“As Comemorações oficiais do 10 de Junho serão em Paris“…é com esta frase que qualquer português se começa a questionar se França também faz parte de Portugal.
A interrogação , mesmo que justificada com a presença das comunidades portuguesas, é perfeitamente justificável porque o 10 de Junho remonta aos primórdios da nacionalidade, primeiro com o culto ao Arcanjo S. Miguel (teria aparecido a D. Afonso Henriques na Batalha de Ourique, dando origem a um culto que seria oficialmente instituído a 1504 pelo Papa Júlio II a pedido do Rei D. Manuel I) e posteriormente com a República a data passaria a ser comemorada como feriado municipal de Lisboa atribuindo o seu contexto a Camões... posteriormente passaria a data comemorativa nacional com o Estado Novo , natureza mantida pela III República de 1974. Mesmo considerando o peso da diáspora e o maior sentido de comemorar no Canadá ou no Reino Unido onde as comunidades portuguesas já comemoram o dia , não é de todo irrelevante que a única data nacional onde o Presidente da República se digna a comparecer com honras militares seja substítuido por uma versão estatal do “portugal em festa” da SIC onde o Presidente abandona o exército português e a memória dos combatentes caídos em troca de uma jantarada com a Selecção Nacional de Futebol.
Conscientes do erro, a casa Civil já elaborou um programa para medalhar os sobreviventes e intervenientes do massacre do Bataclan , como justificação para evitar as críticas justificáveis dos muitos portugueses que deram a vida para defender o País e de outros tantos que vêm a Chefia do Estado transformar-se num programa de entretenimento desprovida de valor Histórico.
O Dia 10 de Junho a caminho de se tornar tão irrelevante para Belém quanto o dia 1 de Dezembro. A Identidade Nacional diluí-se no ego dos políticos.
D. Duarte de Bragança afirmou um dia que iria comparecer sempre no dia 1 de Dezembro (o dia em que 40 portugueses correram com o jugo dos reis espanhois, 1640, data que não é comemorada pelo Chefe de Estado) até ao dia em que o Presidente da República se dignasse a falar nesse dia tão relevante para a Identidade Nacional. Parece que SAR D. Duarte ganhou mais uma data comemorativa para se dirigir aos portugueses porque o Presidente da República trocou o País e o Exército (do qual é chefe máximo) por uma festarola em Paris.
É grave quando um Presidente esquece que as datas servem para lembrar o essencial. As Nações não são construídas com festas propaganda e futebol mas sim por suor e sangue de gerações que mereceriam pelo menos um dia (em 365) em memória dos que lutaram por um futuro melhor.
Ricardo Gomes da Silva
Fonte: o manto do rei
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