segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

O Novo Rei Dom MANUEL II

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O Rei morreu! Viv’ó Rei!
Pelos mais sinuosos decretos do destino e execráveis actos dos homens que colocaram, nesse infernal dia 1 de Fevereiro de 1908, extemporaneamente fim às existências d’ El-Rei o Senhor Dom Carlos I de 44 anos e do Príncipe Real Dom Luís Filipe de 20 anos, Dom Manuel II era o novo Rei de Portugal.
A Sua Majestade El-Rei Dom Manuel II, obrigava-o o dever do trono e destino dos Reis… reinar sobre a morte de quem lhe deu vida!
Com as mortes do Rei e do Príncipe herdeiro, o Infante Dom Manuel sucede ao Rei de cujus através da ascensão ao trono que é automática e que se rege pelas leis de Sucessão ao Trono plasmadas na Constituição e inspiradas nas Actas das Cortes de Lamego, existindo mais tarde a Aclamação em Cortes com uma participação dos Pares do Reino e dos deputados da Nação e uma aclamação popular que ratificaria essa sucessão – sendo que esse passo era o acto jurídico que verdadeiramente faria o Novo Rei!
O Infante Dom Manuel fora até então, Duque de Beja, filho secundogénito do Rei Dom Carlos I e ostentava esse título Ducal dos terceiros filhos, porque o título de Duque do Porto – reservado ao segundo filho varão do Soberano – ainda estava na posse do Infante Dom Afonso Henriques de Bragança, irmão d’El-Rei Dom Carlos I.
Não se pense que a educação de Dom Manuel II, por ser filho segundo, fora descurada, pois, aos seis anos já falava e escrevia em francês, estudou línguas, história e música com o professor Alexande Rey Colaço e teve o tenente-coronel José de Castro como preceptor de balística, táctica e topografia, e, em 1907, iniciou os seus estudos de preparação para ingresso na Escola Naval, preparando-se para seguir carreira na Marinha.
Após uma estadia de alguns dias em Vila Viçosa, com toda a Família Real, havia regressado mais cedo a Lisboa precisamente para se preparar para os exames da Escola Naval, tendo ido esperar os Augustos Pais e irmão ao Terreiro do Paço e eis que o destino do futuro marinheiro se viu alterado pelo terrível atentado terrorista conhecido como o Regicídio em que o Rei e o Príncipe Real foram tragados à vida pelos facínoras da Carbonária, numa conspiração que envolveu ainda muitos outros actores, esses autores morais.
Mudou, também, o destino de Dom Manuel II que ascendeu a Rei, mas um Príncipe é educado para a abnegação pessoal às suas funções e devoção exclusiva ao bem do País, pelo que estará sempre pronto a servir a Nação da maneira que for a mais adequada para o bem da coisa comum.
A Dom Manuel II o Seu nascer impôs-Lhe bem cumprir o Dever herdado de todos os outros Reis, seus antepassados, pois como escreveu Pascal: ‘Toda a sequência dos homens durante o decurso de tantos séculos deve ser considerada como um só homem que subsiste e apreende continuamente’. No último Rei está personificado o primeiro e todos os que se seguiram, pois um Rei não é apenas um homem, mas um ideal e uma celsitude! Como tal está obrigado ao dever da realeza: o Trono é o destino dos Reis… e como tal reinar sobre a morte de quem lhe deu vida! É a Continuidade… apanágio exclusivo da realeza que, como lembrou o 2. Conde de Alvellos, in o ‘Berço Exilado’: ‘… visa de longe a meta, pois se não for o Pai a ultimar a realização, seu Filho, automaticamente alçado Rei, educado das mesmas ideias de seu Pai, tudo seguirá como se a mesma vida fosse!’
Servir… Sempre Servir é Ofício e Destino dos Reis – Para o Bem Maior de Portugal!
O Novo Rei Dom Manuel II de Portugal compreendeu bem esse destino ou plasmado naquele que escolheu para mote pessoal: ‘Depois de Vós, Nós’.

Miguel Villas-Boas

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