quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

SAR D. DUARTE PIO, DUQUE DE BRAGANÇA: "Portugal desenvolveu o Império do Espírito Santo no mundo"


O Duque de Bragança, SAR D. Duarte Pio, recebeu no início da semana, em Macau, o Prémio do Património para a Paz, galardão atribuído pela Fundação Sino-Phil Asia International, que distingue o contributo que deu à autodeterminação do povo timorense. Durante a breve passagem por Macau e por Hong Kong, o chefe da Casa Real Portuguesa fez questão de acompanhar a procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos e de visitar o Club Lusitano. D. Duarte Pio em entrevista a’O CLARIM.

O CLARIM – Acaba de ser distinguido pela Fundação Sino-Phil Asia International com o Prémio do Património Para a Paz. Que significado atribui a este prémio, ainda mais tendo a cerimónia decorrido em Macau?

DOM DUARTE PIO – Quando me disseram que me queriam atribuir o Prémio e que estavam a pensar fazê-lo nas Filipinas, onde os demais prémios foram atribuídos, eu pedi que a cerimónia fosse conduzida em Macau, porque achei que era mais interessante do que sendo nas Filipinas.

CL – Como é que convive com esta distinção de pacificador, de obreiro da paz? Não é para todos…

D.D.P. – Eu descobri que a minha posição familiar, de representante da Casa Real Portuguesa, tem um grande impacto, em todo o caso nos países lusófonos e em geral na Ásia e em África, nos países onde ainda prevalecem monarquias fortes. Por exemplo, na Tailândia fui convidado pela Família Real, dado que possui por si só alguma relevância. Lembro-me, por exemplo, de que quando estive no Japão fui fazer uma visita ao Imperador e o Imperador, na despedida, veio comigo à porta de casa. O “chauffeur” do hotel, que me tinha ido levar, ficou tão impressionado que telefonou para a direcção e quando chegámos ao hotel estavam os responsáveis todos à porta para me cumprimentar, porque eu tinha sido cumprimentado pessoalmente pelo Imperador. Depois acabaram por dar ordem para mudar o meu quarto, porque eu tinha procurado o quarto mais barato que havia naquele hotel, porque era um hotel bastante caro. Puseram-me numa suíte pelo preço do quarto mais pequeno. Mas isto ajuda muito, esta posição familiar. Depois, de facto, há as minhas posições pessoais, que em geral, as pessoas de bom senso – algumas podem não concordar, mas pelo menos aceitam – consideram que são válidas. Por isso é que eu sou muito bem aceite, por exemplo, desde o Partido Comunista até aos meios, enfim, mais conservadores. Por exemplo, o meu visto para entrar na Indonésia, que era necessário para ir a Timor, diz “Rajah de Portugal”, e os rajás indonésios são pessoas muito importantes ainda. Representam as antigas famílias reais indonésias. E isto de ser rajá de Portugal dá-me logo uma facilidade de contactos de alto nível que outras pessoas não têm.

CL – É um facto que em relação a Timor-Leste, D. Duarte antecipou de certa forma esta causa, que só depois se tornou uma causa de todo o Portugal…

D.D.P. – Porque os políticos tinham desistido. Achavam que não se justificava continuar em conflito com a Indonésia por causa do caso de Timor, sobretudo quando os Estados Unidos já estavam alinhados com a Indonésia, não estavam contra. Esqueceram-se que, em primeiro lugar, o papel de um governante português é proteger Portugal, muito antes de qualquer outro papel que possa ter. Proteger politicamente, militarmente, economicamente e de todas as maneiras. E isto é algo que muitos políticos, simplesmente, esquecem. Isto, por um lado. Por outro, eu podia ajudar muito mais os nossos Governos se eles aceitassem, exactamente por causa da facilidade de contacto. O único país, digamos importante, que eu não visitei – e tenho algumas dúvidas se vou visitar – é a Coreia do Norte.

CL – Visitou Macau em períodos diferentes. Como vê a evolução do território ao longo dos anos?

D.D.P. – Sim. Há aspectos que são sempre delicados. Por exemplo, eu acho que se devia ter evitado, e devia-se evitar para o futuro, deixar construir demasiado, pelo menos na Península; e se houver construções a fazer, seria preferível fazê-las nas ilhas ou onde entendessem melhor, mas não na parte histórica da cidade. Isso é um cuidado que seria importante ter. No entanto, é notável que políticos que não têm nada que ver com a História de Portugal tenham manifestado este cuidado de preservar, também, o património cultural de Macau.

CL – Património que não é só património físico…

D.D.P. – Não, não. Património espiritual!

CL – Fez questão de participar na procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos…

D.D.P. – É muito emocionante e é muito interessante ver que uma procissão que em Portugal existe há séculos e que aqui existe há mais de quatrocentos anos, continue a ter uma expressão espiritual tão forte. Havia uma rua inteira cheia de gente a seguir a procissão. A devoção a Cristo e à Virgem Maria é algo que, felizmente, os nossos antepassados souberam introduzir aqui de maneira profunda e que ficou até hoje. Muitas das pessoas que vi na procissão, foi-me explicado que nem sequer eram católicas. Eram budistas, eram taoistas ou protestantes, mas para elas é muito importante participar.

CL – Esta componente religiosa, esta componente do Catolicismo, faz parte também do legado que Portugal deixou ao mundo?

D.D.P. – Bem, é o principal e é o pretexto ou o motivo pelo qual os Reis de Portugal se aperceberam que tinham a obrigação de levar essa fé para o mundo. Primeiro, o pensamento do Rei D. Dinis e da Rainha Santa Isabel, depois a ideia do Quinto Império, que era um império espiritual, não era um império político, pois o papel de Portugal não era o de criar um império político, mas desenvolver o Império do Espírito Santo no mundo. Por isso é que, se repararem bem, praticamente não há conquistas portuguesas no desenvolvimento do Império. É tudo por alianças, por acordos. As únicas guerras que tivemos foram contra-ataques, quando fomos atacados, sobretudo pelos aliados dos turcos, do Império Otomano.

CL – Uma última questão, que é também uma pequena provocação. Foi acompanhado neste périplo a Oriente pelo seu filho, D. Dinis, Duque do Porto. Se Portugal fosse uma monarquia, o seu filho mais velho, D. Afonso, seria o próximo Chefe de Estado. Acredita que um dos seus filhos pode vir a ser Rei de Portugal?

D.D.P. – Depende do raciocínio lógico dos portugueses. Se pensarmos com lógica, em Portugal, se procurarmos perceber que instituição funciona melhor hoje em dia na Europa e no mundo, se são os regimes republicanos ou as monarquias, basta comparar. Monarquias com problemas de desonestidade a nível governamental há muito poucas. É muito raro! E em geral são problemas secundários. Repúblicas que não são democráticas e que são muito corruptas, uma grande parte delas.


Fonte: O Clarim

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

A Penitência pedida pelo Céu, que é odiada pelo Mundo

Se há um conceito radicalmente estranho à mentalidade contemporânea, é o de penitência.
 
O termo e a noção de penitência evocam a ideia de um sofrimento que infligimos a nós mesmos para expiar culpas próprias ou de outros e para nos unirmos aos méritos da Paixão redentora de Nosso Senhor Jesus Cristo. O mundo moderno rejeita o conceito de penitência porque está imerso no hedonismo e porque professa o relativismo, que é a negação de qualquer bem pelo qual valha a pena sacrificar-se, a menos que não seja a procura do prazer.
 
Só isso pode explicar episódios como o furioso ataque mediático em curso contra os Franciscanos da Imaculada, cujos conventos são retratados como locais de sevícias, apenas porque neles se pratica uma vida austera e penitente. Usar o cilício ou imprimir sobre o próprio peito o monograma do nome de Jesus é considerado uma barbaridade, enquanto praticar o sadomasoquismo ou tatuar indelevelmente o próprio corpo é, hoje, considerado um direito inalienável da pessoa.
  
Os inimigos da Igreja repetem, com toda a força de que os media são capazes, as acusações dos anticlericais de todos os tempos. O que é novo é a atitude daquelas autoridades eclesiásticas que, em vez de tomarem a defesa das religiosas difamadas, as abandonam, com secreta satisfação, ao carrasco mediático. A complacência surge da incompatibilidade que existe entre as regras a que estas religiosas insistem em conformar-se e as novas normas impostas pelo “catolicismo adulto”.
 
O espírito de penitência pertence, desde o início, à Igreja Católica, como nos recordam as figuras de São João Baptista e Santa Maria Madalena, mas, hoje, também para muitos homens da Igreja qualquer referência a antigas práticas ascéticas é considerada intolerável. No entanto, não há doutrina mais razoável do que aquela que estabelece a necessidade da mortificação da carne. Se o corpo está em revolta contra o espírito (Gl 5, 16-25), não é razoável e prudente castigá-lo?
 
Nenhum homem está livre do pecado, nem sequer os “cristãos adultos”. Portanto, quem expia os próprios pecados com a penitência não age de acordo com um princípio que é tão lógico quanto salutar? As penitências mortificam o ego, dobram a natureza rebelde, reparam e expiam os pecados próprios e de outros. Se, depois, consideramos as almas amantes de Deus, que procuram a semelhança com o Crucifixo, então a penitência torna-se uma necessidade do amor. São célebres as páginas do De Laude flagellorum, de São Pedro Damião, o grande reformador do século XI, cujo mosteiro de Fonte Avellana era caracterizado por uma extrema austeridade nas regras. «Desejaria sofrer o martírio por Cristo – escreveu –, mas não tenho oportunidade; mas, submetendo-me aos golpes, manifesto, pelo menos, a vontade da minha alma ardente».
 
Na história da Igreja, cada reforma ocorreu com o intuito de reparar, com as austeridades e as penitências, os males da época. Nos séculos XVI e XVII, os Mínimos, de São Francisco de Paula, praticam um voto de vida quaresmal que lhes impõe a abstenção perpétua não só de carne, mas de ovos, leite e todos os seus derivados; os Recolectos consomem a própria refeição no chão, misturam cinzas na comida, estendem-se, diante da porta do Refeitório, debaixo dos pés dos Religiosos que entram; os Irmãs de São João Deus preveem, nas suas constituições, «comer no chão, beijar os pés dos irmãos, sofrer repreensões públicas e acusar-se publicamente».
 
Análogas são as Regras dos Barnabitas, dos Escolápios, do Oratório de São Filipe de Néri, dos Teatinos. Não há instituto religioso que não preveja, nas suas constituições, a prática do capítulo das culpas, a disciplina várias vezes na semana, os jejuns, a diminuição das horas de sono e de descanso.
 
Bento XIV, que era um Papa manso e equilibrado, confiou a preparação do Jubileu de 1750 a dois grandes penitentes, São Leonardo de Porto Maurício e São Paulo da Cruz. Frei Diogo de Florença deixou-nos um diário da missão realizada, na Praça Navona, de 13 a 25 de Julho de 1759, por São Leonardo de Porto Maurício, que, com uma pesada corrente ao pescoço e uma coroa de espinhos na cabeça, se flagelava diante da multidão, gritando: “Ou penitência ou inferno”. São Paulo da Cruz terminava a sua pregação infligindo-se golpes tão violentos que, muitas vezes, algum fiel não resistia mais ao espectáculo e saltava para o palco, correndo o risco de ser atingido, para lhe parar o braço.
 
A penitência foi ininterruptamente praticada, durante dois mil anos, por santos (canonizados e não) que, com a sua vida, contribuíram para escrever a história da Igreja, de Santa Joana de Chantal e Santa Verónica Giuliani, que gravaram o Cristograma, com ferro incandescente, no seu peito, a Santa Teresa do Menino Jesus, que escreveu o Credo, com o seu sangue, no fim do livrinho dos Santos Evangelhos que trazia sempre no coração. Essa generosidade não caracteriza apenas as monjas contemplativas.
 
No século XX, dois santos diplomatas iluminaram a Cúria Romana: o Cardeal Rafael Merry del Val, Secretário de Estado de São Pio X, e o Servo de Deus Mons. Giuseppe Canovai, representante da Santa Sé na Argentina e no Chile. O primeiro vestia, sob a púrpura cardinalícia, uma camisa de crina entrelaçada com pequenos ganchos de ferro. Do segundo, autor de uma oração escrita com o sangue, o Cardeal Siri escreve: «As correntes, os cilícios, os horríveis flagelos à base de lâmina da barba, as feridas, as cicatrizes perseguidas por supervenientes feridas não são o começo, mas o termo de um fogo interior; não a causa, mas a eloquente e reveladora explosão desse. Tratava-se da clareza pela qual, em si mesma e em cada coisa, via um valor para amar a Deus e pela qual via a sinceridade de qualquer outra renúncia interior assegurada no excruciante sacrifício do sangue».
 
Foi na década de 1950 que as práticas ascéticas e espirituais da Igreja começaram a declinar. O P. Giovanni Battista Janssens, Geral da Companhia de Jesus, interveio, mais de uma vez, para chamar os próprios irmãos de volta ao espírito de Santo Inácio. Em 1952, enviou-lhes uma carta sobre a «contínua mortificação», na qual se opunha às posições da nouvelle théologie, que tendiam a excluir a penitência reparadora e a impetratória, e escrevia que jejuns, flagelos, cilícios e outras asperezas devem permanecer escondidas dos homens, segundo a norma de Cristo (Mt 6, 16-8), mas devem ser ensinadas e inculcadas aos jovens jesuítas até ao terceiro ano de provação. As formas de penitência podem mudar ao longo dos séculos, mas o espírito, sempre oposto ao do mundo, não pode mudar.
 
Prevendo a apostasia espiritual do século XX, a própria Nossa Senhora, em Fátima, recordou a necessidade da penitência. A penitência nada mais é do que a rejeição das falsas palavras do mundo, o combate contra os poderes das trevas, que lutam, com os poderes angélicos, pelo domínio das almas e a mortificação contínua da sensualidade e do orgulho enraizados no mais profundo do nosso ser. Apenas aceitando este combate contra o mundo, o diabo e a carne (Ef 6, 10-12) poderemos compreender o significado da visão de que, dentro de um ano [em 2017, n.d.r.], celebraremos o centésimo aniversário.
 
Os pastorinhos de Fátima viram, «ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia que iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que, da mão direita, expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte, disse: Penitência, Penitência, Penitência!».
 
Roberto de Mattei in Radici Cristiane, traduzido para português e publicado por Dies Irae


terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Conversas Reais - 5 de Março

No âmbito do acto eleitoral que se aproxima, a Real Associação de Lisboa promoverá uma sessão do jantar tertúlia "Conversas Reais" no próximo dia 5 de Março, terça-feira, pelas 20:00hs, no restaurante “O Cantinho da Amizade” em Lisboa, na Rua Cruz da Carreira, 36 (junto ao Campo Santana). O convidado especial será José Ribeiro e Castro, actual presidente da Sociedade Independência Histórica de Portugal, que nos virá falar sobre a reforma do sistema político.

O preço do jantar será de 30,00€ por pessoa e poderá reservar o seu lugar através do endereço secretariado@reallisboa.pt, pelo telefone 213 428 115, ou presencialmente na nossa sede, de segunda a sexta-feira das 11:00hs às 14:00hs.

As inscrições, limitadas à capacidade da sala, estarão abertas até segunda-feira dia 3 de Março.

Junte-se a nós!

A Direcção,
Real Associação de Lisboa
Praça Luís de Camões, 46 2° Dto
1200-243 Lisboa
Tlf.: (+351) 21 342 81 15
http://www.reallisboa.pt/

Nota - a Inscrição só é válida após o pagamento, não sendo possível o reembolso em caso de desistência.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

República universal: projecto maçónico


A Maçonaria (diz o Irmão Ragon, autor sagrado da seita, na sua obra Curso Filosófico) não é de país nenhum; não é francesa, escocesa ou americana, etc. É uma e universal: tem muitos centros de acção, mas só um centro de unidade e universalidade. Se ela perdesse esse carácter de unidade e universalidade, deixaria de existir.
Logo, todas as lojas maçónicas, assim como todas as repúblicas e monarquias liberais, por elas dirigidas, obedecem a esse centro comum de unidade, e têm a mesma essência, embora com diverso nome, segundo os fins desse centro.
Diz a Aliança Republicana Universal, organizada em Nova Iorque em 1857: O fim da associação é afirmar o direito de todos os países de mudarem os seus governos em republicanos, de se unirem entre si, para formarem uma solidariedade republicana.
Logo, o fim último que a Maçonaria tem em vista, é formar uma República universal em todo o mundo.
Que terrível futuro nos preparam os tais filantropos!
As palavras principais que o Grão-Mestre dirige à Perfeita-Mestra, quando ela é admitida a este grau, são estas: A principal das vossas obrigações será irritar o povo contra os Reis e os Padres: no botequim, no teatro, nos bailes, trabalhai com esta sacrossanta intenção. (Gautr. pág. 129).
O juramento dos membros da sociedade das Quatro Estações contém estas palavras: Em nome da República, juro ódio eterno a todos os Reis, etc. (Gautr. pág. 129).
Logo, a Maçonaria nem quer Reis, que lhe estorvem as suas maldades, nem Padres, que lhas descubram.
Vê-se, pois, que o fim da Maçonaria, por essência cosmopolita e universal, é estabelecer a todo o custo a República ou Anarquia em todo o mundo, e por consequência tolera a Monarquia constitucional, porque ela na essência é o mesmo que a República, e porque ambas produzem os mesmos efeitos.
Por isso conhece-se com clareza, que ambos estes sistemas foram inventados pela seita maçónica mui de propósito com o fim malévolo de roubar as Nações, e acabar com a Igreja Católica, e com os seus ministros.

Pe. Casimiro José Vieira in «Apontamentos para a História da Revolução do Minho em 1846 ou da Maria da Fonte», 1883.


Fonte: Veritatis

sábado, 24 de fevereiro de 2024

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Aniversário de nascimento do Padre António Vieira

No mesmo dia [6 de Fevereiro], ano de 1608, nasceu em Lisboa o Padre António Vieira da Companhia de Jesus. Foi baptizado na Freguesia da Sé, na mesma pia onde o fora Santo António, cuja língua e espírito soube imitar na eloquência, agudeza, e fervor, com que expôs a palavra Divina, sendo, sem controvérsia, no seu tempo (e o será nos futuros), a glória dos Púlpitos, a luz, e Mestre dos Prégadores. Dele tratamos em outro dia largamente.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744

 

Fonte: Veritatis

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

A Causa Real apoia a luta dos Agricultores Portugueses!

A Causa Real vê com grande preocupação a contínua degradação do sector primário e do mundo rural.

De facto, nos últimos anos os governos de Portugal têm menosprezado o sector agropecuário pondo em perigo não apenas a sobrevivência das nossas empresas agrícolas como a nossa segurança alimentar.

Na realidade, as "políticas agrícolas" parecem mais autênticas ofensivas contra os agricultores do que a prossecução de uma normal e sã política de desenvolvimento económico, levando ao encerramento de numerosas explorações agrícolas e falências no mundo rural.

A desarticulação entre os vários serviços do Ministério da Agricultura, cada vez com menor peso político, e o profundo desconhecimento das especificidades, à falta de planeamento e da realidade concreta da PAC, tem levado à redução dos apoios ao sector agrícola e a uma má gestão das verbas da Política Agrícola Comum.

O mundo rural sempre fez parte do património histórico e político da Causa Real bem como a defesa da agricultura e dos agricultores, não podendo assim calar agora a sua voz contra a verdadeira asfixia sujeita a este importante sector.

Se a agricultura morrer, todos perdemos!

A Causa Real está e estará com os agricultores e o mundo rural.


Fonte: Causa Real

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

9 coisas para saber sobre a Quarta-Feira de Cinzas

 

1. O que é a Quarta-feira de Cinzas?
É o primeiro dia da Quaresma, ou seja, dos 40 dias nos quais a Igreja chama os fiéis a converter-se e a preparar-se verdadeiramente para viver os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo durante a Semana Santa.

2. Como apareceu a tradição da imposição das cinzas?
A tradição de impor as cinzas vem da Igreja primitiva. Naquela época, as pessoas colocavam as cinzas na cabeça e apresentavam-se diante da comunidade com um “hábito penitencial” para receber o Sacramento da Reconciliação na Quinta-feira Santa.
A Quaresma adquiriu um sentido penitencial para todos os cristãos a partir do séc.V, e a partir do século XI começou a impor-se as cinzas no início desse tempo litúrgico.

3. Por que se impõem as cinzas?
A cinza é um símbolo. A sua função está descrita em um importante documento da Igreja, mais precisamente no artigo 125 do Directório sobre a piedade popular e a liturgia:

“O começo dos quarenta dias de penitência, no Rito romano, caracteriza-se pelo austero símbolo das Cinzas, que caracteriza a Liturgia da Quarta-feira de Cinzas. Próprio dos antigos ritos nos quais os pecadores convertidos se submetiam à penitência canónica, o gesto de cobrir-se com cinza tem o sentido de reconhecer a própria fragilidade e mortalidade, que precisa ser redimida pela misericórdia de Deus. Este não era um gesto puramente exterior, a Igreja o conservou como sinal da atitude do coração penitente que cada baptizado é chamado a assumir no itinerário quaresmal. Devem ajudar aos fiéis, que vão receber as Cinzas, para que aprendam o significado interior que este gesto tem, que abre a cada pessoa a conversão e ao esforço da renovação pascal."

4. O que simbolizam as cinzas?
A palavra cinza, que provém do latim "cinis", representa o produto da combustão de algo pelo fogo. Sempre teve um sentido simbólico de morte, expiração, mas também de humildade e penitência.
A cinza, como sinal de humildade, recorda ao cristão a sua origem e o seu fim: “O Senhor Deus formou o homem do pó da terra” (Gn 2, 7); “até que voltes à terra de onde foste tirado; porque tu és pó e ao pó voltarás” (Gn 3, 19). 

5. Onde se encontram as cinzas?
Para a cerimónia devem ser queimados os restos dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior. Estes são benzidos com água benta e aromatizados com incenso.

6. Como se impõem as cinzas?
A imposição acontece durante a Missa, depois da homilia. As cinzas são impostas na testa, em forma de cruz, enquanto o ministro pronuncia as palavras bíblicas: “lembra-te, homem, que és pó e ao pó hás-de voltar” ou “converte-te e acredita no Evangelho”.

7. A imposição das cinzas é obrigatória?
A Quarta-feira de Cinzas não é dia de preceito e, portanto, não é obrigatória. Não obstante, nesse dia muitas pessoas costumam participar da Santa Missa, o que sempre é recomendável.

8. Quanto tempo é necessário permanecer com a cinza na fronte?
Quanto tempo a pessoa quiser. Não existe um tempo determinado.

9. O jejum e a abstinência são necessários?
O jejum é obrigatório na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, para as pessoas maiores de 18 (inclusive) e menores de 60 anos. Fora desses limites, é opcional. Em dia de jejum, os fiéis podem apenas tomar ter uma refeição “principal” (almoço ou jantar) e no máximo duas refeições "menores" (que juntas não cheguem a uma refeição principal).
A abstinência (não comer carne) é obrigatória também na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, para os maiores de 14 anos (inclusive). Todas as Sextas-Feiras da Quaresma também são também de abstinência obrigatória, não se pode comer carne. As outras Sextas-Feiras do ano também, embora hoje em dia poucos conheçam este preceito.

adaptado de acidigital

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Carta aberta aos responsáveis partidários

 Na expectativa da abertura de um novo período de debate público precedendo eleições legislativas, a Causa Real não poderia deixar de exortar os responsáveis partidários a tomarem posição e a aprofundarem a discussão sobre aspectos fundamentais do sistema constitucional e do sistema político:

Não se imporá corrigir enunciados constitucionais datados e ultrapassados em sede de enumeração de limites materiais à revisão constitucional, muito em especial no que toca à equivocamente denominada forma republicana de governo [alínea b) do artigo 288.º da Constituição da República Portuguesa/CRP]?

Em nome uma plena coerência democrática, onde se lê «forma republicana de governo» não deveria passar a ler-se forma democrática de governo?

Fará ainda sentido manter persistentes limitações constitucionais à(s) liberdade(s) política(s) dos portugueses? Pense-se, por exemplo, no monopólio partidário na apresentação de candidaturas às eleições legislativas, consagrado no artigo 151.º, n.º 2 da CRP.

 

Não importará também introduzir mudanças fundamentais de aproximação do sistema político ao país real? É o caso, por exemplo, da alteração à lei eleitoral no sentido da criação de círculos uninominais, com eventual adopção de um esquema de representação proporcional personalizada, com círculo de compensação nacional.

Eis alguns tópicos cuja cuidada ponderação o bem comum dos portugueses parece actualmente exigir.

 

Comissão Executiva da Causa Real

Lisboa, 30 de Janeiro de 2023


Fonte: Causa Real

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

ACTOS ESTRUTURANTES… OU NÃO

A propósito do lançamento do concurso para a primeira fase da linha de alta velocidade, que unirá, de novo, Lisboa ao Porto, o novo aprendiz de secretário geral do partido socialista proclamou com uma certa solenidade, tratar-se de “um investimento estruturante”.

Não nos cabe manifestar qualquer emoção relativamente a tal, pois ao tratar-se de tecnologia, ela em si é neutra ao não contribuir nem para o Bem, nem para o Mal. Talvez devêssemos demonstrar a nossa inquietação, pela pressa no lançamento do dito concurso para conseguir angariar as centenas de milhões generosamente oferecidos pela EU, como se alguma vez não constituíssem mais um penhor da Pátria perante Bruxelas, esquecendo o colossal montante de valor indeterminado que será gasto pelo erário público, muito para além do final da obra.

A questão é verificar se um investimento deste tipo, que une as duas principais cidades do litoral, competindo com um comboio pendular, duas autoestradas e os inúmeros voos diários que percorrem a costa, consegue ser estruturante para Portugal.

Até na visão progressista e relativista, habitual no liberalismo e no seu governo de eleição a partidocracia e pela dificuldade em perceber qual o impacto que tal investimento terá na vida dos cidadãos de cidades que não se constituam com satélites de Lisboa ou Porto, torna-se incompreensível o epíteto de “estruturante”, salvo se o pensamento rebolar para um novo potencial desastre financeiro, onde todos seremos chamados a pagar por via tributária e por este efeito virmos, de novo, a “estrutura” do nosso rendimento afectada pelos dislates irresponsáveis de uma qualquer “maioria” de 20% dos votantes.

Como bons arúspices que são, dir-nos-ão agora, como o ecoam há dezenas de anos, que se trata de um “investimento rentável, que se paga a si próprio”.

As sociedades são um corpo, elas nascem, crescem, multiplicam-se e envelhecem, num processo natural que não depende de investimentos, nem de candidatos bem parecidos e bem-falantes, (aqui, com umas enormes reticências a que a baixeza da discussão partidária obriga…). Nas palavras do Professor José Miguel Gambra, que tivemos o prazer de ouvir em Barcelona, a propósito de uma meritosa iniciativa do Círculo Tradicionalista Ramon Parés y Vilasau e depois de ler avidamente a sua obra “A Sociedade Tradicional e os seus inimigos”, torna-se claro que qualquer sociedade tem três factores que lhe são inerentes e que a diferenciam de um grupo, ou de uma máquina: - o homem é por natureza sociável; tem uma hierarquia social; tem um fim último.

São estes factores que permitem distinguir uma sociedade de um grupo, que até poderá ter um objectivo comum a todos os seus membros, mas onde a falta de uma hierarquia, ou da sociabilidade natural levam inexoravelmente ao seu fim, atingido que fôr esse objectivo, ou o desânimo pela dificuldade em o atingir. O mesmo se passa com um comboio, ele é composto por um conjunto enorme de peças, as quais, fruto da engenharia, lhe permitem atingir velocidades fantásticas, mas que o desgaste e a falta de uma intervenção humana contante que o mantenha, levará à sua destruição, na impossibilidade de se autorreproduzir, ou de se autorregenerar.

Apesar de vivermos em sociedades artificiais, pela amputação deliberada de Deus como o seu Fim último e Unidade Transcendente, o que leva à indiferença e apatia dos homens que a constituem, especialmente evidente nestes tempos transbordantes de progresso, tecnologia e de inteligência artificial, o certo é que a estrutura milenar criada naturalmente, constituída pela propriedade de pequena dimensão, as freguesias, os Municípios e apesar das constantes tentativas de destruição praticadas pelo liberalismo durante os últimos duzentos anos, continua a ser visível numa indiferença intemporal a sorridentes ministros, ou a candidatos de barba bem aparada, como se tal fosse sinónimo de alguma capacidade de um pensamento estruturado, ou virado para a condução da sociedade para um Bem Comum a todos.

Nenhum “investimento estruturante”, alterou ou alterará este facto e nem todas as desamortizações, nacionalizações, privatizações tão peculiares na avidez destrutiva do liberalismo, apesar de lhe tirarem o seu brilho natural, não conseguiram até á data destrui-lo, apesar da centralização obsessiva, apesar do completo afogamento das liberdades comunitárias, que sempre vincaram a nossa Pátria.

Verdadeiramente estruturante seria a devolução dos governos comunitários às freguesias e municípios, a dignificação das esquecidas e distantes regiões do eixo Lisboa-Porto, o retomar Cristo Rei como único Soberano e Unidade última da nossa Pátria. Mas nesse momento que falta nos fariam novos secretários-gerais bem trajados e de barba aparada? Que falta nos fariam os partidos, ou este Estado cinzento e opressor a que nos sujeitamos?

Por Deus, Pátria e Rei legitimo

Valentim Rodrigues

domingo, 11 de fevereiro de 2024

O Erro da Demissão do Ministério de João Franco ou Quando O Rei Ficou Sozinho


"À noite, nas Necessidades, o Conselho de Estado reunido persuade o novo Rei, Infante Dom Manuel, a afastar João Franco e a formar ministério novo. Faz-se a vontade ao inimigo, abatem-se bandeiras perante o crime. «Os regímenes sucumbem e desaparecem, menos pela força do ataque que pela frouxidão da defesa» - dirá o próprio João Franco. Resume, muito exactamente, um jornal, meses depois: - ' O Rei morreu na tarde de 1 de Fevereiro, no Terreiro do Paço. A Monarquia morreu nessa noite, no Paço das Necessidades ', precisamente quando a Realeza se erguia unida a um governo sério e forte. Eliminado da cena e lançado para o exílio o único homem de pulso, não há em torno de Dom Manuel II senão os velhos homens dos partidos, sempre envolvidos em querelas de vaidades, sempre obcecados pelo fito de conquistar o mando para si e para os seus amigos. Os partidos que aquele chamara de ‘rotativos’, aproveitam-se assim da inexperiência bem-intencionada do Infante adolescente para voltarem ao mesmo ‘regabofe’, depois dos esforços do rei e do seu 1º Ministro para fazerem de Portugal um país decente.”, escreveu assertivamente o doutrinador monárquico António Sardinha.

De facto, a noite e os dias seguintes ao hediondo Regicídio trouxeram, não um clamor de justiça e resgate pela afronta do assassínio daquelas vidas cortadas do Rei Dom Carlos de 44 anos e do Príncipe Real Dom Luís Filipe de 22 anos, mas um torpor revoltante.
‘Que País é esse onde matam um rei e um príncipe e a primeira medida que se toma é demitir o Ministério?!’, vociferou o Rei britânico Eduardo VII descontente com a responsabilização, demissão e degredo de João Franco, após o trágico Regicídio.

João Franco e o seu Gabinete foram demitidos, e se de facto, o Presidente do Conselho podia ser culpabilizado de negligência na segurança da Família Real, que quase sem escolta percorreu os 100 passos até à morte num laudau, expostos à mercê dos terroristas carbonários, e se, também, podia ter comprometido a Coroa quando levantou inoportunamente a falsa Questão dos Adiantamentos à Casa Real, não podia ser admoestado pela política que desenvolvia em consonância com o Rei - cada vez mais executivo -, pois o rotativismo partidário tornara impossível governar com o Parlamento. O afastamento do Presidente do Governo seria uma opção de consequências trágicas para a Monarquia, porque a estabilidade governamental só voltara com a reforma que El-Rei Dom Carlos I estava a empreender com o governo de João Franco que perdurou entre Maio de 1906 e Fevereiro de 1908 – antes disso, nos anos anteriores sucediam-se governos um atrás do outro.

Além disso, com a queda do Governo de João Franco Ferreira Castello-Branco as forças militares fiéis à Monarquia sofreram um rude golpe, quando o novo governo de Acalmação presidido por Ferreira do Amaral afastou o Ministro da Guerra General António Carlos Coelho V.B. Vasconcellos Porto, considerado o ‘travesseiro militar de Franco’ (Raul Brandão, Memórias, p. 227) e o Ministro da Marinha Ayres D’Ornelas – um dos últimos heróis de África ao lado de Mouzinho e Paiva Couceiro. Foi um desacerto fatal, pois o ministro da guerra e o ministro da marinha, respectivamente, para além de brio e fidelidade à Coroa, eram excelentes estrategos e possuíam um forte ascendente sobre as altas e médias patentes militares, para além de serem especialistas nessa subestimada arte das nomeações. Somam-se ainda outras tolices imputadas ao novo governo: a substituição no comando militar de Lisboa de Pimentel Pinto por Rafael Gorjão; no dia 6 de Fevereiro é revogada a Lei de Imprensa e ressurgem os jornais republicanos embargados por anteriormente terem sido acusados de incitamento à revolução, como o Correio da Noite, o Diário Popular, O País e o Liberal; em 12 de Fevereiro são amnistiados, os revolucionários do 28 de Janeiro de 1908, Afonso Costa, António José de Almeida, Egas Moniz, França Borges e João Chagas, e ainda os marinheiros implicados nas revoltas de 8 e 13 de Abril de 1906.

Deste modo, com a demissão de João Franco, Vasconcellos Porto e Ayres D’Ornelas, o novo governo assina, como primeiro Decreto, o do Fim da Monarquia!

Com o novo Gabinete Ministerial do Governo de Acalmação, no qual cabiam todos, penetravam no Ministério, além dos dissidentes Regeneradores e Progressistas, diz-se que, sub-repticiamente, os ideais republicanos, consequência das ligações sobejamente conhecidas do novo presidente do Conselho com o Clube Makavenko. Mas o governo durante algum tempo manteve uma certa estabilidade.

Todavia, consequência da demissão dos ministros da Guerra e da Marinha, a Carbonária Portuguesa, liderada por Luz de Almeida, apoiada pelo próprio grão-mestre do Grande Oriente Lusitano Unido, tendo agora terreno fértil, lançou-se no recrutamento de fidelidades nos quartéis, especialmente na Marinha.

Ao 1.º governo do reinado de Dom Manuel II, liderado pelo Almirante Ferreira do Amaral, segue-se o Governo de Sebastião Teles, apoiado por Veiga Beirão e pelos lucianistas, visando pôr ordem no exército, mas já era tarde. As chefias militares, a braços com a densa burocracia, emaranhavam-se em espessos relatórios e na sua análise, assim como da decifração de falsos e elaboradíssimos planos revolucionários idealizados pelos republicanos como engodo, sem que tomassem consciência do verdadeiro perigo: o enraizamento da Carbonária entre sargentos, soldados e marinheiros. Na Câmara Baixa das Cortes o deputado republicano António José de Almeida profere um discurso iníquo: ‘a bomba de dinamite em revolução, e em certos casos, pode ser tão legítima, pelo menos, como as granadas de artilharia, que não são mais do que bombas legais, explosivos ao serviço da ordem.’ Mas o que merecia bastão da Guarda e prisão por apelar à revolução pelo terrorismo nem sequer foi alvo de suspensão. Era a banalização da liberdade, que nada valia porque tudo permitia!

Os governos, que sucederam aos dois primeiros, avaliavam cegamente a lealdade dos militares ao regime através de sucessivas visitas a regimentos por El-Rei que era continuadamente aclamado, pois o problema não residia no Monarca de trato afável.

A 11 de Abril sucede o Congresso do Partido Republicano Português, em Setúbal, com a subida de carbonários ao Directório republicano e que termina com a aprovação do programa que prevê o derrube da Monarquia pela via revolucionária.

Segue-se o Governo de Wenceslau de Lima, mas que sofre forte oposição do despeitado José Luciano de Castro, que o apelida de valido de Teixeira de Sousa e qualifica o Gabinete como o governo da Politécnica do Porto.

Talvez por ser a época de maior liberdade que Portugal gozou, com censura inexistente - lembremos só as caricaturas de Bordallo Pinheiro - e total liberdade de expressão, verifica-se uma forte propaganda republicana em que se insulta o Rei por panfleto e escrito impresso através de pasquins como A Cartilha do Cidadão da Carbonária, e revistas como a Alma Nacional - dirigida por António José de Almeida – e dos mais diversos jornais criados com esse propósito; relembre-se o dito do republicano Brito Camacho: ‘quanto mais liberdades nos derem, mais delas usaremos contra eles’. A propaganda republicana demagógica assentava em mentiras descaradas.

A rede de serviços de informação da Monarquia Constitucional era assegurada pela pouco eficaz Polícia Preventiva, especialmente após a demissão do Juiz Veiga, à qual escapou primeiro o Regicídio, depois, os engenhos artesanais de João Borges, do Valle e do Manuel Ramos, o recrutamento da Carbonária nos quartéis, os tumultos e a organização da comissão militar republicana para o derrube da Monarquia.

No Exército e na Marinha contínua o vazio de fidelidades que já vinha da deposição de Vasconcellos Porto e Ayres D’Ornellas - esta quebra da estratégia reformista levou à confusão, ao imobilismo e à deserção para as hostes carbonárias, que alcança o perigoso número de 20 mil primos. A Carbonária era uma organização política, mas de cariz armado, uma espécie de brigada de artilharia, terrorista e secreta, inimiga da Monarquia, do clero e das congregações religiosas. Oficialmente, foi fundada em 1898 e o seu líder, desde 1900, era Luz de Almeida. Era paralela da Maçonaria, embora sem ligações orgânicas à Maçonaria Portuguesa ou outras Obediências Maçónicas, não obstante ter utilizado algumas lojas do então Grande Oriente Lusitano Unido para aquartelar os seus órgãos superiores, e colaborado oficialmente com esta Obediência para a tentativa de revolução republicana falhada de 28 de Janeiro de 1908 - conspiração urdida pelos republicanos, pela Carbonária e pelos dissidentes progressistas -, para o Regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, e, depois para a implantação da República. A Carbonária impunha aos seus filiados que ‘possuíssem ocultamente uma arma com os competentes cartuchos’.

Entretanto, atiravam ao Monarca Dom Manuel II as culpas que eram dos políticos e do sistema que os últimos foram viciando, de sorte que, por parte do rotativismo partidário nos últimos tempos da Monarquia não havia senão interesses e nenhuma sincera dedicação à Coroa – especialmente com a partida forçada de uns poucos aptos e dedicados ao Rei e à Monarquia. Todos diligenciavam as suas comodidades e agenciavam o seu sossego e ninguém dentro do sistema estava disposto ou tinha coragem para sacrificar a vida pela bondade do regímen e do Monarca.

Miguel Villas-Boas

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Evocação do Aniversário da Rainha Santa Isabel - 11 de Fevereiro


No próximo Domingo, dia 11 do corrente mês de Fevereiro, assinala-se mais um aniversário do nascimento terreno de Santa Isabel, Infanta de Aragão, Rainha de Portugal e Padroeira da cidade de Coimbra.

Neste dia, assinala-se igualmente o aniversário do casamento prometido entre D. Isabel, Infanta de Aragão, e D. Dinis, Rei de Portugal, sendo este representado na promessa por diplomata português.

No seu programa de comemoração das datas mais significativas da vida terrena de Santa Isabel de Portugal e da devoção que lhe é prestada, a Confraria da Rainha Santa Isabel vai evocar neste dia 11 de Fevereiro (Domingo) o Aniversário natalício de Santa Isabel de Portugal, mandando celebrar às 11h00, na Igreja da Rainha Santa Isabel, Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, Missa de acção de graças pela exemplar vida acontecida da Padroeira da cidade de Coimbra, presidida pelo Capelão da Confraria e animada pelo coro litúrgico da Igreja da Rainha Santa Isabel. 

 

À tarde, pelas 16h30 e igualmente na Igreja da Rainha Santa Isabel, realizar-se-á um concerto comemorativopela Banda Filarmónica de Santana, sob a direcção do Doutor Francisco Relva Pereira, ilustre Confrade da Confraria da Rainha Santa Isabel

A entrada é livre!


Espera-se a presença de todos no Santuário de Santa Isabel de Portugal nesta evocação em louvor da Padroeira da cidade de Coimbra.

Com os melhores cumprimentos,

Pela Mesa Administrativa da Confraria da Rainha Santa Isabel,

Joaquim Leandro Costa e Nora