quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Nun'Álvares: capitão, monge, libertador e semeador de impérios

 

Nasceu Dom Nuno Álvares Pereira, segundo vozes autorizadas, em Cernache do Bonjardim, a 25 de Junho de 1360. Teve acção decisiva na guerra contra Castela – determinante para a independência do Reino de Portugal – com destaque para Aljubarrota. Herói consagrado na história, na literatura e na arte, emerge, ciclicamente, em tempos difíceis, como o que estamos a viver.


Exigente líder militar, combatendo em circunstâncias difíceis, nunca vencido na arte da guerra e na firmeza e coerência das suas convicções - que arrastavam príncipes e plebeus – concorreu para consolidar o trono de Avis e ganhar a aventura de Ceuta. Assegurou os bens da Casa de Bragança, selada pelo casamento de sua filha D. Beatriz de Alvim com Afonso de Barcelos, 1º Duque de Bragança. Poderoso em terras e privilégios, D. Nuno era avesso às intrigas de Corte. Magnânimo, recompensava largamente os soldados, garantia a subsistência de cavaleiros, escudeiros, monges, pobres e até de castelhanos e inimigos, quando as populações eram atingidas pela fome ou pela doença.


Nas vésperas de Aljubarrota (1385), D. Nuno Álvares Pereira interveio no conselho em que foi decidido travar uma grande batalha contra o invasor castelhano, ao invés de incursões, escaramuças e saques. «Não vamos fazer uma guerra guerreada, não vamos destruir as oliveiras em Sevilha, vamos direitos ao inimigo, porque temos que o vencer numa batalha decisiva». A decisão de Nuno Álvares de escolher Aljubarrota foi a mais acertada para as hostes portuguesas. Naquele campo foi possível montar defesas sólidas que se revelariam decisivas para o desfecho da batalha.


Momentos antes do embate dos dois exércitos “fincou os joelhos em terra, e fez oração à imagem de Cristo e da sua preciosa Madre que trazia pintada em sua bandeira; e isso mesmo com seus joelhos em terra com as mãos alçadas fez a sua oração e beijou a terra e alçou-se em pé; e pôs seu elmo sem cara, e tomou a lança nas mãos que lhe trazia o pajem, e disse aos seus: Amigos, ninguém duvide de de mim; e todos aqueles que me ajudardes, que Deus vos ajude; e se eu aqui morrer por vossa culpa, que Deus seja aquele que vos demande pela minha morte”(2).


MCB


(1) Fernão Lopes, Crónica de D. João I

(2) Fernão Lopes, Crónica d'el Rei Dom João I de boa memória. Parte I. Intr. de A. Braamcamp Freire. Lisboa: Arquivo Histórico Português, 1915, p. 159.


Fonte: Nova Portugalidade

Sem comentários: