quarta-feira, 1 de junho de 2011

A história de vida de uma Alteza Real Portuguesa

S.A.R. a infanta D.ª Maria Adelaide integrou a resistência austríaca aos nazis, esteve presa, veio viver para Portugal, onde criou a Fundação Nun’Álvares Pereira para apoio aos carenciados.
“É um exemplo de vida pela estatura moral, e esta é uma história que tinha de ser contada”, disse à Lusa Raquel Ochoa que “por acaso” se cruzou com a “dona infanta” (como é muitas vezes citada).

Referindo-se à obra, Raquel Ochoa afirmou: “É uma biografia romanceada completamente alinhada com a história que recolhi na primeira pessoa”.

A autora, vencedora em 2008 do Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís, afirmou que “em prol do prazer pela leitura” recriou os ambientes e alguns protagonistas, tendo pontuado a narrativa com o discurso directo de Maria Adelaide de Bragança van Uden.
“Mas todos os factos relatados são verídicos”, sublinhou.

Referindo-se à actividade de Maria Adelaide como resistente aos nazis, na Áustria, Raquel Ochoa considera que é “uma acto heróico mas quando questionada sobre a questão, Dona Maria Adelaide apenas afirma que foi uma reacção natural com algo com que não concordava. Era-lhe impossível viver num mundo assim”.

“A resistência era como respirar, perante a educação que tinha tido e os ideais que tinha. Não resistir é que era uma violência contra ela mesma. Resistir era um acto natural”, explicou a autora.

D.ª Maria Adelaide foi detida pelas tropas nazis, tendo sido salva de fuzilamento “in extremis” e após várias diligências de António Oliveira Salazar que se indignou por terem prendido uma infanta portuguesa.

A autora sublinha que S.A.R. a infanta “teve outros de actos heróicos” e referiu o seu trabalho “como assistente social em prol das populações desfavorecidas” na margem Sul do Tejo, desenvolvido de “forma discreta”.

“Ela [Maria Adelaide] percebeu que através da descrição não era notada nem perseguida, além de por educação, não gosta de fazer alarde do que faz, há zero de gabarolice nesta família, o que é a antítese da sociedade em que vivemos”.

Esta acção social foi feita no âmbito da Fundação Nun'Álvares Pereira que se diluiu após o 25 de Abril de 1974.

Referindo-se à posição de S.A.R a infanta ao regime que antecedeu a revolução de 1974, Raquel Ochoa afirmou que “reconheceu Salazar como quem pôs em ordem as contas do Estado, mas insurgiu-se sempre contra os métodos usados”.

Raquel Ochoa começou a trabalhar neste livro em Junho de 2009 quando entrevistou pela primeira vez a neta de S.M. el-Rei D. Miguel I, ainda antes de decidir candidatar-se ao prémio Revelação Agustina Bessa-Luís com o romance “A Casa-Comboio”.

“Para mim, se algum mérito tenho, foi o de ter conseguido que se abrisse comigo. A história é dela, é a vida dela, e foi uma grande vida”, argumentou.

“D.ª Maria Adelaide de Bragança. A Infanta Rebelde” com chancela da Oficina do Livro, tem prefácio de S.A.R., Duarte de Bragança, sobrinho da biografada, que a refere como “um exemplo”.

Fonte: Hardmusica

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