AMÁLIA RODRIGUES RAINHA DO FADO E EUGÉNIA LIMA RAINHA DO ACORDEÃO
O comendador Carlos Evaristo, Presidente da Fundação Oureana e Assessor de S. A. R. o Duque de Bragança, também usou da palavra lembrando, com entusiasmo, a vida e obra de Eugénia de Jesus Lima que se estreou a tocar acordeão com apenas quatro anos de idade. Aos 13 anos o pai, Mário Lima, um dos melhores afinadores de acordeões do Mundo, tentou inscrevê-la no Conservatório de Lisboa, mas os responsáveis disseram-lhe que o acordeão não tinha entrada naquela instituição. Em 1935 estreou-se no Teatro Variedades na Revista «Peixe-espada». Foi fundadora da Orquestra Albicastrense em 16 de Julho de 1956, tendo em 1962 recebido o «Óscar da Imprensa» como melhor solista de música ligeira. Foi a única acordeonista a receber tal distinção! Mais tarde o que não conseguiu no Conservatório de Lisboa recebeu do Conservatório de Acordeão de Paris o diploma do Curso Superior de Acordeão, na categoria de Professora. Na sua carreira Eugénia acompanhou inúmeros artistas com destaque para a sua grande amiga Amália Rodrigues, Rainha do Fado. Em maio de 1980 foi condecorada pelo Presidente da República Portuguesa, General Ramalho Eanes, com o Grau de Dama da Ordem Militar de Santiago de Espada. Em 10 de Setembro de 1986 foi a vez do Ministério da Cultura atribuir-lhe a medalha de Mérito Cultural. Em Outubro de 1995 foi agraciada pelo Presidente da República, Mário Soares, com o Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Mulher de fé, coragem e grande patriota contribuiu para o enriquecimento da Cultura Portuguesa, para além fronteiras, estando o seu nome no «Dicionário Mundial das Mulheres Notáveis» e na «Enciclopédia da Porto Editora» que, na mais recente edição, lhe dedica várias páginas. Nesta inauguração, que é também uma homenagem, estão aqui presentes os maiores amigos e amigas, colegas e admiradores de Eugénia Lima e pessoas do mundo do espectáculo, assim como altas individualidades, incluindo a Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, que representa o povo desta terra que com carinho a acolheu. Está também aqui o Marquês de Rio Maior, Grimoaldo Alhandra Duarte, fã, sem dúvida, da Mestre do Acordeão. A Fundação Oureana, que já homenageou no passado artistas como Amália Rodrigues (Rainha do Fado) e Roberto Leal (Rei da Música Luso Brasileira) distinguindo os agraciados com o prémio de carreira que se resume ao título de «Rei» ou «Rainha» conferido àquele ou àquela que no vocabulário popular distingue o melhor na sua categoria ou ramo deliberou, por unanimidade, que seguindo essa tradição, reconhecer Eugénia de Jesus Lima com o título de «Rainha do Acordeão». Uma das presenças especiais aqui hoje é a de Sua Alteza Real o Senhor Dom Duarte de Bragança que decidiu, também, homenagear a Mestre Acordeonista com a atribuição de uma especial condecoração de Mérito da Casa Real Portuguesa, o título de Dama com a Medalha de Mérito da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, Rainha e Padroeira de Portugal», a mais alta Ordem Dinástica da Casa Real da Bragança». Falaram, a seguir, o realizador de televisão Nunes Forte; o profissional da Rádio e Televisão Júlio Isidro; a Presidente da Edilidade de Rio Maior, Isaura Morais e, por último, a homenageada que recordou vários momentos da sua vida agradecendo a presença de tantos amigos naquela inolvidável cerimónia, realçando o padre Aníbal Mota, da Encarnação; o Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, outros autarcas e vários acordeonistas. Para gáudio de todos os presentes Eugénia Lima executou um dos seus temas, mais preferidos, no acordeão mais antigo que estava em local de destaque no museu. A festa terminou com um jantar e corte do bolo.
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Recanto Eugénia Lima apresenta espólio da “Rainha do Acordeão”
Aos 87 anos Eugénia Lima continua a encantar pela sua jovialidade e pelo sorriso que espalha a quem com ela se cruza. “Eu preciso de todos para viver, porque a minha vida é o público, a minha vida são as pessoas que passam por mim e me dizem adeus e o meu sonho concretizou-se, que era o de tocar acordeão”, afirmou com emoção a acordeonista.
Entre os convidados estavam presentes a presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, Isaura Morais, D. Duarte Duque de Bragança e Júlio Isidro. A placa do espaço foi descerrada por Eugénia Lima ladeada por D. Duarte, que apadrinhou o espaço, e Isaura Morais. A bênção ficou a cargo do padre António Diogo.
A presidente da Câmara de Rio Maior, cidade que acolhe a acordeonista há mais de quatro décadas, oficializou a inauguração do Recanto Eugénia Lima com o corte simbólico da fita e no seu discurso não se cansou de elogiar o talento e a força da natureza que é Eugénia Lima, tanto como artista como pessoa.
Durante a cerimónia de inauguração a acordeonista foi homenageada pelo Duque de Bragança, que a condecorou com a medalha de mérito da Casa Real. À medida que os discursos dos convidados se foram perfilando, os olhos de Eugénia Lima não esconderam a emoção de estar rodeada de todos os que a têm acompanhado ao longo da sua vida.
“Para a Eugénia Lima o que é difícil é para fazer logo. O que é impossível demora mais um bocadinho, mas faz-se também”. Foi assim que Júlio Isidro descreveu Eugénia Lima, ressalvando a felicidade que a acordeonista transmite e o amor que tem pelas pessoas e pelo acordeão.
Desde os quatro anos que Eugénia Lima faz espectáculos e apesar de ter a doença de Parkinson a sua vontade de viver torna-a uma figura incontornável. Apesar de já não suportar o peso do acordeão e de precisar que lho coloquem nas pernas, e de já ter comprado um mais pequeno, a “Rainha do Acordeão” confessa que só há um que tem o “som bonito”, o que o seu pai afinou.
O momento alto chegou quando Eugénia Lima envergou o acordeão e do gingar dos seus dedos se começaram a ouvir as primeiras notas da música “Minha Vida, Meu Sonho” trauteada em uníssono pelos convidados que de pé aplaudiram a genialidade de Eugénia Lima.
Fontes: O Mirante e O Ericeira
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