«Martim de Freitas» foi um dos vários nomes atribuídos a um navio de linha português (de 3ª classe) dos séculos XVIII e XIX. Foi construído -sob a competente orientação de mestre António da Silva- no arsenal da Baía (Brasil) em 1763 e, oficialmente, integrado na nossa armada a 28 de Fevereiro desse mesmo ano. Usou , nesse tempo, o nome de «Santo António e São José». Fez parte da Esquadra do Sul e participou, em 1784, na expedição contra Argel. Em 1794, sofreu grandes trabalhos de modernização, saindo do estaleiro com o novo nome de «Infante D. Pedro Carlos»; que se lhe conheceu até 1806, quando lhe foi dado o de «Martim de Freitas». No dia 29 de Novembro de 1807, esta nau foi um dos 16 navios de bandeira portuguesa que zarpou do estuário do Tejo rumo ao Rio de Janeiro. Nele viajou, nessa ocasião, parte da corte de D. João VI, que, com os invasores franceses às portas de Lisboa, decidiu transferir-se para o Brasil. Este navio de 64 canhões (distribuídos por 2 'decks') quedou-se por águas sul-americanas, onde, ao serviço do Império, cumpriu missões de soberania ao longo de todo o litoral brasileiro. Quando -em 1822- se consumou a independência da nossa mais extensa colónia, o navio em causa foi cedido à nova nação, que lhe deu o nome do seu primeiro imperador : «D. Pedro I». O ex-«Martim de Freitas» tornou-se, assim, o primeiro navio de guerra a hastear a bandeira do Império Brasileiro e a ostentar as cores da sua armada. Este navio apresentava (na sua fase inicial) as seguintes dimensões : 53,33 metros de comprimento (na quilha), 13,38 metros de boca e 6,37 metros de calado. Tinha uma guarnição que variava entre 500 e 650 homens, constituída por marinheiros, soldados e respectivos oficiais. Nota final : a imagem anexada representando o «Martim de Freitas», é da autoria do escritor, ilustrador e arquitecto Telmo Gomes, que a incluiu na sua excelente obra «Os Últimos Navios do Império».
Fonte: Nova Portugalidade
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