Neste número da revista Correio Real em que se assinalam as efemérides festejadas recentemente pela nossa querida Família Real temos o dever de realçar as boas notícias no campo dos monárquicos. Acontece que, aos dias de hoje, podemo-nos congratular com a quase completa extinção, de morte natural, do velho jacobinismo republicano. O jacobino revolucionário à francesa, que deu expressão ao “politicamente correcto” do século XX português, tornou-se irrelevante. Bem sabemos que, enquanto vão desaparecendo os últimos exemplares dessa gente maldisposta e ressentida, minoritária, mas ruidosa, que por tanto tempo dominou o espaço público nacional, uma nova variante do vírus vai desabrochando com outros sintomas igualmente perversos. O seu ódio corrosivo já não é dedicado ao rei, mas à identidade portuguesa – agora somos mais, assim nos saibamos defender.
Mas é esse moribundo radicalismo que explica como foram duros os desafios travados durante décadas pelo Senhor Dom Duarte na afirmação das suas causas. Explica porque esses herdeiros de Afonso Costa resistiram de forma tão obstinada e mesquinha a agradecer ao Duque de Bragança os seus precoces, continuados e persistentes esforços para a Independência de Timor em 2002. O Povo de Timor, ele mesmo, tratou de saldar essas contas, como sabemos.
Curioso foi o testemunho que ouvi dum jovem angolano condutor de Uber, cuja nacionalidade era denunciada pela emissora de Luanda que o mostrador do rádio exibia. Para fazer um pouco de conversa, perguntei-lhe se era natural da capital de Angola, ao que o rapaz me respondeu que não, que era oriundo de Cabinda. Então, aproveitando a atenção do seu interlocutor, desabafou com espontaneidade a sua genuína preocupação com os problemas deste riquíssimo enclave, a opressão do seu povo que anseia por outra atenção do governo central. Com um discurso estruturado na descrição desse sensível imbróglio político, foi com surpresa que o ouvi tecer rasgados elogios ao Duque de Bragança, pela sua independente e corajosa posição a respeito do diferendo.
De facto, longe dos holofotes e sem reclamar reconhecimento, o Senhor Dom Duarte, além das estradas e caminhos de Portugal, que conhece como poucos, há décadas que percorre os territórios e visita as mais recônditas comunidades da lusofonia onde é acarinhado e muito respeitado, sempre a construir pontes e a semear laços de paz.
A outra boa notícia que gostava de assinalar nestas linhas é a consolidação institucional da Casa Real portuguesa e o crescente estreitar da sua relação com os portugueses. A solidez de uma instituição serve para defendê-la das contingências e circunstâncias imponderáveis, é garantia de futuro. Esta consolidação tem, nos últimos trinta anos, nomes e caras: os Duques de Bragança, Dona Isabel e Dom Duarte.
João Távora
Fonte: Real Associação de Lisboa
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