19 março 2024

Dia de São José - Dia do Pai - Virtudes e dons de São José por Réginald Garrigou-Lagrange, O.P.

Brilham nele, sobretudo, as virtudes da vida oculta, em grau proporcionado ao da graça santificante: a virgindade, a humildade, a pobreza, a paciência, a prudência, a fidelidade ― que não pode ser quebrantada por nenhum perigo ― a simplicidade, a fé esclarecida pelos dons do Espírito Santo, a confiança em Deus e a mais perfeita caridade. Guardou o depósito que lhe foi confiado com uma fidelidade proporcionada ao preço desse tesouro inestimável. Cumpriu o preceito: Depositum custodi, guarda o que te foi confiado.

Sobre essas virtudes da vida oculta, Bossuet faz estas considerações gerais (30): 

“É um vício comum nos homens entregar-se inteiramente às coisas exteriores e desprezar o interior; trabalhar para as aparências e adornos e menosprezar o efectivo e o sólido; preocupar-se com fazer parecer e não com o que deve realmente ser. Por isso são estimadas as virtudes que envolvem negócios e ocupações e exigem o trato com a sociedade; ao contrário, as virtudes ocultas e interiores, que não levam em conta o público, onde tudo se passa entre Deus e a alma, não só não são praticadas, mas não são sequer compreendidas. E, não obstante, nesse segredo reside todo o mistério da virtude verdadeira... É preciso formar um homem em seu verdadeiro sentido antes de pensar que lugar ocupará entre os outros; e se não se trabalhar sobre essa base, todas as outras virtudes, por mais brilhantes que possam ser, não serão mais que virtudes de vã ostentação... elas não formam o homem segundo o coração de Deus. Ao contrário, José, homem simples, buscou a Deus; José, homem desprendido, encontrou a Deus; José, homem reservado, desfrutou de Deus”.

A humildade de José consolidou-se ao considerar a gratuidade de sua vocação excepcional. Ele deve ter dito a si mesmo muitas vezes: por que razão o Altíssimo me deu o Seu Filho Unigénito para custodiá-Lo, a mim, José, antes que a este ou àquele outro homem da Judeia, da Galileia, ou de outra região e de outro século? Foi unicamente o beneplácito de Deus, beneplácito que é por si mesmo a razão e o motivo pelo qual José foi livremente preferido, escolhido e predestinado desde toda a eternidade, antes deste ou daquele outro homem, a quem o Senhor poderia ter concedido os mesmos dons e a mesma fidelidade para prepará-lo para essa excepcional missão. Vemos nessa predestinação um reflexo fiel da gratuidade da predestinação de Cristo e de Maria.

O conhecimento do valor dessa graça e da sua gratuidade absoluta, longe de prejudicar a humildade de José, confirmou-a. Ele pensava no seu coração: “O que tens que não recebeste?”.

José aparece como o mais humilde de todos os santos depois de Maria; mais humilde que qualquer um dos anjos; e se é o mais humilde, é por isso mesmo o maior de todos, porque todas as virtudes estando conexas, a profundeza da humildade é proporcionada à elevação da sua caridade, como a raiz da árvore é tanto mais profunda quanto mais alta ela é: “Aquele dentre vós todos que é o menor”, disse Jesus, “este será o maior” (31).

Como nota ainda Bossuet: “Possuindo o maior dos tesouros por uma graça extraordinária do Pai Eterno, José, longe de vangloriar-se desses dons ou de revelar as suas vantagens, oculta-se o quanto pode dos olhos dos mortais, desfrutando pacificamente com Deus do mistério que lhe é revelado e das riquezas infinitas que o Altíssimo colocou a seu encargo” (32). “José tem em sua casa motivos para atrair todos os olhares da Terra, e o mundo não o conhece; possui um Deus Homem, e não diz nenhuma palavra; é testemunho de um mistério tão extraordinário, e o aprecia em segredo, sem o divulgar” (33).

A sua fé é inquebrantável, apesar da obscuridade do mistério inesperado. A palavra de Deus transmitida pelo anjo esclarece-lhe a concepção virginal do Salvador: José poderia ter hesitado em acreditar em algo tão extraordinário, mas acreditou firmemente com a simplicidade do seu coração. Por sua simplicidade e humildade, ele ascende às alturas de Deus.

A obscuridade não tarda em reaparecer: José era pobre antes de ter recebido o segredo do Altíssimo, mas tornou-se ainda mais pobre ― observa Bossuet ― quando Jesus veio ao mundo, porque Ele veio com Sua abnegação e desprendimento de tudo para unir-Se a Deus. Não há lugar para o Salvador no último dos albergues de Belém. José deve ter sofrido ao ver que não tinha nada para oferecer a Maria e a seu Filho.

A sua confiança em Deus manifestou-se nas provações, pois a perseguição começou logo após o nascimento de Jesus. Herodes pretendia matá-Lo. O chefe da Sagrada Família devia esconder Nosso Senhor, partir para um país distante, onde ninguém o conhecia e onde não sabia como poderia ganhar a vida. Partiu, colocando toda a sua confiança na Providência.

O seu amor a Deus e às almas não cessa de crescer na vida oculta de Nazaré, pela influência constante do Verbo feito carne, o foco de graças sempre novas e sempre mais elevadas para as almas dóceis, que colocam toda a sua confiança em Deus e não põem nenhum obstáculo às graças que Ele lhes quer dar. 

Dissemos antes, a propósito do progresso espiritual em Maria, que a ascensão dessas almas é uniformemente acelerada, quer dizer, que se dirigem tanto mais rapidamente para Deus quanto mais se aproximam d’Ele e Deus as atrai mais a Si. Essa lei da gravitação espiritual das almas realizou-se exactamente em José; a caridade não parou de aumentar nele, sempre mais prontamente até à sua morte; o progresso de seus últimos anos foi mais acelerado que o dos primeiros anos, porque encontrando-se mais perto de Deus, era mais fortemente atraído por Ele.

Com as virtudes teologais, cresceram também incessantemente nele os sete dons do Espírito Santo, que são conexos com a caridade. Os dons de inteligência e de sabedoria tornavam a sua fé viva cada vez mais penetrante e deleitável. Com fórmulas extremamente simples, mas muito elevadas, a sua contemplação dirigia-se à infinita bondade do Altíssimo. Essa foi, na sua simplicidade, a contemplação sobrenatural mais sublime depois da de Maria.

Essa contemplação amorosa lhe era muito doce, mas exigia a mais perfeita abnegação e o mais doloroso dos sacrifícios, quando recordava as palavras do velho Simeão: “Este menino será um sinal de contradição”, e as dirigidas a Maria: “Uma espada de dor transpassará a tua alma”. A aceitação do mistério da Redenção por meio do sofrimento apareceu para José como a consumação dolorosa do mistério da Encarnação, e ele necessitava de toda a generosidade do seu amor para oferecer a Deus, no sacrifício supremo, o Menino Jesus e a sua Santíssima Mãe, a quem amava infinitamente mais do que a sua própria vida.

A morte de São José foi uma morte privilegiada; assim como a da Santíssima Virgem, foi ― disse São Francisco de Sales ― uma morte de amor (34). O santo admite também, com Suárez, que José estava entre os santos que, segundo São Mateus (35), ressuscitaram após a Ressurreição de Nosso Senhor e manifestaram-se na cidade de Jerusalém; ele argumenta que essas ressurreições foram definitivas e que José entrou no Céu em corpo e alma. Santo Tomás é muito mais reservado sobre esse ponto: depois de ter admitido que as ressurreições que se seguiram à de Jesus foram definitivas (36), mais tarde, examinando as razões contrárias aduzidas por Santo Agostinho, concluiu que estas são muito mais sólidas (37).

Padre Réginald Garrigou-Lagrange, O.P. in 'A predestinação de São José e sua eminente santidade'

Notas:
30. Segundo panegírico de São José, exórdio.
31. Lc 9, 48.
32. Primeiro panegírico de São José, exórdio.
33. Segundo panegírico de São José, ponto terceiro.
34. Tratado do Amor de Deus, 1. VII, c. XIII.
35. Mt 27, 52 ss.
36. IV Sent. 1. IV, dist 42, q. 1, a. 3
37. Cf. IIIª, q. 53, a. 3, ad 2.

Fonte: Senza Pagare

18 março 2024

Cientistas contra a narrativa climática

 

Há muitos académicos que defendem que estamos imersos numa crise climática acelerada pela acção do Homem, especialmente devido às emissões de gases de efeito estufa. Esta “teoria” foi abraçada pelos governos de praticamente todos os países que, ao financiar estudos e projectos que a corroboram, acabaram por introduzir um enorme viés na “ciência do clima”.

Fundamentados nessa “ciência”, os governos de muitos países celebraram protocolos e tratados com o objectivo de reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa.

Se muitos académicos, atraídos pelos fundos colocados à sua disposição para corroborar a “ciência estabelecida do clima”, produziram papers, procuraram evidências, desenvolveram modelos, monitoraram satélites, balões e bóias para justificar as verbas que recebem, muitos outros questionam a dita “teoria” que assenta em pressupostos infundados e tira conclusões erróneas.

De facto, há cientistas que consideram desnecessário reduzir os gases de efeito estufa e que os factores determinantes do clima são outros, principalmente de índole astronómica, não tendo o Homem um papel predominante.

Deste modo, já cerca de 1900 cientistas de todo o mundo se uniram sob o tema “Não há emergência climática” para preparar uma “mensagem urgente” (manifesto) em que afirmam que a ciência climática devia ser menos política e que as políticas climáticas deviam ser mais científicas.

Os signatários referem que o arquivo geológico revela que o clima na Terra tem tido períodos frios e quentes, sendo o período de 1300 a 1850 conhecido como a Pequena Idade do Gelo. Não surpreende pois que agora se tenha entrado num período mais quente.

Como as emissões de dióxido de carbono (CO2) são as principais visadas na narrativa climática, os signatários lembram que o CO2 é “a base de toda a vida na Terra” e que, ao invés de ser considerado um poluente, devia ser celebrado como nutriente das plantas:

“Mais CO2 é benéfico para a natureza e torna a Terra mais verde: mais CO2 no ar promoveu o crescimento da biomassa vegetal global e também é bom para a agricultura, aumentando o rendimento das culturas em todo o mundo”.

Sublinham ainda que os desastres naturais não estão a ser mais frequentes e intensos devido ao aquecimento global (não há provas estatísticas) e que as medidas de redução do CO2 são prejudiciais e saem caras.

O manifesto termina dizendo que não há emergência climática e, portanto, não há razão para pânico ou alarme:

“Opomo-nos firmemente à política prejudicial e irrealista das emissões líquidas zero de CO2 proposta para 2050. Se surgirem abordagens melhores, e elas certamente surgirão, temos tempo suficiente para refletir e reajustar. O objectivo político global deve ser a prosperidade para todos, fornecendo energia fiável e acessível em todos os momentos. Numa sociedade próspera, homens e mulheres são bem educados, as taxas de natalidade são baixas e as pessoas preocupam-se com o seu ambiente.”

Henrique Sousa

Fonte: Inconveniente

17 março 2024

Março é o mês dedicado a São José


O exemplo de Jesus Cristo, que nesta Terra quis honrar tão grandemente a São José, era bastante para inspirar a todos uma grande devoção a este preclaro Santo. Desde que o Pai Eterno designou São José para fazer as suas vezes juntos de Jesus, Jesus sempre o considerou e o respeitou como pai, obedecendo-lhe pelo espaço de vinte e cinco ou trinta anos: Et erat subditus illis(1) — E estava-lhes sujeito. O que quer dizer que em toda aquela série de anos a única ocupação do Redentor foi obedecer a Maria e a José.

A José competia em todo aquele tempo exercer o ofício de governar, como cabeça que era da pequena família; a Jesus, como súbdito, o ofício de obedecer. De sorte que Jesus não dava um passo, não praticava coisa alguma, não tomava alimento, não ia repousar, senão segundo as ordens de São José. Punha a mais atenciosa diligência em escutar e executar tudo o que lhe era imposto. — “O meu Filho”, assim revelou o Senhor a Santa Brígida, “era tão obediente, que quando José dizia: Faze isto, ou faze aquilo, logo o executava.” E acrescenta que em Nazaré “Jesus muitas vezes preparava a comida, buscava água, lavava as vasilhas e varria a casa”.

Esta humilde obediência de Jesus ensina-nos que a dignidade de São José é superior à de todos os Santos, excepção feita da divina Mãe. Pelo que um douto autor escreve com razão: “É justíssimo que seja muito honrado pelos homens aquele que de tal maneira foi elevado pelo Rei dos reis.” (2) — O próprio Jesus recomendou a Santa Margarida de Cortona que fosse particularmente devota de São José, por ser ele quem o alimentou durante a sua vida: “Eu quero”, disse-lhe (e imaginemos que nos diz o mesmo), “que cada dia pratiques algum obséquio especial a meu amantíssimo pai nutrício, São José.

Para compreendermos as grandes mercês que São José faz aos seus devotos, basta referir o que a este respeito diz Santa Teresa:

“Não me lembro (é a Santa quem fala) de lhe ter pedido alguma coisa sem que ma tenha obtido. Causaria assombro se eu enumerasse todas as graças que o Senhor me concedeu por intermédio deste Santo, e todos os perigos, tanto para o corpo como para a alma, dos quais me livrou. Aos demais Santos parece que o Senhor lhes deu o serem protectores numa só necessidade particular; a experiência, porém, faz ver que São José é protector universal. Parece que Jesus nos quer dar a entender que, assim como ele na Terra se submeteu voluntariamente a São José, também no Céu faz tudo que o Santo lhe pede. O mesmo experimentaram também outras pessoas, às quais aconselhei que se lhe recomendassem.

“Quisera persuadir a todos (continua a Santa) a serem devotos deste Santo, pela experiência adquirida dos grandes favores que ele obtém de Deus. Não conheço pessoa que honrando-o de uma maneira particular, não se visse progredir muito na virtude. Desde há muitos anos lhe peço, no dia da sua festa, uma graça especial e sempre a tenho conseguido. A quem não me quiser crer, peço pelo amor de Deus que faça a experiência.”

Tomemos São José por nosso especial protector e poderoso intercessor, e não deixemos de nos recomendar-lhe cada dia e várias vezes por dia. Multipliquemos as nossas orações nestes dias de sua festa, pratiquemos em sua honra alguma mortificação e digamos muitas vezes:

† “Lembrai-vos, ó puríssimo Esposo de Maria Virgem, ó doce Protector meu São José, que jamais se ouviu dizer que alguém tivesse invocado a vossa protecção, e implorado o vosso socorro, e não fosse por vós consolado. Com esta confiança, venho à vossa presença, a vós fervorosamente me recomendo. Ah! Não desprezeis a minha súplica, pai putativo do Redentor, mas dignai-vos de a acolher piedosamente. Assim seja.” (3) 

(1) Luc. 2, 51;
(2) Card. Camer;
(3) Indulgência de 300 dias.

Santo Afonso Maria de Ligório in 'Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano' - Tomo II

15 março 2024

Crítica XXI - NÚMERO 6 - INVERNO 2024

Este número 6 de Crítica XXI abre com um artigo de Jaime Nogueira Pinto, “A Direita e as Direitas – A Direita Revolucionária” que, continuando a série sobre a conceptualização das direitas, trata das origens francesas da direita revolucionária, com o populismo no fim do século XIX; e depois se detém nas fundações do primeiro fascismo mussoliniano.

Em “Do intelectual militante ao militante intelectual”, Alexandre Franco de Sá analisa estas “figuras”, detendo-se nas obras e na experiência de autores activistas como Gramsci, Lukács, Sartre; passa depois ao papel dos académicos contemporâneos na esfera universitária anglo-saxónica e ao seu reflexo contraditório  entre uma bela imagem (rebelde) de si mesmos e a imposição dos dogmas do pensamento correcto a que se dedicam.

Léo Strauss, um dos muitos judeus alemães emigrado para os Estados Unidos, é um pensador determinante do conservadorismo contemporâneo. Em “50 anos da morte de Léo Strauss”, Tomás Cruz evoca o pensador crítico de Maquiavel e Hobbes, lembrando a sua análise singular da modernidade maquiavélica, como ruptura com o pensamento dos clássicos.

Carlos Maria Bobone, editor da Crítica XXI, faz em “Linhas Vermelhas” uma história breve deste conceito; é, na conjuntura pré-eleitoral, um texto muito oportuno em termos de avaliação de alianças e estratégias.

João Pedro Marques, que tem estado presente na resposta às fábulas e caricaturas progressivas da História portuguesa, vem, em “Portugal e a questão do trabalho forçado nas regiões tropicais”, fazer a rectificação às acusações de prática de trabalho forçado no Império africano português.

André Abranches em “Da interpretação dos grandes livros” aconselha os leitores dos Clássicos a lê-los directamente, no próprio texto, sem mediadores. Mas, a propósito de interpretações, relata uma polémica Leo-Strauss- Alexandre Kojève, dois autores contemporâneos que nos ajudam na leitura crítica dos Antigos.

Prosseguindo com os seus textos sobre o Liberalismo em Portugal, Rui Ramos, no seu artigo “A Guerra Civil como Guerra Religiosa”, explica a importância do factor religioso na divisão entre liberais e miguelistas que levou à mais dura das guerras civis em Portugal. Na visão diferente e oposta de religião esteve a mais profunda, por irreconciliável, causa da guerra.

Duarte Branquinho ouviu em entrevista Jean-Yves Gallou, um representante da “Nova Direita” identitária francesa, que se tem dedicado no espaço público à acção político-cultural, uma acção que tem dado frutos políticos constantes e crescentes.

Passando às Notas Críticas, Luís Alvim faz a recensão do polémico livro de Nuno Palma, As causas do atraso português. O autor foi objecto de grandes ataques da Esquerda, especialmente por fazer justiça ao Estado Novo, em matéria de alfabetização e de desenvolvimento económico, Mas a razão das razões do atraso, teria a ver com o absolutismo pombalino, suspendendo a representação popular e criando monopólios. O ouro do Brasil e os fundos europeus acrescentaram à letargia nacional.

Outra recensão é de Jaime Nogueira Pinto ao último livro de Emmanuel Todd, o autor francês que, em 1976, previu o “fim da União Soviética”, 25 anos depois. O pior é que, desta vez, com factos e argumentos fortes de suporte, Todd fala da “Derrota do Ocidente”.

Vasco Cordovil Cardoso leu The Case Against the Sexual Revolution – A new guide to sex in the 21st century, como o testemunho de alguém que conheceu e viveu de boa-fé a referida revolução. E que fez a respectiva autocrítica.

Miguel Morgado é um académico da área do pensamento político, da Filosofia e da Ciência Política. Desta vez entrou numa área fronteiriça – a Geopolítica. Lívia Franco faz a recensão crítica dessa incursão, em Uma Genealogia da Geopolítica Europeia

DIRECÇÃO JAIME NOGUEIRA PINTO E RUI RAMOS


Fonte: Crítica XXI

14 março 2024

CONCERTO II do Ciclo de Requiem - Vozes que Vencem as Trevas


XII Ciclo de Requiem Coimbra 2024: Celebra "Vozes que Vencem as Trevas" em Homenagem aos Direitos Humanos

O XII Ciclo de Requiem Coimbra 2024 está em pleno andamento, e a segunda etapa deste extraordinário evento musical, "Vozes que Vencem as Trevas", está prestes a acontecer na emblemática Capela da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra.

Este ciclo de concertos, dedicado às "Vozes pelos Direitos Humanos", é um tributo apaixonado à música, à voz e aos valores fundamentais da liberdade, justiça e dignidade humana. Em colaboração com a Câmara Municipal de Coimbra e reconhecido como um Evento de Alcance Estratégico, o Ciclo de Requiem Coimbra 2024 não só enriquece a herança cultural da cidade, mas também fortalece o compromisso com os Direitos Humanos.

Detalhes do Concerto:
Tema: Vozes que Vencem as Trevas
Data: 16 de Março de 2024
Hora: 21h30
Local: Capela da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra, Coimbra
Lotação: 170 lugares

Programa:
Missa pro defunctis, Giovanni Matteo Asola (ca. 1528-1609)
Motetes e Responsórios da Semana Santa,  Orlando di Lasso (1532-1594), Tomas Luís de Victoria (ca. 1548-1611) e G.P. Da Palestrina (ca. 1525-1594)

Intérpretes:
Coro Voces Verbi
Direcção: Rodrigo Oliveira

Sobre o Concerto:
"Vozes que Vencem as Trevas", o segundo concerto do Ciclo de Requiem Coimbra 2024, promete uma experiência musical transcendental na majestosa Capela da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra. Sob a direcção de Rodrigo Oliveira, o Coro Voces Verbi irá oferecer uma interpretação arrebatadora de obras sacras de polifonia renascentista, destacando a capacidade da música de elevar o espírito humano acima das adversidades. Trata-se de um concerto que é uma oportunidade única em Coimbra, onde as 11 vozes masculinas sublimes do Coro Voces Verbi irão dissipar as trevas com sua interpretação inspiradora.

Este concerto é mais do que uma simples apresentação musical; é um convite para uma jornada espiritual durante a Quaresma, preparando os corações e as mentes para o significado profundo do Tríduo Pascal. Com partes da Missa pro defunctis entrelaçadas com motetes e responsórios da Semana Santa, os espectadores serão transportados para um período de excelência na história da música, o Renascimento, onde a polifonia e a expressão artística alcançaram o seu apogeu.

Unindo o passado e o presente através da música, "Vozes que Vencem as Trevas" promete ser uma experiência única e edificante, convidando todos os presentes a refletir sobre os valores universais da esperança, redenção e renovação.

Informações sobre o XII Ciclo de Requiem Coimbra 2024 e aquisição de ingressos para o concerto "Vozes que Vencem as Trevas", podem ser obtidas na BOL – Bilheteira online e através do email reservasconcertoscsic@gmail.com  ou ainda o telefone 912 911 300.

12 março 2024

O Mundo do Silêncio*

As notícias internacionais veiculadas pelos meios de comunicação dominantes ocidentais vêm maioritariamente de três grandes agências de notícias globais: a Associated Press (AP) de Nova Iorque, a Thomson-Reuters de Nova Iorque/Toronto e a Agence France-Presse (AFP) de Paris.

Os jornais e televisões podem ter correspondentes em diversos países para obter notícias sobre o que acontece pelo mundo. Mas muitos não dispõem de correspondentes próprios suficientes e recorrem por isso às agências para aceder a notícias internacionais. Das cerca de cento e quarenta agências noticiosas do mundo, apenas vinte delas são totalmente independentes dos Estados. Porém, a maioria trabalha em cooperação, celebrando contratos de partilha entre si, pelo que muitas notícias internacionais nos jornais e televisões são uma “cópia-colagem” de notícias de alguma agência.

Em Portugal, a Agência Lusa tem o Estado como accionista maioritário (50,14%), seguido da Global Media Group (23,36%) e Impresa (22,35%) e outros menores como a NP – Notícias de Portugal, Público, RTP, O Primeiro de Janeiro e a Empresa do Diário do Minho. A Lusa também faz “cópia-colagem” de grande parte das notícias internacionais, limitando-se a traduzi-las para Português e passando-as depois à imprensa nacional que as divulga colocando num canto a palavra “Lusa” que é a fonte próxima da notícia. Se formos à notícia da Lusa, poderemos encontrar referência à “Reuters” ou “AFP”, etc.. Mesmo assim, o original pode ser por vezes difícil de localizar.

Pode-se daqui inferir que, quando um determinado acontecimento importante no estrangeiro não é divulgado em Portugal, foi porque as agências não quiseram ou foram impedidas de o fazer por quem as detém, e os meios de comunicação dominantes não se dão ao trabalho de pesquisar outras fontes, quanto mais não seja valendo-se das redes sociais ou de páginas alternativas na Internet.

Muitas semanas (ou meses) se passaram sem que a imprensa nacional divulgasse uma única notícia sobre os protestos dos agricultores europeus contra a política agrícola comum (PAC) da UE. Só quando os agricultores portugueses começaram também a acordar é que o assunto passou a ser tratado nas notícias porque já não era possível escondê-lo. Mesmo assim sem qualquer destaque e fazendo o público crer que era um assunto complexo e que cada país tinha uma razão específica que nada tinha a ver com a agenda climática da PAC, com as proibições e os constrangimentos que ela impõe aos agricultores, favorecendo assim os produtos mais baratos importados de países que não têm os mesmos regulamentos.

Mais recentemente, temos o caso do activista de direita Sérgio Tavares que se deslocou ao Brasil para fazer a cobertura da manifestação pela liberdade de 25-2-2024 convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. À sua chegada ao aeroporto de Guarulhos em São Paulo, Sérgio Tavares foi tratado como criminoso pela Polícia Federal Brasileira, teve o seu passaporte apreendido, foi submetido a um interrogatório político e ficou retido cerca de 4 horas no aeroporto antes de ser liberto, graças a um advogado que lhe foi enviado por Jair Bolsonaro. Quase toda a imprensa brasileira relatou o incidente mas em Portugal nem uma linha correu e nem uma imagem se mostrou nos meios de comunicação dominantes. A própria manifestação, que juntou mais de 700 mil pessoas na Avenida Paulista, foi praticamente ignorada. O mundo do silêncio abafou este acontecimento e, para grande parte das pessoas, nada de grave se passou no Brasil. Na tal manifestação estiveram, segundo as agências de notícias, apenas alguns milhares de apoiantes.

O activista Sérgio Tavares tem sido uma das poucas fontes de notícias internacionais – de que não se ouve falar em Portugal -, tal como os protestos dos agricultores europeus, notícias à margem da reunião anual do Fórum Económico Mundial (WEF), os problemas com as vacinas Covid, o mito das alterações climáticas antrópicas, a geoengenharia, a corrupção, o atropelo dos direitos humanos, etc..

De uma forma geral, o mesmo acontece com outras notícias de outras fontes que são deliberadamente mergulhadas no mundo do silêncio, em regra notícias sobre factos ou situações que desmontam as narrativas oficiais predominantes sobre a política, sobre a ideologia de género, sobre clima, imigração, etc.. Somos levados a concluir que existe uma mão invisível que simplesmente corta com o lápis azul aquilo que não convém que chegue às “massas ignaras”. Estas narrativas oficiais estão tão difundidas que passaram a estar integradas nos algoritmos de redes sociais, motores de busca e também na IA, constituindo uma barreira quase impossível de derrubar, uma censura a nível global.

Falando de lápis azul, o próprio Sérgio Tavares está ciente que a situação por ele vivida no Brasil foi abafada pela imprensa portuguesa, apressando-se a CCPJ (Comissão da Carteira Profissional de Jornalista) a esclarecer que ele não é jornalista (como é tratado na imprensa brasileira) e, talvez por isso, não tenha estatuto que mereça referência no jornalismo português, apesar da importância da denúncia que faz sobre o estado da democracia no Brasil! O esclarecimento da CCPJ terá sido motivado pelo facto de hoje a Internet permitir (ainda) divulgar informação que as agências e os meios de comunicação controlados e sustentados pelo Estado gostariam de esconder do grande público.

Henrique Sousa

* Título de um livro do explorador oceanográfico Jacques-Yves Cousteau que também deu origem a um filme com o mesmo nome.

 Fonte: Inconveniente

11 março 2024

Duquesa de Bragança e Infante D. Dinis na procissão do Senhor dos Passos da Graça

Centenas de fiéis participaram no dia 25 de Fevereiro, nesta manifestação de fé, que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e do vice-presidente Filipe Anacoreta Correia.

Celebrada sempre no segundo domingo do período da Quaresma, a procissão do Senhor dos Passos da Graça evidencia o trajecto percorrido na paixão e morte de Jesus Cristo.

Cumprindo uma antiga tradição, a Família Real marcou presença na secular Procissão do Senhor dos Passos, entre a Igreja de São Roque e a Igreja da Graça.
Este ano, foi SA o infante D. Dinis, o duque do Porto, que, segundo o hábito da Casa Real Portuguesa, segurou o palio, à frente, do lado direito. SAR a Senhora D. Isabel, a duquesa de Bragança, acompanhou igualmente a procissão. 
Quem também marcou presença na procissão foi a Princesa Dona Maria Gabriela de Orleans e Bragança.


10 março 2024

Renega-te a ti próprio, toma a tua cruz e segue Jesus


A muitos parece dura esta palavra : «Renega-te a ti próprio, toma a tua cruz e segue Jesus.» 

Por que temes levar a cruz, pela qual se vai ao Reino? Na cruz está a salvação; na cruz, a vida; na cruz, a protecção dos inimigos; na cruz se derrama toda a suavidade do alto; na cruz, a força do espírito; na cruz, a alegria da alma; na cruz, a suprema virtude; na cruz, a perfeição da santidade. Não há salvação da alma nem esperança da vida eterna senão na cruz. Pega, pois, na tua cruz e segue-O: caminharás para a vida eterna. Se morreres com Ele, também com Ele viverás (cf Rom 6,8). E, se fores seu companheiro no sofrimento, também o serás na glória.

Eis que tudo consiste na cruz; não há outro caminho para a vida e para a verdadeira paz interior. Anda por onde quiseres, procura o que desejares, não encontrarás mais elevado caminho no alto, nem mais seguro cá em baixo, do que o caminho da santa cruz.

Dispõe e ordena tudo segundo o que queres e vês; não encontrarás nada onde não haja que sofrer, voluntária ou necessariamente, e assim sempre encontrarás a cruz. Ou sofrerás dores no corpo, ou encontrarás tribulações na alma. Umas vezes serás abandonado por Deus, outras serás afligido pelo próximo e, pior ainda, muitas vezes pesar-te-ás a ti mesmo; e não poderás ser libertado ou aliviado com qualquer remédio ou consolação. Deus quer que aprendas a suportar o sofrimento sem consolações, que te submetas a Ele totalmente e te tornes mais humilde pela tribulação. 

E é necessário que tenhas paciência, se queres possuir a paz interior e merecer a coroa imortal.

in Imitação de Cristo, Livro II, capítulo 12


09 março 2024

Do orçamento da República Francesa para 1896

O projecto do orçamento dos cultos para 1896, em França, apresenta uma diminuição de 270.800 francos ao votado para 1895.
Estas reduções somente são feitas para o culto católico, porque aos protestantes e aos judeus são conservados todos os créditos, excepto uma pequena redução de 3.800 francos. Para os seminários católicos não é estabelecida nenhuma subvenção, enquanto aos dois seminários protestantes são dados 26.500 francos, e o seminário israelita recebe 22.000 francos do Estado.
Não espanta, porque actualmente a guerra contra a Igreja Católica, em França, é encarniçada. O ministério francês é franco-mação e a franco-maçonaria tem o maior empenho possível em destruir e Igreja e exterminá-la da face da terra. Por isso combate-se o dogma, atacam-se as ordens religiosas, suprime-se em parte o orçamento dos cultos e muitas outras iniquidades são consumadas.

«Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 1º Ano, Nº 12, Dezembro de 1895


Fonte: Veritatis

08 março 2024

Próximo Sábado, 9 de Março, às 21h30 - Coro Sinfónico Inês de Castro no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova

O Coro Sinfónico Inês de Castro estará no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova. 
🎼O Ciclo de Requiem conta com a curadoria, desde a sua primeira edição, do Fundador, Maestro e Diretor Artístico Artur Pinho Maria🤗
No próximo sábado, iniciamos a edição n.° 12 com uma interpretação única e emocionante da obra Jubilate Deo, de @danforrestmusic, sob a sua batuta.
Reserve o seu lugar antes que esgote!
🎼Jubilate Deo, de Dan Forrest
🗓9 de março
⏰️21h30
📍Igreja da Rainha Santa Isabel, Coimbra

07 março 2024

A Senhora Duquesa de Bragança visitou a exposição "Memórias da Praia da Corte: D. Luís e D. Maria em Cascais"

 

SAR A Senhora D. Isabel de Bragança, Duquesa de Bragança, casada com D. Duarte Pio de Bragança, herdeiro da Coroa portuguesa, esteve na tarde de sexta-feira (23 de Fevereiro) em Cascais, onde foi recebida pelo presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras e pelo presidente da Fundação D. Luís I, Salvato Teles de Menezes. A Duquesa de Bragança aproveitou para desfrutar de uma visita guiada, pelo curador João Miguel Henriques, à exposição "Memórias da Praia da Corte: D. Luís e D. Maria em Cascais", patente na galeria de exposições do Palácio da Presidência, na Cidadela de Cascais.

A exposição mostra a relação da Família Real com Cascais e o decisivo contributo de D. Luís e D. Maria Pia para a importância da vila enquanto capital do lazer em Portugal.

Aqui se reconstituem os momentos mais simbólicos da passagem real pelo concelho, exibindo bens museológicos, arquivísticos e biblioteconómicos, numa organização da Câmara Municipal de Cascais e da Fundação D. Luís I, no âmbito da programação do Bairro dos Museus.



Fonte: A Monarquia Portuguesa