sábado, 6 de dezembro de 2025

A história invulgar de São Nicolau, o verdadeiro Pai Natal

São Nicolau nasceu na cidade de Patras, de pais santos e ricos. O pai, Epifânio, e a mãe, Joana, geraram-no na primeira flor da juventude e viveram a partir de então em continência, levando uma vida de celibatários.

Diz-se que no primeiro dia em que o lavavam se pôs de pé na bacia; além disso, às Quartas e Sextas-Feiras só mamava uma vez. Chegando à juventude, evitava as lascívias dos outros jovens, preferindo entrar nas igrejas e decorar o que lá podia ouvir acerca da Sagrada Escritura. Quando os seus pais morreram, começou a pensar em como haveria de gastar as suas enormes riquezas, não para os louvores dos homens, mas para a glória de Deus.

Então, certo nobre, seu vizinho, pensou prostituir as suas três filhas virgens por falta de recursos, para, com o infame comércio delas, se poder sustentar. Quando o santo homem soube, ficou horrorizado com o crime e atirou uma quantidade de ouro envolvida num pano através de uma das janelas da casa onde ele morava e regressou à sua às escondidas.

Quando chegou a manhã, o homem encontrou aquela quantidade de ouro e, dando graças a Deus, celebrou o casamento da filha mais velha. Não muito tempo depois, o servo de Deus voltou a realizar obra semelhante. Voltando a encontrar o ouro e dando muitas graças, aquele homem decidiu vigiar para saber quem socorria a sua miséria. Passados alguns dias, Nicolau atirou o dobro do ouro para a casa do vizinho, que acordou com o barulho e seguiu São Nicolau que fugia, dizendo-lhe em alta voz:

‒ Pára, por favor, e não escondas o teu rosto do meu!

E, correndo mais depressa que Nicolau, reconheceu-o. Logo se prostrou e queria beijar-lhe os pés, mas ele, evitando-o, exigiu que nunca tornasse público aquele acontecimento.

Depois disto, tendo morrido o Bispo da cidade de Mira, combinaram os bispos nomeá-lo para aquela igreja. Havia entre eles um de grande autoridade de quem todos dependiam para aquela eleição. Depois de ter aconselhado todos a fazerem jejum e orarem, ouviu naquela noite uma voz a dizer-lhe que de manhã cedo observasse as portas da igreja e quando visse chegar o primeiro homem cujo nome fosse Nicolau, olhasse bem para ele, para consagrá-lo bispo.

Revelou isto aos outros, aconselhando-os a insistirem na oração enquanto ia observar as portas da igreja. Admirou-se muito ao ver que, àquela hora matinal, o homem enviado por Deus antes de todos os outros era Nicolau; chamando-o a si, o bispo disse-lhe:

‒ Como te chamas?

Ele, com uma simplicidade de pomba, respondeu, de cabeça inclinada:

‒ Nicolau, servo de vossa santidade.

Levaram-no para a igreja e, embora ele a isso muito se opusesse, colocaram-no na cátedra episcopal.

Mas ele em tudo continuava a observar a humildade e a seriedade da sua conduta anterior: passava as noites em oração, mortificava o corpo, fugia do convívio com mulheres; era humilde com quantos recebia, eficaz no falar, entusiasta no exortar e severo no corrigir. 

Bem-aventurado Jacques de Voragine in 'Légende Dorée'


sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Ao serviço dos portugueses

A Real Associação de Lisboa junta-se à editora By the Book e ao autor Vasco Medeiros Rosa para o lançamento da Fotobiografia de Dom Duarte de Bragança “Ao serviço dos portugueses”. Em modo de homenagem, a apresntação, que contará com a presença da Família Real, realizar-se-á no próximo dia 18 de Dezembro no Palácio Nacional da Ajuda, às 18:30hs.
 
Convidamos os nossos associados e simpatizantes a divulgar e participar nesta importante acontecimento, estando a apresentação da obra a cargo do Professor José Miguel Sardica.
 
Este elegante livro, que relata com profusas imagens o percurso de vida do Chefe da Casa Real Portuguesa, conta com prefácio de S.A.R. D. Isabel de Bragança, e estará à venda no local com um preço especial de lançamento. A entrada é livre.
 
Brevemente à venda aqui

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Família Real Portuguesa na cerimónias do Dia da Restauração da Independência


SS.AA.RR. os Duques de Bragança e S.A.R. o Príncipe da Beira estiveram presentes na cerimónia evocativa do 1.º de Dezembro de 1640, dia da Restauração da Independência de Portugal.
A cerimónia teve lugar no Monumento aos Restauradores, em Lisboa, e contou também com a presença do Presidente da Câmara de Lisboa, entre outras individualidades.
A restauração marcou o fim de 60 anos de ocupação espanhola e a recuperação da soberania nacional.


Família Real Portuguesa no Jantar dos Conjurados 2025


S.A.R. o Duque de Bragança e a Família Real no discurso do 1º de Dezembro, no Jantar dos Conjurados, que se realizou no Hotel Palácio, no Estoril. A cerimónia contou com cerca de 400 pessoas, tendo sido seguida de jantar.
No discurso S.A.R. fez referência à imigração, às presidenciais que se aproximam e às recentes visitas que realizou a Timor, Hungria e Bangladesh, bem como à audiência que teve com Sua Santidade o Papa Leão XIV.
 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

No coração de Vila Viçosa: Portugal ajoelha-se aos pés da Padroeira a 8 de Dezembro!

Vila Viçosa prepara-se, uma vez mais, para celebrar com grande solenidade o Dia de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal, no próximo 8 de Dezembro. As festividades, profundamente enraizadas na tradição religiosa e cultural do país, reúnem peregrinos, confrarias e fiéis de todo o território, que acorrem ao Santuário da Imaculada Conceição para um dia repleto de devoção e celebração.

As celebrações, organizadas pela Régia Confraria de NSA SRA da Conceição, com o apoio do município e da junta de Freguesia de Conceição, entre outras entidades, começam com a Novena preparatória, de 29 de Novembro a 7 de Dezembro, pelas 21 horas, com transmissão em directo na Rádio Campanário.

Dia 29 de Novembro, pelas 20h15, haverá catequese nocturna com inicio na Igreja de São Bartolomeu e confissões no Santuário. Dia 3 de Dezembro, pelas 15h00, realizar-se-á a celebração da Santa Unção.

Dia 4, um dos momentos altos acontece com o encontro das crianças com Nossa Senhora e à noite haverá confissões durante a novena assim como no dia 5 de Dezembro.

Dia 6 de Dezembro, o programa conta com uma inovação. A Régia Confraria programou um concerto com a Banda Carlista de Montemor-o-Novo, pelas 16 horas, e às 21 horas, o terço e celebração e Bênção de fiéis com nome “conceição”, um momento que também se realiza pela primeira vez. Neste contexto, a Régia Confraria apela à participação de todos os que tenham o referido nome.

No dia 7, dia que antecede as comemorações oficiais, realiza-se a eucaristia dominical pelas 11 horas e à tarde, pelas 18 horas a eucaristia com Bênção das Grávidas, este ano com cânticos com fados, outra das novidades apresentadas este ano. Pelas 21 horas desse mesmo dia, realiza-se o encerramento da novena e a Procissão das velas à volta do Castelo e a vigília de Oração.

No dia 8 de Dezembro, o Dia da Imaculada Conceição, realiza-se às 09h30 o Acolhimento dos peregrinos seguido da Recepção dos fiéis no Santuário, com recitação do Terço a cargo das Confrarias de Nossa Senhora da Conceição.

Pelas 11h00 realiza-se a Eucaristia da Solenidade da Imaculada Conceição, celebração presidida por S. Exa. Reverendíssima D. Francisco Senra Coelho, Arcebispo de Évora. Um dos momentos centrais do dia, reunindo a comunidade em oração pela Padroeira do país.

Pelas 15h00 terá lugar a Procissão em Honra de Nossa Senhora da Conceição, que percorrerá as ruas de Vila Viçosa, um dos actos mais significativos e participados da celebração.

Pelas 17h00 , no final da Procissão , terá lugar a Eucaristia da tarde e a celebração de Investidura de novos confrades, presidida por D. Sérgio Dinis, Bispo das Forças Armadas e de Segurança.

As celebrações terminam às 18h30 , com o acto de Consagração e Encerramento das Solenidades, momento final de entrega espiritual a Nossa Senhora da Conceição, encerrando com elevação e recolhimento um dia marcado pela fé e pela tradição.

As celebrações de 8 de Dezembro em Vila Viçosa são, todos os anos, um marco religioso de enorme significado nacional, recordando o voto histórico que fez de Nossa Senhora da Conceição a Padroeira de Portugal. A vila alentejana transforma-se, assim, num ponto de encontro entre fé, identidade e memória colectiva.

Fonte: Rádio Campanário

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Mensagem de 1º de Dezembro de S.A.R. Senhor D. Duarte de Bragança 2025

 

Tradicional mensagem de S.A.R. o Senhor D. Duarte, Duque de Bragança aos portugueses no âmbito das celebrações do 385 aniversário da Restauração da Independência de Portugal.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

♔ | 1° de Dezembro de 1640 – Restauração da Independência

Não fora o facto de a ânsia de liberdade ir fazer eclodir, por fim, a revolta na capital, aquele dia 1 de Dezembro do ano de 1640, em tudo se assemelhava a um normal dia de Outono, pois a cidade de Lisboa acordara para o rame-rame habitual: os coches a rolarem com as senhoras da nobreza que se dirigiam para a missa, os operários das diversas guildas a desempenharem os seus mesteres, as tabernas com os habitués. Mas sentia-se o odor a mistério e a conspiração no ar! E os avisados, de quando em vez, desligavam-se da rotina dos seus afazeres e olhavam em volta procurando desenvolvimentos.
Assomaram então no Paço da Ribeira, como que surgidos de uma bruma que nem havia, o grupo patriótico dos 40 e tal Conjurados, entre eles, D. Antão de Almada – Conde de Avranches -, D. Miguel de Almeida – o de maior idade -, Francisco de Mello e seu irmão Jorge de Mello. Também, além de outros, António Saldanha, Pedro de Mendoça Furtado, Fernão Telles de Menezes, D. Manrique da Silva, Bernardim de Távora e o Dr. João Pinto Ribeiro.
Às 9h15m certas, invadiram o palácio da Duquesa e dominaram-lhe, facilmente a Guarda Alemã, subiram a escadaria e assomaram Francisco Soares de Albergaria e António Correia que perante a arrogante resistência foram despachados a chumbo; o Povo, que entretanto se juntara por passa a palavra e que desemborcara serpenteando de todos os lados, seguindo o Crucifixo do Padre Nicolau, ficou a aguardar no Terreiro do Paço o sinal de que a revolução tinha sido bem-sucedida, o que ocorreria com a defenestração de Miguel de Vasconcellos.
Miguel de Vasconcellos e Brito, Senhor do Morgado da Fonte Boa, era um oportunista político, tornando-se odiado pela nobreza e pelo povo por, sendo português, trair a sua Pátria e colaborar com a representante real servindo assim por interposta pessoa um Príncipe estrangeiro, Miguel de Vasconcellos seria a última e justa vítima da Restauração.
Aproximando-se o Natal do ano 1640, como a maioria dos castelhanos partira para Espanha, na capital portuguesa, ficaram a Duquesa de Mântua, a espanhola que, desde 1634, ocupava o cargo de Vice-Rei de Portugal, e o seu Secretário de Estado, o português Miguel de Vasconcellos e Brito. Margarida de Sabóia, Duquesa consorte de Mântua, era filha de Carlos Emanuel I, Duque de Sabóia e da Infanta Catarina Micaela de Espanha o que fazia dela neta materna de Felipe II – Felipe III de Espanha, o Rei-planeta – e prima direita de Felipe III – IV de Espanha. Esse parentesco fazia da Duquesa de Mântua um importante membro da família imperial dos Áustria ou Habsburgos, e por meio de uma aliança matrimonial casou com o futuro duque Francisco IV de Mântua e de Montferrat. Para esta nomeação na qual exerceu as funções de vice-rei de Portugal, em dependência do rei de Espanha, valeram-lhe as relações de parentesco real, mas, pela sua importância, devem ser reconhecidos os esforços de Diogo Soares, do Conselho de Portugal na capital espanhola, valido do Conde-Duque de Olivares e parente de Miguel de Vasconcellos que, em 1635, foi nomeado Secretário de Estado de Portugal, encarregando-se do governo do Reino.
Após, penetrarem no palácio, os patrióticos Conjurados procuraram pelo insidioso traidor, mas do secretário de estado nem sinal. E por mais voltas que dessem, não encontravam Miguel de Vasconcellos. Já tinham percorrido os salões, os gabinetes de trabalho, os aposentos do ministro, e nenhum sinal da criatura.
Ora acontece que Miguel de Vasconcellos, espantadiço, quando se apercebeu que não podia fugir, encolhera-se num armário fechado por dentro, com uma arma em riste. Mas o tamanho do armário era diminuto e o fugitivo, ao tentar posição mais confortável, remexeu-se lá dentro, restolhando a papelada lá guardada, denunciando-se. Foi quanto bastou para os Conjurados patriotas rebentarem a porta e o crivarem de balas. Era hora de dar o sinal ao Povo atirando o traidor pela janela fora!
Ainda antes, os Conjurados proclamaram “Rei” Dom João II de Bragança, aos gritos de:

“Liberdade! Liberdade! Viva El-Rei Dom João IV!”

Depois de D. Miguel de Almeida gritar à janela do Paço Real, “o Duque de Bragança é o nosso legítimo Rei!”, ocorreu, então, a célebre defenestração sendo o corpo de Miguel de Vasconcellos arremessado pela janela, caindo, ressupino, no meio de uma multidão enfurecida que acicatou sobre o cadáver todo o ódio acumulado por 60 anos de ocupação, cometendo verdadeiras atrocidades. Depois de ofendido pela turba justiceira, o destroço – que outrora constituiu um corpo – foi deixado in loco na marca da queda para ser desgastado e corroído pelos cães – sinal da mais genuína profanação e destino merecido por todos os traidores da Pátria.
A Duquesa de Mântua, abandonada pela guarnição castelhana, tentou, em vão, aplacar os ânimos do povo amotinado na Praça. Terá sido neste transe que, diante dos Conjurados, tentando assomar à janela do Paço para pedir a lealdade do povo, D. Carlos de Noronha, um dos líderes da sublevação, lhe terá remetido a frase:

“Se Vossa Alteza não quiser sair por aquela porta, terá que sair pela janela…”.

Temendo o mesmo destino, o de ser defenestrada como Miguel de Vasconcellos e Brito, isolada e sem apoios locais, a Duquesa, foi aprisionada nos seus aposentos.
Eram 9h30m do 1.º de Dezembro de 1640 e a Revolução, que pôs fim ao domínio castelhano de seis décadas, durou um curtíssimo quarto de hora e foi imediatamente apoiada por muitas comunidades urbanas e concelhos rurais em todo o país.

A 6 de Dezembro, D. João II, Duque de Bragança, desembarcaria na Casa da Índia e, como um César vitorioso, entraria triunfante, em Lisboa, para o seu desfile perante a ovação e os “Vivas!” de todos.

Viv’á Restauração! Viv’ó 1.° de Dezembro! Viva Portugal Independente!

Miguel Villas-Boas

Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica