sábado, 22 de fevereiro de 2014

Quanto vale uma Rainha

Manter uma Rainha é muito caro – mas o retorno é ainda maior

Colocada ao lado das grandes empresas britânicas, a ‘marca’ da família real valeria, entre propriedades, turismo e valor agregado, cerca de 53,92 mil milhões de euros

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O valor comercial da Família Real britânica ultrapassa 44,5 mil milhões de libras .
De tempos em tempos, a família real é acusada de onerar demasiado para os cofres públicos da Grã-Bretanha. De facto, manter as imensas propriedades reais requer uma quantia de dinheiro considerável por ano. Somente o Palácio de Buckingham – residência oficial da rainha e onde está localizado seu escritório, em Londres – abriga nada menos que 775 quartos sob uma colossal estrutura de 77.000 metros quadrados (o equivalente a 8,5 campos de futebol). Mais de 800 funcionários circulam pelo local em funções que variam das mais comuns, como limpeza e manutenção, até algumas impensáveis, exemplo dos responsáveis pela limpeza de lareiras e pelo hastear de bandeiras. Num ano normal, a rainha abre as portas do Palácio a mais de 50.000 pessoas, em banquetes, almoços, jantares e recepções. Só no Jubileu (comemoração dos 60 anos de reinado), foram recebidos mais de 3 milhões de convidados .
Para arcar com todos estes custos, há quatro fontes públicas de renda para financiar a Rainha, os seus familiares e funcionários: a Lista Civil, que atende às necessidades da monarca como chefe de estado e da Comunidade Britânica (Commonwealth);um fundo destinado exclusivamente aos gastos públicos e pessoas da realeza;um fundo especial do governo para a manutenção dos palácios reais; e, por fim, um fundo especial do governo para viagens, incluindo custos aéreos e ferroviários para deslocamentos associados a compromissos oficiais. De acordo com a rede britânica BBC, nas últimas seis décadas, Elizabeth II fez 261 viagens internacionais, entre as quais 96 foram visitas de estado a 116 países, que incluíam destinos pouco conhecidos, como as minúsculas Ilhas Cocos – um território australiano habitado por apenas 596 pessoas. Isto sem considerar as viagens feitas pelos herdeiros da coroa em nome dela – os príncipes Charles, William e Harry.
Mas esse é apenas o ónus de se manter a família real mais tradicional e conhecida do mundo. Porque é também esse status de celebridade conferido a ela que abre caminho para um bónus ainda maior a todo o país. Segundo um estudo divulgado no início desta semana pela consultoria britânica Brand Finance – especializada em avaliação e gestão de marcas -, o valor comercial da realeza britânica já supera 44,5 biliões de libras. A pesquisa sugere que, se fosse colocada à venda como qualquer outro negócio, a monarquia valeria mais do que as redes de supermercado locais Tesco (33 biliões de libras) e Marks & Spencer (7,4 biliões de libras) juntas, por exemplo. Assim, a coroa não só devolve todos os seus gastos aos cofres públicos como também leva uma série de benefícios ao país, principalmente em forma de turismo.
‘Firma’ – Não é de se estranhar, portanto, que o apelido de “firma” lhe caia tão bem. Só a Festa de Jubileu da rainha representou um lucro em turismo de 924 milhões de libras. Do valor total da “marca” família real, 18 mil milhões de libras cobririam o valor das jóias da coroa e das propriedades reais, considerados bens materiais por ora intocáveis. Já os outros 26,5 biliões de libras  referem-se aos benefícios económicos imediatos, ao impulsionar o turismo e a indústria local. “A monarquia é um poderoso apoio para marcas de indivíduos, de empresas e do próprio país. Ela contribui de forma significativa para impulsionar o crescimento econômico da Grã-Bretanha em sua tentativa de tirar o país da recessão”, destacam os especialistas responsáveis pelo relatório.
Segundo David Haigh, presidente-executivo da Brand Finance, a realeza – ao ser colocada dentro dos círculos das finanças corporativas com valor de capitalização de mercado – é visto como uma das marcas mais valiosas do país. O documento analisa desde activos físicos – como a colecção de obras de arte que sozinha vale 10 biliões de libras – e intangíveis – como resultado da publicidade gratuita feita no exterior (cerca de 500 milhões de libras por ano). Somado, esse montante supera em muito os valores gastos em segurança (3,3 biliões de libras), na Lista Civil (461 milhões de libras), em viagens (195 milhões de libras), entre outros. “Tudo isso é compensado pela sua contribuição à economia da Grã-Bretanha, especialmente durante grandes eventos reais”, acrescenta o estudo. É compreensível, portanto, que a Coroa inglesa viva um momento de popularidade recorde num país onde 70% da população acredita que estaria pior sem a monarquia.

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