sexta-feira, 24 de junho de 2011

Decorrente de um think tank facebookiano...(II)

1.º Comentário

PMO,
Entendo o seu comentário. Até concordo conjunturalmente com ele, mas discordo estruturalmente.

Há que apresentar o cenário de outro prisma:

1.º) De facto não foi um problema de regime, mas sim de Governo. Este prendia-se com o envelhecimento do rotativismo (quiçá o mesmo que temos hoje?!).


2.º) A I república não foi uma “continuação” da Monarquia Constitucional como afirma. Antes pelo contrário, e conforme sabemos, foi a implementação de medidas sistémicas radicalmente diferentes e que trilharam, até hoje, em meros 100 anos, a herança do nosso Portugal actual. Em 767 Portugal enfrentou diversas crises, mas soube ultrapassá-las por si próprio. Aquilo a que chama a “desgraça” foram problemas que se amontoaram, para a Monarquia Constitucional, por circunstâncias históricas (perda do Brasil [uma diminuição de 75% do valor do comércio externo português e principal sustento do Estado], investimento público necessário para a modernização de Portugal*, Mapa cor-de-rosa, ataques armados maçónico-republicanos, improdutividade do rotativismo) e que D. Carlos, sublinho D. Carlos, teve de solver. Ao contrário dos PR’s de hoje (e de ontem), ele tomou uma posição pró-activa e cujas vantagens poucos falam e o preço que pagou todos nós sabemos qual foi! Deva-se dizer também, em abono da verdade que, com as devidas ressalvas temporais, a Carta Constitucional era bastante melhor que as Constituições.

3.º) Portugal, apesar da situação económica difícil naquela altura (que não era tecnicamente uma “bancarrota”), consegui, através do regime, ou seja pelo Rei, negociar com Inglaterra (com Eduardo VII – primo de El-Rey) através de construção naval e por outras vias produtivas nacionais o abatimento da nossa dívida. E conseguiu! Relembro que, apesar da perda do Brasil, nessa altura ainda produzíamos (ex. muito dos materiais usados na construção da nova via férrea portuguesa eram nacionais).

4.º) Em 1910 o número de funcionários era igual ao de 1890. Param as obras públicas e o peso da dívida no PIB caiu de 70 para 60%. Curiosamente, e à boa moda portuguesa, o descontentamento subiu pois a chamada “rega da libra” (* conceptualizada por Fontes Pereira de Melo) tinha terminado…

5.º) O aparecimento do Mapa Cor-de-Rosa, foi mais um assunto para D. Carlos resolver. E resolveu, evitando-nos uma guerra desnecessária, ruinosa e impossível. O que disseram os republicanos (e até alguns monárquicos fanáticos)? R: “Frente aos canhões (Bretões) marchar, marchar…”. Mais tarde também marcharam, marcharam nas trincheiras do primeiro grande conflito mundial, deixando a vida de compatriotas nossos lá, apenas para o novo regime imposto à força bajular as potências da altura (Inglaterra e França). O concerto económico que D. Carlos tinha alcançado, foi absolutamente despedaçado em menos de 20 anos! A mudança de regime acentuou, portanto, drasticamente o declínio português, face às medidas nacionalistas e desenfreadas da I república (in casu a ida para a I Grande Guerra).

6.º) O único e último problema que faltou resolver, por D. Carlos, era o político (interno). Nomeou João Franco para que se solucionasse a incapacidade do rotativismo…mas não foi possível. Fora da Carta Constitucional e da democracia, o Partido Republicano de 7%, por intermédio da carbonária, o seu braço armado, interrompeu este último desafio do Rei e impôs um regime que perdura até hoje…sem que eu possa ter dito se o quero.

A título de conclusão, pode ter a certeza que os Reis constitucionais foram, paradoxalmente, os chefes de Estado mais bem preparados que Portugal teve. Herdaram problemas atipicamente avolumados e complexos. Sumariando: Não herdaram o ouro do Brasil; Apostaram no desenvolvimento do País, investindo em obras públicas para o modernizar (a dita “rega da libra” de Fontes Pereira de Melo); D. Carlos percebeu e virou-se imediatamente para África, trilhando, com envio de seu filho àquele território, o herdeiro ao Trono, uma promoção imediata de sensibilização para com um novo cenário de desenvolvimento do Império, etc, etc.
Mas para tudo isto e mais, infelizmente, o Partido Republicano não deu tempo. Interessava-lhe que não houvesse tempo! Imposta a república, nunca mais houve um tratamento coerentemente próspero quer de África, quer de Portugal.

Em suma: O que hoje temos é um problema de regime e temos de mudá-lo, independentemente das opções: republicana ou monárquica. Para mim a via é claramente régia!
Foi o regime (monárquico) que sustentou o País/Império por mais tempo. Mas hoje a crise é ainda mais grave e não estamos unidos. Desde logo o problema vem de cima, pois o nosso representante vota e vota em algum partido. É a partidarização do regime. É nisto que a Monarquia traria, de novo, vantagens. Um novo paradigma colectivo, um elo de união. Acredito em factos e o que eles demonstram são as Monarquias que ocupam os lugares cimeiros e de maior destaque no top 10 de IDH muito elevado. A Monarquia assenta numa mentalidade empresarial, a primeira empresa: a família! Menos família --» menos empresa --» menos progresso!

PPA

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Fonte: Incúria da Loja

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