livremente e que o segundo dia da conferência decorresse sem qualquer restrição.

Infelizmente, esta inclinação para a censura, o silenciamento, o restringir da liberdade de expressão, o uso da força e da coação para impor um pensamento único, a segregação de quem pensa diferente, a estigmatização de gente desalinhada com a narrativa no poder e todos os tiques e ferramentas totalitárias estão na essência da nossa actual Esquerda política e até em alguma Direita dita “moderada”. Na Bélgica e em toda a Europa, incluindo Portugal.

Basta ver a reação da oligarquia e dos comentadores às recentes intervenções públicas de Pedro Passos Coelho para perceber que há demasiada gente que não veria com maus olhos a instauração no nosso país de um califado progressista ou de uma democracia de aiatolas de esquerda.

Como disse o saudoso Vasco Pulido Valente: “Quando se raspa um socialista acaba sempre por se encontrar um tiranete”.



Fonte: Blasfémias

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Evitar a epidemia de fentanyl em Portugal

 No inquérito do governo espanhol sobre álcool e drogas que estuda o consumo de 1995 a 2022, regista-se (p. 58) que 14% da população dos 15 aos 64 anos inquirida já experimentaram a droga fentanil. Esse valor alarmante contrasta com o de 1,9%, em 2018, e de 4,4%, em 2020.


É útil conhecer a evolução em Portugal do consumo desta droga, que é 50 vezes mais potente do que a heroína, e que provocou uma epidemia nos EUA que mata, de overdose, mais de 70 mil pessoas nos EUA em 2022 e é a maior causa de morte das pessoas de 18 aos 45 anos.
Importa prevenir o consumo e reprimir severamente o tráfico, para evitar que a epidemia do fentanyl alastre a Portugal.

António Balbino Caldeira

Fonte: Inconveniente

terça-feira, 16 de abril de 2024

Parem de importar guerras culturais!


Em 1997 o Partido Comunista propôs o aborto livre até às 12 semanas e foi chumbado. Ainda nesse ano, o Partido Socialista, pela mão do então presidente da JS, Sérgio Sousa Pinto, propôs a legalização do aborto até às 10 semanas. Para evitar a sua aprovação o então Primeiro-Ministro e Secretário-Geral do PS, António Guterres, acordou com o presidente do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro referendo da democracia. O referendo haveria de se realizar em Julho de 1998 e o resultado foi a vitória do “Não”.

Nos anos seguintes houve várias tentativas de legalizar o aborto livre, até quem em 2006, com o regresso do PS ao poder, foi convocado novo referendo, que se realizou em Fevereiro de 2007 e onde o “Sim” ganhou.

Desde então, foi legalizada a procriação artificial, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, foi proposta e chumbada a co-adopção por pessoas do mesmo sexo, foi aprovada a adopção por pessoas do mesmo sexo, foi aprovada, chumbada pelo Tribunal Constitucional e novamente aprovada as barrigas de aluguer, foi aprovada a Lei da Identidade de Género, foi votada seis vezes a legalização da eutanásia (chumbada no Parlamento, chumbada pelo Tribunal Constitucional, vetada pelo Presidente da República, chumbada pelo Tribunal Constitucional, vetada pelo Presidente da República e finalmente aprovada e promulgada), foi proposto o aumento dos prazos do aborto.. Nestes anos foi introduzida a educação sexual obrigatória nas escolas, criada a disciplina de Educação para a Cidadania posteriormente tornada obrigatória, foram criados os Referenciais para a disciplina, que incluem a defesa do aborto e da ideologia de género.

Ou seja, nos último 17 anos quase todos os anos foram propostas leis ditas fraturantes, quase sempre pelos mesmo deputados e defendidas pelos mesmos protagonistas. Não houve legislatura (e quase não houve ano) em que estes temas não tenham sido colocados na agenda política por essas pessoas.

Por isso é especialmente irritante ouvir comentadores, em geral idiotas úteis de direita, a explicar que são os “conservadores” que estão a importar “guerras culturais”. Eu passei boa parte da minha adolescência e vida adulta a lutar sobre estes temas e, como dizem os miúdos, nunca fui eu que comecei. Eu não tenho qualquer interesse nesta agenda, foi a esquerda progressista (agora adoptada pela IL) que decidiu importar estas causas para Portugal, nós limitamo-nos a opor-nos.

Por isso, se os senhores comentadores acham que estes temas não têm interesse, se consideram que desvia o foco dos assuntos fundamentais (e eu concordo) têm uma boa solução, a próxima vez que encontrarem a Isabel Moreira no Lux, ou se cruzarem com a Teresa Violante num estúdio, peçam-lhes que parem de importar guerras culturais. Nós agradecemos. Assim podemos começar a tratar dos assuntos realmente importantes como a pobreza, a saúde a educação e tudo aquilo que o PS prefere não tratar para se dedicar antes à causa woke.

E já agora aproveito para falar do progresso de que falam tanto, para defender a morte de crianças como direito fundamental. Eu percebo o glamour de estar a par das modas do estrangeiro, porque se no Eça a cultura vinha de Paris em caixotes, hoje vem dos Estados Unidos (mas continua a ficar-nos curta nas mangas). Mas eu tenho um enorme problema com este progresso: cheira a mofo! Este progresso tem o cheiro dos fornos onde os cartagineses sacrificavam bebés aos deuses, lembra o extermínio dos fracos e incapazes de Esparta, um déjà vu aos eunucos da Pérsia antiga. Este progresso tem o cheiro putrefacto de um cadáver com milhares de anos, vestido com roupas modernas para ser admirado por aqueles que desejam tanto parecer modernos que não percebem que retrocederam dois mil anos. Pessoalmente, eu prefiro continuar com o humanismo cristão, aquele que garante a infinita dignidade de cada ser humano. Pode não ser progressista, mas tem a enorme vantagem de ser verdade.


Fonte: Nós os Poucos...

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Cardeal Sarah elogia Bispos africanos por resistirem à propaganda homossexual


O Cardeal Robert Sarah, um dos principais cardeais em termos de inteligência e integridade, elogiou os bispos dos Camarões pela sua declaração "corajosa e profética" de 21 de Dezembro contra as pseudo-bênçãos homossexuais.

"Fizeram uma obra de caridade pastoral ao apontar a verdade", afirmou. É "errado e ridículo" que "algumas pessoas no Ocidente" afirmem que os bispos dos Camarões agiram em nome de um "particularismo cultural", esclareceu Sarah. Afirmaram, "numa lógica de neo-colonialismo intelectual", que os africanos "ainda" não estão prontos para "abençoar" o pecado "por razões culturais", disse: "Como se o Ocidente tivesse uma vantagem sobre os africanos, mais atrasados".

Na realidade, os bispos em África estão a agir "em nome do único Senhor, da única Fé da Igreja", explicou Sarah: "Desde quando é que a verdade da Fé, o ensino do Evangelho, está sujeito a culturas particulares?"

Sarah adverte contra a ideia destrutiva de que a Fé deve ser interpretada "diferentemente" em diferentes lugares, culturas e povos. Ele identificou esta ideologia como "apenas um disfarce para a ditadura do relativismo". O seu objectivo é introduzir deficiências na doutrina e na moral em certos lugares, sob o pretexto de "adaptação cultural". Assim, "querem permitir um diaconato feminino na Alemanha, padres casados na Bélgica, a confusão entre o sacerdócio ordenado e o sacerdócio comum na Amazónia".

O Cardeal Sarah espera que os bispos africanos se tornem defensores da Fé, mas observa que as suas vozes no último Sínodo foram desprezadas por aqueles cuja única obsessão é "agradar aos lobbies ocidentais".

in gloria.tv


domingo, 14 de abril de 2024

D. Pedro V - O Rei Exemplar

‘Rei de paz, subiu os degraus do trono com a espada na bainha. Rei de amor, o ceptro em suas mãos foi sempre um símbolo da brandura e mansidão. Modesta na aparência, gloriosíssima nos resultados, a sua obra consistiu em unir a coroa e o país pelos vínculos mais estreitos, em consolidar as bases do sistema representativo pelo consórcio do poder com a liberdade.’

Luís Augusto REBELO DA SILVA (Lisboa, 2 de Abril de 1822 — Lisboa, 19 de Setembro de 1871) | Jornalista, historiador, romancista e político português, colaborador activo de múltiplos periódicos e membro das tertúlias intelectuais e políticas lisboetas da última metade do século XIX sobre El-Rei Dom Pedro V

Imagem: Representação de D. Pedro V Rei de Portugal. Óleo sobre tela da autoria de José Rodrigues, Circa 1862

sábado, 13 de abril de 2024

Família

Família. Foi fundada por Deus quando deu Eva por companheira a Adão, abençoando-os e dizendo-lhes que se multiplicassem. Sempre que uma mulher aceita unir-se a um homem, com a bênção de Deus dada à face da Igreja, com o fim de terem filhos [Matrimónio], fica constituída legitimamente uma família cristã.
Os membros de uma família, que formam o lar doméstico, devem propor-se os seguintes fins: a) o bem-estar, pelo trabalho de todos; b) a paz, suportando-se mutuamente; c) a alegria, dedicando-se ainda que com incómodo próprio; d) a vida virtuosa, sendo fiéis à lei de Deus e à lei da Igreja; e) o auxílio mútuo, sobretudo nas dificuldades e nas doenças.

Pe. José Lourenço in «Dicionário da Doutrina Católica», 1945

Fonte: Veritatis

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Ribeiro Telles de volta a S. Bento no 50º aniversário do 25 de Abril


No âmbito das celebrações do 50º aniversário do 25 de Abril, a Real Associação de Lisboa realizará no próximo dia 23 pelas 18:30, simbolicamente no Palácio de São Bento, no Auditório Almeida Santos, o lançamento duma reedição da antologia do Arq. Gonçalo Ribeiro Telles, Porque sou Monárquico (2017).

Com mais esta homenagem ao saudoso arquitecto paisagista, ecologista e político pretende-se também realçar o papel dos monárquicos na transição do Estado Novo para a Democracia.

Convidamos os nossos associados e simpatizantes a divulgar e participar neste importante evento, que contará com a honrosa presença dos Duques de Bragança e com a participação especial dos Drs. Augusto Ferreira do Amaral e João Barroso Soares, assim como o historiador José Miguel Sardica.

A nova edição, com um texto inédito, estará disponível para venda no local e brevemente na nossa loja online.


 Fonte: Real Associação de Lisboa

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Divulgue A Monarquia!


Numa Monarquia existem níveis mais exigentes de igualdade entre as pessoas e maior transparência democrática das instituições e dos políticos. Ao observar-se as diversas realidades das Monarquias, tem-se constatado isso.


Não são reformas de almanaque que evitarão o colapso do modelo teórico republicano do século passado sem um sistema de valores, sem ética, de poder pessoal e com instituições escleróticas. Este ainda novo e eruptivo século, com precisão de maior escrutínio, clama pelo regímen que durante 771 anos tão bem serviu os Portugueses: a Monarquia.


A ideia de que numa Monarquia o Povo se teria de desfazer em obséquios perante o Rei e diante de uma nobreza a pairar sobre os demais, é completamente errada e mesmo absurda, e só pode resultar de 113 anos em que os escribas do regime republicano, com camada sobre camada de ‘entulho’, reescreveram a História, formatando a opinião e orientando-a para o erro de percepção.


Os Reis de Portugal sempre tiveram uma visão voluntarista de Reinar, de dever perante o Povo; Reinar em prol do Bem Comum, até porque a Monarquia Portuguesa era uma verdadeira Monarquia Popular, em que a Coroa, o Poder Real, a Graça de Reinar era transmitida por intermédio da Comunidade, sendo a Aclamação Popular o passo jurídico que verdadeiramente fazia o novo Rei, um Rei Eleito pela Comunidade dos Portugueses reunida em Cortes e para reinar para o bem do Povo, para o bem da Comunidade, da Grei, da Res Publica. O Rei traduzia a vontade nacional, sentindo com o Seu Povo, fazendo seus os problemas deste e transmitindo as suas ânsias aos políticos. O Rei tinha de pôr em primeiríssimo lugar os interesses do próprio Povo e da Nação tendo por dever fundamental reinar ’em prol do comum e aproveitança da terra’.


Por essa razão, sempre que puder, DIVULGUE A MONARQUIA!


Miguel Villas-Boas

Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica