segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Desordem e caos na República


Há 100 anos, tal como hoje, era assim:

Às vezes, mesmo antevendo a catástrofe para que nos encaminhamos com aquela fúria singular de quem tem medo de não chegar a tempo, sorrimos de desdém, ouvindo a gritaria, a choramingaria, os protestos, os discursos, as ameaças, as reclamações, que surgem nos jornais, nas representações, nos parlamentos, nas salas, nas ruas, em toda a parte. Porque tudo isso, gritos, choradeiras, protestos, discursos, ameaças, reclamações, – é poeira vazia, é linguagem de papagaio, e tolice... Gritam, protestam, contra o assassinato e o roubo, contra a injúria e a calúnia, mas fazem muralha, quando alguém, audaz, se ergue contra a origem do assassinato que os aflige, do roubo que os amedronta, da injúria que os vexa e da calúnia que os irrita.
Acabo de percorrer a maior parte dos comentários que se fizeram ao acontecimento trágico de quarta-feira passada, em que um agente da ordem pública e social sucumbiu às mãos de um inimigo da mesma ordem, – acontecimento que se deu no mesmo dia em que pela terceira vez se adiou o julgamento de outro inimigo da ordem social. Palavras, palavras, palavras – e nem um conselho positivo, e nem uma solução positiva! Tocar na arca santa da instituição do júri criminal? Pedir a instituição dos processos sumários militares? Esquecer tudo, tudo e obrigar o Governo a defender a Ordem, e impor a Ordem, com a Constituição ou contra a Constituição, com o Parlamento ou contra o Parlamento, com a Lei ou contra a Lei? Credo! Seria magoar a Democracia. Seria ofender a Democracia.
Diante de uma casa a arder, não se discutem teorias: apaga-se o fogo, a bem ou a mal. A sociedade portuguesa está a arder. Acudam-lhe enquanto é tempo. Arrumem para o lado os incendiários ou os coniventes, encontrem-se eles onde se encontrarem, – no Parlamento, nos jornais, nas Secretarias, nas ruas e nas alfurjas – e salvem isto da derrocada!

Alfredo Pimenta in jornal «A Época», Nº 1749, 1 de Junho de 1924


Fonte: Veritatis

domingo, 27 de outubro de 2024

SAR D. Afonso, SA D. Maria Francisca e Duarte no casamento da Princesa Xenia de Croy e Nobile Guy delle Piane


SAR D. Afonso, Príncipe da Beira, SA Infanta D. Maria Francisca e Duarte de Sousa Araújo Martins estiveram presentes no casamento da Princesa Xenia de Croy e Nobile Guy delle Piane no dia 28 de Setembro.

sábado, 26 de outubro de 2024

Le duc de Calabre en visite à Lisbonne

Le prince Pedro de Bourbon-Deux-Siciles, duc de Calabre, Grand Maître de l’Ordre Constantinien de Saint Georges a fait récemment un voyage au Portugal à l’occasion de l’investiture de nouveaux Chevaliers et Dames dans l’Ordre Constantinien.

Le prince, ici au côté de la duchesse de Bragance, lors d’un dîner au Turf Club a décerné aux deux fils du duc et de la duchesse de Bragance la Grand-Croix de Justice de l’Ordre Constantinien de Saint Georges.


Moment de complicité pour le duc de Calabre et le prince de Beira, qui sont aussi cousins puisque leurs grands-mères les princesses Isabelle et Françoise d’Orléans-Bragance, respectivement comtesse de Paris et duchesse de Bragance étaient soeurs.
 
Fonte: Noblesse & Royautés

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Da falsa educação e a corrupção da infância

Das estatísticas criminais em França, se colhe que dentro de 20 anos, o número dos criminosos menores triplicou e subiu de 11.000 a 30.000; em 50 anos, de 1836 a 1889, o número dos suicídios dos mesmos quadruplicou. E os crimes e os suicídios se vão multiplicando mais, ao passo que a desmoralização avança e se vai encarnando na sociedade. Esta desmoralização é devida em sua maior parte à irreligiosa e falsa educação que é subministrada pelas escolas leigas em França. É esta a funesta influência da educação sem Deus.

«Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 1º Ano, Nº 12, Dezembro de 1895


Fonte: Veritatis

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Evocação da Festa da Titular da Igreja da Rainha Santa Isabel em 2024

347.º Aniversário da dupla trasladação do sagrado corpo de Santa Isabel de Portugal

A Confraria da Rainha Santa Isabel pretende evocar neste ano de 2024 a Festa da Titular da sua Igreja e assinalar o 347.º aniversário da dupla trasladação do sagrado corpo de Santa Isabel de Portugal, comemorando esta efeméride nos próximo dia 27 de Outubro.

No dia 27 de Outubro de 1677 ocorreu a trasladação do corpo santo da Rainha Santa Isabel do túmulo de pedra, onde jazia desde 1336, para o túmulo de prata mandado fazer por D. Afonso de Castelo Branco, 41.º Bispo de Coimbra, 6.º Conde de Arganil, que chegou a ser Vice-Rei de Portugal.

No dia 29 de Outubro seguinte (de 1677), ocorreu a trasladação do corpo santo da Rainha Santa Isabel, já no túmulo de prata, desde o velho Mosteiro (Santa Clara-a-Velha) para o novo Mosteiro de Santa Clara (Santa Clara-a-Nova).

Aliás, o dia 29 de Outubro foi, durante mais de um século, a 2.ª data mais importante do novo Mosteiro de Santa Clara (o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova) – era o dia da Festa da Titular da Igreja da Rainha Santa Isabel:
 
No Calendário da Igreja da Rainha Santa Isabel, “a Festa da Titular não se faz, como pareceria mais natural, a 4 de Julho, que é a Festa natalícia, ou aniversário da morte e entrada na glória da Rainha-Santa; mas a 29 de Outubro, Festa da Trasladação do seu santo Corpo para este mosteiro novo de Santa Clara. Assim se fez sempre, desde o ano em que o templo foi sagrado, no fim do século XVII, certamente porque, no acto de Sagração, o Bispo sagrante designou este dia para a Festa da Titular". - cfr. António Ribeiro de Vasconcelos “Liturgia da Rainha-Santa";, Coimbra, 1934.

Por esse motivo, a Confraria da Rainha Santa Isabel pretende comemorar a data da “Festa da Titular” da sua Igreja com a maior dignidade.

Neste ano de 2024, na evocação da “Festa da Titular”, para o próximo Domingo, dia 27 de Outubro, está previsto o seguinte programa:

a) Às 11h00, na Missa dominical na Igreja da Rainha Santa Isabel, agradecer-se-á a exemplar vida acontecida de Santa Isabel de Portugal;

b) Às 16h30, a Confraria da Rainha Santa Isabel exibirá no coro baixo do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova uma ímpar fotografia do túmulo de pedra, da autoria do fotógrafo Varela Pé Curto, oferecida pelo próprio à Confraria;

c) Às 18h00, realizar-se-á na Igreja da Rainha Santa Isabel, um concerto musical – RE(encontros) - pela Orquestra Clássica do Centro, com a participação do notável pianista italiano Danilo Mascetti e do Quarteto Vintage, sob a direcção do Maestro Sergio Alapont, em que serão interpretadas obras de A. Fragoso, K. Fiorini, G. Foret, L. van Beethoven e Ana Seara.

  
Este programa de “Evocação” não altera nenhuma das celebrações religiosas habituais na Igreja da Rainha Santa Isabel, que se mantêm.

A entrada é livre, mas sujeita a inscrição prévia junto da Orquestra Clássica do Centro em www.orquestraclassicadocentro.org .

Com os melhores cumprimentos,

Joaquim Leandro Costa e Nora

(Presidente da Mesa Administrativa da Confraria da Rainha Santa Isabel)

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

26 de Outubro 21h30h - Ciclo Coral e Instrumental "São Rosas, Senhores!" - 5.º concerto - Comemoração dos 400 anos da Canonização de Santa Isabel de Portugal

No próximo Sábado, dia 26 de Outubro, às 21h30h, a Confraria da Rainha Santa Isabel prossegue Ciclo Coral e Instrumental, integrado na comemoração dos 400 anos da Canonização de Santa Isabel, Infanta de Aragão, Rainha de Portugal e Padroeira da cidade de Coimbra.

Desta vez, realiza-se na Sala do Capítulo do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, o 5.º concerto do referido Ciclo Coral e Instrumental, com a participação do "Ensemble EMST" e do "Coro dos Antigos Pequenos Cantores de Coimbra".

Recorda-se que este Ciclo Coral e Instrumental "São Rosas, Senhores!é pessoalmente coordenado pelo Maestro Doutor Paulo Bernardino.

A entrada é livre.

A Confraria da Rainha Santa Isabel conta com a participação atenta de todos!

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Madre Angélica em defesa da Missa em Latim

O Latim é o idioma perfeito para a Missa. É a língua da Igreja, que nos permite melhor fazer oração verbal sem distracções. 

Como sabem, o propósito da Missa é rezar e estar associados à crucifixão e ao glorioso banquete de que participamos na Sagrada Comunhão. Ele está ali. No entanto, muito disto se deteriora com o vernáculo.

Durante a Missa em Latim, tens um missal para se quiseres segui-La na tua língua. É quase mística. Isto dá-te uma consciência dos Céus. Da incrível humildade de Deus que se manifesta em forma de pão e vinho. 

O amor que Ele teve por nós e o Seu desejo de permanecer connosco até ao fim dos tempos é simplesmente impressionante. Podes concentrar-te nesse amor, porque não te distrais com a tua própria língua. Podes ir a qualquer parte do mundo e saber sempre o que está a acontecer. É contemplativo, porque à medida a que a Missa se desenrola, podes fechar os olhos e visualizar o que realmente sucede. [O Calvário.] Podes senti-lo. 

Podes olhar para o Oriente e dar-te conta de que Deus chegou e está realmente presente. Com o sacerdote voltado para o povo, é apenas algo entre o povo e o sacerdote. Muitas (demasiadas) vezes é só uma espécie de get-together (encontro de amigos) e Jesus é quase esquecido.

Madre Angélica in 'Little Book of Life Lessons and Everyday Spirituality'

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Duquesa de Bragança na primeira conferência promovida pela Régia Confraria de Nossa Senhora da Conceição

O Santuário de Nossa Senhora da Conceição em Vila Viçosa acolheu este sábado, 19 de Outubro, a primeira conferência integrada num ciclo de iniciativas que irão realizar-se, promovidas pela Régia Confraria de Nossa Senhora da Conceição.

A organização convida algumas figuras destacadas da Sociedade Portuguesa, a partilharem a importância que Nossa Senhora, nossa Mãe e Rainha tem para as suas vidas. A primeira conferência, realizada esta manhã, teve como convidada Sua Alteza Real, D. Isabel de Bragança, personalidade muito acarinhada em Vila Viçosa pela forte ligação ao Santuário da Padroeira de Portugal e acima de tudo pela imensa fé e dedicação à Senhora da Conceição.

Um testemunho inspirador de como a Fé e a Devoção à Mãe podem reger a nossa vida e fazer-nos olhar para o futuro com um olhar de esperança. Joaquim Barreiros, da Régia Confraria, moderou a conversa que contou ainda com a intervenção de várias entidades ligadas à Igreja, nomeadamente o Agrupamento de Escuteiros de Vila Viçosa, a responsável pelo Grupo das Catequistas, a Confraria da Santíssima Trindade, a responsável pelo Grupo de Peregrinos de Fátima e a Conferência de São Vicente Paulo.

Em declarações à Rádio Campanário, o confrade da Régia Confraria sublinhou a importância desta iniciativa destacando “os tempos que vivemos são difíceis e complicados mas é importante sabermos que a Fé é um caminho” evidenciando que a presença de Sua Alteza Real , através do seu testemunho “é um exemplo de como podemos viver essa Fé e colocá-la no nosso dia a dia.”


domingo, 20 de outubro de 2024

Se eu não fosse católico…

Se eu não fosse católico e estivesse à procura da verdadeira Igreja no mundo de hoje, iria em busca da única Igreja que não se dá bem com o mundo. Por outras palavras, procuraria uma Igreja que o mundo odiasse. Faria isto porque se Cristo ainda está presente em qualquer uma das igrejas do mundo de hoje, Ele deve ainda ser odiado como o era quando estava na Terra, vivendo na carne.

Se quiser encontrar Cristo hoje procure uma Igreja que não se dá bem com o mundo. Procure uma Igreja que é odiada pelo mundo, como Cristo foi odiado pelo mundo. Procure pela Igreja que é acusada de estar desactualizada com os tempos modernos, como Nosso Senhor foi acusado de ser ignorante e nunca ter aprendido. Procure pela Igreja que os homens de hoje zombam e acusam de ser socialmente inferior, assim como zombaram de Nosso Senhor porque Ele veio de Nazaré. Procure pela Igreja que é acusada de estar com o diabo, assim como Nosso Senhor foi acusado de estar possuído por Belzebu, príncipe dos demónios .

Procure a Igreja que em tempos de intolerância (contra a sã doutrina) os homens dizem que deve ser destruída em nome de Deus, do mesmo modo que os que crucificaram Cristo julgavam estar prestando serviço a Deus.

Procure a Igreja que o mundo rejeita porque ela se proclama infalível, pois foi pela mesma razão que Pilatos rejeitou Cristo: por Ele se ter proclamado como A VERDADE. Procure a Igreja que é rejeitada pelo mundo, assim como Nosso Senhor foi rejeitado pelos homens. Procure a Igreja que, no meio das confusões de opiniões, os seus membros a amem do mesmo modo que amam a Cristo e respeitem a sua voz como a voz do seu Fundador.

E aí começará a suspeitar que se essa Igreja é impopular com o espírito do mundo é porque ela não pertence a este mundo. E, uma vez que pertence a outro mundo, será infinitamente amada e infinitamente odiada como foi o próprio Cristo. Pois só aquilo que é de origem divina pode ser infinitamente odiado e infinitamente amado. Portanto, essa Igreja é divina .

Arcebispo Fulton J. Sheen in Radio Replies, Vol. 1


sábado, 19 de outubro de 2024

♔ | 19 de Outubro de 1889 - Morre D. Luís I de Portugal

Luís I (D.) O Popular (n. 31 de Outubro de 1838. f. 19 de Outubro de 1889), foi o 31.° Rei de Portugal; nasceu em Lisboa, no Paço das Necessidades, era o segundo filho da rainha D. Maria II e do rei D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, e, irmão de D. Pedro V a quem sucedeu após a sua prematura morte e por este não ter descendência.

O seu nome completo era D. Luís Filipe Maria Fernando Pedro de Alcântara António Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis João Augusto Júlio Volfrando Saxe-Coburgo-Gota de Bragança.

El-Rei Dom Luís I realçou a realeza da Sua estirpe com os preclaros dotes de uma inteligência cultíssima.

Aos 8 anos de idade, o infante Dom Luís, Duque do Porto, ainda longe de pensar vir a ser rei, começou a servir na Marinha, iniciando a Sua carreira, em 1846, como guarda-marinha, e exerceu o seu primeiro comando naval em 1857 capitaneando o brigue Pedro Nunes, no qual navegando à cabotagem percorreu a costa de Portugal até Gibraltar. No ano seguinte o Rei, Seu irmão, entrega-lhe o comando da recém-adquirida corveta Bartolomeu Dias, o principal navio de guerra português no qual Dom Luís visita os Arquipélagos portugueses do Atlântico e as colónias africanas portuguesas. Desempenhou, com brio, nove missões de serviço, até se ver, por acaso do destino, alçado Rei.

Ora sendo um homem do Mar não poderia durante o Seu Reinado desviar as atenções da Armada e dos assuntos científicos que aperfeiçoara enquanto marinheiro.

Desde muito cedo, o rigor na educação do Príncipe e a disciplina para a aculturação e aprendizagem marcaram a vida de Dom Luís, então Duque do Porto - título reservado ao 2.º Varão dos Monarcas Portugueses -, como se pode constatar numa nota íntima do Diário de Viagem do próprio, datada de 14 de Dezembro de 1846: ‘Levantei-me às 7. Vim acabar de preparar a minha lição d’alemão; estive com o mestre d’alemão; até às dez menos um quarto fui para o Viale [professor de Filosofia], a lição foi recapitulada da ethica, e a história da 7.ma
Cruzada, recreação até ao meio-dia. Ao meio-dia vim ler de alguns instrumentos que tenho que mandar vir. Há uma hora estive tocando rebeca com o Manuel Inocêncio [professor de Música], às duas horas fui para o jardim; às duas horas vim preparar a minha lição d’inglez e trigonometria espherica. Jantámos às 7. Luiz’.

A par da carreira naval, Dom Luís dedicava-se à sua paixão pela música executando com mestria o violoncelo, instrumento com que animava os saraus do Paço Régio.

De Dom Luís, são variadíssimos os seus atributos desde criança: línguas (falava e escrevia alemão, francês, inglês, latim, etc.), desenho e pintura, esgrima – na qual surpreende o seu mestre d’armas Henri Petit -, equitação e a música para a qual mostrava especial engenho desde muito jovem. O professor de Música dos Príncipes – prole de Dona Maria II e de D. Fernando II de Saxe-Coburgo-Gotha - era o conceituado Manuel Inocêncio Liberato dos Santos por recomendação da antiga regente a Infanta Dona Isabel Maria. O Mestre encontrou no discípulo Dom Luís, um aluno especialmente dotado musicalmente, o que foi comprovado nos exames públicos que o Duque do Porto prestou em 1846 e nos quais foi aprovado ‘Com Louvor’. Também os serões familiares eram animados por Dom Luís ao piano ou ao violoncelo e com a voz de tenor do pai D. Fernando II.

Dá-se uma reviravolta, com a morte de Dom Pedro V, e Dom Luís volta já Rei da Sua viagem à Bélgica onde acompanhou a irmã Dona Antónia e o cunhado Príncipe Leopoldo de Hohenzollern-Sigmaringen.

Já Rei e já casado, o Reinado de Dom Luís I assiste aos melhores momentos da Arte em Portugal: na literatura surgem os nomes maiores como Eça de Queiroz, Antero de Quental, Camilo Castelo-Branco, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Alexandre Herculano, Guerra Junqueiro, Cesário Verde, entre outros não tão grandes. É a época dos ‘Vencidos da Vida’ e das ‘Conferências do Casino’! É o tempo, também, do apogeu da pintura e escultura com Malhoa, Columbano e Rafael Bordallo Pinheiro, Henrique Pouzão, Soares dos Reis, Silva Porto, Teixeira Lopes, Alfredo Keil.

O Culto da Arte era, para além das Suas responsabilidades como Monarca, o interesse maior para Sua Majestade Fidelíssima o Rei Dom Luís I. ‘Escrevia muito, traduzia obras estrangeiras, e desenhava; mas o seu entusiasmo ia sobretudo para a música. Tinha uma grande colecção de violinos. E um bom mestre-capela, Manuel Inocêncio dos Santos, autor do hino do monarca’, escreveu Fontes Pereira de Mello.

Dom Luís I ao gosto e grandeza da época não deixa os Seus créditos por mãos alheias: organiza uma enorme e distinta colecção de Pintura com que institui a Galeria de Pintura no Real Paço da Ajuda, na ala norte, e que franqueia ao público que pode visitar a colecção aos Domingos.

Também a Sua erudição não sofre com as novas funções de Servir a Nação como Rei. Sem as descurar, naturalmente, a música – até como escape - tem um papel preponderante na vida do novo Rei: compõe uma Missa para violoncelo, uma Barcarola e uma 'Ave Maria' que o próprio Rossini elogia, pelo que não raras vezes comporá obras dedicadas ao Rei de Portugal, Dom Luís I.

Há ainda D. Luís, o tradutor de obras de Shakespeare, como 'O Mercador de Veneza' de 1879, 'Ricardo III' e o 'Otelo', de 1885, sendo este último o único em que é mencionado o nome do real tradutor.

Não podemos apelidar Sua Majestade Fidelíssima o Rei Dom Luís de Portugal, de Cientista na acepção hodierna, pois os assuntos de Estado afastavam-no da dedicação exclusiva que tal mester obriga. Porém, não se pode deixar de intitular El-Rei de um Homem da Ciência, visto que empreendeu na segunda metade do século XIX, experiências científicas que justificam plenamente o rótulo.

Interessado cientista, a mecânica, a astronomia, as belas-artes, a cartografia, a físico-química e a balística eram ciências que não tinham para Ele segredos, às quais dedicava infatigável actividade e os mais renomados cientistas, que visitavam o Paço Real, não recusavam o auxílio das Suas luzes.

O Rei Dom Luís I, teve uma vida abastada de merecimentos, mas não se pode deixar de destacar uma das Suas ‘invenções’ que, vá-se lá saber porquê, não é suficientemente falada: as estrias na granada de artilharia.

Com os estudos que desde tenra idade o capacitaram, com a preparação técnica que adquiriu como oficial da Marinha Real, e com o intercâmbio de experiências com os principais cientistas da época, o Rei Dom Luís I aperfeiçoou as granadas de artilharia que até aí possuíam alma lisa.
A granada é um artefacto bélico com uma câmara interna que leva uma carga de arrebentamento; o nome deriva da palavra granatum ou romã, pois assemelha-se a tal fruto, embora o primeiro obus a que verdadeiramente se poderá apelidar de granada tenha sido inventado na China medieval, no século IX, e consistia numa cebola oca cheia de pólvora que era atirada, muitos contribuíram para o aperfeiçoamento ou ‘invenção’ da granada moderna – o Rei Dom Luís I foi um deles.

Desde a sua invenção que cada guerra contribuiu para a evolução da granada, e, assim eis que também um português teve a sua intervenção, e não foi um português anónimo: aos obuses lisos, Dom Luís I procedeu a perfurações dos projécteis para que os gases da explosão imprimissem às granadas um curso rotativo que tornava o tiro mais preciso. Além dessas perfurações desenvolveu, também, o sistema de traçado de estrias nas almas lisas das granadas, sistema que viria a prevalecer até aos dias de hoje. Em Janeiro de 1865, enviou as granadas aperfeiçoadas para França, para serem testadas pela potência bélica francesa e em reconhecimento do mérito da invenção o Imperador de França Napoleão III agraciou Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom Luís I de Portugal com uma Medalha de Honra em Ouro.
Assinale-se, ainda, que D. Luís ordenou a construção e fundação de associações de índole cultural como a ‘Sociedade de Geografia’, em 1875, mas também, na passada de Sua Mãe abraçou as causas sociais e patrocinou a criação de albergues nocturnos para os indigentes, em Lisboa e no Porto.

Lembremos o retrato do monarca - a quem o escritor chamou ‘O Bom’ - traçado pela pena de Eça de Queiroz: ‘para presidir a esta revolução, que cobriu a terra de instrumentos de riqueza e radicou na gente a importância dos interesses, el-rei D. Luís era, pelas favoráveis feições do seu espírito liberal, transigente, modernizado, acessível às inovações, o chefe mais congénere e perfeito. Daí proveio, entre o rei, beneficamente inclinado às reformas, e o reino, que ardentemente se reformava, uma harmonia sólida e séria que, em vinte e oito anos, não sofreu uma interposição nem foi toldada pela sombra.’ Assim foi Dom Luís I, o Popular.

Miguel Villas-Boas

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Jantar Tertúlia: Monarquia - uma perspectiva histórica e filosófica

A Real Associação de Lisboa regressa aos Jantares Tertúlia "Conversas Reais" já no próximo dia 24 de Outubro, quinta-feira, pelas 20:00hs, no restaurante “O Cantinho da Amizade” em Lisboa na Rua Cruz da Carreira, 36 (junto ao Campo Santana), tendo como convidado especial o jovem escritor e alfarrabista Carlos Maria Bobone que nos vem falar da sua obra “Monarquia - História, doutrinas e heranças”, publicada pela editora Leya em 2023.

Das sociedades recolectoras à época clássica, passando pelo pensamento escolástico ao iluminismo, da Revolução Francesa ao liberalismo constitucional, do tradicionalismo de Mauras às repúblicas impregnadas de elementos monárquicos que pretendiam banir, nas 370 páginas de “Monarquia - História, doutrinas e heranças” o Carlos Maria Bobone guia-nos com rara erudição e uma escrita fluida pela história das Monarquias, “não de regime, porque há várias formas de regime monárquico”, pela história do pensamento político e da filosofia, arriscando concluir que “mais do que uma doutrina a monarquia um factor histórico.”

O preço do jantar será de 30,00€ por pessoa e poderá reservar o seu lugar através do endereço secretariado@reallisboa.pt, pelo telefone 213 428 115, ou presencialmente na nossa sede, de segunda a sexta-feira das 11:00hs às 14:00hs.

As inscrições, limitadas à capacidade da sala, estarão abertas até terça-feira dia 22 de Outubro!
Junte-se a nós!

PS.: Ajude a nossa Causa visitando a loja online da Real Associação de Lisboa AQUI e conheça as novidades que temos para si, faça a sua encomenda e receba comodamente em casa um presente diferente...

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Eis o novo projeto que a infanta Maria Francisca de Bragança estará a assumir

Numa altura em que está de regresso a Portugal, a infanta Maria Francisca está já também a assumir um novo desafio 'profissional', muito relacionado com as origens da sua família.

De acordo com a página de Instagram 'Diário da Realeza', a jovem, que casou há um ano com Duarte de Sousa Martins, está a fazer um documentário que se intitula "Portugal como o meu pai me contou".

"A infanta D. Maria Francisca de Bragança no Castelo de S. Jorge. A duquesa de Coimbra esteve num dos mais emblemáticos edifícios históricos da cidade de Lisboa, que será um dos palcos do documentário 'Portugal como o meu pai me contou'", pode ler-se, na legenda da publicação.

Até ao momento não são conhecidos mais detalhes, ainda que tenham sido reveladas imagens da passagem da infanta pelo local.


Fonte: Monarquia Portuguesa

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

O Cardeal Müller está de volta: Não é um Sínodo, mas um Simpósio

O Cardeal Gerhard Ludwig Müller participou pela primeira vez no ex-Sínodo dos Bispos no dia 14 de Outubro. Não pôde estar presente nas duas primeiras semanas da reunião devido a uma hérnia.

Müller tomou imediatamente a palavra para dizer que o simpósio “não era um verdadeiro sínodo”. Criticou o facto de os padres, diáconos, religiosos e leigos também poderem votar ao lado dos bispos.

Numa declaração anterior, o Cardeal Müller tinha dito que não se tratava de um sínodo, “mas de um simpósio”.

Müller estava vestido de cardeal, enquanto a maioria dos bispos e cardeais limita o seu traje episcopal a uma cruz peitoral.

in gloria.tv

terça-feira, 15 de outubro de 2024

PORTUGAL DEVE ABANDONAR A ONU…

“A Política é a única profissão que não tem filtro”
Autor desconhecido

A ONU (Organização das Nações Unidas) foi fundada em S. Francisco, em 24 de Outubro de 1945, tem por isso 78 anos. Assinaram a “Carta” 51 países.

A ideia de criar a ONU partiu de Roosevelt e Churchill, numa reunião secreta (algures no Atlântico), em Agosto de 1941, onde se intentou criar a “Carta do Atlântico”.

É, portanto, uma organização inspirada em termos anglo-saxónicos.

A localização da reunião mantém-se – inexplicavelmente – secreta até hoje.

Um grupo de trabalho com representantes de alguns países (os EUA, URSS, China, Grã-Bretanha – a que se juntou depois a França – ou seja os futuros vencedores da II Guerra Mundial preparou a “Carta” e organização, em Dumbarton Oaks (EUA) entre Agosto e Outubro de 1944. Aparentemente arrogaram-se esse direito, mais ou menos acordado na Conferência de Yalta.

Na altura a preocupação maior foi manter a Alemanha fora da organização e dominá-la. Surgiu assim um novo órgão de Direito Internacional que se propunha resolver os conflitos entre os países de forma pacífica, sucedendo à defunta Liga das Nações, ou Sociedade das Nações (SDN), fundada em 28 de Abril de 1919, nos escombros da Conferência de Versalhes, após o termo da I Guerra Mundial.

Teve sede em Genebra e dela fizeram parte 44 Estados, Portugal incluído. Os objectivos eram cândidos: evitar uma nova guerra como a anterior.

A sua actuação foi um desastre extenso, que não só não evitou nova guerra como lhe multiplicou a magnitude.

Por 1942 a organização, estava extinta, ressuscitando, em Abril de 1946, para num rasgo de dignidade que nunca foi seu apanágio, entregar as suas responsabilidades na novel ONU.

A ONU tem um nome infeliz, desajustado e erróneo, já que “Nações Unidas”, é coisa que não existe, nem parece nada que vá existir.

A “organização” tem reflectido isso mesmo; o resultado idem, e tem sido outro desastre extenso. Hoje fazem parte da ONU 193 estados membros e dois observadores (a Santa Sé e a Palestina).

A ONU é uma organização intergovernamental, com sede em Nova York (desde 1952), num espaço da ilha de Manhattan, a que foi dado o estatuto de “extraterritorialidade”, que tem a utopia de querer conseguir manter a paz e segurança internacionais; promover as relações internacionais em diferentes âmbitos; servir de centro que harmonize os esforços das nações para atingir esses objectivos (comuns).

Adoptou, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, da autoria da viúva do Presidente Roosevelt, Eleanore, e do advogado francês René Cassin.

Possui cinco grandes órgãos: a Assembleia – Geral; o Secretariado – Geral; o Conselho de Segurança (cinco membros permanentes e dez rotativos, por períodos de dois anos); Conselho Económico e Social e o Tribunal Internacional, situado em Haia. Possui ainda 17 grandes agências (tipo OMS, Unesco, Banco Mundial, etc.) e vários escritórios e agências espalhadas pelo mundo.

A ONU é financiada por contribuições voluntárias dos Estados membros. A maior vem dos EUA, com cerca de 22% do total…

*****

Portugal não participou nos trabalhos preparatórios, nem foi membro fundador. Em Agosto de 1946, acolitado pela Grã-Bretanha, EUA e França, Portugal mediu os prós e os contras e decidiu aderir.

A URSS, porém, usou o seu veto e impediu que tal acontecesse (também vetou a entrada da Áustria, Finlândia, Irlanda e outros). A URRS votava a Portugal (e também a Espanha) especial ódio, por terem sido os países que impediram que o comunismo vencesse na guerra civil espanhola e se alastrasse e imperasse em toda a Península Ibérica.

O Governo Português não reiterou o pedido nem o retirou.

Em 1955 a situação mudou por insistência dos EUA e da Grã-Bretanha, a fim de reforçar o chamado “bloco ocidental”, tendo a NATO, o Pacto de Varsóvia e a Guerra - Fria, por pano de fundo, negociaram com a URSS (Stalin tinha morrido em 1953), a entrada em bloco de vários países de ambos os lados. Foi assim que Portugal foi admitido, em 14 de Dezembro de 1955, juntamente com a Itália, Áustria, Espanha e Finlândia, ao mesmo tempo que do “bloco oposto” entravam a Bulgária, Hungria e Roménia e alguns outros.1

Como “curiosidade” deve acrescentar-se que a República Federal Alemã e a República Democrática Alemã, só entraram para a ONU, em 18 de Setembro de 1973 e com um estatuto diferente de todos os outros estados membros.

Portugal jamais retirou qualquer vantagem até hoje da sua permanência na ONU e foi objecto desde a sua entrada, até 1975, dos mais excruciantes e injustos ataques, devido a ter tido a veleidade (quiçá o crime) de pretender possuir territórios fora do continente europeu que eram seus por direito, alguns dos quais há mais de 500 anos.

Estas actuações não se podem esquecer nem perdoar, apesar dos erros crassos cometidos por políticos portugueses anos depois.

O Primeiro-Ministro português discursou recentemente (a 26 de Setembro) na Assembleia - Geral daquela organização falida, inoperante e patética.

Foi lá perder o seu tempo e o nosso. Deveria apenas ter enviado um diplomata menor, entregar uma declaração (nos trâmites permitidos) a retirar Portugal daquela “Babilónia” moderna, que nem sequer tem os encantos da antiga. E mandar pagar as contas em dívida, se alguma.

Não estamos na ONU a fazer nada, nem aquele “Palácio de Vidro” que é apenas uma atração turística de Nova Iorque, serve para alguma coisa. Está refém do poder de veto dos cinco países permanentes do Conselho de Segurança (EUA, Rússia, China, França e Grã-Bretanha – na altura os únicos que possuíam armas nucleares) e nunca resolveu um único problema até hoje. Logo o que garante que vai resolver algo no futuro?

As Nações Unidas não têm tropas próprias para impor decisões (mesmo do seu tribunal), apesar de já ter negociado cerca de 560 tratados multilaterais.

Todas as questões são resolvidas até hoje (quando são) por relações bilaterais e ou por organismos externos à ONU. Além disso esta representa uma organização mastodôntica, que custa uma enormidade de dinheiro (ignoro qual a contribuição portuguesa) e estão cheios de agências que também de pouco servem a não ser para justificar os honorários de quem lá trabalha.

Nem o Tratado da Antárctida foi feito sob a sua alçada…

Aliás, aquela que reputamos de principal medida até hoje tomada pela ONU, ou seja a divisão da “Palestina” num estado Judeu e outro árabe pela resolução de 29 de Novembro de 1947, teve as consequências que ainda hoje se podem observar…

E quanto a tentativas de se constituir como “governo mundial” em determinados assuntos, como têm sido os presentes casos sobre vacinação, alterações climáticas, migrações e questões sociais fracturantes – conforme consta da agenda 20-30 – estamos dispensados de as seguir, pois são de vómito.

Sair da ONU é uma economia de esforço e de recursos, além de um alívio de sanidade mental e de hipocrisia política.

As alianças e os acordos que temos e precisamos são estabelecidos à margem da ONU (enfim temos hoje pendente a negociação sobre a extensão da Plataforma Continental, que é necessário salvaguardar).

O estatuto de observador (só para se saber o que lá se passava) é o que nos convém, servido por uma extensão da nossa embaixada em Washington, ocupada por um diplomata que perceba da poda, uma secretária de duas pernas e uma máquina cripto.

A ONU é também, e a vários títulos, irreformável; e, se amanhã desaparecesse ninguém, á excepção de quem lá trabalha e alguns jornalistas, ia dar por isso.

Portugal nasceu em 1128, temos que saber seguir o nosso caminho.

Lembremos D. João V: “não temos de nos fiarmos noutras potências, senão de nós próprios”; e Costa Brochado: “enquanto as coisas não tomam rumo, a melhor política é o melhor disfarce e a melhor estratégia é ter boas tropas e bons navios”.

Como estamos no século XXI, convém acrescentar “boas aeronaves”.

1 De referir que a Carta da ONU, só entrou em vigor em Portugal, em 21 de Fevereiro de 1956, data da declaração feita por Portugal, de aceitação da obrigação da mesma.

João José Brandão Ferreira

Oficial Piloto Aviador (Ref.)


Fonte: O Adamastor

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

O Plano Quinquenal de Chefia de Estado


Para quem tenha a paciência de me ler, aqui vão os meus cinco tostões para o peditório emergente das eleições presidenciais de 2026:

Não sendo tradição em Portugal o Chefe do Estado ser o responsável pelo governo do País, cabendo-lhe “apenas” um papel de mediação e de representação (sei bem das ambiguidades da constituição semipresidencialista quanto aos limites da sua actuação) é para mim um profundo enfado o ritual quinquenal da luta partidária para o lançamento das putativas candidaturas ao cargo. É como se a Nação fosse obrigada a encarar uma mudança de bandeira ou de hino a cada cinco anos.

Por alguma razão facilmente se intui a tese corrente de que os portugueses reelegeriam continuamente um presidente da república com mediana popularidade e razoável sentido de Estado até que uma doença o incapacitasse ou a morte o levasse, não fosse o limite constitucional dos dois mandatos. Para dar um exemplo ao gosto dos republicanos mais empedernidos, não fosse essa limitação legal, é difícil imaginar Mário Soares, se lhe fosse possível continuar a concorrer, alguma vez derrotado. “O povo português é sábio”, diz por aí a opinião publicada, quando é do seu interesse. O povo português é intrinsecamente monárquico, digo eu…

“O povo português é sábio” quando não é ignorante e volúvel, e é por isso que periodicamente as “elites” têm de se impor à força para o educar, para o curar dos maus vícios e ignorância, como aconteceu no 5 de Outubro de 1910, quando esses generosos revolucionários cuidaram até de mudar os símbolos nacionais. A Nação com 800 anos, há muito consolidada na língua e nas fronteiras, tudo parece aguentar com assinalável bonomia ou conformismo. Até umas eleições para a Chefia de Estado, que no fundo, no fundo, não nos interessa muito. Andamos há oito anos a afeiçoarmo-nos aos modos e idiossincrasias do presidente que nos calhou em sorte e agora os partidos esguedelham-se para lá pôr outro, o seu, quando já tínhamos assimilado o Marcello? Não há direito…

Evidentemente que a agitação política que umas eleições presidenciais proporcionam têm a vantagem de animar o jornalismo e comentariado político, é uma mina para parangonas de jornais e debates televisivos, que gradual e inevitavelmente atrairão algum interesse do português médio conformado, mesmo sabendo que as promessas de “amanhãs que cantam” pelos candidatos, são panaceia, entretenimento, uma democrática “fantasia benigna” a que todos afincadamente nos dedicaremos a tentar levar a sério. Afinal de contas, ao Chefe do Estado Português, mesmo no nosso ambíguo sistema semipresidencial, não cabe governar. Cabe representar o seu povo com dignidade e parcimónia.

Ao contrário do que se pensa, o nosso actual regime semipresidencialista é herança da monarquia liberal, característica que os autores da Constituição de 1976 acharam por bem repescar. A sua ambiguidade durante o “Liberalismo”, permitiu estilos de reinados bastante diferentes: o do Rei Dom Luís, que grosso modo se limitou, mantendo higiénica distância, a deixar os partidos governarem. Já o seu sucessor, o rei Dom Carlos, para mal dos seus (nossos?) pecados, usando-se dos instrumentos constitucionais e da magistratura de influência, teve a veleidade de querer reformar o regime em acelerada degradação. Pagou isso com a vida.

Talvez fosse tempo de olharmos para o nosso regime de Chefia de Estado e conferir-lhe mais dignidade. Vivemos todos bem entretidos, mas verdadeiramente não sabemos se um dia será mesmo necessária.

João Távora


Fonte: Real Associação de Lisboa

domingo, 13 de outubro de 2024

13 de Outubro de 1917: Milagre do Sol em Fátima

 

Alexandrina, a paralítica que se levantava para sofrer a Paixão de Jesus

Dia 13 de Outubro é dia da Beata Alexandrina de Balasar

Alexandrina Maria da Costa, também conhecida como Beata Alexandrina de Balasar, foi uma mística portuguesa, que nasceu em 30 de Março de 1904 e morreu em 13 de Outubro de 1955, tendo passado quase toda vida na sua cidade natal, Póvoa do Varzim, num povoado chamado Calvário. 

O pai abandonou a família, sendo criada apenas pela mãe. Pôde estudar apenas durante 18 meses e com nove anos já trabalhava. Quando tinha 12 anos, enquanto ajudava a fazer um tapete de flores para a Procissão do Santíssimo, colhendo flores, teve sua primeira experiência mística ao começar a sangrar da cabeça; segundo ela, Jesus colocou-lhe uma coroa de espinhos e passou a chamá-la Alexandrina das Dores.

Paralisia

Aos 14 anos, no Sábado Santo de 1918, estava com a irmã e outra menina em casa, trabalhando com costura, quando quatro homens forçaram a porta de entrada. Para escapar do ataque, Alexandrina pulou de uma janela com mais de quatro metros de altura, tendo partido várias vértebras. Até os 19 anos ainda conseguia se arrastar até a Igreja, onde permanecia em oração quase todo dia.

Segundo Alexandrina, até 1928, dez anos após o ataque, ainda pedia a graça da cura, prometendo que sairia como missionária pelo mundo, até que compreendeu que a sua salvação seria pelo sofrimento. Disse: "Nossa Senhora concedeu-me uma graça ainda maior. Depois da resignação deu-me a conformidade completa à vontade de Deus e, por fim, o desejo de sofrer”, e também: "Jesus, tu és prisioneiro no Tabernáculo. E eu por tua vontade prisioneira na minha cama. Far-nos-emos companhia”.

Paixão de Cristo

De Sexta-Feira, 3 de Outubro de 1938 a 24 de Março de 1942, ou seja por 182 vezes, viveu, em todas as Sextas-Feiras, os sofrimentos da Paixão: Alexandrina, superando o estado habitual de paralisia, descia da cama e com movimentos e gestos, acompanhados de angustiantes dores, repetia, durante três horas e meia, os diversos momentos da Via Crucis. Depois disso, a partir de 27 de Março de 1942, Alexandrina deixou de se alimentar, vivendo exclusivamente da Eucaristia durante 13 anos, até à sua morte.

Em 1936, Jesus disse-lhe que deveria escrever ao Papa para que consagrasse o Mundo ao Coração Imaculado de Maria. Este pedido foi renovado várias vezes, até que, em 31 de Outubro de 1942, o Papa Pio XII celebrou esta consagração em língua portuguesa, e renovou-a, no Vaticano, em 8 de Dezembro, na Festa da Imaculada Conceição. 

Neste ponto da vida, a sua fama de santidade já era conhecida e muitas pessoas vindas de longe visitavam-na, pediam conselhos e orações. Da sua cama pedia que as pessoas organizassem novenas, jejuns e rezassem intensamente. Tornou-se também uma colaboradora salesiana.

Falecimento e beatificação

No início de 1955 foi-lhe revelado que deveria preparar-se, pois morreria ainda naquele ano. Em 12 de Outubro pediu a Extrema Unção. No dia seguinte rezou o rosário em honra a Nossa Senhora de Fátima e faleceu tranquilamente, após dizer: “Sou feliz porque vou para o Céu”.

Sobre o seu túmulo, que está numa capela na igreja de Balasar, pediu para escrever:

Pecadores, se as cinzas do meu corpo puderem ser úteis para a vossa salvação, aproximai-vos: passai todos por cima delas, pisai-as até desaparecerem, mas não pequeis mais! Não ofendais mais o nosso Jesus! Pecadores, queria dizer-vos tantas coisas. Não bastaria este grande cemitério para escrevê-las todas! Convertei-vos! Não queirais perder a Jesus por toda a eternidade! Ele é tão bom! Amai-O! Amai-O! Basta de pecar!

in tesourosdaigrejacatolica.blogspot.com