segunda-feira, 28 de maio de 2012

Quinta da Bacalhoa: cinco séculos de história passaram por aqui


Da inicial quinta de recreio, a Bacalhoa é, desde 1996, monumento nacional, classificação atribuída pelo ex-IPPAR. Inicialmente denominado por Palácio dos Albuquerques, as teorias sobre a sua actual designação não são precisas e se uns dizem que o nome Bacalhoa se deve à alcunha de D. Maria Mendonça de Albuquerque, outros garantem que o nome foi adquirido depois de uma viagem à Índia onde foram ultrapassadas enormes dificuldades para salvar a tripulação, atacada pelo escorbuto, ficando apenas o bacalhau.

Situada em Vila Fresca de Azeitão, a Quinta da Bacalhoa (consagrada entre os tesouros artísticos de Portugal) sofreu, ao longo dos últimos cinco séculos, várias alterações arquitectónicas tendo, no entanto, conservado até aos dias de hoje as abóbadas ogivais, o palácio com janelas ao estilo renascentista, os cubelos representativos da Via Sacra e elementos cerâmicos decorativos, do século XVI. Os azulejos encontram-se datados de 1565 e com a assinatura do ceramista Francisco de Matos. Os bustos, de significação histórica, são emoldurados por medalhões de faiança de origem flamenga.
Antiga propriedade da Casa Real Portuguesa, a Quinta da Bacalhoa (anteriormente designada por Quinta dos Albuquerques é considerada a mais bonita quinta da primeira metade do século XVI, ainda existente no nosso país.

No século XV pertenceu, como quinta de recreio, ao filho do rei D. João I, João, Infante de Portugal, o qual a deixou, em herança, a sua filha D. Brites, casada com o segundo Duque de Viseu e que viria a ser mãe do rei D. Manuel I. Aliás, foi D. Brites quem mandou construir os muros com torreões de cúpulas aos gomos e também o grande tanque que, actualmente, ainda fazem parte do edifício.
Vendida em 1528 a D.Brás de Albuquerque, filho primogénito de D. Afonso de Albuquerque, o palácio viria a ser enriquecido, pelo novo proprietário, com magníficos painéis de azulejos, tendo ainda mandado construir uma «casa de prazer», junto ao tanque, e dois grandes pavilhões, juntos aos muros laterais.

Nos finais do século XVI, esta quinta fazia parte do morgadio pertencente a D. Jerónimo Teles Barreto, descendente de Afonso de Albuquerque. Este morgadio, em que estava incluída a Quinta da Bacalhoa, viria a ser herdado por sua irmã, D. Maria Mendonça de Albuquerque, casada com D. Jerónimo Manuel, conhecido pela alcunha de «Bacalhau».
Aliás, é muito provável que o nome de «Bacalhoa», pelo qual veio a ficar conhecida a antiga Quinta de Vila Fresca, em Azeitão, tenha tido origem no facto de a mulher de D. Jerónimo Manuel também ser designada da mesma forma sarcástica. No entanto, uma outra versão para a actual designação refere que a mesma surgiu em 1730 após uma viagem à Índia onde foram ultrapassadas enormes dificuldades para salvar a tripulação que foi atacada pelo escorbuto, ficando apenas o bacalhau, que nessa época era considerado nocivo para a saúde.

Em 1973, o Palácio da Bacalhoa foi comprado e restaurado por uma norte-americana, Orlena Scoville, cujo neto se incumbiu da missão de tornar a quinta num dos maiores produtores de vinho de Portugal, na década de 70 do século XX.

Actualmente a Quinta da Bacalhoa pertence à Fundação Berardo, liderada pela família Berardo, a nona mais rica de Portugal, cujo patriarca é o madeirense Joe Berardo. Grande parte da vasta extensão dos terrenos da quinta são ocupados por vinhas que produzem os largamente premiados Vinhos Bacalhoa.

Fonte: O Setubalense

Sem comentários: