sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Comunicado de S.A.R. o Duque de Bragança sobre os incêndios

 

Lisboa, 30 de Julho de 2025


Portugueses,


Mais uma vez, o nosso país enfrenta a dor e a devastação causadas pelos incêndios. São vidas postas em risco, casas perdidas, terras reduzidas a cinzas e um património natural de valor incalculável destruído. É um sofrimento que, lamentavelmente, se repete ano após ano, deixando-nos com uma sensação de impotência que não podemos aceitar como normal.

O combate às chamas, heroicamente conduzido por bombeiros, forças de segurança, militares e voluntários, merece toda a nossa gratidão e respeito. Mas não podemos continuar a depender, ano após ano, apenas da coragem de quem está na linha da frente. É fundamental assumir uma estratégia nacional que privilegie a prevenção e não apenas a reação.

A gestão das florestas, a limpeza de áreas de risco, a criação de áreas agrícolas e a aposta na valorização do território rural são medidas conhecidas e já estudadas. O que falta é a sua aplicação sistemática, com continuidade e visão de longo prazo.

Uma parte destes incêndios tem origem criminosa. A justiça deve ser rápida e exemplar com quem, por irresponsabilidade ou intenção criminosa, coloca em risco vidas humanas e o futuro do nosso país. Um incêndio provocado não é um simples crime, é um atentado contra todos nós.

Há muitos anos que o Arquitecto e professor Gonçalo Ribeiro Telles defendeu a criação de áreas desmatadas com uma largura de mais de 400 metros onde os avanços dos incêndios podem ser interrompidos. A limpeza destes aceiros florestais poderá ser efectuada por rebanhos de cabras ou mesmo de ovelhas. Infelizmente este projecto nunca foi implementado pelos sucessivos Governos.

Que a dor destes dias seja transformada em ação, e que finalmente possamos construir um Portugal mais seguro, mais sustentável e mais protegido para as gerações que hão de vir.

A todos os que sofrem estas perdas, manifesto a minha solidariedade e compromisso de estar ao lado de todos os portugueses neste desafio coletivo.


Dom Duarte de Bragança


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