sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Tem de haver futuro

 

Em cem anos (1415-1515), entre a tomada de Ceuta e a conquista de Malaca, realizou a articulação entre o Mediterrâneo, o Atlântico, o Índico e as passagens para o Pacífico. De pequeno reino da Finisterra, Portugal transformou-se em cabeça da Europa, espada de cruzada, centro dos negócios da economia mundial, agente de aculturação.


Desse projecto do tamanho do mundo, subsiste a quinta língua mais falada, o maior país do hemisfério sul, as cristandades de África, da Ásia e Oceania. Portugal ainda é, e ficará, "potência histórica", capital tão pouco conhecido pelos meninos de Estrasburgo e Bruxelas. Há quem subestime o passado, como há quem o arrume na estante das lembranças inactivas. Porém, certeza das certezas, quando se dissiparem os equívocos deste tempo sem grandeza e sem luz, Portugal voltará aos mares e sobrepujará, como antes, os desafios. Todos somos culpados pela miséria, pela insignificância, pela cobardia e pelintrice que se abateram sobre esta nação outrora grande, assomadiça, dura até. É tempo de voltar a impregnar as crianças desse bom patriotismo de uma missão nacional que os paizinhos e os vovós de hoje quiseram matar em troca do carro, das férias nos ressortes, da macaqueação dos states e da falsa Europa da abundância agora desaparecida.


Não é normal que um povo tão grande caiba em terra tão pequena; anormal, ainda, que se compraza em ser governado por tecnocratas de óculos de massa e joelhos canhestros.


MCB


Fonte: Nova Portugalidade

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