“Pensar em liberdade é bom, pensar com rectidão é melhor”.
(Frase que figura no Salão Nobre da Universidade de Uppsala – Suécia).
Apareceram por aí uns mistificadores a dizer que a data do 25 de Novembro (de 1975), não deve ser comemorada. Quer dizer, lembrada. Que não se devem evocar datas (isto é, eventos) que dividem, apenas as que unem; que não deve haver aproveitamentos políticos…
Quem assim fala deve julgar que a maioria dos portugueses tem uma massa encefálica do tamanho de uma ervilha; má consciência e, ou, deve querer reescrever o que verdadeiramente o se passou.
Também passou a circular e a ser dito – por norma, iniciativa de quem se opunha aos mistificadores – que não fora o 25 de Novembro, não teria sido possível que Abril vingasse. O que é verdade. Chamo a atenção, porém, que o 25 de Novembro só ocorreu porque tinha havido o 25 de Abril…
O 25 de Novembro (de 1975) é uma data histórica, porque a sua importância lhe confere relevância histórica.
As datas históricas devem ser estudadas, compreendidas e lembradas, sobretudo as mais recentes, pois estão vivas na memória e porque condicionaram e condicionam, o nosso devir.
Para já não falar naquilo que é necessário aprender com o que de bom e mau ocorreu e suas consequências para o futuro. Não é para o passado.
As datas que são consideradas as mais importantes podem passar até, a ser consideradas de tal relevância, que justifiquem serem consideradas feriados municipais ou nacionais. Não é o caso.
Ora o que se passou por alturas do 25/11 foi um confronto político e social de cariz violento, entre nacionais, que poderia ter degenerado numa guerra civil. E não há pior guerra que a “civil”.
Do confronto havido resultaram “apenas” três mortos (militares), mas podia ter havido um banho de sangue.
Aqueles que estiveram do lado perdedor da contenda – leia-se PCP, grupos de Extrema Esquerda, que mais tarde confluíram maioritariamente no BE, e seus apoiantes - (e perderam assaz de pouco, aliás, não sendo devidamente castigados), seus “descendentes” e alguns ingénuos úteis, não querem agora, que se fale na data. (A excepção foi o MES (Movimento de Esquerda Socialista), que veio a aderir ao PS e a tomá-lo por dentro. E também não querem que se comemore…)
Uns “iluminados” que pretenderam, pela via do golpe, instaurar um regime totalitário com bastas provas de malignidade pelos exemplos que infelizmente campearam pelo mundo!
Imaginem, por um momento apenas, que tinha sido ao contrário.
Alguém acredita que se o resultado fosse o oposto, hoje não estaríamos (os sobreviventes) a pular de contentes em cima das campas de centenas ou milhares de mortos e incontáveis depredações?
E sendo contidos, veio um arauto “moderado” (moderado?) de sua graça Melo Antunes, que morreu Coronel do Exército, afirmar nas pantalhas da televisão que o Partido Comunista fazia falta à Democracia! Ouviram bem? A propósito de quê? Um Partido que durante décadas se comportou como correia de transmissão do Partido Comunista da União Soviética – potência arqui-inimiga de Portugal – e que tem subvertido e infernizado a vida política e social no nosso País até hoje?
Observem o que se está a passar em Espanha com a inacreditável “Lei da Memória Histórica” onde se tem subvertido tudo o que se passou aqui mesmo ao nosso lado, e tudo feito pelas forças políticas que saíram derrotadas na hedionda guerra civil entre 1936 e 1939, e que chegou ao ponto execrável e infamante da exumação e transladação dos restos mortais do general que comandou as forças vencedoras.
Gesto que desqualificou o actual regime espanhol, tanto em termos políticos, como sociais e humanos.
Imaginem se acaso um qualquer governo português em vez de oferecer os ossos de D. Pedro IV (vencedor da guerra civil, entre 1828-1834) ao Brasil os tivesse retirado da tumba para os deitar ao mar…
Mas então não se deve comemorar o 25/11, mas pode-se evocar o 31 de Janeiro (de 1891), por exemplo? (O 31 de Janeiro é considerado por muitos até, o “Dia do Sargento”, quando foi precisamente um sargento que denunciou a revolta às autoridades…)
Fazer do 5 de Outubro de 1910 (não o de 1143!) feriado nacional?
A revolta republicana, manchada por um crime de sangue e baseada em violência gratuita e golpista, feita por sociedades secretas, uniu o país? Ainda une?
Afinal o agora tão mediaticamente odiado “Estado Novo” fez bem ou mal, em nunca ter feito da data de 28 de Maio (de 1926) feriado nacional? E à medida que se institucionalizou ter deixado esmorecer as “comemorações”?
Não chega já terem destruído o ensino da História e encher os manuais escolares de mentiras e enquadramentos surrealistas?
E vamos lá directos à questão primordial: o próprio 25 de Abril é uma data consensual? Deixem-me rir.
Um golpe preparado em cima do joelho, que nem sequer reparou que havia um dia seguinte; que nunca cumpriu nada do manifesto com que se apresentou à Nação; cujos autores perderam o controlo dos acontecimentos no próprio dia do golpe; que destruiu num fósforo a coesão das Forças Armadas, que tinham 169.000 homens em pé de guerra, a combater uma guerra de guerrilha em três frentes (fora o resto); que deixou a rua tomar conta do Poder; que passou a fazer uma quantidade de coisas que afirmava condenar no regime então deposto; que provocou o maior desastre e a derrota mais vergonhosa e humilhante em toda a História de Portugal; que fez com que no espaço de pouco mais de um ano a Nação dos Portugueses se visse amputada de 95% do seu território e 60% da sua população de uma forma infame e traumática, deixando sementes de destruição que resultaram em guerras civis por décadas em quase todos os territórios que abandonámos à turbamulta comunista, anarquista e tribalista, de que resultaram mais de dois milhões de mortos e desgraça generalizada que dura até aos dias de hoje, uma data desta pode ser considerada consensual? Digna? Justa? Um exemplo?
Deram-nos a Liberdade? Qual, a de fazer asneiras e poucas vergonhas?
O que aconteceu foi apenas causado “por excessos que sempre ocorrem em períodos revolucionários” como uma cáfila de desavergonhados por aí berram, desculpando a coisa?
E agora aqueles ainda vivos, e seus descendentes ideológicos, que têm gravosas culpas em tudo o que se passou, querem branquear, censurar, quiçá proibir, que se comemore as acções daqueles, que mesmo depois do maior mal já estar feito, conseguiram colocar um “alto ao saque”?
Ora ganhem tino!
O 25 de Abril é que une e não divide?
Então faz-se um golpe de Estado (presumo que não era para ser uma revolução…), para depois deixar cair o País na anarquia, entregá-lo à escória, aos traidores, aos loucos e tarados ideológicos; à mole de frustrados, oportunistas ou simples delinquentes, que destruíram o tecido produtivo e as finanças; desbarataram o que tinha sido amealhado durante décadas; escavacaram a ordem política, social e até psicológica; prenderam e exilaram milhares de compatriotas e puseram o país virado do avesso, à beira de uma guerra civil, no Continente e Ilhas, e os trogloditas que contribuíram largamente para este descalabro, próprio de uma cultura canibal, não querem que se lhes atribua responsabilidades e que as novas gerações disso se apercebam?
E ainda temos de ouvir, hoje em dia, ouvir tecer loas despudoradas, nos ecrãs das televisões, de que somos servidos, quando morre um drogado qualquer que se distinguiu nas cantorias de intervenção e outras “artes antifascistas”, ou uma nulidade de pensamento cujo critério mais destacado foi a sua “coerência”, no erro?!
Para já não falar nos grandes lutadores da “liberdade”. Da liberdade?
Onde? Em Cuba? Na China? Na União Soviética? Na Coreia do Norte? Na Albânia? Talvez no Camboja do Pol Pot…
Devo continuar?
Por isso essa patranha dos consensos (neste âmbito) não existe, não existirá, nem deve existir.
Tem é de haver rupturas; separação de águas; julgamentos não só da História; mas em tribunais; proibição de grupos defensores de ideologias ou regimes totalitários; combate ideológico, etc. Coisas bem arrumadas.
Foi isto também, que o 25 de Novembro não soube fazer, comprometendo o futuro do País. Por isso foi uma data falhada.
E com a emergência serôdia, da “geringonça” mal-amanhada e espúria, estivemos perigosamente a voltar ao 24 de Novembro de 1975.
Convém não andar distraído.
A história dos povos não se pode construir sobre erros, mentiras e equívocos. E, acreditem ou não, essa é uma principal razão porque Portugal não sai da cepa torta, sendo que, actualmente estamos (como comunidade autónoma) metidos numa espécie de eutanásia colectiva gigantesca.
Haja Deus.
João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (Ref.)