segunda-feira, 31 de agosto de 2020

O estigma da velhice e a pandemia

 Há poucos meses, a actual legislatura começou com a excitada prioridade dada à eutanásia travestida de morte clinicamente assistida. Logo de seguida, um traiçoeiro vírus pandémico arrastou todos os projectos de lei, aprovados na generalidade, para um período de nojo parlamentar. Mas, eis que, agora, certos partidos se apressam a terminar a discussão e votar favoravelmente esta lei, indiferentes à petição popular contra tal lei e vergonhosamente alheios aos efeitos desta pandemia. A eutanásia e o vírus exprimem metaforicamente a distância entre a pressa e a emergência, entre a morte consentida e a vida dignificada, entre o direito à morte matando e o dever de cuidar.


Na angústia da COVID-19, os mais velhos têm sido os mais atingidos por esta doença e a sua taxa de letalidade é clamorosamente maior. À data em que escrevo, 17 de Julho, 86,3% dos óbitos são de pessoas com 70 ou mais anos, ou 95,2% se considerarmos os óbitos acima dos 60 anos. Pena que, para os casos ocorridos em lares e outras instituições de acolhimento, as autoridades lhes tenham reagido em vez de os tentarem prevenir logo de início. Não é preciso ser um expert para se concluir que, sem acções planeadas de precaução, um dos mais graves rastilhos epidémicos se concentraria naqueles estabelecimentos.


De um modo predominantemente subliminar ou implícito e pelo mundo fora, há crescentes afloramentos eticamente discriminatórios de estratificação geracional, incidindo sobre os mais velhos. Tomam a forma de juízos sobre a escolha entre quem já viveu muito e quem ainda tem muito para viver, de constatações sibilinas de que “já não vale tanto a pena”, de apreciações do tipo “foi assim com o vírus, seria assim com outra qualquer doença”. Intui-se que, no espírito de muita gente, há um certo “alívio social” com a notícia - sob a forma estatística - de que a larga maioria dos mortos está concentrada nos velhos. Tudo embrulhado em lindas palavras e eufemismos generosos que escondem um raciocínio generalizado de opção (ou alheamento) utilitarista. Sabemos - tal como ordena a lei natural da vida - que quem nasce primeiro deve, em regra, morrer primeiro. O que não podemos aceitar é que se acelere, de um modo injusto e discriminatório, esta forma de eutanásia social, geracional e terminal.


Os velhos não podem esconder os sinais exteriores da sua idade. Mas, durante décadas, foi um fartar de correcção política para que o velho não o parecesse. Assim nasceu o dito conceito europeizado de “envelhecimento activo”, que é obrigatório proclamar em qualquer discursata política. Assim germinou uma escala de vocábulos para evitar o estigma semântico de velho. Outrora, o velho poderia ser chamado de ancião, como expressão de respeitabilidade diante da sabedoria que a vida dá. Derrubada a ancianidade, conceito considerado retrógrado, tornou-se generalizada a nova raiz lexical da velhice - a idade - e, assim, o termo mais genuíno de velho se transformou na forma anódina e quase abstracta do idoso, do que tem idade. Os eufemismos continuaram e passou-se de idoso para sénior, sem que se aproveitasse a riqueza dessa mesma senioridade na sociedade contemporânea, pois que, cada vez mais, se cultiva o novo, o recente, o renovado, e se distrata o velho, o antigo, o longevo. Mas eis que, perante este repto dramático da pandemia, o sénior voltou a ser idoso e o idoso regressou a velho. Na óptica predominante de se ver a velhice como um peso e um sarilho, ser velho tornou-se mais obviamente inútil, embaraçador, descartável. Uma espécie de posta-restante da sociedade. Velho não dá retorno, só dá prejuízo, pressente-se no interior da hodierna sociedade. A respeitabilidade dos “cabelos grisalhos” tende a ser desconsiderada. Eis que, por fim, a pandemia veio reportar à luz do dia a denominação de utente (que palavra tão feia!). É assim que nos é noticiada a morte. Os velhos estão a morrer mais como utentes do que como pessoas. Utente do lar, utente da casa de repouso, utente da unidade de cuidados continuados, utente de hospitais. E tudo vemos com a distância de uma tela que se encarrega de nos tornar insensíveis ou nos anestesiar, de tão mecânica e repetidamente tudo ser noticiado ou explorado sem rebuço.  


No começo deste insondável futuro, o vírus escolheu os velhos como primeiras vítimas e as autoridades conformaram-se com este diktat viral. Vítimas literalmente falando, mas também vítimas de uma via dolorosa de andar entre ali e acolá à espera da sua vez, vítimas pelo agravamento do “eclipse “dos avós que não se podem aproximar dos netos neste dramático confinamento geracional, que vai além do geográfico. Para muitas pessoas velhas, o confinamento já era uma realidade e agora suportam o confinamento do próprio confinamento. Mas, enquanto a maioria das pessoas estão confinadas para não adoecer, velhos em instituições de acolhimento estão a morrer por estarem confinados. Cada vez mais num forçado pacto com a solidão.


Se bem reparamos, diante da doença, do isolamento, da pobreza, da supressão de laços familiares e de proximidade, da morte, hoje tudo se quantifica em euros, percentagens e estatísticas indolores e assépticas. Não se ouvem os gritos dos velhos porque não são sensoriais, antes estão entranhados nas suas almas. Frequentemente, diz-se que não há dinheiro. Dinheiro que, todavia, tem havido para perdoar dívidas de milhões de caloteiros encartados, de contumazes devedores, de bancos transformados em banquetas fraudulentas, de pequenos ou grandes caprichos políticos ou clientelares, etc. Em toda esta crise, incomoda-me muito a obsessão para que a economia volte rapidamente ao que era. Que diabo, por uma vez, deixemos de falar na obsessão da economia para falarmos em proteger as pessoas e salvar vidas. Eu sei que é preciso voltar a revitalizar a economia, mas a maneira, como a maior parte das vezes, a questão é colocada, já transporta em si o vírus de que nada de essencial irá mudar.


Circularam várias versões de uma frase elucidativa: “aos vossos avós foi-lhes pedido para irem à guerra. A vós pedem-vos para ficar no sofá. Tenham juízo!” Há quem - julgando ser eterno - pense que as quarentenas são uma forma de punição. Alguém lhes pode explicar definitivamente que mesmo pretensamente imunes ao vírus ou assintomáticos, podem ser transmissores para os mais velhos? 


Receio que, com o decorrer do tempo, se alargue ainda mais a distância entre um certo Portugal dos pequeninos (não necessariamente na idade) e o Portugal dos velhinhos.


 ANTÓNIO BAGÃO FÉLIX


Fonte: Voz da Verdade

domingo, 30 de agosto de 2020

Monarquia Tradicional para distraídos - O Bem Comum

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D. José Miguel Gambra, na sua magnífica obra Lá sociedad Tradicional y sus enemigos, (à venda na Amazon), diz-nos que até os pagãos já conheciam esta superioridade do Bem Comum e cita Plutarco, na história de uma mulher espartana que pergunta ao seu escravo, o resultado da batalha onde participaram os seus cinco filhos.


O escravo respondeu, "os teus filhos morreram". "Vil escravo-respondeu ela- foi isso que te perguntei? O que quero saber é se alcançamos a vitória".


Ao saber da vitória, a mãe correu ao templo para dar graças aos deuses.


Este Bem Comum que é de todos, não é um somatório de benzinhos pessoais, até porque ele dará cabo de alguns, ele é singular por ser Uno, mas em simultâneo Comum porque a todos pertence.


É o pensamento Cristão que alarga a todos a possibilidade de se aceder a um Bem Comum transcendente, por intermédio da Santa Igreja, algo que nos pode levar à felicidade e à beatitude da Perfeição.


Claro que tal não contraria o Bem Comum do Município, da Sociedade ou da Pátria. Estes serão sempre os pequenos degraus, singulares e ao mesmo tempo de todos, que nos catapultarão para a Perfeição de Deus.


Deixemos por isso a mesquinhez egoísta dos dias de hoje, do açambarcamento sórdido, porque o importante é eu ter, mesmo que tal a todos prejudique, do podes morrer à fome porque me podes infectar, da delação como forma de garantir o meu gozo pessoal.


As sociedades eram, até ao cataclismo liberal, naturalmente perfeitas.


Todos sabiam que, até a mais simples enxadada na terra, conduzia à Perfeição.


Sem o menor misoneísmo, colhamos da experiência de gerações extintas, a chave misteriosa do nosso futuro. (esta foi roubada a António Sardinha).


Valentim Rodrigues


Por Deus, Pátria e Rei


Fonte: Causa Tradicionalista

sábado, 29 de agosto de 2020

Correios do Japão fazem emissão de selos, a propósito de navegadores portugueses!

 Correios do Japão fazem emissão de selos comemorativos dos 450 anos da abertura do porto de Kochinotsu pelos navegadores portugueses.


Obviamente uma coisa que não nos interessa nem diz respeito.

Andamos entretidos a "suicidar" a nossa História e até mesmo a nossa matriz cultural e a própria existência física...

É melhor ficar por aqui.


BF


Fonte: O Adamastor

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Rainha D. Leonor – A Princesa Perfeitíssima

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‘Se D. João II é o Príncipe Perfeito, D. Leonor é a Princesa Perfeitíssima’, disse Ribeiro Sanches da Rainha D. Leonor (02/05/1458 - 17/11/1525).


Dona Leonor de Avis ou D. Leonor de Lencastre ou D. Leonor de Portugal ou ainda Leonor de Viseu, nasceu a 2 de Maio de 1458, em Beja. Filha de D. Fernando, Duque de Viseu e de D. Beatriz era irmã de D. Manuel (I) e D. Diogo.


A 22 de Janeiro de 1470, torna-se Rainha de Portugal, pelo seu casamento com D. João II, o qual era seu primo direito e segundo, pelo lado paterno, e o mesmo pelo lado materno. De facto, tanto o rei como a rainha eram netos, cada qual, de dois filhos diferentes de D. João I e de D. Filipa de Lencastre.


Como Rainha de Portugal, era detentora de terras como: Sintra, Torres Vedras, Óbidos, Alvaiázere, Alenquer, Aldeia Galega, Aldeia Gavinha, Silves, Faro, bem como Caldas da Rainha, que fundou. Tinha também direito a certos rendimentos: parte do açúcar produzido na ilha da Madeira, certos impostos pagos pelos judeus de Lisboa e pelas alfândegas do reino.


D. Leonor fundou os conventos da Madre de Deus e da Anunciada e a igreja de Nossa Senhora da Merceana, Igreja de Santo Elói, no Porto, o Convento de S. Bento, de Xabregas.
Esteve na origem da fundação do hospital termal das Caldas da Rainha, destinado a todos os que necessitassem de tratamento, sem distinção de classes sociais. Junto ao Hospital mandou construir também a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo.


Ainda hoje as Caldas da Rainha mantêm como armas, o brasão da Rainha D. Leonor, ladeado à esquerda pelo seu próprio emblema (o camaroeiro) e, à direita, pelo emblema de D. João II (o pelicano).


Era a mais rica princesa da Europa e usou parte da fortuna na assistência social aos pobres tendo financiado a fundação das Misericórdias em todo o país, e nos territórios ultramarinos, para ajudar os mais pobres, uma iniciativa pioneira na Europa.


A Rainha D. Leonor foi grande protectora e impulsionadora das Artes & Letras em Portugal, tendo patrocinado a impressão de algumas obras, designadamente: “O livro de Marco Polo”, “O livro de Nicolau Veneto – carta de um genovês mercador”, “Os actos dos apóstolos”, “Bosco Deleitoso”, “O espelho de Cristina”. Foi protectora e mecenas de Gil Vicente, que em várias obras a apelidou de “Rainha Velha”. Algumas das obras de Gil Vicente, como O Auto da Visitação, o Auto Pastoril Castelhano, o Auto dos Reis Magos, o Auto de S. Martinho, o Velho Óbidos, Um Sermão, o Auto da Índia – o processo de Vasco Abul, o Auto dos quatro tempos, o Auto da Sibila Cassandra, o Auto da Fama, o Auto da Alma, A Barca do Inferno, A Barca do Purgatório, A Barca da Glória, foram dedicadas à Rainha D. Leonor ou encomendadas por esta.


Em 1476, ficou como regente do reino, por D. João II ter de se ausentar em defesa do seu pai em Castela.


D. Leonor de Avis, destacava-se, pela formosura, inteligência e, sobretudo, pelo que sofreu e pelo bem que espalhou, Dona Leonor, a “Rainha dos sofredores”. Tinha a fisionomia suavíssima, marcada pelos olhos azuis e cabelos louros, herança genética de sua bisavó, a Rainha Dona Filipa de Lencastre, Mãe da Ínclita Geração.


A Rainha D. Leonor faleceu no dia 17 de Novembro de 1525, no Paço Real de Enxobregas. Quis ficar sepultada no Convento da Madre de Deus, numa campa rasa, num lugar de passagem, para que todos caminhassem sobre o seu túmulo, gesto, de humildade terrestre, que comoveu o Reino.


Foi uma Rainha muito devota, tendo desejado e concretizado passar a viuvez num ambiente de piedade.


Por tudo isto Ribeiro Sanches disse da Rainha, ’Se D. João II é o Príncipe Perfeito, D. Leonor é a Princesa Perfeitíssima’ e o biógrafo da Rainha, Frei Jorge de S. Paulo chama-lhe, ‘A mais Perfeita Rainha que nasceu no Reino de Portugal’.


Miguel Villas-Boas


quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Os marfins africanos que vieram de Lisboa

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Os chamados activistas envolvidos na campanha de terrorismo cultural que reclama a devolução de objectos museológicos a África, amiúde pessoas sem qualquer formação histórica, agindo sempre ao arrepio de critérios científicos e dando a cada passo manifesta prova de profunda ignorância, afirmam peremptoriamente que as peças de arte africana existentes em museus portugueses, italianos, alemães, britânicos e até brasileiros foram obtidas mercê de extorsão.


Tivessem prática da leitura e acompanhassem os desenvolvimentos da investigação historiográfica portuguesa relativa a África e conter-se-iam em tais expansões de crassa incompetência, pois sabemos que parte apreciável dessas peças entravam no Reino por via do comércio da costa de África – objectos exóticos então muito cobiçados e vendidos na então Rua Nova dos Mercadores, na proximidade do Terreiro do Paço -, de páreas (tributos) pagas ao Rei de Portugal ou resultantes de trocas. Porém, o mais espantoso neste imbróglio é o facto de os senhores activistas desconhecerem de todo que parte apreciável desses objectos não veio de África, mas foi produzido em Lisboa por marfinistas negros que trabalhavam em exclusivo nas oficinas que serviam a Coroa.


Graças a Rafael Moreira e Alfredo Pinheiro Marques, foi possível acompanhar o percurso desses artistas ao serviço do Paço, nomeadamente a família dos Reinel (ou Reinéis) oriundos da Serra Leoa. As relações dos portugueses com os Jalogos (Wolof) da Serra Leoa foram as melhores desde o século XV, tão amigáveis que os navegadores portugueses ali chegados pensaram inicialmente tratar-se de súbditos do mítico Preste João. Os Jalofos eram exímios artesãos e as peças em marfim, madeira e pedra-sabão que executavam depressa foram cobiçadas como objectos de luxo destinados a adornar as mesas da elite portuguesa. Os artesãos mais hábeis foram convidados a vir para Lisboa, onde se estabeleceram em oficinas e desenvolveram uma arte afro-portuguesa – com propriedade sapé-portuguesa. Ao longo dos séculos XVI e XVII, alguns destes exímios mestres ascenderam ao estado de nobreza.


Um destes entalhadores do Paço, filho de Jorge, era Pedro, já nascido em Lisboa e com o apelido Reinel (isto é, nascido no Reino). Educado na escola palatina, recebeu educação cortesã e lições de cartografia, gramática, latim e matemática. Das mãos dos reinéis saíram dos mais belos mapas portugueses do século XVI, mas igualmente saleiros e outras peças em marfim que hoje se encontram nas colecções do Museu Nacional de Arte Antiga, mo Museu Grão Vasco, mas também no British Museum, no Staatliche Museum zu Berlin e no Staatliches Museum für Völkerkunde de Munique.


MCB


Fonte: Nova Portugalidade

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Falácia de culpa por associação

 

Dentro das falácias ad hominem existe a falácia de culpa por associação. Esta procura "refutar" o oponente através da sua descredibilização, associando-o a alguém, ou a algo, considerado mau e negativo. Esquema:


– Pessoa A tem característica negativa (real ou imaginária).
– Pessoa B está associada a Pessoa A.
– Logo, Pessoa B está errada.


Embora muito usado na comunicação social, este raciocínio é falacioso, uma vez que não considera o assunto em causa, mas desvia o foco para algo exterior negativo, e tenta anular o oponente através da associação com esse exterior negativo.

Fonte: Veritatis

terça-feira, 25 de agosto de 2020

D. Sebastião regressou ao Rossio

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Na manhã desta quinta-feira, marcada por algum nevoeiro e chuva, a estátua de D. Sebastião regressou à estação do Rossio. Em 2016, um turista que tentava tirar uma selfie com o Rei D. Sebastião acabou por derrubar a estátua e foram necessários quatro anos para encontrar uma empresa capaz de tratar do restauro, dado o elevado grau de destruição. No entanto, no local original será colocada uma réplica da estátua.

A estátua ainda não saiu da caixa onde foi transportada, uma vez que faltam ainda alguns retoques e o plinto onde será instalada em definitivo está a ser projectado pela Infraestruturas de Portugal (IP), que é a entidade responsável pela Estação do Rossio. 

Ao SOL, a IP avançou que a estátua ficará "em espelho com a réplica que, futuramente, será colocada no nicho da fachada".

No local onde ocorreu a queda da estátua original – fachada da entrada principal da estação – será colocada uma réplica, que ainda não está feita. Aliás, a IP adiantou que está a "desenvolver um procedimento de contratação para execução de uma réplica da estátua original". 

"Dada a importância na preservação do património cultural e o elevado grau de destruição provocado na estátua, o trabalho de restauro revelou-se de grande exigência, tendo o processo envolvido a consulta e colaboração de diversas entidades e técnicos especialistas na área do restauro", 

O trabalho foi adjudicado à empresa Água de Cal, cujo contrato para "colagem dos fragmentos da estátua de D. Sebastião da Estação do Rossio" consta no portal Base, onde são publicados os contratos públicos. O documento foi assinado a 26 de Junho de 2020 e o restauro custou 6522 euros mais IVA. Na sua página do Facebook, a empresa responsável pelo trabalho foi partilhando a evolução do restauro, que durou três meses. "Com um mês de trabalho, começam a ver-se os primeiros resultados. Depois de vários ‘quebra-cabeças’, de muitas colagens, de se procurar perceber o que encaixava onde, o menino-rei volta a estar de pé", escreveu a Água de Cal a 31 de Julho.

A Infraestruturas de Portugal explicou ainda que, "!em estreita colaboração com a DGPC (Direcção-Geral do Património Cultural), os técnicos das duas entidades analisaram os danos e avaliaram as hipóteses da sua recuperação". Neste processo, adiantou a Infraestruturas de Portugal, a DGPC participou também "na avaliação das respectivas propostas com vista a determinar a empresa vencedora da consulta e no processo subsequente".


Fonte: Sol

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

CRÓNICA DE UM PAÍS ALIENADO

 Parece mentira, mas é verdade: pela resolução nº 69/2020, aprovada a 10 de Julho e publicada no Diário da República nº 154/2020, Série I, de 2020-08-10, a Assembleia da República “recomenda ao Governo o apoio às associações e colectivos de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgéneros e intersexuais no âmbito da crise pandémica”. Não só se exige que se “garanta o financiamento” dessas entidades, “enquanto se manifestarem os efeitos da crise sanitária, social e económica” (nº 1), mas também se “amplie, ao abrigo de protocolos a celebrar com as associações e colectivos LGBTI, programas de sensibilização, informação e combate às discriminações, priorizando temáticas LGBTI” (nº 3)!


Apesar das estatísticas oficiais sobre a pandemia só referirem óbitos de homens e mulheres – o que é estranho, havendo, segundo dizem, tantos géneros … – o Parlamento entende prioritário o apoio às “associações e colectivos de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgéneros e intersexuais”, não obstante a sua aparente imunidade ao vírus. Já lá vai o tempo em que a esquerda se ocupava das causas sociais, porque agora, como se vê, dedica-se a questões marginais.

Com certeza que as pessoas – não as ‘associações e colectivos’ que, à sua conta, vivem da subsidiodependência – que sofrem qualquer disforia de género, merecem toda a consideração e respeito e devem ser apoiadas pelo Estado, mas não de uma forma que obviamente as discrimina, esquece os mais necessitados e ofende o princípio constitucional da igualdade.

Como, na primeira página do Público do passado dia 17 se noticiava, “mais de 40% dos doentes esperam por uma cirurgia já fora do prazo aceitável”, ao mesmo tempo que se recordava que “há 242 mil doentes na lista de espera para cirurgia, dos quais cem mil viram ultrapassado o prazo recomendado para a sua patologia”. Devido a este monumental atraso, os “Hospitais já emitiram mais de 143 mil vales-cirurgias”. Esta é, infelizmente, a crónica de um país adiado.

Não é menos preocupante a situação das pessoas internadas nos lares, de que o caso de Reguengos de Monsaraz é tristíssimo exemplo. Foi com consternação que o país se inteirou das 18 vítimas mortais, mas foi com ainda maior estupefacção que soube que o Governo, ao contrário do Presidente da República, nem sequer leu todos os relatórios sobre esta tragédia, que deixou o país perplexo e amargurado.

Na mesma edição do Público, Stefano Scarpetta, director da OCDE para os assuntos laborais, recomenda o que, afinal, é uma medida do mais elementar bom-senso: “sectores ainda muito afectados têm de continuar a ser apoiados”. Tendo em conta a enorme crise social e laboral provocada pela pandemia, Scarpetta entende que “no curto prazo, o que se pode tentar é fazer garantir que estas pessoas recebem pelo menos o subsídio de desemprego. Não se consegue evitar que percam o emprego, mas pelo menos assegurar que, ainda que não tenham contribuído por um longo período de tempo, podem mesmo assim aceder ao subsídio de desemprego”. Está em causa a coesão social, mas também a sobrevivência de muitas famílias e pessoas, sobretudo “aqueles que não têm contratos sem termo, os empregados por conta própria, os mais jovens, os que têm poucas qualificações, os imigrantes”. Neste contexto, este director da OCDE entende que é imperioso “garantir alguma forma de protecção mínima a toda a gente”. É óbvio, não é?!

E que dizer do cansaço dos médicos, enfermeiros e auxiliares que lutam nos hospitais contra a pandemia, que não dá tréguas, nem sequer no verão?! Famílias que se viram obrigadas a prescindir das suas férias, profissionais da saúde impedidos de conviver habitualmente com os seus familiares e sempre sujeitos a contrair a infecção, contra a qual tão heroicamente lutam.

Também neste verão, temos o país a arder. Já se sabe que acontece sempre que chega o tempo quente e também que os meios humanos e materiais são escassos. Mas não é de ânimo leve que se assiste ao tristíssimo espectáculo das populações aflitas, a combater o fogo que ameaça as suas casas e culturas, os bombeiros exaustos a lutar horas a fio contra as chamas atiçadas pelo vento, as magras poupanças de uma vida a desaparecer na voragem de uma labareda, talvez provocada por uma mão criminosa e impune.

Este quadro, embora pintado com traços sombrios, não ignora o extraordinário exemplo dos médicos, enfermeiros, auxiliares e capelães hospitalares; nem o dos que prestam assistência nos lares, sendo tantas vezes família dos que não têm família; nem o dos bombeiros; nem o dos párocos, que infundem esperança junto das famílias em luto, confinadas, ou ameaçadas pela miséria e pela fome, a que a crise condena tantos lares.

E, ante este cenário, qual é a reacção do Parlamento? Que preocupa os deputados? Que recomenda ao Governo a geringonça parlamentar, a ampla maioria de esquerda que nos governa? Será que a sua prioridade é a saúde, tendo em contas os infectados, os confinados e os milhares de doentes que aguardam, há meses, uma intervenção cirúrgica urgente? Serão as famílias de luto? Serão os lares da terceira idade, cujos utentes deveriam merecer a atenção do país, agradecido pelas suas vidas gastas ao serviço de todos nós? Serão os desempregados, os jovens sem trabalho, os imigrantes, talvez condenados a engrossar as fileiras dos sem-abrigo que dormem ao relento, sob as arcadas ministeriais do Terreiro do Paço? Serão os profissionais de saúde, que dispensam campeonatos de futebol, mas que merecem mais condições, para melhor servir o país?

Nada disso! Para o Parlamento os velhos não contam, os doentes infectados, confinados, ou que aguardam uma cirurgia urgente, também não, nem os desempregados, nem as famílias enlutadas, nem os pobres. Os profissionais de saúde, ou os bombeiros, também não interessam, nem preocupam os deputados, nem os governantes. Os jovens sem emprego, os imigrantes, os refugiados, os sem-abrigo, os trabalhadores em layoff, os alunos sem aulas, não contam para a Assembleia da República, nem para o Governo. Importante mesmo é o “apoio às associações e colectivos de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgéneros e intersexuais”!

Afinal, esta não é apenas a crónica de um país adiado, mas de um Portugal alienado.

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Fonte: Observador

domingo, 23 de agosto de 2020

Eça de Queiroz Faleceu Há 120 anos

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No dia 16 de Agosto de 1900, faleceu EÇA DE QUEIROZ, em Neuilly-sur-Seine, mas o seu pensamento e escritos continuam mais que actuais, nomeadamente as suas convicções Monárquicas.


‘E sem desejar ser descorteses para com personalidades, – somos forçados a constatar que os actuais chefes republicanos, como tais, como chefes, fazem sorrir toda a parte séria da Nação.’, Eça de Queiroz in «Novos Factores da Política Portuguesa», Revista de Portugal, Volume II, Abril de 1890.


José Maria de Eça de Queiroz foi um dos mais importantes escritores portugueses da Literatura Portuguesa e mesmo Universal. Genial, como poucos, além de autor de obras-primas do Romance Realista como ‘Os Maias’, ‘O Primo Basílio’ e ‘O Crime do Padre Amaro’ foi, também, um reputado jornalista e as suas crónicas fizeram um retrato fidedigno e crítico da sociedade da segunda metade do Século XIX.
Monárquico convicto, não deixou passar em claro o surgimento do republicanismo militante, caracterizando-o de forma bastante crítica, mas verdadeira. Pela visão de Eça de Queiroz in «Novos Factores da Política Portuguesa», nas «Farpas» e em cartas pessoais, sobre o Partido Republicano português e a previsão catastrófica que o seu génio fazia de uma revolução republicana, somos levados a constatar que o incipiente partido republicano que poucos anos mais tarde fez a golpada que levou à implantação do novo regime, não era mais do que um “caldo” de homens que não representavam de todo a sociedade portuguesa, nem na qual os portugueses se sentiam representados ou mesmo se reviam:
“Constitui esta massa já considerável de descontentes um partido militante e organizado? Não, certamente. Esta massa não está ainda filiada no Partido Republicano, não pertence ainda a clubes, não obedece ainda a um programa. Quando muito lê o Século. Mas constitui essa classe, por assim dizer, não-monárquica, que no Brasil permitiu que se fizesse a Revolução no espaço de duas horas, e que é tão perigosa para a segurança das instituições pela sua total indiferença e desamor, como o seria pela sua intervenção hostil e combatente.
Tais são os elementos de que já efectivamente se compõe ou com que condicionalmente já conta o Partido Republicano. É todavia este partido um perigo imediato e iminente para as instituições? Longe de toda a ilusão optimista, afigura-se-nos que esse partido, no dia de hoje, oferece um perigo ainda mínimo, porque tem a impotência de uma multidão a que falta a direcção. Entre os republicanos organizados, filiados, arregimentados, quantos se contarão que sintam confiança real no seu directório e seus chefes oficiais? Raros, segundo nos afirmam aqueles que por experiência própria o sabem. Pode haver, e há, por esses chefes simpatia individual; pode haver, e há, crença na sua sinceridade. Mas não há já a fé na sua coragem, na sua habilidade, ou na sua competência como organizadores de um movimento. E enquanto à massa dos descontentes, dos que chamamos não-monárquicos, esses nunca consentiriam certamente em admitir como chefes, e portanto como futuros promotores da reorganização nacional, os indivíduos, aliás pessoalmente estimáveis, que hoje têm a direcção aparente, e queremos supor que real, dos interesses republicanos. E sem desejar ser descorteses para com personalidades, – somos forçados a constatar que os actuais chefes republicanos, como tais, como chefes, fazem sorrir toda a parte séria da Nação. (…)
Mas ainda mesmo sem direcção, ou com uma direcção impotente porque incompetente, o Partido Republicano existe, exibe-se, fala, escreve…”


Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

sábado, 22 de agosto de 2020

Pourquoi tous les défenseurs de la dignité humaine, des droits de l’homme et de la vie humaine devraient soutenir la réélection de Donald Trump

 Pourquoi tous les défenseurs de la dignité humaine, des droits de l’homme et de la vie humaine devraient soutenir la réélection de Donald Trump

Le lundi 13 juillet, le ministère de la Santé et des Services sociaux de l’administration Trump a publié une règle qui clarifie que la définition de « discrimination sexuelle » dans l’Obamacare n’inclut pas les avortements. C’est la plus récente action de cette administration pour défendre la vie humaine – et ce ne sera certainement pas la dernière.

Pourquoi tous les défenseurs de la dignité humaine, des droits de l’homme et de la vie humaine devraient-ils soutenir la réélection de Donald Trump (le plus grand défenseur de l’enfant à naître)? Les raisons sont nombreuses – aussi nombreuses que les décisions prises du président Trump en défense des enfants à naître et contre le bloc des agences multinationales pro-avortement. Ce sont des faits que chacun a le devoir de regarder: la réalité est que Trump est le plus grand défenseur du droit à la vie humaine de tous les présidents américains. Voulez-vous une preuve? Lisons ensemble les raisons énumérées par Planned Parenthood, la première agence mondiale de promotion de l’avortement, pour lesquelles ils critiquent Trump. C’est un exercice simple, et ce que les promoteurs de l’avortement disent contre Trump nous montre vraiment à quel point il a fait du bien dans son travail de défense de la vie humaine.

« Eroder l’accès à l’avortement« 

« Dans la vision de Trump pour les États-Unis, l’avortement n’est plus sûr ni légal. »

Trump, qui se vante depuis une décennie d’être « pro-vie », a appelé à une interdiction nationale de l’avortement lors de sa campagne présidentielle en 2016 – et a même déclaré que les femmes enceintes qui se font avorter devraient être soumises à « une forme de punition ». Après son entrée en fonction, Trump a embauché de nombreux idéologues et militants anti-avortement pour l’aider à réaliser cet agenda – et est devenu le premier président en exercice de l’histoire des États-Unis à prendre la parole lors de la Marche pour la Vie, rassemblement annuel anti-avortement… Trump a également rétabli et renforcé le « bâillon mondial », qui empêche les organisations étrangères qui dépendent de l’assistance sanitaire internationale des États-Unis de fournir des informations, des références ou des services pour l’avortement légal ou de plaider pour l’accès aux services d’avortement dans leur pays – même avec leur propre argent… »


« Saper l’accès à la contraception »

« Au cours de sa première année, l’administration Trump a publié des règles pour permettre aux employeurs et aux assureurs maladie de refuser de financer la contraception sur la base d’objections religieuses ou « morales » – qui cherchaient à inverser les protections de l’ACA [pour Affordable Care Act, plus connu comme Obamacare, ndt] conçues pour garantir l’accès gratuit à la contraception. Ces règles reflètent les croyances extrémistes des principaux membres du personnel de l’administration Trump, dont beaucoup ont répandu de la désinformation sur la contraception tout au long de leur carrière. Avant de rejoindre l’administration Trump, une personne nommée pour diriger des programmes de planification familiale au ministère de la Santé (HHS) a affirmé sans justification que « les incidents d’utilisation de la contraception et les incidents d’avortement vont de pair » – et a faussement affirmé qu’il y avait « de nouveaux médicaments abortifs déguisés en contraceptifs ». Un autre officiel a écrit sans fondement que la contraception provoque « des fausses couches d’enfants déjà conçus » et « empêche votre utérus d’héberger des bébés ». Une opposition farouche au contrôle des naissances caractérise également les dossiers de plusieurs des quelque 200 personnes nommées par Trump dans les tribunaux fédéraux… »


« Diminuer l’éducation sexuelle »

« Une éducation sexuelle de qualité, donnée par des éducateurs qualifiés qui couvrent des sujets tels que les relations, le consentement, la prise de décision, l’identité de genre, le contrôle des naissances, etc., avait le soutien du gouvernement fédéral avant que Trump ne devienne président – mais son administration a rapidement agi pour saper le financement de ces programmes. Les idéologues qui entourent Trump ont utilisé leurs positions au sein du gouvernement américain pour détourner l’argent des approches d’éducation sexuelle de qualité et fondées sur des preuves vers des programmes d’abstinence jusqu’au mariage. Budget après budget, Trump a cherché à éliminer le programme de prévention des grossesses adolescentes (TPPP). Ces efforts ont échoué – mais l’administration Trump a également tenté de mettre fin aux subventions de cinq ans du TPPP deux ans plus tôt, même si le programme était destiné à fournir à 1,2 million de jeunes une éducation sexuelle scientifique… »

 
« Attaquer l’accès aux soins dans les centres de Planned Parenthood »

« Depuis son arrivée au pouvoir, Trump a essayé de couper l’accès des gens à Planned Parenthood de toutes les manières possibles – dans les budgets présidentiels, les plans d’abrogation de l’ACA, la législation sur la réforme fiscale, les résolutions et règlements fédéraux, la nomination de juges dont les dossiers sont hostiles à la santé reproductive et les droits, et les nominations de responsables gouvernementaux anti-Planned Parenthood… Toutes ces attaques ont un seul objectif: fermer les centres de santé Planned Parenthood et bloquer l’accès aux soins pour environ 2,4 millions de patients Planned Parenthood… En 2019, Trump a publié une « règle bâillon » contraire à l’éthique sur le titre X, le programme fédéral bipartisan qui fournit des moyens de contraception et des soins de santé sexuelle et génésique abordables aux personnes à faible revenu, y compris aux personnes qui ne pourraient autrement pas se permettre des services de santé par elles-mêmes. La règle interdisait aux prestataires de soins d’expliquer comment accéder en toute sécurité et légalement à l’avortement, forçant les centres de santé Planned Parenthood et de nombreux autres à sortir du programme – et l’administration est plus intéressée à pousser l’idéologie de Trump sur le peuple américain qu’à protéger sa santé, ses moyens de subsistance et ses libertés … Sous la direction de Trump, les Centers for Medicare et Medicaid Services (CMS) ont annulé les directives de l’ère Obama qui expliquaient clairement que les gens ont le droit d’utiliser leur couverture Medicaid pour accéder aux soins chez le fournisseur de leur choix, y compris les centres de santé Planned Parenthood. Cette décision menace d’encourager les responsables de l’État à essayer d’exclure Planned Parenthood du remboursement de Medicaid pour les services de soins préventifs … Au cours de sa première année au pouvoir, Trump a été le premier président américain à proposer un budget fédéral qui a visé Planned Parenthood pour le priver de toutes les sources de financement fédérales – et il a continué à le faire dans tous ses budgets présidentiels… L’avortement, la contraception et l’accès à des soins de santé abordables sont tous gravement menacés… Nous ne laisserons plus Trump décider comment diriger notre pays. Nous ne laisserons pas Trump décider de notre avenir. Avec nos votes cette année, nous – et non pas Donald Trump – décidons de ce qui est le mieux pour notre santé… »

Sans aucun doute, les critiques de Planned Parenthood à l’égard de Trump sont remplies de demi-vérités et de mensonges. Mais il y a aussi une vérité sous-jacente à ces affirmations: une vérité qui ne fait que montrer tout ce que le président Trump a fait pour défendre la vie humaine dès la conception et pour réduire l’avortement et le pouvoir de la culture de la mort. De toute évidence, Planned Parenthood le considère comme un ennemi redoutable, c’est pourquoi nous devrions le considérer comme un allié puissant: chaque critique de Trump par Planned Parenthood est une médaille d’honneur qu’il porte pour la défense la vie humaine.


Luca Volontè


Fonte: IFN

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

21 de Agosto de 1808: Batalha do Vimeiro

 

Eu te saúdo memorável dia 21 de Agosto! Tua memória será eterna nos fastos das três nações; da Portuguesa, porque quebraste os seus ferros; da Inglesa, porque cobriste de glória as suas armas; da Francesa, porque suspendeste o vôo arrogante das suas águias, até ali vitoriosas, e agora abatidas e destroçadas! Por mais feliz e mais brilhante que tivesse sido a Batalha da Roliça, não foi senão uma acção parcial, a do Vimeiro foi decisiva, não só para os dois exércitos, mas também para o Reino de Portugal; e ainda fez mais: juntamente com a de Bailén, de que não eclipsarei a memória, quebrou o encanto em que estava a Europa, mostrando-lhe que os exércitos Franceses não eram invencíveis, e que mesmo a superioridade de forças nem sempre lhes dava a vitória.


José Acúrsio das Neves in «História Geral da Invasão dos Franceses em Portugal e da Restauração deste Reino», Tomo V, 1811


Fonte: Veritatis

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

ORAÇÃO PELOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, COMPOSTA POR SUA EXCELÊNCIA REVERENDÍSSIMA O ARCEBISPO CARLO MARIA VIGANÒ

 

Tendo em vista o papel preponderante que os Estados Unidos exercem no mundo e as crises que têm sido promovidas pelas forças da esquerda marxista, atéia e anárquica, para abalar esse país e impedir o cumprimento da sua missão de proteger a Civilização Ocidental, estamos a promover esta oração do Arcebispo Viganò entre os nossos amigos e simpatizantes, bem como entre as pessoas de boa vontade. A todos pedimos que rezem connosco para alcançarmos a vitória sobre a devastação revolucionária que hoje abala esse país e que mais tarde ou mais cedo bem poderá chegar até nós.

«Deus Todo-Poderoso e Eterno, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores: graciosamente tornai o Vosso olhar para nós que Vos invocamos com confiança. Abençoai-nos, cidadãos dos Estados Unidos da América; concedei paz e prosperidade à nossa Nação; iluminai aqueles que nos governam, para que possam comprometer-se com o bem comum, em respeito à Vossa Santa Lei.

«Protegei aqueles que, defendendo os princípios invioláveis da Lei Natural e dos Vossos Mandamentos, devem enfrentar os repetidos ataques do Inimigo da raça humana. Mantende nos corações de Vossos filhos a coragem para a verdade, o amor pela virtude e a perseverança nas provações.

«Fazei que as nossas famílias cresçam no exemplo que Nosso Senhor nos deu, juntamente com Sua Santa Mãe e São José na casa de Nazaré. Dai aos nossos pais e mães o dom da Força, para educar sabiamente os filhos com os quais vós os tendes abençoado.

«Dai coragem àqueles que, em combate espiritual, combatem o bom combate como soldados de Cristo contra as forças furiosas dos filhos das trevas. Mantende cada um de nós, Ó Senhor, no Vosso Sacratíssimo Coração e, acima de tudo, conservai aquele a quem a vossa Providência colocou como o chefe da nossa Nação.

«Abençoai o Presidente dos Estados Unidos da América, de modo que, ciente de sua responsabilidade e dos seus deveres, ele possa ser um Cavaleiro da Justiça, um defensor dos oprimidos, um baluarte firme contra os seus inimigos e um nobre defensor dos filhos da luz.

«Ponde os Estados Unidos da América e o mundo inteiro sob o manto da Imaculada Conceição, Rainha das Vitórias, nossa Líder Invicta na batalha.
«É graças a Ela e através da Vossa Misericórdia, que o hino do louvor sobe a Vós, Ó Senhor, vindo dos filhos que redimistes no Sangue Preciosíssimo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amen»

Fonte: Arautos d'El-Rei

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Nun'Álvares: capitão, monge, libertador e semeador de impérios

 

Nasceu Dom Nuno Álvares Pereira, segundo vozes autorizadas, em Cernache do Bonjardim, a 25 de Junho de 1360. Teve acção decisiva na guerra contra Castela – determinante para a independência do Reino de Portugal – com destaque para Aljubarrota. Herói consagrado na história, na literatura e na arte, emerge, ciclicamente, em tempos difíceis, como o que estamos a viver.


Exigente líder militar, combatendo em circunstâncias difíceis, nunca vencido na arte da guerra e na firmeza e coerência das suas convicções - que arrastavam príncipes e plebeus – concorreu para consolidar o trono de Avis e ganhar a aventura de Ceuta. Assegurou os bens da Casa de Bragança, selada pelo casamento de sua filha D. Beatriz de Alvim com Afonso de Barcelos, 1º Duque de Bragança. Poderoso em terras e privilégios, D. Nuno era avesso às intrigas de Corte. Magnânimo, recompensava largamente os soldados, garantia a subsistência de cavaleiros, escudeiros, monges, pobres e até de castelhanos e inimigos, quando as populações eram atingidas pela fome ou pela doença.


Nas vésperas de Aljubarrota (1385), D. Nuno Álvares Pereira interveio no conselho em que foi decidido travar uma grande batalha contra o invasor castelhano, ao invés de incursões, escaramuças e saques. «Não vamos fazer uma guerra guerreada, não vamos destruir as oliveiras em Sevilha, vamos direitos ao inimigo, porque temos que o vencer numa batalha decisiva». A decisão de Nuno Álvares de escolher Aljubarrota foi a mais acertada para as hostes portuguesas. Naquele campo foi possível montar defesas sólidas que se revelariam decisivas para o desfecho da batalha.


Momentos antes do embate dos dois exércitos “fincou os joelhos em terra, e fez oração à imagem de Cristo e da sua preciosa Madre que trazia pintada em sua bandeira; e isso mesmo com seus joelhos em terra com as mãos alçadas fez a sua oração e beijou a terra e alçou-se em pé; e pôs seu elmo sem cara, e tomou a lança nas mãos que lhe trazia o pajem, e disse aos seus: Amigos, ninguém duvide de de mim; e todos aqueles que me ajudardes, que Deus vos ajude; e se eu aqui morrer por vossa culpa, que Deus seja aquele que vos demande pela minha morte”(2).


MCB


(1) Fernão Lopes, Crónica de D. João I

(2) Fernão Lopes, Crónica d'el Rei Dom João I de boa memória. Parte I. Intr. de A. Braamcamp Freire. Lisboa: Arquivo Histórico Português, 1915, p. 159.


Fonte: Nova Portugalidade

terça-feira, 18 de agosto de 2020

«CADA POVO TEM O GOVERNO (E O CLERO) QUE MERECE»

 Desde 2007, ano em que foi aprovada a «despenalização» do crime de aborto, ocorreram em Portugal mais de 144 mil abortos, o que supera a população de Braga (126 710 habitantes, à data do censo de 2011).

Quer isto dizer que em Portugal se mata por dia uma média de 55 bebés, no meio de uma indiferença geral.
Para quem faz parte da «família» globalista (comunistas, socialistas, feministas, ambientalistas, LGBTs, etc.) o aborto é uma prática normal e até desejável.
Mas para quem é católico não pode ser assim. Recorde-se que o aborto é condenado desde o primeiro Catecismo elaborado pela Igreja, conhecido como Didaqué ou Catecismo dos Primeiros Cristãos: «Não matarás o embrião por meio do aborto, não farás perecer o recém-nascido” (2, 2).

Em Dezembro de 2013, o Carmelo de Coimbra publicou uma Biografia da Irmã Lúcia, em que a vidente de Fátima faz uma séria advertência a Portugal:

«Se Portugal não aprovar o aborto, está salvo; Mas se o aprovar, terá muito que sofrer. Pelo pecado da pessoa, paga a pessoa que dele é responsável; mas pelo pecado da Nação, paga todo o povo (…) porque os governantes que promulgam as leis iníquas fazem-no em nome do povo que os elegeu» (Cfr. «Um caminho sob o olhar de Maria», Coimbra, Edições Carmelo, 2013, p.68).

Mas ao aborto também se soma agora a questão da eutanásia. Precisamente a 20 de Fevereiro deste ano (exactamente quando se comemoravam 100 anos sobre a morte de Santa Jacinta de Fátima), o Parlamento ateu, republicano e socialista abriu o processo legislativo que permite a legalização da eutanásia. Nem sequer deu hipótese à realização de um referendo: «A líder parlamentar do Partido Socialista, Ana Catarina Mendes, sublinhou que agora, na especialidade “o intuito é [conseguir] um diploma conjunto”. E reiteriou que “o PS estará frontalmente contra um referendo sobre esta matéria“.»

Claro que a vida humana não é matéria para se referendar, mas para esses «democratas», tão amigos da «consulta popular», não deixa de ser estranha a categórica rejeição de um método que lhes era tão querido (enquanto os resultados lhes iam sendo favoráveis…).

Onde estão então as vozes dos bispos e sacerdotes católicos que deveriam denunciar os crimes que todos os dias se cometem contra a vida, promovidos pela nossa legislação comunista?
É raríssimo ouvir-se do púlpito algum sacerdote falar em defesa da vida, certamente por ser perigoso emitir opiniões que colidam com as políticas liberais, socialistas ou comunistas… Aliás é só disto que fomos «autorizados» a ter desde a implantação da «democracia” e do «pluralismo», em 25 Abril de 1974.

Em Portugal, a maioria do Clero já não defende a Fé Católica, ou porque tem medo da «liberdade de expressão» nesta «democracia», ou porque tem pacto com o Poder Político e preferiu aderir à agenda liberal, comunista, gay, feminista e ambientalista.

Aliás, foi isto que se verificou na crise da epidemia COVID-19.
Em plena consonância com as normas da Direcção-Geral de Saúde (DGS), a Conferência Episcopal mandou fechar as igrejas, proibir as missas e procissões da Semana Santa, fechar o Santuário de Fátima e aceitar a interferência do governo ateu na celebração da liturgia ao proibir a comunhão na boca (sabendo embora que há muitas e bem fundamentadas opiniões médicas que concordam com esta forma de comungar).

Desgraçado do rebanho que deixou de ter pastores. O resultado está à vista: Sem termos quem nos ensine a Religião, a Moral, os valores da Pátria, da Família e da Tradição, acabámos por perder a Fé e a capacidade de discernir entre o Bem e o Mal. Continuamos estupidamente a acreditar num sistema político viciado, que há décadas nos vem subjugando com leis iníquas e com um sistema de «justiça» feito para favorecer a corrupção e o crime. Até quando?…

«Cada povo tem o governo que merece»…

LUÍS F. FERRAND D’ALMEIDA
16 DE JULHO DE 2020, FESTA DE NOSSA SENHORA DO CARMO