D. Fernando, o Infante Santo, nasceu em Santarém, em 29 de Setembro de 1402, como o oitavo filho do Rei D. João I de Portugal e de sua mulher a Rainha Filipa de Lencastre, e faleceu em Fez a 5 de Junho de 1443. Ele era o mais novo dos membros da Ínclita Geração, o notável escol de príncipes da então recente Dinastia de Avis que se destacaram na cultura, nas artes e nas conquistas militares e foi Senhor da vila de Salvaterra de Magos e de Atouguia da Baleia e administrador e governador perpétuo da Ordem de Avis. D. Fernando foi criado com mais cuidados que os irmãos, pois a mãe achava-o mais sensível, pois era muito religioso. D. Fernando, o mais novo dos Altos Infantes, dedicava-se a obras de piedade e à decência da sua capela em conformidade com os mais altos padrões morais e éticos de dignidade, correção e decoro, sendo um homem de grande cultura e religiosidade.
'Le bien me plaît - O Bem agrada-me', era a sua divisa.
O Infante foi indicado como 2º Administrador da Ordem de Avis por seu pai e recusou o título de cardeal oferecido pelo papa Eugênio IV, pois preferiu participar na cruzada contra os mouros em Marrocos.
Assim, em 1437 integrou a expedição militar ao Norte de África, comandada pelo irmão, o Infante D. Henrique, e cujo objetivo era conquistar a cidade de Tânger, mas que não obstante parecer inicialmente que ia ser um sucesso, revelou-se um desastre quando o Vizir marroquino veio em socorro dos vizinhos magrebinos. Para impedir a carnificina dos portugueses, na capitulação acordou-se que a troco da permissão de retirada do contingente português, o Infante ficava como penhor da devolução de Ceuta, que havia sido conquistada pelos portugueses, em 1415.
D. Fernando ficou, assim, como refém dos mouros, que exigiam a devolução de Ceuta em troca da sua libertação.
‘Rogai por mim a El-Rei, que é a última vez que nos veremos!’, despediu-se assim o Infante do irmão D. Henrique, pressentido o seu destino. D. Fernando foi então trancado numa torre, onde esteve alguns dias, e em seguida transferido para Arzila onde esteve aprisionado 7 meses.
Depois o cativeiro continuou em Fez, ora com o protesto de todas as honras, ora vilipendiado como um condenado de baixa condição, especialmente após uma tentativa de evasão frustrada, financiada por Portugal.
No entanto, a divisão na metrópole entre os que queriam entregar Ceuta e os que queriam mantê-la impediu um acordo: o irmão D. Duarte convocou Cortes extraordinárias para decidir o que fazer; existiam dois partidos: o primeiro, liderado pelos infantes D. Pedro e D. João, quid pro quo, defendia a entrega imediata de Ceuta e a libertação de D. Fernando, sem mais. No lado oposto, o grupo encabeçado pelo filho mais novo do Rei, D. Fernando, herdeiro universal do Infante D. Henrique, afirmava que a entrega de Ceuta estava fora de causa. Os Três Estados decidiram-se pela não devolução da cidade do Norte de África em troca do refém. D. Fernando foi levado para Fez, onde sofreu muitas humilhações e maus tratos.
Então, escreveu ao seu irmão D. Pedro, o Infante das Sete Partidas, já Regente do Reino, num apelo desesperado, rogando a sua libertação a troco de entrega de Ceuta aos Almorávidas. Sem qualquer avanço na resolução da questão, D. Fernando aceita o seu cativeiro com resignação cristã e morre no cárcere de Fez, em 5 de Junho de 1443, aos 40 anos de idade, após 7 anos de cativeiro.
Pela sua resignação cristã e pelo seu sofrimento, ele ficou conhecido pelo cognome de "Infante Santo" e foi beatificado em 1470. Ele é venerado pela Igreja Católica e é considerado um dos patronos de Portugal.
O sacrifício do Beato D. Fernando de Portugal, em proveito do interesse nacional, granjeou-lhe o cognome de ‘Infante Santo’. O corpo de D. Fernando foi transportado para Portugal, no reinado do sobrinho El-Rei Dom Afonso V, ficando no convento do Salvador, em Lisboa, até ser transladado para o Mosteiro da Batalha, onde jaz sepultado na Capela do Fundador, ao lado dos reais pais e irmãos.
Sem comentários:
Enviar um comentário