Há uma frase extraordinária do frère Luc no filme “Dos homens e dos Deuses”: “Laissez passer l’homme libre”. Confrontado com a escolha entre ficar e proteger a comunidade que tinha ajudado a consolidar nas suas diferenças ou salvando a vida partindo, escolheu, em plena liberdade, ficar. Um homem livre é mestre da sua vida, consciente do impacto das suas escolhas, lúcido no seu papel de mudança que assume ter e sem o qual não pode existir.
Profissionalmente, na vida privada ou pública, na sua terra ou o seu país mas que tem sempre em conta o todo e nunca, ou apenas, o interesse individual. Precisamos de homens e mulheres com esse espírito, que conheçam e defendam a identidade da sua comunidade através de uma ecologia humana com base na coesão sustentada do território e das populações. Que promovam o bem estar das comunidades no seu todo, que contribuam para a solidificação da identidade colectiva que necessita de um motor de unidade entre norte e sul, interior e centros urbanos, que sejam capazes de ir contra os interesses oligárquicos que dividem os portugueses, atentam contra a nossa soberania e delapidam o património humano do nosso país. Talvez agora mais do que nunca.
Precisamos de exemplos a seguir, de pessoas de hoje cujos percursos de vida sejam para nós referência e nos ajudem a construir este caminho. Gonçalo Ribeiro Telles é tudo isso e, portanto, um homem livre.
Acredito que me acompanham no agradecimento de todo o país à sua figura que a criação do “Prémio Gonçalo Ribeiro Telles para o Ambiente e Paisagem” traduz. Uma iniciativa conjunta da Causa Real, do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, da Ordem dos Engenheiros e da Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas, entidades que representam parte da sua vida e da sua obra e que hoje nos traz aqui.
A sua profunda consciência cívica e o seu empenho na causa pública, sempre em defesa de Portugal são o melhor dos guias e dos exemplos do que é de facto ser monárquico e, acima de tudo, português. Viu o que quase mais ninguém queria ou conseguia ver em relação ao futuro do país e afirmou-o sempre mesmo quando era muito mais fácil (e seguro) não o fazer. Sem nunca desistir, convicto daquilo que defendia, em espírito de missão e ao serviço de Portugal. Como consta do regulamento do prémio, ele “será concedido a uma personalidade que tenha sido protagonista de uma intervenção relevante e com impacte na interface entre a sustentabilidade ambiental e da paisagem urbana em Portugal e que possa ser, ela própria, exemplo para outros.” E que esses outros possam, também eles, contribuir construtivamente para uma nova visão do país que promova e defenda o futuro e o bem estar da sociedade.
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