sábado, 2 de fevereiro de 2013

O erro dos regicidas



Ao contrário dos presidentes, os reis não morrem. Dir-se-ia que o Rei é um só, com cambiantes de carácter e do tempo que cada episódio da monarquia vai oferecendo. Enganavam-se os republicanos quando afirmavam que a ideia monárquica desapareceria com a partida de D. Carlos e do Príncipe Luís Filipe. Enganaram-se uma vez mais quando, sem descendência, morreu D. Manuel II. Mas a ideia ficou, o sentimento de simpatia familiar do povo permaneceu inquebrantável, não obstante os poderosos tudo terem feito para que ao longo de décadas a nossa família real fosse exilada, censurada, minimizada e, até, ridicularizada. Mais de um século após a infame matança, eis que o Chefe da nossa Casa Real é um dos mais respeitados homens do país, de decência, patriotismo e desinteresse pessoal absolutamente inquestionáveis. O mistério da monarquia não tem mistério porque, afinal, o Rei também somos nós, portugueses aspirando à libertação, à partilha de tudo quanto dos une, ao bem que desejamos para esta terra. O Rei é todos num homem. Por isso não tem agenda, não tem partido, não negocia, não trai, não promete, não vive do contingente, não tem amigos na acepção comercial de um interesse.

A evocação do regicídio deveria ser, afinal, a prova da imortalidade do sentimento monárquico. Há semanas, falando com SAR o Príncipe da Beira, jovem de 17 anos, pressenti o peso dessa responsabilidade que se herda e não se discute, o peso e a responsabilidade de vir a ser um dia aquilo que o Senhor Dom Duarte tem sido ao longo destas décadas de chumbo; aquilo que foi, desde 1143, a função dos nossos reis. A família real une e é respeitada porque é um símbolo nacional e porque lembra aos portugueses que há coisas que estão para além do nosso tempo. Os regicídios acontecem na proporção do ódio ou da estupidez daqueles que desconhecem o intrínseco carácter democrático e libertador da monarquia.
Felizmente, vai-se dissipando lentamente a teia de mentiras, de preconceitos e ignorância fabricada pelos inimigos da ideia monárquica. Um dia, quando tomarem consciência do mal que fizeram a Portugal e se biografar a passagem de Dom Duarte pelo nosso tempo, os mais honestos lamentarão o que perdemos todos por não se ter sabido aproveitar a dedicação de um homem que tem sido, em todas as causas que abraça, o que de melhor tem Portugal.

 
Miguel Castelo-Branco
 
 
Fonte:  Combustões

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