30 setembro 2018

Inscrição tumular do Beato D. Nuno



Evocando mais uma vez o centenário da sua beatificação, recordo a antiga inscrição tumular do Santo Condestável, na Igreja do Convento do Carmo em Lisboa:

Aqui jaz o famoso Nuno, o Condestável, Fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na Terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo.


Fonte: Veritatis

29 setembro 2018

SAR, Dom Duarte de Bragança esteve presente nos 520 anos do Santuário da Lapa


A dupla celebração dos 520 anos do Santuário da Lapa e a primeira peregrinação dos sinais de Nossa Senhora da Lapa no Mundo, teve uma grande afluência de devotos e de peregrinos vindos da região, do país e do mundo, pois esteve presente uma delegação de Nossa Senhora da Lapa do Cubatão, da região de São Paulo, no Brasil.
Segundo Ana Nunes, uma das impulsionadoras deste evento, “estiveram cerca de 5.000 pessoas” presentes naquele dia no Santuário o que “correspondeu as expectativas”.
E se, de âmbito eclesiástico, foram inúmeras as entidades presentes, sobretudo da diocese de Lamego, desde logo o Reitor do Santuário e o Bispo Emérito de Lamego, D. Jacinto Botelho, que presidiu à Eucaristia, também fizeram questão de se associar a esta efeméride vários titulares de cargos políticos.
Igualmente se associou a este evento, de grande relevância para o santuário da Lapa, o Chefe da Casa Real Portuguesa, SAR o Senhor Dom Duarte de Bragança.
Recorde-se que a ligação de D. Duarte de Bragança à Senhora da Lapa é antiga e, ainda há três anos, em Setembro de 2015, o seu filho, D. Afonso de Bragança, Príncipe das Beiras, foi consagrado “a Nossa Senhora da Lapa, no Santuário da Lapa, cumprindo-se assim uma tradição de séculos e que dá continuidade ao acto praticado pelos príncipes e princesas da beira ao atingirem a maioridade”, segundo revelava à época o site oficial da Câmara de Sernancelhe.
Fonte: DãoeDemo

28 setembro 2018

SABIA QUE

Nenhum texto alternativo automático disponível.


Existe uma colina arenosa, perto dos campos de Alcácer-Quibir, onde se diz estar lá enterrado um «terrível cristão» que tantos estragos fez entre a moirama que em mais de quatro séculos mouro que passa lança-lhe uma pedra em sinal de respeito? É curioso de como parece que, em Marrocos, mesmo nos dias de hoje, há mais respeito pelos soldados luso-quinhentistas do que se vê no presente em Portugal. Como dizia o alcaide Hazem, que fugiu da batalha durante o "minuto vitorioso" dos portugueses; «eles eram poucos, mas pareciam muitos», quando se referindo ao exército de Dom Sebastião.

O respeito lá é tanto que até mouros sebastianistas existem... No final da batalha, após aquelas seis a sete horas de confronto, mouras vindas de Alcácer & Larache, às vezes de cinco a dez viúvas de um só marido, banharam com o seu pranto o minuto final, recolhendo os mortos e feridos de ambos os bandos.

Mas a maior prova de respeito vem nas declarações dos cronistas árabes, quando referem nas suas próprias palavras que esta batalha «nos proporcionou maior número de mortos que os que tiveram os cristãos, e nos trouxe uma vitória passageira».

Ainda hoje, na cidade de Fez, perdura a lenda de Lála-Aícha, mãe do imperador, que se apaixonou por Dom João de Portugal e quis converter-se ao Cristianismo para se unir com ele. Custou-lhe a cabeça.

É de facto curioso de como algumas derrotas conquistam mais do que certas vitórias. É unânime entre os historiadores de maior renome de que o confronto em Lepanto, ainda que estrondosamente vitorioso para a Santa Liga, não atingiu resultados significativos para o que pretendia, devido ao facto de que as investidas das armadas dos turcos não cessaram, e na África Ocidental, a única posição cristã segura eram as praças portuguesas em Marrocos.

Por este motivo, criou-se entre os turcos um crescente interesse na hegemonia do mediterrâneo ocidental. Para tal, precisavam de expandir-se para Marrocos, zona de influência lusa.

A ascensão ao trono do Sultão Murad III levou os otomanos ao desejo de se expandirem mais para o Norte de África, onde se encontravam os portugueses, que já tinham expulsado os turcos do Oceano Índico, mas ainda assim sofriam constantes investidas dos mesmos, ainda que sem sucesso para os muçulmanos.

Foi por este motivo que Portugal não aderiu à Santa Liga, pois estava o Reino ocupado em conter os turcos no Oceano Índico. A Polónia seria totalmente tomada pelos muçulmanos, através da subida ao trono de um rei seu aliado, a frota turca havia chegado à Calábria, avançavam inclusive pelo mediterrâneo, tendo recuperado Bizerta, Goleta e até Tunes, onde os portugueses ajudaram Carlos V na sua conquista, anos antes.

Se continuassem os turcos a sua expansão para Oeste, como pretendiam, poderiam invadir Portugal.

Foi por este motivo que Dom Sebastião liderou duas campanhas em Marrocos, e ainda que na última tenha acabado derrotado, tais foram o número de baixas infligidas ao exército inimigo que estes desistiram do seu avanço para a região.

Segundo Jorge Borges de Macedo, o falhanço da ocupação turca muito ficou a dever-se a Dom Sebastião.

Enquanto que a vitória de Lepanto apenas retardou o avanço dos turcos, a derrota em Alcácer-Quibir acabou definitivamente com a sua ocupação.

É importante perceber que Dom Sebastião foi chamado a Marrocos pelo legítimo soberano ao seu trono, depois de deposto pelos otomanos, o que ameaçaria a hegemonia lusa.

Como tal, não vejo motivos aparentemente nenhuns para nos envergonharmos das campanhas de Dom Sebastião.

Mesmo que o resultado não tivesse sido uma vitória estratégica - como foi - seria suficiente apenas a bravura demonstrada no campo de batalha.

Portanto, porque é Dom João da Áustria tão celebrado enquanto que Dom Sebastião caiu no esquecimento ao ponto de ser malignamente desprezado por todos?

Aconselho aos curiosos a lerem as obras de Luís Costa e Sousa para um melhor entendimento sobre o desenrolar do confronto - não se arrependerão, assim como a obra "O Minuto Vitorioso de Alcácer-Quibir" de José de Esaguy.

Ricardo da Silva

26 setembro 2018

Assim estão as sepulturas da nossa tropa caída em Angola. É uma vergonha nacional

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Tem vindo a Nova Portugalidade a ser repetidamente alertada para a indigna situação de incúria, abandono e vandalização em que se encontram os cemitérios angolanos que acolhem os restos dos combatentes portugueses - brancos, negros, mestiços, naturais da Europa ou do antigo Ultramar Português - caídos no decurso da última campanha de 1961-1974. Ao contrário do que acontece em Moçambique, Cabo-Verde e Guiné-Bissau, onde a Liga dos Combatentes realiza com sucesso iniciativas destinadas a garantir a conservação e dignidade das campas, ou até a trasladação dos restos mortais de combatentes a pedido das respectivas famílias, em Angola o abandono constituiu uma grave falta que deve ser de imediato solucionada pelo governo português, mediante pedido expresso ao governo de Luanda para que facilite trabalhos conducentes ao restauro.

Portugal não pode continuar a simular desconhecer o estado deplorável daqueles locais que abrigam uma geração de jovens combatentes que ofereceram o seu sangue e vidas na defesa da nação portuguesa.

25 setembro 2018

SAR, D. Duarte de Bragança entrega Prémio a jovens de Torres Vedras


O Prémio Infante D. Henrique é a versão portuguesa do “The Duke of Edinburgh’s International Award”, fundado em 1956 pelo Duque de Edinburgo. Em Portugal, o Prémio foi fundado em 1988, no Porto, por D. Duarte, Duque de Bragança.

Hoje (24 de Setembro), com início às 17h30 terá lugar a cerimónia de entrega da Medalhas de Bronze, por S. A. R.  o Duque de Bragança, Fundador e Presidente de Honra do Prémio Infante D. Henrique, aos participantes do Prémio Infante D. Henrique.
Programa do Prémio Infante D. Henrique consiste numa prova voluntária, de aventura e serviço à comunidade, com a duração de 2 e 3 dias, para rapazes e raparigas, sem cariz competitivo, que promove a realização pessoal, compromisso com os pares, resistência e persistência no objectivo a alcançar.
O Prémio Infante D. Henrique é a versão portuguesa do “The Duke of Edinburgh’s International Award”, fundado em 1956 pelo Duque de Edinburgo. Em Portugal, o Prémio foi fundado em 1988, no Porto, por Dom Duarte, Duque de Bragança, que para além de Fundador é Presidente de Honra.
1994 foi o ano que deu início à Expansão Nacional. Até ao momento existem Delegações e núcleos constituídos e em formação, no Algarve, Almada, Arcos de Valdevez, Aveiro, Barcelos, Braga, Caldas da Rainha, Coimbra, Elvas, Entroncamento, Évora, Famalicão, Leiria, Macau, Madeira, Maia, Ourém, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Torres Novas, Torres Vedras, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu.
A cerimónia de hoje terá lugar no Auditório do Edifício Paços do Concelho, Praça do Município, Torres Vedras e vão estar presentes diversas personalidades ligadas ao meio académico e social, bem como familiares e amigos dos alunos galardoados.

24 setembro 2018

Um agradecimento a Joana Marques Vidal

Não houve a decência de assumir com transparência os motivos que conduziram à sua substituição. Em vez disso, preferiu-se a falácia da defesa de um mandato único e longo para justificar a decisão.

Senhora procuradora-geral da República
Dra. Joana Marques Vidal
Agora que, sem surpresa, se assiste à decisão do senhor Presidente da República e do Governo em a substituírem nas suas funções, não renovando o seu mandato, é chegado o momento de lhe prestar tributo público de reconhecimento e admiração pelo mandato ímpar que desempenhou à frente da Procuradoria-Geral da República.
Nestes anos de mandato, que a Constituição determina poder ser renovável, entendeu quem pode que a senhora procuradora deveria ser substituída. Não houve, infelizmente, a decência de assumir com transparência os motivos que conduziram à sua substituição. Em vez disso, preferiu-se a falácia da defesa de um mandato único e longo para justificar a decisão. Uma vez que, como referi, a Constituição não contém tal preceito, e é público que um preceito desta natureza, há anos defendido pelo Partido Socialista, foi recusado em termos de revisão constitucional, sobra claro que a vontade de a substituir resulta de outros motivos que ficaram escondidos.
É pena que seja assim. Mas, senhora procuradora, não sai a senhora beliscada por tal situação. Desempenhou o seu mandato com total independência, sem que ninguém de boa fé possa lançar a suspeição de que tenha feito por agradar a quem pode para poder ser reconduzida — afinal, o argumento invocado para defender o mandato único e longo. Pelo contrário, a sra. procuradora exerceu o seu mandato com resultados que me atrevo a considerar de singularmente relevantes na nossa história democrática. Num tempo em que, infelizmente, tantas vezes se suspeita, não sem fundadas razões, da efectiva realização da autonomia e independência de muitas instâncias dos poderes públicos, incluindo a área da justiça, a senhora procuradora inspirou confiança e representou uma grande lufada de ar fresco pelo modo como conseguiu conduzir a acção penal pelo corpo do Ministério Público. Poucos, até há alguns anos, acreditavam que realmente fosse possível garantir de facto, que não na letra da lei e nos discursos, uma acção penal que não distinguisse entre alguns privilegiados e os restantes portugueses. No termo deste seu mandato, são sem dúvida mais os que acreditam que se pode fazer a diferença e marcar um reduto de integridade e independência, onde as influências partidárias ou as movimentações discretas de pessoas privilegiadas na sociedade esbarram e não logram sucesso. Tendo presente que esse ideal de justiça, associado à exigência de liberdade e de responsabilidade, se sobrepõe, sobremaneira, a muitos outros valores e aspectos práticos nas sociedades democráticas, parece reconfortante verificar que o seu contributo para a credibilização das instituições democráticas foi enorme e digno de apreço e de estima.
Bem sei que não há ninguém insubstituível e que a sua humildade o reconhece com absoluto desprendimento. Não era, de resto, a si que deveria ter cabido a acção de defesa e reconhecimento de que é inteiramente merecedora. Menos compreensível é que quem pode e deve ser consequente nesse reconhecimento não esteja interessado em fazê-lo, com benefício para Portugal.
Como ex-primeiro-ministro que propôs a sua nomeação, quero prestar-lhe público reconhecimento pela acção extraordinária que desenvolveu no topo da hierarquia do Ministério Público. Como português quero sobretudo expressar a minha gratidão por ter elevado a acção da Procuradoria a um novo e relevante patamar de prestígio público. Muito obrigado, senhora dra. Joana Marques Vidal.
Fonte: Observador

23 setembro 2018

Abertura da Asseiceira Medieval



Foi inaugurada na tarde deste sábado a IV edição da Ceyceyra Medieval.
Numa iniciativa conjunta do Rancho Folclórico “As Lavadeiras de Asseiceira” e da Associação Cultural Recreativa e Desportiva local, realizar-se, nos dias 22 e 23 de Setembro, a Ceyceyra Medieval. A iniciativa, que conta com os apoios da Junta de Freguesia de Asseiceira e do Município de Tomar, teve início na tarde de sábado 23 de Setembro, às 15 horas, com uma arruada e abertura das tabernas e tendas de mercadores. Trata-se de uma feira medieval, na “vila de El-Rei D. Dinis”, que inclui recriações históricas, torneios, animação de ruas, danças medievais, tascas, artesanato e oficinas. Assista à reportagem, através do filme editado pela Hertz.

22 setembro 2018

SAR, O Senhor D.Duarte de Bragança presente na entronização do Príncipe Alberto II do Mónaco no Funchal

Príncipe do Mónaco já foi entronizado como confrade do Vinho Madeira


O Príncipe Alberto II do Mónaco foi entronizado confrade do vinho Madeira e mostrou-se interessado em dar a conhecer ao mundo um produto certificado.



O Príncipe Alberto II do Mónaco foi esta sexta-feira entronizado confrade do vinho Madeira e mostrou-se interessado em dar a conhecer ao mundo um produto certificado, mas que reconheceu que poucos o provam “da forma certa”.
Numa cerimónia que decorreu esta tarde no Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da região autónoma e com um apertado protocolo, o príncipe “jurou” honrar e dar glória ao vinho Madeira. Questionado sobre o que poderia fazer, enquanto confrade, pelo vinho da Madeira respondeu reconhecer que o nome é conhecido mundialmente, “mas não há muitas pessoas que o tenham provado da forma certa”, sugerindo ser “importante mostrar isso”.
Alberto II recordou que, durante a sua vida, sempre esteve acostumado a ver o vinho Madeira no Mónaco. “Eu sempre vi garrafas de vinho Madeira na nossa adega, no palácio, no Mónaco, e o meu pai, tal qual disse o responsável da confraria, apreciava largamente o vinho Madeira”, disse. O príncipe do Mónaco reconheceu a existência de uma ligação ancestral da sua família para com a ilha da Madeira, lembrando que o seu tetra-avô participou em expedições oceanográficas na região, o que lhe permitiu criar raízes com o vinho local.
Disse ainda que, apesar de não saber qual o papel que pode ter enquanto confrade, considera que “o vinho é uma expressão de uma identidade local e uma parte da cultura”, sugerindo que, quanto “mais ele for mostrado no mundo”, melhor será para a promoção do produto.
Para o presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, a mais-valia de ter como confrade o príncipe Alberto II do Mónaco é essencial para essa promoção. “O príncipe do Mónaco é uma personalidade conhecida em todo o mundo e é um amigo da Madeira”, afirmou.
Com a entronização do príncipe Alberto II do Mónaco, a Confraria do Vinho Madeira, instituição criada em 1985, enriquece a galeria de confrades, composta por cerca de 200 personalidades de diversas áreas socioculturais, económicas e políticas, e simultaneamente reforça a imagem de um produto emblemático ao nível internacional.
Fonte: Observador

21 setembro 2018

Duque de Bragança atribui prémios Tesouros Vivos da Madeira e entrega Medalhas de Mérito

Duque de Bragança atribui prémios Tesouros Vivos da Madeira e entrega Medalhas de Mérito


A RARAM – Real Associação da Madeira, tendo como patrono o Duque de Bragança, entrega os Prémios “Tesouros Vivos da Madeira”, seguindo-se a atribuição de três Medalhas de Mérito da Real Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa a cidadãos madeirenses em reconhecimento pelo seu trabalho em prol da sociedade local. A cerimónia terá lugar no Hotel Quinta da Bela Vista pelas 16.30 horas de sábado.
A Real Associação considera que o universo das artes e ofícios apresenta características únicas e estão à guarda de muitos artesãos anónimos que se encontram espalhados por todo o Arquipélago. São, por isso, detentores de um conhecimento informal precioso que deve ser dignificado, reconhecido, preservado, catalogado e transmitido às gerações vindouras.
A iniciativa tem por objectivo distinguir a carreira de artesãos ou de artistas escolhidos como representativos de uma determinada área das artes e ofícios, e, por outro lado, reconhecer e revelar novos talentos que promovam o progresso, a evolução, a modernização dos ofícios em que trabalham, fomentando a passagem do conhecimento às gerações vindouras. São considerados para a atribuição deste prémio artífices e artistas naturais do Arquipélago da Madeira ou de origem madeirense que se encontrem a residir no Arquipélago ou na diáspora Madeirense.
O artífice ou o artista a reconhecer será todo aquele que domine um conjunto de saberes com valor cultural reconhecido, de raiz tradicional ou contemporânea e na prestação de serviços de igual natureza, dominando, para isso, um conjunto de técnicas e saberes a ela inerentes, com elevada perícia manual e estética.
Este é um projecto desenvolvido por iniciativa da RARAM - Real Associação da Região Autónoma da Madeira que conta, desde a primeira hora, com o apoio de S.A.R. o Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança.
No final da cerimónia S.A.R. o Duque de Bragança agraciará a Professora Maria do Carmo Melvill de Araújo, o Professor Doutor Roberto de Ornelas Monteiro e o Engenheiro Vítor Bettencourt com a Medalha de Mérito da Real Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa, em reconhecimento pelos serviços prestados por cada uma destas individualidades à sociedade madeirense.

Fonte: dnoticias

20 setembro 2018

Memórias da glória naval dos portugueses

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«Martim de Freitas» foi um dos vários nomes atribuídos a um navio de linha português (de 3ª classe) dos séculos XVIII e XIX. Foi construído -sob a competente orientação de mestre António da Silva- no arsenal da Baía (Brasil) em 1763 e, oficialmente, integrado na nossa armada a 28 de Fevereiro desse mesmo ano. Usou , nesse tempo, o nome de «Santo António e São José». Fez parte da Esquadra do Sul e participou, em 1784, na expedição contra Argel. Em 1794, sofreu grandes trabalhos de modernização, saindo do estaleiro com o novo nome de «Infante D. Pedro Carlos»; que se lhe conheceu até 1806, quando lhe foi dado o de «Martim de Freitas». No dia 29 de Novembro de 1807, esta nau foi um dos 16 navios de bandeira portuguesa que zarpou do estuário do Tejo rumo ao Rio de Janeiro. Nele viajou, nessa ocasião, parte da corte de D. João VI, que, com os invasores franceses às portas de Lisboa, decidiu transferir-se para o Brasil. Este navio de 64 canhões (distribuídos por 2 'decks') quedou-se por águas sul-americanas, onde, ao serviço do Império, cumpriu missões de soberania ao longo de todo o litoral brasileiro. Quando -em 1822- se consumou a independência da nossa mais extensa colónia, o navio em causa foi cedido à nova nação, que lhe deu o nome do seu primeiro imperador : «D. Pedro I». O ex-«Martim de Freitas» tornou-se, assim, o primeiro navio de guerra a hastear a bandeira do Império Brasileiro e a ostentar as cores da sua armada. Este navio apresentava (na sua fase inicial) as seguintes dimensões : 53,33 metros de comprimento (na quilha), 13,38 metros de boca e 6,37 metros de calado. Tinha uma guarnição que variava entre 500 e 650 homens, constituída por marinheiros, soldados e respectivos oficiais. Nota final : a imagem anexada representando o «Martim de Freitas», é da autoria do escritor, ilustrador e arquitecto Telmo Gomes, que a incluiu na sua excelente obra «Os Últimos Navios do Império».


19 setembro 2018

Apresentação de livro sobre o Beato Carlos da Áustria

Publicações: Apresentação de livro sobre o Beato Carlos da Áustria


Funchal, 14 Set 2018 (Ecclesia) – A obra «O Santo Rei. A história do Beato Carlos da Áustria» vai ser apresentado dia 22 deste mês, na Igreja do Monte, Funchal (Ilha da Madeira).
Com a chancela da Paulus Editora, a obra tem o prefácio de Dom Duarte de Bragança, e na apresentação vai estar o autor, padre João Vergamota, e a ilustradora, Mercês Gil, lê-se na nota enviada à Agência ECCLESIA.
O beato Carlos da Áustria nasceu a 17 de Agosto de 1887 e faleceu a 1 de Abril de 1922 no Funchal (Ilha da Madeira), está sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Monte.

Fonte: Ecclesia

18 setembro 2018

Em Setembro de 1276, Portugal ganhava o seu primeiro e único Papa

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Nascido Pedro Julião Rebolo, o futuro Papa João XXI era lisboeta e filho de Julião Pais Rebolo, médico de profissão. Iniciou estudos na escola existente então na Sé-Catedral de Lisboa. Dali seguiu para a Universidade de Paris, ou de Montepellier, ou terá a São Alberto Magno por mestre e a São Tomás de Aquino por colega. Em 1246, foi escolhido para a catédra de medicina na Universidade de Siena. As suas Summulæ Logicales, importante tratado de medicina, fizeram fama e escola pela Europa, tendo sido traduzidas para grego e hebraico e motivado grande número de edições em toda a Europa. Outro seu trabalho de relevo foi De Oculo, obra de oftalmologia com grande popularidade no continente. Nela encontraria, séculos mais tarde, cura para uma aflição o florentino Miguel Ângelo.

Terá regressado Pedro a Lisboa por volta de 1260. Em Portugal, fez carreira fulminante: eleito decano da Sé de Lisboa, foi depois tesoureiro-mor da Sé do Porto e Dom Prior da Colegiada Real de Santa Maria de Guimarães. Em 1273, por morte do anterior Arcebispo de Braga, é Pedro Julião, conhecido na Europa como Pedro Hispano, quem lhe sucede. Sucede-lhe, mas não por longo tempo. Consta que o Papa Gregório, conhecendo a fama do religioso português como médico, o queria ao serviço da Santa Sé. Um ano apenas sobre a nomeação como Arcebispo de Braga, já Pedro Hispano se convertia em Cardeal de Frascati.

Pedro Hispano foi eleito Papa em 1276, ano de grande instabilidade na Igreja. Antes de si, dois bispos tinham tomado o anel do Pescador, e nenhum por mais que breves meses. Pedro foi, pois, o quarto Papa do ano. Também este seria, todavia, um pontificado efémero. Sentindo-se agastado pelos anos e pela enfermidade, o agora Papa João XXI retirou-se par Viterbo, onde se dera o conclave da sua eleição, e lá morreu. Não de doença, mas em estranho acidente: enquanto o Papa dormia, terão colapsado as paredes do seu quarto. Noutra descrição, João XXI teria sido vitimado pelo mesmo desastre, mas enquanto estudava no seu gabinete. Oito meses foi tudo, pois, o que os portugueses puderem dar à sé de Pedro. Oito meses de boa memória, todavia: a fecunda inteligência deste Papa que foi matemático, médico e cientista não foi esquecida. Na sua Divina Comédia, Dante senta Hispano no paraíso.

O único português a ter ascendido à liderança da Igreja universal foi sepultado na catedral de Viterbo, não tendo nunca regressado à pátria.

RPB

17 setembro 2018

Visita ao Palácio dos Duques de Palmela



Após uma retemperadora pausa de Verão, os Roteiros Reais da Real Associação de Lisboa estarão de volta já no próximo sábado, dia 22 de Setembro, pelas 10:00, para uma visita ao Palácio dos Duques de Palmela.

Actualmente Procuradoria Geral da República, o Palácio Palmela ao Rato nasce de um antigo palácio do século XVIII, que se torna, no inicio  do século XIX, residência dos Condes da Póvoa e, finalmente, em 1843, residência dos Duques de Palmela.

Este elegante palácio teve várias campanhas de obras que lhe dão o aspecto actual, sendo que só no inicio do séc. XX recebe as famosas esculturas da entrada nobre que identificam de forma única o Palácio Palmela no contexto nacional. Esta visita vai-nos levar a conhecer não só o Palácio como também a história de uma das famílias mais ilustres, e por vezes controversa, da História de Portugal, num período extremamente complexo de transição do Antigo Regime para o Portugal Liberal.

Esta visita, guiada pelo nosso associado Joel Moedas Miguel, tem lugares limitados* e um custo de €15,00 por pessoa. O ponto de encontro será em frente ao Palácio.

Para mais esclarecimentos e inscrições, contacte-nos através do endereço secretariado@reallisboa.pt, pelo telefone 21 342 81 15 ou presencialmente na nossa sede nos horários habituais.

(*) No caso de ser atingida a lotação da visita, é dada prioridade aos associados da Real Associação de Lisboa.

16 setembro 2018

O Catolicismo e a vida rural

 

A vida rural tem muito a ver com a vida religiosa dos lavradores. A Igreja cuidou que as principais festas do ano litúrgico coincidissem sempre que possível com o ciclo das estações e as fainas do campo correspondentes, realizando-se assim uma interessantíssima comunhão entre a vida espiritual e o acontecer cósmico. O sino da paróquia, ou do convento, conferia à existência camponesa um ritmo não só cronológico, mas também sacral. Pouco antes da aurora tocava a laudes e encerrava a jornada na hora das vésperas. Deste modo, a oração matutina e a prece vespertina marcavam o trabalho, conferindo-lhe uma significação transcendente. Os dias de festa eram numerosos, muito mais do que no nosso tempo. Tanto aos domingos como nos dias festivos os camponeses assistiam à Santa Missa e com frequência aos ofícios das Horas canónicas. Participavam também nas procissões, presenciavam nos átrios representações teatrais dos mistérios sagrados, ouviam sermões e homilias, aprendiam o Catecismo. Tudo isso somado às visitas domiciliares dos sacerdotes, constituía uma espécie de cátedra ininterrupta para sua educação nos princípios da fé e da moral. Toda a existência do camponês pulsava ao ritmo estabelecido pela Igreja. Desde o nascimento até à morte, passando pelo matrimónio e as enfermidades, os momentos fundamentais da sua vida eram sublimados pelo alento sobrenatural da liturgia.

Pe. Alfredo Sáenz in «La Cristiandad y su Cosmovisión», 1992


Fonte: Veritatis

15 setembro 2018

Resposta ao Jornal I: Quem ama Portugal não merece novas inquisições

Texto alt automático indisponível.

Tempos houve em que a imprensa, e talvez também o Jornal I, era um importante facilitador do debate e da expressão de ideias. Se hoje se tornou um censor do trabalho académico e um perseguidor de visões alternativas, maculando-as pela mentira, quem com isso perde é a democracia, que resulta castrada, e a sociedade civil, que acabará intelectualmente diminuída. Um ambiente inquisitorial não pode promover o surgimento de perspectivas inovadoras sobre o nosso passado, e muito menos o de ideias novas para o nosso futuro. Arriscamo-nos, assim, a cair numa forma nova de totalitarismo, com a imprensa a fazer as vezes de polícia política, forçando a uniformização cultural e procedendo à eliminação - pelo medo e pela ameaça de perseguição pública - de dissidências. Ora, uma imprensa com liberdade para demonizar os intelectuais e criminalizar o pensamento é uma imprensa que nos deixará a todos menos livres.

A Nova Portugalidade afirma, à semelhança do que mantêm os historiadores Niall Ferguson ou Maria Roca Barea sobre os impérios britânico e espanhol, coisa simples, mas de transcendental importância: que os portugueses não devem envergonhar-se do seu passado, e que a contribuição do Império português para o progresso humano não deve ser menos considerada que a de outras nações construtoras e divulgadoras de civilização. É lícito que os escribas do I discordem, e lícito é que se oponham a esta leitura positiva da História de Portugal - conquanto digam ao que vêm, não confundam o texto noticioso com opinião pessoal, honrem as regras da profissão e refutem educadamente os argumentos que apresentamos. Mas não podemos compreender que divergências de opinião - para mais, sobre matéria histórica - motivem tão gravosas invectivas como aquelas de que fomos alvo. Celebrar a universalização da ciência europeia por Portugal - ou a chegada de Confúcio à Europa, a abolição da queima ritual de viúvas por Afonso de Albuquerque, a proibição do canibalismo indígena no Brasil - não é coisa de «direita» ou de «esquerda». É a posição de todo o português orgulhoso de si e da sua História. Querer maior integração política entre os países de herança portuguesa, por outro lado, parece também proposta plenamente integrada no espírito do tempo, da globalização e da construção de blocos supranacionais. Nada no discurso ou actividade da NP merece os epítetos com que nos flagelaram, e muito menos tentativas de associação com grupos que nada - nada - têm ou poderiam ter em comum connosco. Ilibatórias de qualquer associação com "extremas-direitas" têm, com efeito, sido as análises dos especialistas. É o caso de Riccardo Marchi, respeitado académico e estudioso das direitas portuguesas que rejeitou liminarmente qualquer relação entre a NP e esse espaço político.

Hoje mais que nunca, faz falta a tolerância intelectual e a capacidade para aceitar que não é menos que nós ou pior que nós quem não vê o mundo com as mesmas cores ou a História com as mesmas lentes. Esse é, afinal, o espírito da universidade. Não terão os jornalistas do I aprendido nada durante os seus anos de estudo?

14 setembro 2018

“Quem não gosta da Igreja como ela é, pode ir embora”, afirma SAR, D. Duarte Pio em exclusivo à Campanário

“Quem não gosta da Igreja como ela é, pode ir embora”, afirma D. Duarte Pio em exclusivo à Campanário (c/som)


Em entrevista exclusiva à RC, D. Duarte Pio de Bragança, falou da sua relação com o novo Arcebispo de Évora, e partilhou algumas opiniões sobre a forma como actualmente a Igreja funciona e é percebida pelos fiéis e pela população.
O Duque de Bragança falava à RC à margem da entrada solene de D. Senra Coelho na Arquidiocese de Évora, afirmando que o prelado é “uma excelente aquisição para a Igreja portuguesa e nomeadamente para a Arquidiocese de Évora”.
Amigos de longa data, D. Duarte afirma que D. Senra Coelho possui “todas as qualidades espirituais […] culturais e inteligência” de fazer corresponder a mensagem de Deus, “às circunstâncias atuais”, numa linguagem perceptível e adequada, sem ir “em modas”, nem “entusiasmos”.
Questionado se esta afirmação se prende com a necessidade de uma Igreja mais cautelosa, aponta o risco se perder “a unidade, a doutrina” da Igreja, perante “o hábito”, de cada pessoa “dar as suas opiniões sobre a vida da igreja”, levando a situações em que “dioceses diferentes no mundo” dizem “coisas contraditórias entre si. Neste sentido, declara-se “muito feliz porque temos finalmente um Arcebispo que segue as leis da Igreja e que não vai pôr-se a dar palpites sobre coisas que não lhe competem”.
Sobre alterações verificadas actualmente na Igreja, deprecia a arquitectura “chocante” conferida às igrejas modernas que têm vindo a ser projectadas “por arquitectos ignorantes e ateus”, descrevendo-as como “muito feias, pouco práticas” sem acústica, assemelhando-se “a armazéns”. D. Duarte Pio defende que nos sentimos “identificados com o estilo de uma igreja clássica”.
Sobre os crimes de pedofilia que têm vindo a envolver a Igreja, afirma apesar de sempre ter havido pessoas a tentarem abalar o seu nome, esta manteve-se firma ao longo de dois milhares e anos.
A continuidade desta, mesmo face aos “pecados das pessoas, de nós todos que estamos na igreja” demonstra que “a Igreja não é uma criação humana, mas é uma criação de Cristo”.
Desta forma, apela à participação de todos os católicos na preservação e protecção da Igreja, estando vigilante e eventualmente alertando os “superiores espirituais quando alguma coisa estranha ou imprópria está a acontecer”.
Mais acrescenta que os comportamentos e regras morais estão estabelecidos há mais de 2 mil anos, não sendo “justo” nem “correcto” querer alterá-los.
“E quem não gosta da Igreja como ela é, pode ir embora”, afirma, apontando a existência de outras opções de culto, como ceitas, grupos, e Igrejas “que até são bastante respeitáveis”, como as ortodoxas ou anglicanas.

12 setembro 2018

Le duc de Bragance en visite à Evora



Au Palais Cadaval à Evora, la duchesse Diane de Cadaval et son époux le prince Charles Philippe d’Orléans, duc d’Anjou ont reçu le duc de Bragance. Leur fille la princesse Isabelle et la mère de la duchesse étaient également présentes. le duc de Bragance, parrain de la duchesse Diane, a pu visiter l’exposition des œuvres de l’artiste africaine Esther Mahlangu.


11 setembro 2018

D. JOÃO DE CASTRO - HONESTIDADE, ESPÍRITO DE MISSÃO E CONHECIMENTO

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Estudioso ilustre, soldado temível, hábil navegador, D. João de Castro tinha um talento fora do comum. Interessava-se pelas ciências, matérias navais e matemática, destacando-se no estudo da astronomia náutica e da geografia física. Impôs, de forma inovadora, a associação entre o cálculo e a experiência empírica. Um verdadeiro experimentalista. “Os trabalhos que fez na década de 30 do século XVI trazem muita novidade”, garante Henrique Leitão, investigador do Centro de História das Ciências, da Universidade de Lisboa. “Consegue libertar-se da herança clássica intelectual e olhar para o estudo da natureza com grande modernidade.”

Oriundo da alta nobreza, D. João de Castro opta cedo pela carreira militar. Aos 18 anos inicia-se na arte da guerra em Tânger, onde serve durante nove anos com tal valentia que é armado cavaleiro pelo governador da cidade, D. Duarte de Meneses. Também o imperador Carlos V quis armá-lo cavaleiro em 1535 pelo seu importante papel na expedição de Tunes, mas D. João de Castro recusou. O navegador comandou uma caravela e foi um dos principais conselheiros do capitão-mor da armada portuguesa.

Chegou à Índia pela primeira vez, como soldado, com o cunhado D. Garcia de Noronha, que tinha sido nomeado vice-rei da Índia. Mas com a morte deste, D. João de Castro viu-se na expedição ao mar Roxo com o novo vice-rei, D. Estêvão da Gama. Partiu para Suez, como capitão, em 31 de Dezembro de 1540. Da viagem fez um roteiro pormenorizado, com todas as experiências, e ofereceu-o ao infante D. Luís. “De Goa a Suez ou Roteiro do Mar Roxo”, de 1541, é um dos três célebres roteiros. Os outros são “De Lisboa a Goa”, de 1538, e “De Goa a Diu”, de 1538-1539. Autênticas obras de registo de dados e reflexão filosófica, que mostram o que de melhor se produziu no meio náutico português. Evidenciam, como nunca, a ligação da teoria à prática. “Durante as suas viagens marítimas fez um conjunto muito interessante de observações com metodologia moderna”, diz Henrique Leitão. D. João de Castro enuncia algo de novo. Influenciado pelo brilhante matemático Pedro Nunes, confronta dados empíricos e raciocínio hipotético, elabora desenhos de planos hidrográficos e cartas geográficas que ajudam a elucidar os textos, sempre com o objectivo de aperfeiçoar a navegação.

D. João de Castro conquistou a admiração de todos pelos seus serviços. Foi nomeado sucessor de Martim Afonso de Sousa, 13.º governador da Índia, para onde partiu com os dois filhos, D. Álvaro e D. Fernando, que acabou por morrer lá. D. João de Castro preparou a armada e chegou a Goa no início de Setembro de 1545.

Travou várias guerras com sucesso. Defendeu os interesses portugueses no Oriente com empenho e determinação. “D. João de Castro é um campeão a lutar contra os graves problemas de corrupção que lá existiam”, afirma o investigador. A certificar a sua honra e compromisso com o rei, reconstruiu as defesas portuguesas na costa ocidental indiana com dinheiro que pediu à Câmara de Goa, penhorando os ossos do filho e a sua barba, a única garantia que lhe restava. “Teve uma grandeza de carácter que impressiona. Uma honestidade exemplar. Colocou sempre os interesses da administração à frente dos seus interesses pessoais”, acrescenta. De volta a Lisboa, foi recompensado com o título de vice-rei, em 1547, mas não chegou a gozá-lo. Morreu, pouco tempo depois, cansado de tantas guerras travadas.
Aquando da hora da sua morte dirigiu estas palavras aos seus companheiros:

«Não terei, senhores, pejo (vergonha) de vos dizer, que ao vice-rei da Índia faltam nesta doença as comodidades que acha nos hospitais o mais pobre soldado. Vim a servir, não vim a comerciar ao Oriente; a vós mesmo quis empenhar os ossos de meu filho, e empenhei os cabelos da barba, porque para vos assegurar, não tinha outras tapeçarias nem baixelas. Hoje não houve nesta casa dinheiro, com que se me comprasse uma galinha; porque nas armadas que fiz, primeiro comiam os soldados os salários do governador, que os soldos de seu rei; e não é de espantar; que esteja pobre um pai de tantos filhos. Peço-vos, que enquanto durar esta doença me ordeneis da fazenda real uma honesta despesa, e pessoa por vós determinada, que com modesta taxa me alimente».

Guilherme Carinha

10 setembro 2018

A Igreja às portas do inferno

É verdade que nem tudo está mal, mas também é certo que não está tudo bem: há, efectivamente, algo de podre no reino de Cristo neste mundo, que é a Igreja.

Jesus Cristo, quando instituiu a sua Igreja, prometeu que “as portas do inferno” não prevaleceriam contra ela (Mt 16, 18). Mas, às vezes, essas portas entreabrem-se e, como em tempos disse o beato Paulo VI, o fumo de Satanás infiltra-se na Igreja.
Em relação ao escândalo da pedofilia, dois extremos devem ser evitados: aceitar acriticamente que todos os sacerdotes, bispos e cardeais são culpados, ou potenciais pedófilos, ou, pelo contrário, desvalorizar a situação, reduzindo-a a uma mera chicana político-eclesiástica, como se mais não fosse do que uma confrontação entre facções eclesiais rivais. É verdade que nem tudo está mal, mas também é certo que não está tudo bem: há, efectivamente, algo de podre no reino de Cristo neste mundo, que é a sua Igreja.
Sobre este particular, foi muito esclarecedora a entrevista concedida por Robert Barron, bispo auxiliar de Los Angeles, no próprio dia do seu regresso da Irlanda, onde acompanhou o Papa Francisco no encontro mundial das famílias. Este bispo norte-americano não só se pronunciou sobre o caso McCarrick, entretanto demitido do colégio cardinalício, como também sobre a polémica carta do arcebispo Carlo Maria Viganò, que foi núncio nos Estados Unidos da América e que denunciou o suposto encobrimento do caso do ex-cardeal de Washington por alguns bispos, propondo, num excesso certamente condenável, a renúncia de Francisco ao ministério petrino.
O bispo auxiliar de Los Angeles não teve inconveniente em considerar a actual crise do catolicismo norte-americano como a maior de toda a sua multisecular história. Não apenas pelos terríveis crimes cometidos, mas também pelo facto desses abusos terem sido realizados por pessoas consagradas a Deus, que se serviram do poder e autoridade decorrentes das suas funções sagradas para cometerem esses actos abjectos.
O clericalismo é, como denunciou o Papa Francisco, uma das principais causas desta grave crise eclesial, que Robert Barron atribui sobretudo à infidelidade. Por isso, a solução é uma renovada fidelidade de todos os cristãos – bispos, padres, religiosos e leigos – a Cristo e à sua Igreja. Esta urgente renovação espiritual – a reforma eclesial mais urgente – exige, como é óbvio, a oração, a prática frequente da confissão e da sagrada comunhão, a penitência e a devoção a Nossa Senhora, aos anjos e santos. Como disse Cristo e o Papa Francisco recordou na sua recente carta, “esta espécie de demónios não se expulsa senão à força de oração e de jejum” (Mt 17, 21; Mc 9, 29).
Seria certamente injusto, segundo o bispo auxiliar de Los Angeles, considerar a homossexualidade como a causa principal do escândalo, mas também não se pode ignorar que uma percentagem significativa dos abusos por clérigos foram cometidos em pessoas do mesmo sexo. Sentir essa atracção não é, em si mesmo, condenável: na Igreja católica, para além de muitos fiéis heterossexuais, também há homossexuais que, segundo o seu próprio estado e condição, honram o compromisso da castidade, a que todos os fiéis católicos, sem excepção, estão obrigados, em virtude do sexto e nono mandamentos da Lei de Deus, que interditam os actos, desejos e pensamentos impuros.
Quem não está apto para viver a virtude cristã da castidade no estado matrimonial, não pode ser admitido ao sacramento do casamento cristão. Quem não consiga viver a continência perfeita, ou seja a abstenção de todos os actos de natureza sexual, não lhe pode ser ministrado o sacramento da ordem sacerdotal. Todos os cristãos estão, por igual, chamados à santidade, mas cada qual segundo a sua própria vocação. À Igreja compete discernir as diversas vocações cristãs e só admitir ao sagrado matrimónio, ou às sagradas ordens, os fiéis que sejam idóneos para o estado correspondente.
A infidelidade consciente e voluntária dos católicos, quer sejam leigos ou ministros sagrados, não pode ser consentida, nem tolerada. Durante décadas, foi da praxe eclesiástica negligenciar estes casos, que se entendiam do foro íntimo das almas e não do âmbito e competência da governação eclesial. Mas a louvável misericórdia para com os pecadores, sendo estes predadores sexuais, não pode ser feita à custa das vítimas, pois uma tal atitude favorece a prática destes crimes e a sua impunidade. E, os milhões gastos em milionárias indemnizações, são fundos desviados dos mais pobres e necessitados.
Embora descartando, como obviamente excessiva e injusta, a demissão de todo o episcopado norte-americano, o bispo Robert Barron não enjeita a necessidade de uma maior vigilância na Igreja católica. Em relação aos bispos, é ao Vaticano que cabe essa missão, dada a estrutura hierárquica da instituição: só o Papa é superior a um bispo. Não obstante os esforços realizados nesse sentido por São João Paulo II, Bento XVI e Francisco, os recentes escândalos em relação à nomeação e acção de bispos, nomeadamente no Chile e nos Estados Unidos da América, provaram a sua insuficiência: são precisos mais e melhores instrumentos de escrutínio da acção pastoral dos bispos.
Em relação aos padres de que constem comportamentos contrários à moral católica, não é de descartar a existência de comissões, formadas também por leigos especialmente idóneos, que investiguem tais casos, não apenas para a correcção dos prevaricadores e defesa das eventuais vítimas, mas também para evitar que actos dessa natureza se possam repetir. Os leigos não são meros destinatários da acção da Igreja, como algum clericalismo pré-conciliar ainda defende, mas protagonistas da sua missão evangelizadora, na medida em que a consagração baptismal lhes confere a dignidade de sacerdotes, profetas e reis. Têm, portanto, direito a exigir que os seus ministros sejam coerentes com o compromisso que liberrimamente assumiram.
Não há dúvidas de que esta gravíssima crise se inscreve na luta apocalíptica entre o bem e o mal, ou seja, entre a Igreja e o demónio. Se Deus se serve de causas segundas, como são todos os sacerdotes e leigos santos, para a realização do bem, o diabo, tal como usou Judas Iscariotes, serve-se dos pecadores para dividir e destruir a Igreja. Porque afecta a credibilidade da instituição eclesial, este escândalo é, segundo o bispo Robert Barron, uma verdadeira obra-prima de Satanás.
A solução só pode ser uma: Jesus de Nazaré, o único nome em que podemos alcançar a redenção. É a fé e o amor a Cristo a razão da doutrina e da moral cristã. Quando muitos discípulos abandonaram Jesus, ele perguntou aos doze se também eles o queriam deixar. Pedro disse: A quem iremos, Senhor, se só tu tens palavras de vida eterna?! (Jo 6, 67-69). Cristo é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6): só a verdade, mesmo dolorosa, liberta (Jo 8, 32).
Deus quer servir-se deste escândalo para purificar a sua Igreja. A vergonha e humilhação desta provação é a penitência devida por estes horríveis pecados. Só depois de expiadas estas gravíssimas culpas, a Igreja, purificada, poderá reabilitar-se aos olhos da humanidade. Só em Cristo e na sua Igreja o mundo pode encontrar a salvação (Jo 4, 42).
Fonte: Observador

09 setembro 2018

Uma rúpia portuguesa de 1882

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O Estado português da Índia foi criado em 1505 como um vice-reinado do Reino de Portugal. Dirigida por um Vice-rei ou um governador, a Índia portuguesa era verdadeiramente um Estado dentro do Estado português, e possuía vários atributos de soberania: cunhava moeda, fazia lei, decidia da paz e da guerra, assinava tratados, recebia e enviava embaixadas e exercia controlo territorial.

08 setembro 2018

07 setembro 2018

Nova Portugalidade - Um Valor de Futuro


Na era pós-industrial em que vivemos, os velhos princípios que regiam a alocação de recursos, a produção de bens e a divulgação de produto já não são suficientes. O mercado globalizado, mais do que nunca, impõe a organizações governamentais e não-governamentais novos desafios a que estes respondem com liberalidades, restrições, condicionalismos do mais variado tipo.

O valor da informação e da reputação, do contacto humano, da simbiose civilizacional, tornaram-se factores preponderantes. Pondo as coisas em pratos limpos, a conquista de uma quota de mercado depende, em grande parte, do nosso estatuto na batalha cultural. Um cultura influente impõe-se, responde, transacciona não, de forma unilateral, nos seus termos, mas em harmonia com os agentes envolvidos. E é especialmente no ponto dos afectos, da tradição familiar, do habitus social, mas também na peculiaridade dos seus produtos e do seu modo de vida, que a Portugalidade tem uma hipótese contra a política de consumo imposta pela hegemonia norte-americana.

Portugal tem emigrantes em 140 dos 150 países existentes. Dentro desses países constituíram-se comunidades de diferente peso - em França são 567 mil, em Espanha 136 mil, em Angola 17 mil, enquanto que nas ilhas Maurícias são só 50.
Dentro destas comunidades existe uma "zona de penumbra", como lhe chamam os analistas, que mais não é do que uma fonte quase inesgotável de integração e representação cultural - os luso-descendentes. Que esforço está a ser feito para os ligar à cultura mãe? Praticamente nenhum.

No caso brasileiro, julga-se que pelo menos 800 mil brasileiros vivam nos Estados Unidos e 254 mil no Japão. Essas comunidades trazem consigo a língua e um estilo de viver tropical, aproveitando outro tipo de recursos e com outras perspectivas profissionais e outros hábitos de consumo. O mesmo se passa com os emigrantes de outros países lusófonos - ou seja, um mundo de investimentos ligados por uma língua e por uma base cultural onde a diversidade não nos falta.
O mundo de falantes lusófonos aponta para 250 Milhões. E depois temos os crioulos portugueses, falados desde as Caraíbas até Timor. A seguir esse mapa de propagação da língua e de afluentes dessa língua, estão comunidades que, mesmo tendo esquecido os dizeres mais básicos, mantêm nomes portugueses ou uma memória do mundo lusófono, muitas vezes através de práticas religiosas, memória essa que usam para fins identitários, demarcando-se dos seus vizinhos.

No mundo de mercados globalizados, no mundo onde as comunidades, as empresas e os consumidores procuram fugir à homogeneidade galopante, ao produto massificado, a Portugalidade tem nas mãos duas habilitações únicas: espaço por onde criar uma reputação, espaço por onde colher informação. E falo em "espaço para fazer" porque essa reputação ainda não foi construída e essa informação ainda não foi aproveitada.
Ou seja, a Portugalidade não é um mero adereço - é uma fonte de riqueza por aproveitar. Um mercado criado por mais de 500 anos de emigração, activo pelo menos desde o século XII, que conta com o contributo não só dos que saíram de Portugal mas também do Brasil, de Macau, de Moçambique, da Índia.

Um Valor de Futuro? Sim. Mas um Valor que não espera pela nossa boa vontade. Um Valor que não tem sido bem tratado e que corre sério risco de se degradar. Tal como todas as coisas boas da vida, merece o nosso cuidado, o nosso carinho, merece uma política com visão.

06 setembro 2018

A destruição do Palácio da Ajuda

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Definitivamente liquidado o seu parente carioca, o que neste momento está a suceder na Ajuda, embora nem de longe possamos comparar com o desastre de ontem, merece contudo um rápido comentário. A adulteração arquitectónica do maior e mais conseguido edifício neoclássico de Lisboa, consiste num erro e num abuso de confiança. 

O erro consiste no querer mostrar obra seja da forma que for, nem sequer tomando em consideração a dignidade que aquele vasto conjunto mereceria num país com mais de oitocentos anos de história. Já tendo sido despojado de uma parte do seu espólio mercê de algumas vicissitudes quando nele se encerrou a vigência da mais longeva e significativa forma de representação do Estado português - precisamente aquela que o fundou, consolidou, expandiu e espalhou o nome Portugal de Ceuta a Nagasáqui -, esteve longas décadas fechado, mantendo longe da vista de nacionais ou turistas estrangeiros, preciosidades que no seu conjunto oferecem uma visão muito consistente dos interiores palacianos do século XIX, para além de conter algum mobiliário que sendo anterior, pode ser facilmente identificado como tendo participado em alguns eventos bem conhecidos. Cabe neste âmbito, por exemplo, o conjunto de cadeirões que terão adornado os aposentos do Príncipe Regente na nau que levou a bom e seguro porto, a sede da soberania portuguesa para a sua então enorme possessão ultramarina além-Atlântico.

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Nem sequer dando especial destaque a trágicos episódios como o estranhamente escabroso roubo das Jóias da Coroa, sabe-se que durante a 2ª república o regime retirou algumas peças que foram decorar embaixadas portuguesas, numa atitude consentânea com a tradicional displicência com que as nossas autoridades tratam o património que é de todos, mesmo daqueles que o desconhecem. 

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Hoje o espaço conta com uma direcção-conservadoria que para além de uma rotineira carência de verbas, tudo tem feito para o prestigiar, embora o entorno mantenha aquele típico aspecto de semi-abandono que mesmo visivelmente reconhecido como tal, ainda oferece cenários de que o regime das auto-estradas e dos centros comericiais se aproveita para as suas ocasiões especiais onde se alaparda numa grandeza postiça, que nunca teve. Vivemos tempos de mero exibicionismo e como tal deve ser entendido o acrescento que está a erguer-se a poente, onde o projecto cada vez mais nos fará lembrar um enorme radiador para dias invernosos, ou aquele poste que desde logo chama a atenção do ocasional canídeo que no seu giro higiénico, ali deixa a sua mensagem molhada para que outros a farejem. Muitas formas há de destruir um edifício, especialmente se este fizer parte da história. A adulteração arquitectónica é uma delas, talvez a pior de todas, um abuso de confiança.

Mentem, mentem e mentem, mesmo que isso signifique o esbanjar de milhões que irão buscar aos bolsos habituais, sejam eles portugueses ou de visitantes estrangeiros e neste último caso, as famosas taxas e taxinhas. Uma anunciada despesa de dúzia e meia de milhões para uma enorme fachada a forrar com pedra, vidraria, três ou quatro andares, sistemas de segurança anti-roubo e contra incêndios, iluminação, dois cofres-fortes que protegerão o que resta das peças de joalharia e a prataria outrora de serviço à Casa Real, elevadores e monta-cargas, o que quiserem imaginar. Tudo como se fosse adquirido na loja chinesa do bairro, ao preço de mega-saldo. Isto para nem sequer abordarmos o pagamento devido à mão de obra especializada para as mais diversas tarefas a executar.

Quem acredita nisto? Dois tipos de pessoas: os tolos e os arregimentados participantes ou não em esquemas mais ou menos nebulosos. 

Nuno Castelo-Branco