A arte da governação não é fácil. Os tribunos estão sempre a ser escrutinados pela opinião pública. Qualquer deslize na acção ou por palavra é, de imediato, ampliado pela comunicação social. Preso por ter cão e por o não ter, os titulares dos órgãos de soberania e antigos governantes não podem ignorar que muito do que fazem, ou omitem, tem ressonâncias na vida nacional e, quiçá, internacional. Não se lhes pode permitir ligeireza no exercício das suas funções, ou irresponsabilidade no desempenho da sua magistratura de influência. Não basta que sejam sérios, devem também, como a mulher de César, parecê-lo.
A transparência política não é incompatível com a necessária descrição. E o estatuto de ex-chefe de Estado não exime da obrigação de contenção nas declarações públicas, antes acresce maior responsabilidade social, sob pena de desprestígio da própria instituição presidencial.
Um antigo chefe de governo europeu, há muito falecido, questionado pela razão da sua atitude, habitualmente reservada, nas reuniões do conselho de ministros, respondeu sabiamente: «O homem é escravo das suas palavras e senhor dos seus silêncios». Nem mais.
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