“Para quem não tem vergonha, todo o mundo é seu…”
Aforismo popular
Continua o “desbaste” nesta vergonha de governo, que é apenas fruto da vergonha de políticos de que somos servidos e que, por sua vez, saem dos alforges dos Partidos Políticos, que são o reflexo da sociedade e do modelo de sistema político, que se acabou por impor nas sequelas daquela data já recuada, sita no ano de 1974. E já que “ninguém” quer questionar nada – o que parece ser uma antítese do que se chama de Democracia – a situação só pode apodrecer e piorar.
Existe, porém, uma realidade que não só deriva do que se apontou, como é transversal a tudo o que se passa e chama-se corrupção. E não passa um santo dia em que não apareça à luz do dia, pelo menos mais um caso…
A corrupção existe pois deriva da falta de formação moral, carácter e de princípios existentes numa grande parte dos cidadãos (mais uma prova da falha no perverso conceito da “igualdade”), sob a forma actuante e expectante - que são aqueles que estão apenas à espera de uma oportunidade para “entrar no jogo”. E à falta de repressão ao Mal, existente, que é timbre do actual espectro político e, até social.
Ora se estes sentimentos e actuações não forem combatidos, espalham-se pelos diferentes órgãos do Estado e pela sociedade, como uma mancha de óleo.
Naturalmente (dado que o plano inclinado já dura há quase cinco décadas), é já este o estádio em que estamos, com óbvias responsabilidades para a classe política em funções, pois a ela pertencem as maiores responsabilidades; é a que dá o (mau) exemplo e a que dispõe das ferramentas de intervenção, mais importantes.
Já não se suportam as frases “à justiça o que é da justiça”, ou “deixem a justiça trabalhar” e “a justiça precisa de tempo para actuar”, como se quem fizesse as leis, não fosse o Executivo e o Parlamento (mais o PR que as promulga), ou como se os políticos não tentassem constantemente influenciar, pressionar, infiltrar e controlar os órgãos do “poder” judicial.
A última baixa no Executivo (de nada se podem queixar, pois de vítimas não têm nada!) foi o Secretário de Estado da Defesa (e vão 13!), ministério que sendo um coio de incompetência e dolo, para a Instituição Militar, está agora pejado de arguidos (convinha até estabelecer todas as ligações existentes) e de onde, há décadas, se tem afastado muito convenientemente os militares.
Mas a maior preocupação da senhora Ministra parece ser a de hastear a bandeira do “arco - íris” (fenómeno meteorológico que merecia melhor sorte), símbolo de uma caterva de “infelizes”, da janela do seu gabinete!
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O militar dos Comandos “acidentado” no curso que ainda está a decorrer está, felizmente, a melhorar. O ruído acabou por ser pouco. O Estado-Maior do Exército já fez n! (em linguagem matemática, lê-se “ene factorial”) ou seja muitas, alterações ao curso de Comandos (qualquer dia não há curso…), mas os “acidentes” continuam a acontecer, apesar da bateria de médicos, enfermeiros e “psicólogos” (agora parece que não se faz nada sem um espécime destes, ao pé) com os olhos postos no dito cujo. Há coisas que não podem ser evitadas, acontecem na natureza humana e à face da crosta terrestre. Que dizer dos futebolistas que caem fulminados nos campos de futebol, em directo na TV? E quantos pilotos da Força Aérea já faleceram vítimas de ataque cardíaco fulminante? Ora os pilotos, bem como os futebolistas, são dos seres mais escrutinados à face da terra.
O militar ora em recuperação era dos mais motivados do curso, teve sempre uma boa atitude e incentivava os seus camaradas. Foi vítima de alguma má prática? Tenham juízo e decência.
Porém, convinha estar atento às informações sobre as “fontes” de recrutamento; à medíocre educação física dada nas escolas portuguesas; à vida sedentária e idiota de grande parte da juventude e à falta de preparação da mesma, para qualquer tipo de sacrifícios ou dissabores. Mas tal não é nada politicamente correcto afirmar ou cuidar…
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O que para aí vai sobre o Relatório da TAP, em sequência do inquérito parlamentar que se decidiu (e bem) realizar sobre o assunto.
Trata-se de uma miserável tentativa de branqueamento e absolvição de tudo o que de errado se passou, em que as audições foram públicas e notórias; um exercício de falcatrua política às escâncaras e uma falta de vergonha na cara (onde deviam embater panos encharcados) inominável, e até, nunca vista.
E têm o topete de querer fazer de todos nós estúpidos, elevando tal fasquia ao seu máximo, que é da de nos fazerem “chichi para as botas”, como se diz em linguagem do vulgo (que é vulgo, mas não é parvo).
Os aldrabões da política convenceram-se (e têm razões para isso) que o “povo” tem a memória curta e com o aproximar das eleições basta aspergir uns euros sobre as reformas para que o esquecimento seja completo (até porque também na linguagem popular, “eles” são todos iguais…). Mas já vai sendo tempo da “falta de memória” ter limites…
Uma vergonha.
Há, porém, algumas coisas que ainda não vieram a público, possivelmente as mais importantes de todas. Porque razão e afinal de contas, a espectacular Dr.ª Alexandra Reis saiu da TAP (com quem se incompatibilizou e porquê); como é que exactamente o “SIS” entrou na contenda – que acabou por ser um facto menor, quando não é – e, sobretudo, o que ocorreu com o negócio da compra de aviões à “Airbus”, (aparentemente acima do preço de custo), o que parece ter passado a ser lateral a todo o assunto? E muito mais coisas.
De tudo isto fica a ideia de que cada vez mais, estamos a ser governados por “marginais”, que governam para outros “marginais”, que andam por aí…
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Começou a “época” dos incêndios. Até o termo é infeliz, pois, pressupõe, uma altura previsível e fatídica. Típica, portanto …
Mas, é curioso, este ano ainda não houve praticamente incêndios (até ao dia 8 de Julho), e só se falou no número de meios aéreos disponíveis que é menor por estarem mais caros e haver menos oferta (faltam pilotos, etc.).
Curiosamente ainda não se chegou a perceber bem, porque é que se recusa atribuir à Força Aérea a competência sobre o combate (que envolve o comando e meios mas não a prevenção) dos fogos, e foi-se-lhes atribuir a responsabilidade – que deve ser encarada como uma “canga” e uma “cova de lobo” – de fazer os contratos dos meios aéreos. Será que não haveria competências para isto no MAI?
Mas a questão que queríamos levantar é esta: então a causa dos fogos tem sido atribuída às “alterações climáticas” – aliás, culpada da maioria dos males da Humanidade; os “média” não deixaram de clamar sobre as temperaturas elevadíssimas que temos desde o princípio do ano (corroborados por comentadores e pelo IPMA) e vai-se a ver não houve incêndios!?
Será que o Governo conseguiu educar todos os “tugas” a não serem desleixados (e deixarem de provocar incêndios), meteram todos os “loucos” em prisão preventiva, cortaram as mãos aos incendiários – o que em conjunto devem representar a causa de 99% dos incêndios – ou lograram algum entendimento com eventuais máfias ou gangs que provocam os incêndios?
Ou será que os “média” resolveram (pois eles é que decidem do que falam e mostram) silenciar o assunto?
É o que apetece questionar, já que as alterações climáticas – que têm as costas largas – certamente aqui, não têm qualquer responsabilidade.
Haja Deus, que não nos providenciou paciência!
João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (Ref.)
Fonte: O Adamastor
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