O Mundo foi surpreendido com a notícia da renúncia do Papa Bento XVI (antes de prosseguir convém esclarecer que não se irá abordar o tema sob o ponto de vista espiritual). Segundo a tradição o Papa exerce a sua função desde que é eleito até à sua morte. “É um trabalho para a vida.” O facto de o Vaticano ser uma Monarquia aparentemente faz com que a surpresa para muitos seja ainda maior (isto é, pelo menos para aqueles que sabem que o Vaticano é uma Monarquia). É certo que é uma Monarquia com características muito específicas mas ainda assim uma Monarquia e, também por este ponto de vista, era suposto que um Papa só abandonasse o cargo devido à sua morte.
Mas os tempos são outros e até o tradicionalíssimo Vaticano parece estar consciente disso.
Passando para um Estado muito mais liberal, também nos Países Baixos (erroneamente chamados de Holanda) S.M. a Rainha Beatriz decidiu abdicar após um considerável reinado de 33 anos e com uma elevadíssima popularidade. A intenção é declaradamente dar lugar à geração mais nova. E abdicou como a Sua mãe e a Sua avó haviam feito.
Com esta renúncia e esta abdicação mostrou-se aquilo que muitos monárquicos têm vindo a dizer: numa monarquia é normal que o Monarca reine até morrer mas não é obrigatório que assim seja. Caso o Monarca não se encontre com capacidade (quer física quer mental) para continuar a exercer o cargo pode ocorrer a renúncia (ou abdicação, conforme o caso) sem que isso deva ser considerado como algo surpreendente. Existe ainda a hipótese da regência. No entanto a mudança é feita de tal modo que a estabilidade dos respectivos Estados fica assegurada.
Tanto o Vaticano como os Países Baixos são Monarquias Ocidentais embora com características muito díspares. Em ambas os seus líderes vão deixar o poder (por livre vontade): uma renúncia e uma abdicação. Pois muito bem, e daí? Qual o espanto?
Servirão estes dois acontecimentos para mostrar que um Monarca não exerce, necessariamente, o poder até morrer como alegam alguns mal-intencionados?
Fonte: Portugal Futuro
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