quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Rei D. Carlos - Assassinado aos 44 Anos


‘Como se, no jogo mais ou menos imperfeito das instituições vigentes, houvesse alguma espécie de tirania! Como se o homem, que ontem se sentou no trono, pudesse ser responsável pelos erros acumulados em dezenas, em centenas de anos! Como se a desesperança, a apatia, o abandono com que a sociedade portuguesa se submete à oligarquia das clientelas e cabalas que a exploram, fossem filhas da acção perniciosa da Coroa! Como se, pelo contrário, não pudesse o rei queixar-se de tantos que desertam o seu posto…’

F.A. Oliveira Martins | Historiador e escritor in “El-Rei D. Carlos I”, “Semana de Lisboa”, 1/1/1893.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

‘MORREU COMO UM HERÓI AO LADO DO SEU REI!’


‘MORREU COMO UM HERÓI AO LADO DO SEU REI!’
- Louvor D'El-Rei Dom Manuel II ao seu queridíssimo irmão assassinado, o Príncipe Real Dom Luís Filipe

Fotografia: SAR O Senhor Dom Luís Filipe de Bragança, 5.º Príncipe Real de Portugal (jurado herdeiro do Trono, em Maio de 1901), 4.º Príncipe da Beira, 14.° Duque de Barcelos e 22.º Duque de Bragança (n. 21/03/1887 – m. assassinado 01/02/1908), envergando o grande uniforme de tenente do Regimento de Cavalaria nº. 2, Lanceiros D’El-Rei e com a banda e Placa das Três Ordens Militares (San’Tiago, Cristo e Avis), com os cordões com agulhetas e as estrelas nas golas do uniforme, ambos de oficial às ordens do Rei, assim como com o Greater George, Colar de Ouro e Esmaltes, e a Placa, da Mui Nobre Ordem da Jarreteira, ordem britânica da qual foi o penúltimo português a ser investido Cavaleiro.
O Senhor Dom Luís Filipe, um Rei a Ser, viu a Sua jovem vida, ainda nos primeiros capítulos, ceifada – juntamente com a D’El-Rei Dom Carlos I de Portugal, Seu Pai - a 1 de Fevereiro de 1908 pelo terrorismo republicano, assassinado pelos facínoras da organização Carbonária, armados pelo Comité dos 18, no assassinato que ficou tristemente conhecido na nossa História como ‘O Regicídio’, e que, com estas mortes, num período tão abundante de esperanças, foi o primeiro sinal das mais trágicas desilusões.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Democracia Cristã


A Democracia Cristã acredita no sufrágio universal que Pio IX chamava de «mentira universal», acredita que os incapazes de governar têm competência para escolher os que hão-de governar; a Democracia Cristã acredita na separação dos poderes que coloca o Estado numa situação absurda tirando-lhe toda e qualquer unidade de acção, a ele que deve ser o centro dirigente da vida nacional; a Democracia Cristã é republicana, desejando, pois, que o poder dependa do arbítrio da multidão ignara; a Democracia Cristã defende a existência dos partidos políticos, factores de dissolução nacional, que transformam os países em autênticos campos de guerra civil, guerra civil de que só vêm a aproveitar os arrivistas, os videirinhos de toda a espécie.
A Democracia Cristã tenta encarnar no nosso século os princípios da Revolução satânica que, pela voz de alguns dos seus corifeus, já ousa afirmar ser de raiz católica, embora desviada e transformada, tenta encarnar os princípios da destruição e da morte.
Partido dos tímidos e dos resignados, ao serviço de uma ideologia mortífera, envolvida em ténues véus de conservantismo e de moderação, é bem um resíduo vetusto do estúpido século destinado a desaparecer, quando renascerem «para ventura dos povos e tranquilidade do mundo» os princípios eternos da vitoriosa Contra-Revolução.

António José de Brito in «A Nação», nº 24, 3 de Agosto de 1946.

Nota de A.J.B. – Sempre que empregamos a expressão Democracia Cristã, não queremos de forma alguma referir-nos ao sentido que Leão XIII, por exemplo, lhe atribuía. Com efeito, o Pontífice ensinava que «seria injusto que o termo de Democracia Cristã fosse desvirtuado para um sentido político... só se deve empregá-lo tirando-lhe todo o sentido político e não lhe ligando outra significação a não ser uma acção beneficente e cristã para com o povo» (Encíclica Graves de communi). Ora nós, evidentemente, queremos apenas fazer menção aos partidos políticos que tomam tal designação.

Fonte: Veritatis

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

MONARQUIA REALISTA

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A Monarquia Portuguesa terá um Rei que governará, à frente dum governo escolhido e presidido por ele próprio, será hereditária, católica, nacional, patriótica, tradicionalista, orgânica, e terá Cortes Gerais, com poderes consultivos e deliberativos, sendo compostas pelos representantes eleitos de todas as corporações (associações profissionais) e regiões (províncias e municípios). Simples e eficaz. Será assim no futuro, na linha da tradição nacional; ou então não valerá a pena restaurá-la. 

JOÃO MARCHANTE

Fonte: Eternas Saudades do Futuro










domingo, 26 de janeiro de 2020

CARTA DO TENENTE-CORONEL JOAQUIM MOUZINHO DE ALBUQUERQUE AO PRÍNCIPE REAL D. LUÍS FILIPE


Meu Senhor:
Quando Vossa Alteza chegou à idade em que a superintendência da sua educação tinha que ser entregue a um homem, houve por bem El-Rei nomear-me Aio do Príncipe Real. Foi Sua Majestade buscar-me às fileiras do Exército. Não escolheu por certo o militar de mais valor, mas simplesmente aquele a quem uma série de acasos felizes mais ensejo dera de provar que sabia, custasse o que custasse, obedecer ao que lhe era ordenado  e que também sabia, doesse a quem doesse, fazer cumprir as ordens que dava.

Não por certo a Vossa Alteza como filho e como súbdito, e menos a mim como soldado, compete apreciar e criticar as determinações de El-Rei. A Vossa Alteza como a mim, deu Sua Majestade uma ordem, a ambos nós cumpre obedecer-lhe e nada mais. Mas para bem lhe obedecer não basta ver-lhe a letra, é necessário estudá-la, descortinar-lhe o espírito. Escolhendo um soldado para vosso Aio, que fez El-Rei? Subordinou a educação de Vossa Alteza ao estado em que se acha o País. Nesta época de dissolução, em que tão afrouxados estão os laços da disciplina, entendeu Sua Majestade que Portugal precisava mais que tudo de quem tivesse vontade firme para mandar, força para se fazer obedecer. E como ninguém pode ensinar o que não sabe, o que não tem praticado, foi El-Rei procurar o vosso Aio à classe única em que se encontra quem obedeça sem reticências e mande sem hesitações.

Por esse motivo, o primeiro dos meus deveres é fazer de Vossa Alteza um soldado. É Vossa Alteza Príncipe, há de ser Rei; ora, Príncipe e Rei que não comece por ser soldado, é menos que nada, é um ente híbrido cuja existência se não justifica. Há poucos anos andava pela Europa, num exílio vagabundo de judeu errante, um Imperador que num momento de crise esqueceu que o seu título vinha do latim “Imperator”, epíteto com que se saudavam os vencedores, e que se não vence sem desembainhar a espada — sine sanguine victoria non est. Por um erro igual já subiu um Rei ao cadafalso e outros foram despedidos do trono para o exílio sempre doloroso e humilhante. Príncipe que não fôr soldado de coração, fraco Rei pode vir a ser.

O que foram na verdade os Reis primitivos? Guerreiros audaciosos que os companheiros de armas levantaram nos escudos acima das suas cabeças. E o que foi o maior dentre os Reis, aquele cujo nome ribomba como um trovão na história deste século? Um militar ambicioso que, elevado ao Império pelos seus soldados, não se deu por contente enquanto não pôs o pavês que o levantara em cima das costas dos outros Reis da Europa que lhe serviram de pés ao trono. E entretanto, a despeito da sua incomparável grandeza de ânimo, a despeito das qualidades únicas de mando com que a Providência o dotara, talvez para castigo de muitos, por certo para exemplo de todos, caíu esse colosso e o grande Imperador foi derrubado por esses mesmos que tanta vez vencera. Faltava-lhe a tradição da Monarquia, da linhagem Real, que cimenta e consagra a autoridade dos  Reis legítimos.

Mas nessas mesmas linhagens Reais só foram grandes os que souberam lançar mão da espada sempre que lhes foi necessário. Por isso, repito, primeiro que tudo tem Vossa Alteza que ser soldado.
Aprenderá a sê-lo na história de seus avós. Este Reino é obra de soldados. Destacou-o da Espanha, conquistou-o palmo a palmo, um príncipe aventureiro que passou a vida com a espada segura entre os dentes, escalando muralhas pela calada da noite, expondo-se à morte a cada momento, tão queimado do sol, tão curtido dos vendavais como o ínfimo dos peões que o seguia. Firmou-lhe a independência o Rei de “Boa Memória”, que tantas noites dormiu com as armas vestidas e a espada à cabeceira, bem distante dos regalos dos Paços Reais. E para a formação de vossa Casa concorreu com o ele o mais branco dos seus guerreiros, que simbolizou e resumiu em si quanto havia de nobre e puro na História Medieval, um herói e um santo. Mais tarde o Príncipe Perfeito, depois de haver mostrado que sabia terçar lanças em combate com o melhor dos cavaleiros, depois de haver abatido de vez todas as cabeças que se erguiam por demais altivas perante a Corôa Real, deu pela força da sua vontade de ferro um impulso de tal ordem às nossas naus, que foram ter ao Cabo da Boa Esperança, abrindo a Portugal o caminho por onde chegou ao apogeu da glória. Soldados, se lhes pode bem chamar a estes, porque tiveram o desapego da vida, a força do mando, a obediência cega àquilo que acima de tudo deve imperar nos Reis — a ideia fixa e pertinaz da glorificação do seu nome e da grandeza do Reino onde Deus os fez os primeiros de entre os homens.

Para não ser injusto nem ingrato, não deve Vossa Alteza lembrar-se somente dos felizes porque nem só eles foram soldados. Houve um Rei de Portugal que, não podendo ser vencedor, soube morrer herói. Não tendo alcançado a vitória ambicionada, procurou a morte gloriosa. “A liberdade Real só se perde com a vida”, foram as últimas palavras que se lhe ouviram e do cativeiro infamante salvou-o a morte, única libertadora invencível porque não há algemas que prendam um morto. Errou, é certo, mas a morte de valente, expiatória e heróica, redime os maiores erros. Bem merece ele o nome de soldado, bem estudada e meditada deve ser a sua História, porque pelo estudo e pela meditação se formam as almas e a alma de um Príncipe para tudo deve estar temperada, até para as maiores desgraças.

Soldado também e como poucos, foi D. Pedro IV. Trabalhou e combateu como soldado e teve a audácia precisa nos lances decisivos, a resignação estóica nas mais dolorosas crises, a presença de espírito nas situações mais difíceis, a decisão rápida e pronta para aproveitar as vitórias. E tanto se lhe enraizaram na alma os brios de soldado que, quando se viu insultado, apupado sem poder desembainhar a espada que tão bem o houvera servido, estalou de dor. As chufas com que o populacho cobarde e ingrato lhe pretendeu enlamear a farda, foram-lhe direitas ao coração, mataram-no.

Estude Vossa Alteza a História desses seus Avós. Leia-a, relei-a, medite-a, estude-a, meta-a bem na cabeça e no coração. Na convivência deles aprenderá Vossa Alteza a ser como eles, forte, justo, simples e verdadeiro. E bem compenetrado do que eles fizeram, conhecendo-lhes a vida dia a dia, sentirá Vossa Alteza que deles vem, que é um deles. Assim sonhará com futuros de glória que se assemelhem a esse passado de grandeza, e sonhar assim é uma felicidade e uma força. Triste do homem que só cuida do presente, que só preza a intimidade dos vivos. Pobre daquele que precisa adormecer para sonhar com o futuro. No olhar saudoso para o que já passou, no imaginar o que há de vir se vai formando a alma, se lhe vão apurando as qualidades, desenvolvendo a força. E chegada a ocasião de as aproveitar, de as pôr em acção, cai-se-lhe em cima como o milhafre sobre a presa e não se deixa escapar. A ciência da vida assemelha-se à arte da guerra, em que numa e noutra é mais preciso que tudo aproveitar as ocasiões e para o fazer é necessário o exercício constante, a trenagem; ora, o estudo e a meditação constituem a trenagem do espírito.

Nasceu Vossa Alteza numa época bem desgraçada para este País. Foi talvez um favor de Deus porque mais na desventura que na felicidade se prova a força do carácter. Em todo o caso é bem certo, meu Senhor, que a vossa história tem sido muito triste porque, convença-se bem Vossa Alteza, os Príncipes não têm biografia, a sua história é, tem de ser a do seu povo. Nessa história, entretanto, há algumas páginas que Vossa Alteza pode ler sem que lhe corem as faces de vergonha, sem que lhe subam aos olhos lágrimas esprimidas do coração triturado de humilhações. Essas poucas páginas brilhantes e consoladoras que há na história do Portugal contemporâneo, escrevêmo-las nós, os soldados, lá pelos sertões da África, com as pontas das baionetas e das lanças a escorrerem sangue. Alguma coisa sofremos, é certo; corremos perigos, passámos fomes e sedes e não poucos prostraram em terra para sempre as fadigas e as doenças. Tudo suportámos de boa mente porque servíamos El-Rei e a Pátria, e para outra coisa não anda neste mundo quem tem a honra de vestir uma farda! Por isso, nós também merecemos o nome de soldados; é esse o nosso maior orgulho.

Tudo é pequeno neste nosso Portugal de hoje! O mar já não é curral das nossas naus, mas sim pastagem de couraçados estranhos; foram-se-nos mais de três partes do Império de além-mar e Deus sabe que dolorosas surpresas nos reserva o futuro. Não tiveram, portanto, as guerras em que agora temos andado, o brilho épico dos feitos dos nossos maiores. Mas no campo restrito em que operámos, com os poucos recursos de que dispúnhamos, não fizémos menos nem pior do que outros bem mais ricos e poderosos.

A que devemos este resultado? A que no homem do povo em Portugal ainda se encontram as qualidades de soldado: a resignação, a coragem fria e disciplinada, a confiança nos superiores e, mais que tudo, a subordinação. E é preciso que Vossa Alteza, soldado por dever e direito de nascimento, se possua bem da ideia de que a subordinação é a primeira de entre as virtudes militares. Já a tenho ouvido alcunhar de renúncia da vontade. Ora, ninguém como o soldado carece de força de vontade, porque mais que em coisa alguma se demonstra ela na prática da obediência. Renunciar ao capricho, ao egoísmo, à indolência, a tudo quanto o vulgar dos homens mais aprecia e estima, ter por único fim servir bem, por único enlevo a glória, por único móvel a honra e a dignidade, não é renúncia da vontade. E se nós que somos soldados somente desde o dia em que nos alistámos e podemos voltar à classe civil de onde saímos, precisamos para tudo de muito querer e saber querer, quanto mais um Príncipe para quem nascer foi assentar praça e que só pode ter baixa para a sepultura!

De vontade e vontade de ferro precisará Vossa Alteza no duro mister para que Deus o destinou. Houve Reis, meu Senhor, que para desgraça dos seus povos adormeceram no trono em cujos degraus haviam nascido e nesse dormir esqueceram a missão que lhes cumpria desempenhar. No fim do século passado, o povo francês sacudiu-os de forma tal que os deveria ter acordado para sempre e, desde então, Príncipe que dormitasse no trono acordava no exílio. Assim deve ser. Castiga-se a sentinela que se deixa vencer pelo sono e o Rei é uma sentinela permanente que não tem folga porque, nomeado por Deus, só Ele o pode mandar render e então envia-lhe a morte a chamá-lo ao descanso. Enquanto vive tem o Rei de conservar os olhos sempre bem abertos, vendo tudo, olhando por todos. Nele reside o amparo dos desprotegidos, o descanso dos velhos, a esperança dos novos; dele fiam os ricos a sua fazenda, os pobres o seu pão e todos nós a honra do país em que nascemos, que é a honra de todos nós!

Para semelhante posto só pode ir quem tenha alma de soldado. Porque ser soldado não é arrastar a espada, passar revistas, comandar exercícios, deslumbrar as multidões com os doirados da farda. Ser soldado é dedicar-se por completo à causa pública, trabalhar sempre para os outros. E para se convencer, olhe Vossa Alteza para o soldado em campanha. Porventura vê-o só a marchar e a combater? Cava trincheiras, levanta parapeitos, barracas e quartéis, atrela-se às viaturas, remenda a farda, cozinha o rancho e o que tem de seu trá-lo às costas, na mochila. Desde os misteres mais humildes até ao mais sublime, avançar de cara alegre direito à morte, tudo faz porque todo o trabalho despido de interesse pessoal entra nos deveres da profissão. Trabalho gratuito, sempre, porque o vencimento do millitar, seja pré, soldo ou lista civil, nunca é remuneração do serviço, por não haver dinheiro que pague o sacrifício da vida.

É assim que, por mais que espíritos desorientados tenham querido obliterar as tradições de honra do Exército, a profissão entre todas nobre, foi, é e há de ser sempre a militar porque nela se envolve tudo que exige a anulação do interesse individual perante o da colectividade. É por isso que ninguém como o Rei tem de se esquecer de si para pensar em todos, por isso que ninguém como Ele tem de levar a abnegação ao maior extremo, ninguém como ele precisa de ser soldado na acepção mais lata e sublime desta palavra, soldado pronto da recruta em todas as armas, instruído em todos os serviços, desde o de cavalaria que, numa galopada desenfreada através de uma saraivada de balas, vai completar com a carga a derrota do inimigo, até ao do maqueiro que vai buscar os feridos à linha de fogo, ao enfermeiro que deles cuida na ambulância. Tão bom Rei, tão bom soldado foi D. Pedro V nos hospitais, como outros nos campos de batalha, porque a coragem e a abnegação são sempre grandes e nobres, seja onde fôr que se exerçam, e tudo que é grande e nobre é próprio de Rei e de soldado.

Não faltará ensejo a Vossa Alteza de revelar aquelas qualidades. Não lhe escassearão por certo provações e cuidados, revezes que trazem o desconforto ao espírito, lances dolorosos que desconsolam da vida. Para todos eles carece Vossa Alteza de estar preparado, temperado pela educação, pelo estudo dos bons exemplos, pela firme vontade de vir a ser um Príncipe digno desse nome e do da sua Casa. E para ser Príncipe é preciso primeiro que tudo ser Homem.

Se para descanso de seu espírito vaticinasse a Vossa Alteza um futuro risonho de despreocupações e gozos, faltaria por completo ao meu dever. Ao escolher-me para vosso Aio, disse-me El-Rei: “Faze dele um homem e lembra-te que há de ser Rei”. Proporcionando a Vossa Alteza o conhecimento do que fizeram em África os seus mais leais servidores, apontando-lhe com seu exemplo, procurando temperar-lhe a alma para as mais duras provas por que pode vir a passar, não faço mais que cumprir as ordens de El-Rei e procurar, como tenho sempre feito, corresponder à confiança de Sua Majestade. A Vossa Alteza cumpre realizar as esperanças de seu Augusto Pai e nosso Rei, as esperanças de todos os Portugueses.

Que Deus o guie e proteja nesse difícil e glorioso caminho, é o mais ardente voto do Seu Aio muito dedicado
Joaquim Mouzinho

sábado, 25 de janeiro de 2020

1 de Fevereiro de 1908 – A Data Mais Negra da Nossa História

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‘A data de 1 de Fevereiro de 1908 é a mais negra de toda a nossa História. Sabe-se que o duplo regicídio de D. Carlos e do Príncipe Real seu filho não foi a obra individual de um facínora, de um niilista ou de um doido. Foi a tremenda execução de uma sentença friamente lavrada por um conluio revolucionário.

Alguns indivíduos aparentemente normais, serenos, senhores de si, tendo talvez um lar, tendo uma família, gozando amplamente a saúde, a liberdade, a alegria de viver, reúne-se em tertúlia política e por uma dissidência de partido resolvem por unanimidade matar um homem e uma criança.

(…) Do Rei que ele foi me permito consignar apenas que monstruosamente o assassinaram no preciso momento culminante em que, perante o abjecto rebaixamento dos costumes políticos do seu tempo, ele empreendia como Chefe do Estado a mais profunda, a mais decisiva obra de remodelação administrativa, de renovamento moral e de saneamento público de que jamais fora objecto, desde a sua origem até então, o corrompido e viciado regime constitucional.

Lucidamente cônscio de que nesse aventuroso lance arriscava talvez a coroa e a vida, ele não vacilou um instante, e encarando a morte caminhou firme e resolutamente para ela, amortalhado, como os heróis e os mártires, na resplandecente convicção do dever cumprido.’

Ramalho Ortigão | Artigo “El-Rei Dom Carlos I de Portugal” de 21 de Janeiro de 1913

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

1 de Fevereiro: não esqueceremos!


Na passagem de mais um ano sobre o trágico regicídio, a Real Associação de Lisboa cumpre o doloroso dever de mandar celebrar uma missa de sufrágio pelas almas de Sua Majestade El-Rei Dom Carlos I e de Sua Alteza Real o Príncipe Dom Luiz Filipe, no próximo dia 1 de Fevereiro de 2020 (Sábado), pelas 18:00, na Igreja de São Vicente de Fora, com a Celebração Eucarística a cargo do Reverendo Padre Gonçalo Portocarrero de Almada. 
Depois da celebração eucarística terá lugar a romagem ao Panteão Real, onde Suas Altezas Reais os Senhores Duques de Bragança deporão uma coroa de flores junto aos túmulos reais.
Para mais esclarecimentos contacte-nos através do endereço secretariado@reallisboa.pt, pelo telefone 21 342 81 15 ou presencialmente na nossa sede de segunda a sexta-feira das 11:00 às 14:00. 
É importante a presença de todos, contamos consigo!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

AS CONDECORAÇÕES E O PR


“Foge cão que te fazem barão.
Para onde se me fazem visconde?”
Almeida Garrett

Fez há pouco nove meses, que o Presidente da República (PR) se deslocou a um hospital onde jazia no seu leito de morte, um português com “P” grande a fim de o condecorar, o que fez, atribuindo-lhe o Grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

O seu nome era Victor Manuel Tavares Ribeiro e estávamos a 23 de Março de 2019.

Victor Ribeiro faleceu poucas horas depois, não sem antes ter sido contemplado com a condecoração maior: ter recebido a graça do Baptismo.

Há poucas semanas (a 19 de Dezembro) Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) deu um salto a outro hospital para condecorar o Almirante Nuno Vieira Matias, desta vez com a Grã-Cruz da mesma ordem.

O Almirante Matias esteve para ser condecorado durante uma visita programada à Sociedade Histórica para a Independência de Portugal, sita no Palácio Almada (vulgo da Independência) no pretérito dia 27 de Novembro, visita entretanto adiada.

O que coincidiu com uma queda do supracitado que o obrigou à baixa hospitalar.

Já a 30 de Dezembro o PR entendeu condecorar o treinador de futebol Jorge Jesus com o grau de Comendador da mesma Ordem, tendo a mesma sido ventilada pública e previamente tendo MRS, na sua incontinência verbal, dito qualquer coisa como “o meu instinto é condecorá-lo já, mas vou consultar o Conselho das Ordens”.

Imagina-se que o Conselho das Ordens há-de ter apreciado muito esta “subtil” maneira de o pressionar…

 A Ordem do Infante D. Henrique foi, recorda-se, criada nos tenebrosos tempos do “Estado Novo” (imagine-se), em 1960, para comemorar o 5º centenário da morte do Infante D. Henrique, destinando-se a (redacção de 1962) “distinguir os que houvessem prestado serviços relevantes a Portugal no país e no estrangeiro e serviços na expansão da cultura portuguesa ou para o conhecimento de Portugal, sua história e seus valores”.

A Ordem do Infante D. Henrique tem vários graus, a saber:

O Grande Colar (apenas destinado a Chefes de Estado); a Grã-Cruz; o Grande Oficial; Comendador; Oficial e Cavaleiro/Dama.

São já imensas as veneras atribuídas pelo actual PR (embora ainda não tenha batido “records” anteriores), o que só tem concorrência no número de “selfies” tiradas e nas deslocações efectuadas.

Bom, é sempre melhor distribuir condecorações e títulos, do que censuras e castigos, mas o que está em causa é porventura a precipitação (veja-se o caso da atribuição do nome do Ronaldo ao Aeroporto do Funchal) e sobretudo a Justiça com que se fazem as coisas. E a Justiça tem dois andamentos: a absoluta e a relativa.

Existe ainda outro ponto assaz importante a ter em conta: a vulgarização. Ora a vulgarização leva ao descrédito, o que na sua vertente extrema levará a que uma condecoração seja tida como um “castigo” e à descredibilização de quem a atribui, o que levará naturalmente a que qualquer agraciado, com vergonha na cara, possa recusar a “distinção”.

Os casos de várias (são já muitas) personalidades condecoradas, nomeadamente em cerimónias do 10 de Junho (Dia de Portugal e portanto a data mais importante para se condecorar alguém, o que já de si deveria constituir uma distinção adicional), que mostraram e, ou veio a saber-se, não serem dignas de as terem recebido, com a dúvida pública instalada, se as mesmas deveriam ser retiradas aos agraciados, não tem ajudado nada.

Mesmo nada.

Ora se atentarmos nos exemplos apontados – e não queremos com isto estar a comparar as pessoas como tal – verificamos que Victor Ribeiro que foi um ex-combatente do Ultramar, que nunca virou as costas ao perigo; muito competente profissional da Aviação Civil (Comandante de Linha Aérea) e a quem o país deve uma parte da vitória do 25 de Novembro, pois estando já fora do serviço activo militar, foi convocado para os “Comandos” e comandou uma das companhias que ajudou a salvar Portugal de uma guerra civil e de uma ditadura odiosa de esquerda, está ao mesmo nível de um treinador de futebol que ao fim de 50 anos aprendeu que o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral (esquecendo-se de acrescentar “oficialmente”).

Não tenho nada contra os treinadores de futebol, mas tenho mais-valias a acrescentar a muitas outras coisas. Nomeadamente ao que Victor Ribeiro e Vieira Matias fizeram. Neste último a disparidade é um pouco menor dado que foi contemplado com dois graus acima (Grã-Cruz). Mas mesmo assim a diferença afigura-se muita.

Vieira Matias foi um muito bom e considerado marinheiro e oficial da Armada, com duas comissões em Angola e na Guiné, que acabou a sua carreira militar como Chefe de Estado-Maior da Armada, que entre muitas outras coisas (positivas) que fez, teve a presciência de colocar de alerta e pronta a zarpar, uma força naval para actuar na Guiné-Bissau, numa altura crítica em que nacionais e interesses portugueses estiveram em risco, e o Governo Português estava a dormir na forma.

Tem lutado sempre pela importância do Mar na vida nacional portuguesa e é sem dúvida um patriota, um homem de saber, de carácter e um académico distinto.

Comparar estes exemplos profissionais de vida com outros que dirigem uns quantos atletas que têm jeito para dar chutos numa bola, por mais que isso divirta a mole humana e nos massacre nas pantalhas da televisão, parece-me um pouco como confundir a “estrada da Beira com a beira da estrada”…

E cabe às entidades de maior hierarquia do Estado, dada a sua responsabilidade, dar o exemplo e promover os bons exemplos.

Mas o que mais choca nestes eventos é que, enquanto a Jorge Jesus – de quem estimamos a simplicidade e autenticidade – foi dada ampla promoção mediática (abertura de telejornais!) com a distinção da mesma ter sido efectuada no Palácio de Belém, perante muitos convidados e as duas outras condecorações terem sido atribuídas quase em segredo, perante meia dúzia de pessoas mais chegadas, tendo sido ignoradas pela comunicação social. Apesar também da distinção que a deslocação do PR comporta.

Será que os serviços da presidência se esqueceram de avisar os homens da pena, do microfone e da câmara?

Porque é que não há uma coisa que bata certo nesta malfadada III República?

As palavras de Garrett fazem-nos pensar que a natureza humana não muda mesmo e aquilo que se vai aprendendo não é lá grande coisa.


João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (Ref.)

Fonte: O Adamastor

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Papa Bento XVI explica por que razão sacerdócio e celibato são indissociáveis


Tem sido um tanto polémica a participação do Papa Bento XVI no mais recente livro do Cardeal Sarah. Mas passando à frente as polémicas vale a pena ler este trecho, no qual o Papa Bento fala da ligação entre sacerdócio e celibato, desde o início da Igreja:

A celebração diária da Eucaristia, que implica um estado permanente de serviço a Deus, não deixa espontaneamente a impossibilidade de um vínculo matrimonial. Pode-se dizer que a abstinência sexual, que foi funcional, se transformou em abstinência ontológica. (...) 

Actualmente, é muito fácil afirmar que tudo isto é simplesmente a consequência de um desprezo pela corporalidade e pela sexualidade. (...) 

Tal julgamento está errado. Para provar isso, apenas temos de lembrar que a Igreja sempre considerou o casamento como um presente concedido por Deus do céu na Terra. No entanto, o estado conjugal diz respeito ao homem na sua totalidade e, como o serviço do Senhor também exige o dom total do homem, não parece possível realizar as duas vocações simultaneamente. Assim, a capacidade de renunciar ao casamento para se colocar totalmente à disposição do Senhor é um critério para o ministério sacerdotal. 

Quanto à forma concreta de celibato na Igreja antiga, deve-se salientar que os homens casados ​​só poderiam receber o sacramento das Ordens Sagradas se se tivessem comprometido com a abstinência sexual, ou seja, com um casamento Josefino. Tal situação parece ter sido bastante normal durante os primeiros séculos.

Papa Bento XVI no livro 'Do profundo dos nossos corações'

Fonte: Senza Pagare

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Almoço-Debate com SAR o Senhor Dom Duarte de Bragança

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Almoço-Debate com S.A.R. o Senhor Dom Duarte de Bragança, Duque de Bragança

11 de Março de 2020

Tema: "A presença das Comunidades Luso-descendentes no mundo"

Inscrições: http://icpt.pt/inscricao-evento-3/

Inscrições: €50,00 Não Associados
(35€ Associados)
IBAN PT50 0010 0000 4424 8300 00134

Por favor, envie o comprovativo de pagamento para geral.icpt@gmail.com

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Roger Scruton (1944-2020): In Memoriam

Não se conserva para o passado: conserva-se para o futuro. Só se conserva o que é do outro que já morreu para o que ainda não nasceu. O conservador – cada um de nós – é a ponte do ser entre dois nadas

O coração do pensamento ocidental é como um daqueles trípticos devocionais de Hieronymus Bosch cujo conjunto é renovadamente dedicado às ideias capitais do verdadeiro, do bom e do belo. A ideia do verdadeiro escoltando a nossa busca cognitiva (interior e exterior), a ideia do bom norteando a nossa oscilação ética (privada e pública) e a ideia do belo inspirando a nossa vocação estética (natural e artística).
Farrapos de osso, oxigénio e carbono a boiar à toa num mundo desprovido de sentido oculto, escapulimo-nos de uma condenação irremissível ao absurdo agarrados à entrançada corda de salvação destas três ideias: sem o verdadeiro, jamais teríamos imaginado que o espaço-tempo pode ser deformado como um colchão ou que o ADN tem hélices como as videiras; sem o bom, jamais teríamos desvendado que todos os seres humanos nascem iguais em dignidade ou que a vida humana é sagrada e inviolável; sem o belo, jamais teríamos chorado diante um rosto de Rembrandt ou de rosáceas de catedral — ou do adagietto da quinta de Mahler.
E sendo o verdadeiro, o bom e o belo o tripé em que assenta, e se conserva, o edifício da civilização ocidental, poucos se dedicaram tanto e tão inabalavelmente à sua defesa como Roger Scruton, infatigável no seu aviso de que «viramos as costas à beleza» quando nos esquecemos da importância de conservar: «O conservadorismo é sobre conservar as coisas: (…) as coisas boas que admiramos e valorizamos, e que, se não cuidarmos delas, podemos perder». O conservadorismo, ismo de reputação questionável em tempos de ismos que não admitem questionamento, corresponde essencialmente ao «sentimento de que as coisas boas são facilmente destruídas, mas não facilmente criadas».
O conservadorismo de Scruton, no entanto – tão intempestivamente límpido para gostos contemporâneos tão inclinados para «yet another bundle of facetious ephemera» –, não deve ser confundido com os espantalhos reaccionários apressadamente amarrotados e amontoados pelos seus estridentes detractores. Conservar não é paralisar: é impedir a deterioração. Ninguém conserva senão aquilo em cuja perpetuação acredita. Conservar é combater a própria morte. Ninguém se dispõe a morrer senão por algo que sobreviva ao seu próprio cadáver. Conservar não é canonizar o passado: conservar é apostar no futuro. Não é por acaso que os milenares Dez Mandamentos estão conjugados no futuro: «Não matarás». Não se conserva para o passado: conserva-se para o futuro. Não conservo o habeas corpus ou a Pietà ou as suites para violoncelo de Bach porque um dia foram objecto de fruição dos meus avós, mas para que um dia sejam objecto de fruição dos meus netos. E dos netos dos meus netos. Conservar é doar: é doar a vida por doer a morte: só se conserva o que é do outro que já morreu para o outro que ainda não nasceu. O conservador – isto é, cada um de nós – é a ponte do ser entre dois nadas.
E o aço, paradoxalmente impalpável, dessa ponte do ser entre dois nadas que somos é aquilo a que Scruton chama civilização: «É certamente uma forma de conexão entre as pessoas, não apenas uma maneira pela qual as pessoas entendem as suas línguas, os seus costumes, as suas formas de comportamento, mas também a maneira pela qual elas se conectam umas às outras, olho no olho, face a face, na vida quotidiana que compartilham.» E as principais características da civilização ocidental, cuja herança tem sido futilmente desbaratada nos raros momentos em que não está a ser ferozmente atacada, são, segundo Scruton, a abrangência, a universalidade, a generosidade. Numa palavra: o dar(-se).
Por causa da reverência que a modernidade presta aos «tolos, impostores e incendiários» que têm entolecido, imposturado e incendiado a civilização ocidental, na qual não vêem senão uma longa marcha (neo, paleo e provavelmente não-binária) colonialista, padecemos de um grave equívoco quanto àquilo que na verdade constitui uma civilização. Uma civilização não é uma «estrutura» (palavra sempre em voga): uma civilização é, antes de tudo, símbolo. Etimologicamente, symbolon é uma palavra grega formada por syn-, «junto», + ballein, «atirar, lançar», sugerindo portanto algo que junta ou une, algo que atira para a junção, a união, o encontro. A curiosa antítese etimológica de symbolon é diabolos: o diabo ou o diabólico é aquilo que atira para a separação, para a alienação – para o ódio. Diabólico é, portanto, tudo aquilo que nos separa uns dos outros. Mesmo nos ecos de uma língua morta é possível ainda aos vivos escutarem aquilo que nunca deixou de falar deles. A civilização é símbolo, é aquilo que nos une. A dicotomia entre ter e ser é, pois, pífia. A civilização só é algo que temos porque é, antes disso, aquilo que somos. A pergunta, diz Scruton, é inevitável: «se não percebemos o que somos, como podemos defender o que temos?». A civilização é um livro que escreve os seus leitores, carregando-os debaixo dos braços que o carregam. A civilização é aquilo que conserva os seus conservadores.
A civilização ocidental parece caminhar em direcção à decadência, ao ocaso, ao abismo, atraída pelo chinfrim dos flautistas niilistas da sua própria etimologia: o Ocidente, confessa o étimo, é a terra onde o sol se põe. Scruton, o ocidental, já se pôs. E, com a sua deposição, também o sol, no Ocidente, se pôs mais um pouco e se pôs mais fundo. Está de facto mais escuro o céu desde 12 de Janeiro de 2020. Mas apesar de, com a descida à terra de Scruton, ter ficado mais escuro na terra onde o sol se põe, a hora, embora triste, não pode ser de desânimo. Porque a luminosa lição de Scruton – «why beauty matters?» – autoriza-nos a imaginar que, no momento em que escureceu na terra onde o sol se põe, o filósofo já saudoso soube respirar fundo, abrir os olhos uma última vez e dizer: «Que belo se põe o sol».
Fonte: Observador

domingo, 19 de janeiro de 2020

Conferência NP: Pensar um Portugal livre numa Europa de nações livres

A imagem pode conter: 7 pessoas, pessoas a sorrir, texto que diz "Europa federal ou Europa de nações livres? Portugal entre a Portugalidade e a absorção Debate animado por Miguel Castelo Branco Rafael Pinto Borges 23 de às Casa da Comarca Rua Rua da Madalena, 171, Lisboa portugalidade nova"

Todos o sabemos, por muito que o instinto natural do nosso povo pareça ser, infelizmente, o de tentar afastar as dificuldades evitando pensar nelas: a União Europeia, pela menos na sua forma actual, tem os dias contados. Em meia Europa, forças eurocépticas estão a uma vitória eleitoral de repetir o Brexit nos seus países, que podem ser a Itália ou a França. E a pressão do Euro e da centralização burocrática fez do nosso continente o que menos cresce economicamente no mundo. Preparar Portugal para as dificuldades através do reforço do espaço lusíada e da nossa soberania de Estado, assim como pela proposta de uma Europa reformada e assente em Estados-nação livres, é talvez a mais importante questão política do nosso tempo. A Nova Portugalidade abre-se na Quinta-feira à sociedade para discuti-la, sem medos nem dogmas. Porque o bem de todos os exige, e porque a NP existe para o serviço do país.


sábado, 18 de janeiro de 2020

Gramscianismo ou Marxismo Cultural


Deste modo, a principal estratégia revolucionária, além da guerrilha em países subdesenvolvidos, é a descoberta por António Gramsci e hoje em dia aplicada pelos partidos comunistas. Trata-se de conquistar o poder por meio do domínio da Cultura, das instituições tradicionais, do desarmamento ideológico. O objectivo não é ganhar eleições e ter votos: é eliminar a influência da Igreja, conquistar a Universidade e a Escola, controlar o Exército, possuir os meios de comunicação, bombardear a população com novos conceitos, fazendo as pessoas mudar a sua mundivisão. Em resumo: é a conquista ideológica do Estado, que uma vez efectuada, é seguida pela tomada do poder.

É neste sentido que os esforços se encaminham e não há dúvida que esta estratégia revolucionária parece ser a mais adequada às sociedades modernas, tão vulneráveis e com tantos pontos-chave. Na rota para este objectivo, de pouca relevância será o resultado das votações, porque não é aí que assenta a manobra. Muito mais importante se revelará o domínio de um jornal, a conquista de uma empresa, o controle de um bispo ou de um general, a publicação de uma revista pornográfica, a criação de um grupo de intelectuais afectos às directivas do partido.

António Marques Bessa e Jaime Nogueira Pinto in «Introdução à Política», 1977

Fonte: Veritatis

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

O Homem livre

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Há uma frase extraordinária do frère Luc no filme “Dos homens e dos Deuses”: “Laissez passer l’homme libre”. Confrontado com a escolha entre ficar e proteger a comunidade que tinha ajudado a consolidar nas suas diferenças ou salvando a vida partindo, escolheu, em plena liberdade, ficar. Um homem livre é mestre da sua vida, consciente do impacto das suas escolhas, lúcido no seu papel de mudança que assume ter e sem o qual não pode existir.

Profissionalmente, na vida privada ou pública, na sua terra ou o seu país mas que tem sempre em conta o todo e nunca, ou apenas, o interesse individual. Precisamos de homens e mulheres com esse espírito, que conheçam e defendam a identidade da sua comunidade através de uma ecologia humana com base na coesão sustentada do território e das populações. Que promovam o bem estar das comunidades no seu todo, que contribuam para a solidificação da identidade colectiva que necessita de um motor de unidade entre norte e sul, interior e centros urbanos, que sejam capazes de ir contra os interesses oligárquicos que dividem os portugueses, atentam contra a nossa soberania e delapidam o património humano do nosso país. Talvez agora mais do que nunca.

Precisamos de exemplos a seguir, de pessoas de hoje cujos percursos de vida sejam para nós referência e nos ajudem a construir este caminho. Gonçalo Ribeiro Telles é tudo isso e, portanto, um homem livre.

Acredito que me acompanham no agradecimento de todo o país à sua figura que a criação do “Prémio Gonçalo Ribeiro Telles para o Ambiente e Paisagem” traduz. Uma iniciativa conjunta da Causa Real, do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, da Ordem dos Engenheiros e da Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas, entidades que representam parte da sua vida e da sua obra e que hoje nos traz aqui.
A sua profunda consciência cívica e o seu empenho na causa pública, sempre em defesa de Portugal são o melhor dos guias e dos exemplos do que é de facto ser monárquico e, acima de tudo, português. Viu o que quase mais ninguém queria ou conseguia ver em relação ao futuro do país e afirmou-o sempre mesmo quando era muito mais fácil (e seguro) não o fazer. Sem nunca desistir, convicto daquilo que defendia, em espírito de missão e ao serviço de Portugal. Como consta do regulamento do prémio, ele “será concedido a uma personalidade que tenha sido protagonista de uma intervenção relevante e com impacte na interface entre a sustentabilidade ambiental e da paisagem urbana em Portugal e que possa ser, ela própria, exemplo para outros.” E que esses outros possam, também eles, contribuir construtivamente para uma nova visão do país que promova e defenda o futuro e o bem estar da sociedade.

Que venham mais homens e mulheres livres.

É deles que Portugal precisa.

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Fonte: Causa Real