segunda-feira, 31 de março de 2025

Os Reis Não Tinham Criados


Uma das mistificações que se constroem em torno da Monarquia é de que a Família Real era servida por uma imensidão de criados e logo as imaginações viajam para produções cinematográficas de época e divagam fantasiando serventes de perucas e librés a restolhar. Ora este é um caso em que a realidade não supera de todo a ficção, pois os Reis, as Rainhas, os Príncipes eram auxiliadas pelo pessoal da Casa Civil e pelos oficiais às ordens. Assim, esses ‘criados’ próximos do Rei eram apenas os nobres da maior estirpe, assim como as Damas de companhia das Rainhas. Os nobres de mais elevada titularia estavam ao serviço pessoal do Rei, uns com cargos específicos na Corte, outros em sistema de rotatividade.

Por exemplo, imagine-se um banquete e o Rei a ser servido à mesa: quem serve o Monarca no prato é um Duque, a quem a terrina do consommé foi passada por um Marquês, e quem veio com a peça de louça com as vitualhas do início da Porta até à mesa foi um Conde, após um Visconde receber à porta da cozinha. Desse modo, também, não era um/a criado/o que servia o chá à Rainha, pois quem servia chá à Rainha era uma Marquesa.

Por isso o cargo de Aio, por exemplo, do Rei Dom Luís I foi o 1° Visconde e 1° Conde da Carreira; o Mordomo-mor da Casa Real, que transportava o característico símbolo da sua autoridade, o bordão de marfim com um castão de ébano esculpido com a forma da cabeça de uma mulher africana, no reinado de Dom Carlos I foi o 5° Conde de Sabugosa, o médico dos Reis era o Conde de Mafra, o secretário era o Conde de Arnoso, o estribeiro-mor era o Marquês  de Faial, o alferes-mor era o Conde de São Lourenço; as Damas da Senhora Rainha Dona Amélia eram as Ex.mas Duquesa de Palmela, a Senhora Marquesa de Unhão e D. Isabel Saldanha da Gama (Ponte); o secretário D’El-Rei Dom Manuel II foi o 6° Marquês de Lavrado, etc.

Aliás, quando havia solenidades ou visitas de Monarcas ou outros Chefes de Estado estrangeiros, era necessário contratar, temporariamente, para esse efeito pessoal para as carruagens, para as recepções do Palácio, numa tentativa de adequar os meios e não manter uma estrutura onerosa para o Erário.

São, ainda, muitas as manifestações de humildade para com, inclusive, o pessoal menor da Casa do Paço: recorde-se um episódio quando El-Rei Dom Carlos permanecia até altas horas no seu estúdio de pintura, pintando os maravilhosos pastéis que nos legou, e que quando saía para se dirigir para os aposentos descalçava as botas para estas não fazerem o soalho ranger e acordar o oficial às ordens que entretanto adormeceram na antessala; ou então, aquele dia do ano em que o Rei e o Príncipe Real serviam a sopa aos monges do Mosteiro de Mafra.

Apanágio da Realeza: – Servir! Sempre servir… até à morte e até depois dela… pelo exemplo!

Hoje, por cá usam o património e grande séquito, e, cúmulo da generosidade, em nosso nome!

E é paradoxal, mas sobretudo confrangedor, estes políticos sempre prontos a pigarrear que são republicanos e depois desfazerem-se em tantos salamaleques diante dos Reis estrangeiros!

Miguel Villas-Boas

Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

domingo, 30 de março de 2025

O espírito da Quaresma nos anos jubilares

A maior parte das pessoas ignora ou esqueceu o que é a Quaresma. No entanto, o Catecismo Maior, de São Pio X, era muito claro, definindo-a como «um tempo de jejum e de penitência instituído pela Igreja por tradição apostólica». No parágrafo seguinte, São Pio X explica a sua finalidade: «Dar-nos a conhecer a obrigação que temos de fazer penitência ao longo de toda a nossa vida; imitar, de algum modo, o rigoroso jejum de quarenta dias que Jesus Cristo fez no deserto; preparar-nos, por meio da penitência, para celebrar santamente a Páscoa» (n. 36).

Muitas vezes, porém, para os bons católicos que não esquecem a Quaresma, esta reduz-se a algumas práticas ascéticas: jejum, mortificações, esmola, certamente louváveis e sempre recomendadas pela Igreja, mas não suficientes para nos transmitir o espírito da Quaresma, que é, sobretudo, desapegarmo-nos mais profundamente do pecado e abraçarmos com maior generosidade a vontade de Deus.

Bento XVI, na sua Mensagem para a Quaresma de 2009, recorda que, nas primeiras páginas da Sagrada Escritura, o Senhor ordena ao homem que se abstenha de consumir o fruto proibido: «Podes comer o fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás» (Gn 2, 16-17). Comentando a ordem divina, São Basílio observa que “o jejum foi ordenado no Paraíso” e “o primeiro mandamento neste sentido foi dado a Adão”. Portanto, ele conclui: “O ‘não comas’ e, portanto, a lei do jejum e da abstinência” (cf. Sermo de jejunio: PG 31, 163, 98).» «Portanto, se Adão desobedeceu ao mandamento do Senhor “de não comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal”, com o jejum o crente deseja submeter-se humildemente a Deus, confiando na sua bondade e misericórdia.» (Mensagem de 11 de Dezembro de 2008).

O espírito de penitência manifesta-se, antes de qualquer outra prática, no esforço de nos conformarmos com a vontade de Deus em todos os momentos, mesmo dolorosos e humilhantes da nossa vida. A 26 de Março de 1950, por ocasião da Quaresma do Grande Ano Santo, Pio XII dirigiu-se aos fiéis nos seguintes termos: «Saber suportar a vida! É a primeira penitência de todo o cristão, a primeira condição e o primeiro meio de santidade e de santificação. Com aquela dócil resignação que é própria de quem acredita num Deus justo e bom, e em Jesus Cristo mestre e guia dos corações, abraçai com coragem a cruz quotidiana, muitas vezes dura. Levando-a com Jesus, o seu peso torna-se leve».

O esforço de unir a nossa vontade à vontade de Deus precede toda a prática ascética. É por isso que Jesus sublinha a razão profunda do jejum, estigmatizando a atitude dos fariseus, que observavam escrupulosamente as prescrições rituais impostas pela lei, mas cujo coração estava longe de Deus. O verdadeiro jejum, explica o Divino Mestre, consiste antes em fazer a vontade do Pai celeste, que «vê no segredo e recompensar-te-á» (Mt 6, 18). Ele mesmo dá o exemplo, respondendo a Satanás, no final dos quarenta dias passados no deserto, que «nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4, 4). «O verdadeiro jejum – conclui Bento XVI – tem, portanto, como finalidade comer o “verdadeiro alimento”, que é fazer a vontade do Pai» (cf. Jo 4, 34).

Aquele que ama a vontade do Pai detesta o pecado, que é a violação da lei divina. E assim, neste tempo de Quaresma do Jubileu de 2025, como não fazer nossas as palavras que Pio XII dirigiu aos fiéis de todo o mundo para os preparar para a Quaresma no Jubileu de 1950: «Medi, se os vossos olhos e o vosso espírito o suportam, com a humildade de quem talvez deva reconhecer-se em parte responsável, o número, a gravidade, a frequência dos pecados no mundo. Obra do próprio homem, o pecado polui a terra e desfigura a obra de Deus como uma mancha impura. Pensemos nos inumeráveis pecados privados e públicos, ocultos e evidentes; pecados contra Deus e a Sua Igreja; contra nós próprios, na alma e no corpo; contra o próximo, especialmente contra as criaturas mais humildes e indefesas; pecados contra a família e a sociedade humana. 

Alguns deles são tão inauditos e hediondos, que são necessárias novas palavras para os indicar. Pese-se a sua gravidade: dos cometidos por mera leviandade e dos premeditados e friamente perpetrados, dos que arruínam uma única vida ou se multiplicam em cadeias de iniquidade até se tornarem a maldade de séculos ou crimes contra nações inteiras. Comparai, à luz penetrante da fé, este imenso amontoado de baixeza e de cobardia com a santidade resplandecente de Deus, com a nobreza do fim para que o homem foi criado, com os ideais cristãos pelos quais o Redentor sofreu a dor e a morte; e depois dizei se a justiça divina pode ainda tolerar tal deformação da Sua imagem e dos Seus desígnios, tal abuso dos Seus dons, tal desprezo da Sua vontade e, sobretudo, tal escárnio do sangue inocente do Seu Filho.

Vigário daquele Jesus que derramou a última gota do Seu sangue para reconciliar o género humano com o Pai celeste, Cabeça visível daquela Igreja que é o Seu Corpo Místico para a salvação e santificação das almas, exortamos-vos a sentimentos e obras de penitência, para que seja dado por vós e por todos os Nossos filhos e filhas do mundo inteiro o primeiro passo para a efectiva reabilitação moral da humanidade. Com todo o ardor do Nosso coração paterno, pedimos-vos o arrependimento sincero dos pecados passados, a plena detestação do pecado e a firme resolução de vos arrependerdes; suplicamos-vos que alcanceis o perdão divino pelo sacramento da confissão e pelo testamento de amor do divino Redentor; suplicamos-vos, enfim, que alivieis a dívida da pena temporal devida aos vossos pecados pelas múltiplas obras de satisfação: orações, esmolas, jejuns, mortificações, de que o próximo Ano Santo oferece fácil oportunidade e convite».

Professor Roberto de Mattei in Corrispondenza Romana (publicado em atrevimentos.pt)

Fonte: Senza Pagare

sábado, 29 de março de 2025

O SISTEMA POLÍTICO E O COMPORTAMENTO DOS PARTIDOS

 “O público, como todos os soberanos, como os reis, os povos e as mulheres, não gosta que se lhes diga a verdade”. 

Alexandre Dumas 

O Governo caiu. Com um encolher de ombros. 

O sistema político democrático – como é entendido no Ocidente e em Portugal – assume na sua doutrina, que os Partidos Políticos (PP) são “estruturantes” da Democracia. Ou seja sem PP não há Democracia. Não vamos hoje discutir este “entendimento”, mas observar o comportamento dos ditos partidos, um nome, aliás, assaz infeliz. 

Devemos começar por fazer uma pergunta e responder-lhe: para que servem os PP, qual o seu objectivo primordial? Pois o objectivo número um – e ao qual todos os demais se subordinam – é tomar o Poder e mantê-lo.  

Como o Poder – nas democracias – é legitimado pelo voto popular, segue-se que a maioria, senão a totalidade, do esforço de qualquer PP se resume a tentar convencer o eleitorado a votar no seu programa e nas suas figuras de proa.  

E se, porventura, os partidos existentes que se reclamam da doutrina marxistaleninista, ou outros – que prevêem a via revolucionária para a tomada do poder (na verdade qualquer via…) – se dedicam à subversão da sociedade ou do Estado e mantêm capacidades para serem usadas nesse âmbito, tal é assunto de especulação, normalmente à boca pequena, pois raramente estes temas são abordados nos liberalíssimos órgãos de comunicação social, ou no Parlamento, etc. 

E, de facto, se o objectivo primeiro dos PP, não fosse conseguir o Poder, não se justificava a sua existência. Manter o Poder é, a seguir, a tarefa fundamental, pois permite alargar a sua influência e distribuir lugares e prebendas pelos seus filiados (de que existe uma sofreguidão insaciável), condição sine qua non para garantir alguma lealdade canina nas hostes, sem o que despontarão “tendências”, “dissidências”, “alas críticas”, “renovadores”, etc., sempre efusiva e democraticamente saudadas, mas que constituem uma dor de cabeça que enjoa qualquer dirigente partidário, só de pensar nelas. 

Ora quem está no Poder, não o quer abandonar e, por isso, fará tudo por lá se manter. A primeira coisa que faz é ocupar o maior número de lugares possível; depois tenta arranjar maneira de condicionar a comunicação social e arranjar uma parafernália enorme de propaganda e relações públicas; na sequência distribuem negócios pelos amigos, verdadeiros ou putativos – isto é fundamental para garantir apoios e aumentar os réditos do saco azul partidário; a seguir começam a mentir - leia-se Alexandre Dumas – até porque as pessoas, de um modo geral, gostam que se lhes minta (só aceitam a verdade em tempos de catástrofes extremas…). O início das promessas começa aqui. Como é preciso garantir o voto, é só facilidades, mais direitos, mais obras, mais subsídios, quiçá a lua. Ninguém quer ouvir falar em sacrifícios, deveres, trabalho, disciplina, organização, hierarquia, restrições, etc.  

Pelo meio vasculham-se mutuamente para ver quem denuncia, por cima, ou por baixo da mesa, os podres existentes reais ou inventados, para solapar a credibilidade dos diferentes actores que se digladiam na “arena” política. 

A partir daqui a economia definha, os costumes relaxam-se, o crime aumenta, a corrupção instala-se. As crises internacionais e os “azares” que sempre acontecem agravam o descalabro.  

Resulta de tudo uma espécie de guerra civil larvar e omnipresente que impede qualquer governo da cidade… O ambiente fede. 

Finalmente, como não sabem fazer mais nada senão isto – o sistema parece que não se regenera – começam a pedir dinheiro emprestado. A partir daqui está tudo estragado e é uma questão de tempo para ser o próprio regime a ser posto em causa. 

Vejamos agora os partidos que estão na oposição. Como o objectivo é, recorda-se, chegar ao Poder, têm que ser contra (até por princípio!), o governo em funções, suportado por um ou mais partidos (o sistema tende para cada vez haver mais partidos, pois eles não são “inteiros”…); têm que o desacreditar, apresentar soluções diferentes, etc. Tudo isto resume-se, por norma, numa política de bota abaixo e em fazer demagogia, abusando das promessas. Quem tem meios para isso, provoca greves, cortes de estrada, manifestações nas ruas e campanhas de propaganda. Os mais fundamentalistas põem bombas. 

Quando, após mais uma campanha eleitoral, longa, desgastante e cara (e com o uso e abuso, as pessoas já não as suportam!), a oposição chega ao Poder, faz exactamente o que os anteriores fizeram com algumas nuances de circunstância, ou novidades de marketing. A seguir pedem mais dinheiro emprestado. 

Andamos nisto desde 1820, com um intervalo de 48 anos (onde também verdadeiramente só houve uns nove anos de acalmia), e várias guerras civis, pelo meio. E muitas bancarrota. 

Quando o dinheiro emprestado, normalmente usado no pagamento da dívida e não em investimento reprodutivo, atinge uma certa soma, o descalabro financeiro passa do endividamento na razão aritmética, para a geométrica e a seguir para o crescimento exponencial. Ora nenhum partido está em condições de inverter esta tendência não só porque é contra a lógica de funcionamento do sistema (como se pagariam as promessas?), como a oposição não permitiria. Só haveria “solução” se houvesse um amplo consenso partidário e aceitassem governar juntos. Ora isso é, justamente aquilo que, novamente, a lógica do sistema mais repele, porque uma vez (por hipótese), isso conseguido, deixariam de ser necessários os partidos… Os tais que são estruturantes da Democracia. 

Como casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão, e a fome é má conselheira, diz o povo, não o Dumas, podem os leitores facilmente ajuizar, onde é que tudo isto se arrisca sempre a descambar, após uma palete de confusões e desgraças, que hão-de (estão) a suceder no entretanto. 

E, ao contrário do que convencionaram, não é certo, que em Democracia, há sempre solução para tudo. E, pelo que se tem visto, não tem sido solução para nada, pois não há sossego nem se resolve um único problema do país. 

João José Brandão Ferreira, Oficial Piloto Aviador (Ref.)  


Fonte: O Adamastor

sexta-feira, 28 de março de 2025

SAR D. Afonso de Bragança na Procissão do Senhor Jesus dos Passos da Graça

23 de Março de 2025:

Milhares de pessoas juntaram-se, na tarde deste domingo, à Procissão do Senhor Jesus dos Passos da Graça, numa manifestação pública de fé.
A celebração, que assinala o período da Quaresma, é uma das mais antigas de Lisboa, realizando-se desde 1587.
Este ano voltou a fazer o percurso original, desde a Igreja de São Roque até à Igreja da Graça.
SAR, O Senhor D. Afonso de Bragança esteve presente.

quinta-feira, 27 de março de 2025

O ímpio Diderot e o Catecismo Romano

Qual é o melhor livro? A esta pergunta dá uma resposta, digna de ponderação, Diderot. Foi ele um dos primeiros corifeus da filosofia ímpia do século passado. Não ousou confiar de ninguém a educação de sua filha única, menina de dez anos; ele mesmo tomou sobre si esse cuidado, ensinando-lhe o Catecismo.
Um amigo de Diderot, certa ocasião, deu com ele a ensinar o Catecismo a sua filha.
– Que quer isso dizer, exclamou ele, então tu ensinas o Catecismo a tua filha? Estás em teu juízo perfeito?
Diderot, que só com seus amigos queria ser ímpio, não, porém, na presença de sua filha, franziu o sobrolho, e respondeu com gravidade: «Se conhecesse melhor livro para fazer de Maria uma menina respeitosa e terna, boa mulher e digna mãe de família, ensinar-lho-ia; em verdade, porém, não conheço no mundo livro que tudo isto possa fazer como o Catecismo; oxalá que, para a felicidade dela e minha, creia, ame e pratique tudo o que ele ensina!»

«Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 1º Ano, Nº 11, Novembro de 1895


Fonte: Veritatis

terça-feira, 25 de março de 2025

In Annuntiatione Beate Mariæ Virgine

Hoje a Igreja comemora o dia da Anunciação do Anjo a Nossa Senhora. Esse episódio marcante para toda a Humanidade é descrito numa das mais bonitas passagens da Sagrada Escritura:

Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria. Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo

Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação. Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David, reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim

Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?»

O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus. Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, porque nada é impossível a Deus

Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.

São Lucas 1, 26-38

29º Aniversário de SAR, O Senhor D. Afonso de Bragança, Príncipe da Beira

Desejamos ao nosso Príncipe Real, Saúde, Paz, Harmonia e muito Amor com toda a Nossa Querida Família Real, no mais belo exemplo de União e Tradição.

 Que Deus o guie e ilumine naquela que desejamos seja uma longa vida cheia de sucesso.


VIVA SUA ALTEZA REAL DOM AFONSO, PRÍNCIPE REAL!

VIVA A FAMÍLIA REAL!

VIVA PORTUGAL!

segunda-feira, 24 de março de 2025

Da consideração de si mesmo

1. Não podemos confiar muito em nós, porque frequentemente nos faltam a graça e o critério. Pouca luz temos em nós e esta facilmente a perdemos por negligência. De ordinário também não avaliamos quanta é a nossa cegueira interior. A miúde procedemos mal e desculpamo-nos, o que é pior. Às vezes move-nos a paixão, e pensamos que é zelo.
 
Repreendemos nos outros as faltas leves, e descuidamo-nos das nossas maiores. Bem depressa sentimos e ponderamos o que dos outros sofremos, mas não se nos dá do que os outros sofrem de nós. Quem bem e retamente avaliasse as suas obras não seria capaz de julgar os outros com rigor.

2. O homem interior antepõe o cuidado de si a todos os outros cuidados, e quem se ocupa de si com diligência facilmente deixa de falar dos outros. Nunca serás homem espiritual e devoto, se não calares dos outros, atendendo a ti próprio com especial cuidado.
 
Se de ti só e de Deus cuidares, pouco te moverá o que se passa por fora. Onde estás, quando não estás contigo? E, depois de tudo percorrido, que ganhaste se esqueceste a ti mesmo? Se queres ter paz e verdadeiro sossego, é preciso que tudo mais dispenses, e a ti só tenhas diante dos olhos.

3. Portanto, grandes progressos farás, se te conservares livre de todo cuidado temporal; muito te atrasará o apego a alguma coisa temporal. Nada te seja grande, nobre, aceito ou agradável, a não ser Deus mesmo ou o que for de Deus. Considera vã toda a consolação que te vier das criaturas.
 
Imitação de Cristo


domingo, 23 de março de 2025

Verdadeira Liberdade do Povo Só com Rei

‘A liberdade do Povo salva-se na liberdade do Rei. Porque a liberdade do Rei consiste em estar preso à Nação, em fazer com ela um mesmo corpo.
A liberdade que enche os discursos e os jornais de um século romântico é uma falsa liberdade, porque não tem sentido.
Nega-se a natureza humana e, em seguida, afirma-se que o homem é inteiramente livre. Destroem-se as associações, centraliza-se a administração e, sobre as ruínas de toda a obra de séculos, lançam o homem, inteiramente livre... de si próprio.
Procura-se tirar todo o poder concreto à Realeza, única força social igualmente interessada na defesa de todas as outras, e ao mesmo tempo proclama-se a liberdade como convite ao domínio do mais forte.
(…) A liberdade do Rei é inseparável da liberdade dos Portugueses, mas esta só pode encontrar garantia perfeita e sentido adequado na liberdade do Rei.’
Barrilaro Ruas, Henrique | Político e doutrinador monárquico in ‘O Drama de um Rei’, Lisboa, 1971

sábado, 22 de março de 2025

SAR D. Duarte Pio ao Alenrium.pt: “Falta um poder moderador para evitar crises políticas em Portugal”


Herdeiro da Casa Real Portuguesa analisa a crise política e a ausência de um papel moderador no sistema republicano

Durante a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), SAR D. Duarte Pio, herdeiro da Casa Real Portuguesa, concedeu uma entrevista exclusiva ao Alenrium.pt, onde abordou a actual crise política que o país atravessa, destacando a falta de um poder moderador como um factor de instabilidade no sistema republicano.

“Bem, eu podia dizer que é, em certa medida, uma crise republicana. Falta um poder moderador, que os reis democráticos de Portugal e do Oeste da Europa sempre tiveram”, afirmou.

SAR D. Duarte Pio referiu que, historicamente, as monarquias constitucionais desempenharam um papel fundamental no equilíbrio dos regimes democráticos, aconselhando e acompanhando os políticos na resolução de crises.

Uma crise política evitável?

O herdeiro da Casa Real considera que a situação actual poderia ter sido gerida de forma diferente, sublinhando que não há conhecimento de qualquer acto ilegal por parte do primeiro-ministro.

“Temos uma crise política, vamos para eleições sem que se conheça nada de ilegal ou grave que tenham feito. É um caso típico de uma crise provocada pelos próprios políticos e que poderia ter sido evitada.”

Para SAR D. Duarte Pio, a solução passaria por encontrar um substituto dentro do próprio partido, permitindo a continuidade do governo sem necessidade de dissolução do Parlamento.

“Isso devia ter sido a atitude do primeiro-ministro: solicitar ser substituído. Mas claro, essa decisão dependia do próprio partido.”

No entanto, admite que, mesmo que o primeiro-ministro tivesse tomado essa decisão, o Presidente da República poderia ter optado por dissolver o Parlamento, como aconteceu recentemente com António Costa.

“Aqui está a diferença entre um poder moderador monárquico e o actual sistema presidencial republicano. O Presidente da República tomou uma decisão correcta do ponto de vista legal, mas talvez tivesse sido preferível encontrar uma solução que evitasse esta crise política.”

Fonte: Alentrium

sexta-feira, 21 de março de 2025

Ciclo Coral e Instrumental "São Rosas, Senhores!" - 10.º concerto


No próximo dia 29 de Março, às 21h30, a Confraria da Rainha Santa Isabel prossegue Ciclo Coral e Instrumental, integrado na comemoração dos 400 anos da Canonização de Santa Isabel, Infanta de Aragão, Rainha de Portugal e Padroeira da cidade de Coimbra.


Este 10.º concerto, do referido Ciclo Coral e Instrumental, realiza-se na Igreja da Rainha Santa Isabel, Mosteiro de Santa Clara-a-Novacom a participação do coro "Coimbra VOCAL.


Recorda-se que este Ciclo Coral e Instrumental "São Rosas, Senhores!é pessoalmente coordenado pelo Maestro Doutor Paulo Bernardino e conta com a participação dos grupos corais e instrumentais da cidade de Coimbra e sua região.


A entrada é livre.


A Confraria da Rainha Santa Isabel conta com a participação atenta de todos!

quinta-feira, 20 de março de 2025

A mortificação cristã

«Deus criou o homem bem ordenado», diz a Escritura. O pecado, porém, introduziu a desordem no mundo, e despojou o homem da natural rectidão e justiça original. Desordem na inteligência, que ficou obscurecida e perturbada na sua inclinação à verdade; desordem na vontade, que facilmente deixa fascinar-se do que é mau, e se sente entorpecida para o que é bom; desordem nos sentidos, que amiúde se rebelam contra a sã razão; desordem, finalmente, em todo o nosso ser e durante toda a nossa vida, a qual, no dizer do Santo Job, é uma contínua luta.
Daqui resulta a necessidade da mortificação: o homem tem de reagir contra os desmandos dos sentidos, contra a rebeldia da vontade, contra o entorpecimento da inteligência, contra tudo que possa estorvá-lo de seguir pelo recto caminho. Tem, numa palavra, de fazer violência a si mesmo, que só assim poderá alcançar o Reino do Céu, que é a só coisa necessária a que deve aspirar.
A prática de todos os cristãos, em todos os séculos, o exemplo de todos os Santos e do mais Santo de todos os homens – do Filho de Deus – a isso nos persuadem também. Não haja, pois, quem seja remisso em associar-se ao espírito da Santa Igreja, nossa mãe, que, se em todos os tempos nos exorta à penitência e mortificação, neste Santo tempo da Quaresma no-la impõe como uma obrigação grave, a que não poderemos esquivar-nos.

«Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 6º Ano, Nº 15, Março de 1900


Fonte: Veritatis

quarta-feira, 19 de março de 2025

Dia do Pai - Dia de São José - Ladainha a São José


Senhor, tende piedade de nósSenhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós
Jesus Cristo, tende piedade de nós. 
Senhor, tende piedade de nós
Senhor, tende piedade de nós.


Jesus Cristo, ouvi-nosJesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo atendei-nos
Jesus Cristo atendei-nos.

Pai do Céu que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Santa Maria, rogai por nós.


S. José, rogai por nós.
Honra da família de David, rogai por nós.
Glória dos Patriarcas, rogai por nós.
Esposo da Mãe de Deus, rogai por nós.
Castíssimo guardião da Virgem, rogai por nós.
Amparo do Filho de Deus, rogai por nós.
Vigilante defensor de Cristo, rogai por nós.
Chefe da Sagrada Família, rogai por nós.
José justíssimo, rogai por nós.
José castíssimo, rogai por nós.
José prudentíssimo, rogai por nós.
José fortíssimo, rogai por nós.
José fidelíssimo, rogai por nós.
Espelho de paciência, rogai por nós.
Amante da pobreza, rogai por nós.
Modelo dos trabalhadores, rogai por nós.
Glória dos lares, rogai por nós.
Guardião das virgens, rogai por nós.
Sustentáculo das famílias, rogai por nós.
Consolo dos infelizes, rogai por nós.
Esperança dos enfermos, rogai por nós.
Advogado dos moribundos, rogai por nós.
Terror dos demónios, rogai por nós.
Protector da Santa Igreja, rogai por nós.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor!
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor!
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós Senhor!

V/ Ele o constituiu Senhor da sua casa.
R/ E o fez príncipe de todos os seus bens. 

Oremos

Ó Deus, cuja inegável providência se dignou escolher o bem-aventurado S. José para esposo de Vossa Mãe Santíssima, fazei que venerando-o como protector na terra, mereçamos tê-lo como nosso intercessor no Céu. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo. Ámen.

terça-feira, 18 de março de 2025

SAR D. Isabel de Bragança: “O Rei está acima dos partidos, nasce de todos; o Presidente vem de um partido e depois é que passa a ser de todos”

Nasceu em Novembro de 1966, em Lisboa. Viveu a infância entre Portugal e Angola. Os pais partiram primeiro para África e com quatro anos ficou a viver com a avó e uma tia.

Quando regressaram de Angola tinha mais três irmãos que não conhecia. Não foi fácil, habituada a viver numa casa como uma “rainha”, teve de ser habituar a ser só mais uma filha. “Era uma menina mimada e mal educada e o meu pai pôs-me no caminho certo”, conta.

Depois do 25 de Abril, a família mudou-se para o Brasil, para São Paulo. Foi lá que estudou num colégio jesuíta, fez o curso de Gestão e especializou-se em Finanças.

Inês de Castro Curvello de Herédia acrescentou Bragança ao nome quando casou com SAR D. Duarte Pio de Bragança. Conhecem-se desde pequenos e foi ele quem a ensinou a nadar.

Depois do casamento, a experiência como gestora levou-a a assumir o controlo das contas e do património da casa de Bragança - sempre sem se deixar levar por críticas de quem a esperava talvez menos interventiva.

SAR D. Isabel de Bragança é a convidada do novo episódio do Geração 60, conduzido por Conceição Lino. Ouça aqui.

Fonte: SIC Notícias

domingo, 16 de março de 2025

É NECESSÁRIA UMA GRANDE LIMPEZA


Tradução Deus-Pátria-Rei

1) Qual é o estado actual da Igreja Americana e qual tem sido o impacto duradouro da sua carta de 2018 e das preocupações que ela levantou sobre a liderança do Papa Francisco?

Durante décadas, a hierarquia católica, como todos os governos ocidentais reféns do Fórum Económico Mundial, foi composta quase inteiramente por emissários de um lobby subversivo muito poderoso. Temos uma Igreja Profunda que se infiltrou e ocupou a Igreja Católica, bem como um Estado Profundo que controla os governos de muitas nações.

Membros desta contra-Igreja transformaram a Igreja Católica numa organização de apoio à esquerda globalista, destruindo a fé e a moral e subvertendo os objectivos que Nosso Senhor Jesus Cristo deu à Sua Igreja.

O plano deve ser considerado na sua totalidade: o Estado Profundo e a Igreja Profunda são dois lados da mesma moeda, e ambos recebem ordens do mesmo chefe que os financia, como vimos no escândalo da USAID.

É necessário quebrar a profunda dependência ideológica e financeira da Igreja em relação à elite globalista, expulsando cardeais, bispos e padres corruptos e chantageados, e promovendo em seu lugar aqueles cujas vidas estão de acordo com o Evangelho e que têm a salvação das almas no coração, em fidelidade à Tradição perene da Igreja Católica.

A Igreja Americana – também graças ao papel de liderança dos Jesuítas Americanos na subversão da doutrina Católica – encontra-se numa situação desastrosa, deliberadamente planeada nas últimas décadas por uma infiltração sistemática que pode ser considerada como tendo origem em algumas figuras proeminentes: os Cardeais Francis J. Spellman (Nova York), John F. Dearden (Detroit), Joseph Bernardin (Chicago), Raymond G. Hunthausen (Seattle), Roger Mahony (Los Angeles) e William J. Levada (São Francisco).

Destes prelados surgiram várias redes de padres e bispos corruptos, incluindo Theodore McCarrick e seus "sobrinhos": Kevin Farrell, Blase J. Cupich, Joseph W. Tobin, Donald W. Wuerl, Wilson Gregory, Robert W. McElroy…

São todos homens de Bergoglio, protegidos por ele, promovidos por ele e talvez sujeitos à sua chantagem.

Não esqueçamos o papel decisivo dos seminários, de onde se originou a infiltração e a corrupção generalizada do clero.

Se os fiéis americanos cortassem os fundos que mantêm essa máquina infernal funcionando e, em vez disso, apoiassem as comunidades católicas tradicionais; se o governo Trump investigasse e processasse aqueles que na hierarquia católica que cometeram crimes ou tentaram encobri-los, então a Igreja Americana poderia emergir desta crise devastadora e florescer novamente.

2) Como aqueles que se opuseram à orientação do Papa Francisco na Igreja estão tentando corrigir a situação? O que, se é que algo, está sendo feito para garantir que o próximo pontífice não repita o que muitos veem como deficiências de Francisco? Ou é inútil?

Muitos acreditam que podem simplesmente fechar o parêntesis bergogliano elegendo um papa "conservador" que não questione o Concílio Vaticano II e suas reformas desastrosas, como o cardeal Raymond Leo Burke ou o cardeal Robert Sarah.

Mas esperar que isso aconteça é realmente uma “Missão Impossível”, dado que 110 dos 138 cardeais foram criados por Bergoglio precisamente para “proteger” a revolução sinodal bergogliana e garantir que ela continue.

Aqueles que entram no Conclave pensando que terão apenas que tapar alguns buracos, continuando num caminho que se revelou um desastre – estou falando da revolução conciliar – não obterão resultados duradouros.

Sessenta anos de erros e horrores devem ser completamente redefinidos: uma tarefa titânica, que somente a intervenção divina pode tornar possível. A usurpação de Bergoglio – que denunciei e que me valeu a “excomunhão” – mina a legitimidade dos cardeais que ele criou ao longo destes doze anos e a validade da eleição de um possível sucessor.

É por isso que é necessária uma operação de transparência e justiça antes de proceder à convocação de um Conclave.

Acreditar que a morte de Bergoglio pode simplesmente nos fazer esquecer tudo e nos permitir virar a página sem fazer nada seria um erro gravíssimo e uma traição ao mandato que Nosso Senhor deu aos Apóstolos e seus Sucessores.

Stilum Curiae Marco Tosatti

sábado, 15 de março de 2025

“EXPULSAR MIGRANTES”, AGORA APLICADO A PORTUGAL

“E prouvera a Deus que os Reyes tiverão homens livres e pouco ambiciosos em seus conselhos…”. 

Carta de Cyprian de Figueiredo de Vasconcelos, Governador das Ilhas dos Açores a el-rei  Filipe I, em 13 de Março de 1581

Portugal nunca foi um país de imigrantes. O que se passou neste âmbito na História do País, teve a ver com alguns cruzados, que por cá ficaram, e que ajudaram a popular o país, ainda em formação e alguns migrantes pontuais como foi o caso daqueles que vieram do sul de França, ao tempo da heresia dos “Cátaros” ou “Albigenses”, e se fixaram na zona fronteiriça entre Castelo Branco e Niza. Ainda hoje há por lá características próprias desta gente. 

A partir do século XV, passaram a entrar em Portugal muitos migrantes apelidados de “ciganos”, que sempre deambularam, de ambos os lados da fronteira, e nunca se integraram na nacionalidade.1  

Aparentemente fugiram do nordeste da Índia, por volta do ano 1050 e viraram apátridas. Daí ser difícil deportá-los seja para onde for e ninguém sabe o que há-de fazer com eles.

Sempre deram problemas sociais e nunca gozaram de boa fama. Enumero factos, não opiniões ou adjectivos. Assim, à falta de uma ilha qualquer deserta para onde os enviar, e pondo de lado decisões que a Moral Cristã condena, a única coisa a fazer é pôr a PSP e a GNR a vigiá-los… 

A ordem da Coroa Espanhola em expulsar os judeus e muçulmanos, em 3 de Agosto de 1492 - curiosamente a data em que Cristóvão Colon (e não Colombo) partiu para a sua 1ª viagem em que dizia querer descobrir a “Índia” - após a tomada do Reino de Granada, fez afluir a Portugal dezenas de milhares de futuros marranos (50.000?). 

Só Castelo de Vide, por exemplo, vila na altura com cerca de 700 habitantes (e já tendo muitos judeus) recebeu cerca de 4.000 indivíduos. Ninguém aguenta uma coisa destas… 

Acresce que os judeus que havia na Península Ibérica, apelidados de sefarditas, eram descendentes daqueles oriundos da “Terra Santa”, depois de expulsos ou fugidos aos Romanos, depois da destruição do II Templo, e que também se comportam como os ciganos, isto é, não se integram. Têm no entanto, duas particularidades que lhes dão inegável vantagem relativamente aos hoje apelidados de “nómadas”: tinham dinheiro e uma religião fortíssima que se confundia com a nacionalidade, ou seja, não existia um português que fosse judeu, mas sim um judeu que era português - ou vivia simplesmente por cá - por circunstância. 

A questão religiosa inquinava as relações; o facto de muitos serem ricos, provocava inveja e os casos de acusações de usura e de especulação de preços, bem como o facto de haver monarcas e nobres que os usavam como cobradores de impostos (devido ao seu saber em lidar com o dinheiro) fizeram deles odiosos em camadas populares cada vez maiores. 

A oportunidade surgiu quando D. Manuel I quis casar com a sua sobrinha viúva, espanhola, que se tinha metido num convento em Madrid, após a morte do seu primeiro marido, o esperançoso príncipe D. Afonso.  

Veio a exigência dos Reis Católicos de expulsar os judeus de Portugal, a contrapartida era além da mão da noiva, acordar que o herdeiro de ambos pudesse ser monarca de toda a Península, caso não houvesse descendente macho, na Corte espanhola. E lá houve ordem de os mandar embora caso não se convertessem ao catolicismo. 

Em 1536 surgiu a Inquisição, que só foi extinta em 1821 mas, nessa altura, judeus já havia poucos. 

A História é controversa desde então, e as coisas não ficaram melhor mesmo com o bom acolhimento dado a milhares de refugiados judeus, durante a II Guerra Mundial (e não, o maior papel nisto tudo, não se deve ao cônsul Aristides Sousa Mendes, entretanto transformado numa enorme mentira de Estado). Hoje, com a desculpa de remediar erros passados, determinou uma Assembleia da República algo desmiolada, atribuir a nacionalidade portuguesa a descendentes de judeus supostamente portugueses que o requeiram. O que tem acontecido algo atrabiliariamente. Já foi distribuída (é o termo) a esmo, a cerca de 100.000, seguramente…3 

O País atraiu muitos estrangeiros, nomeadamente europeus de países ribeirinhos, sobretudo no século XVI e XVIII, sobretudo com o fito de comercializar, por causa das riquezas que nos chegavam do Oriente e depois do Brasil. Mas poucos se estabeleciam definitivamente por cá.  

Com a fama do vinho do Porto a partir do século XVIII e também devido às invasões francesas, alguns ingleses (nunca se souberam quantos) ficaram por cá e foram-se integrando. Mas nunca houve qualquer vaga de imigração para o território europeu português, excepção feita para umas dezenas (ou centenas?) de famílias francesas e da Flandres que se fixaram nas ilhas atlânticas e ajudaram a povoar as mesmas quando o Reino estava depauperado de gente. Tais influências são ainda visíveis em várias localidades. 

Mas tudo isto foi ocorrendo com o tempo, regradamente, mantendo-se a coesão nacional portuguesa e não afectando a sua matriz cultural.4 

***** 

Diz-se, porém, que Portugal é um país de emigrantes. Não me parece que tenha sido assim e a questão necessita de um mínimo de enquadramento. 

Enquanto durou todo o período das Descobertas e até à independência do Brasil, não houve praticamente emigração alguma, salvo casos pontuais de comerciantes que se fixavam em países europeus; “exilados políticos” por desavenças havidas em Portugal (a maioria das quais ia para Espanha, o que se prolongou até aos nossos dias…); ou o caso de alguns portugueses que eram contratados pelas suas competências específicas, como foi o caso dos pilotos de navios, apesar da Coroa o ter proibido.  

A população era escassa, só tendo aumentado minimamente a partir da década de 30 do século passado (estamos a falar da população na parte europeia de Portugal), a mortalidade era grande, havia falta de braços para a agricultura, para a navegação e para a guerra. Ou seja, os portugueses não precisavam de emigrar até porque, migravam entre territórios portugueses espalhados pelas quatro partes do mundo. 

A situação mudou com a independência do Brasil em 1822/5.  

Em primeiro lugar porque nos 250 anos anteriores o foco estratégico da vida portuguesa tinha sido o Brasil. Mesmo com a independência, muitos laços sociais continuaram a ser mantidos. O Brasil precisava de pessoas e o território metropolitano estava devastado pelas invasões napoleónicas e pela agitação política derivada das sementes jacobinas deixadas pelas baionetas da Revolução Francesa (de 1789). 

Só que, quebrados os laços políticos, português que fosse para o Brasil, passava a estrangeiro, logo a emigrante. 

Com a pobreza reinante derivada do estado da economia, algumas ilhas dos Arquipélagos da Madeira e dos Açores deixam de “conseguir alimentar” os seus habitantes (a Madeira pode considerar-se o único território português que até hoje, teve uma densidade populacional elevada, seguida pelo Minho), o que levou um cada vez maior número deles a sair para outros destinos, nomeadamente o Canadá e os EUA, sobretudo dos Açores e depois a Venezuela e a África do Sul, por parte dos madeirenses. 

Portugal entra, entretanto, em guerra civil, “quente e fria”, a partir da Revolução Liberal, de 1820, seguida da implantação da República, o que durou cerca de 130 anos, e nos fez perder as duas revoluções industriais e destroçou o país política, social, económica e financeiramente, e que é mais importante, psicologicamente. 

Tudo isto favoreceu a saída do país de muitas centenas de milhares de compatriotas. 

A situação equilibrou-se durante o “Estado Novo”, que adequou e estabilizou o sistema político, pôs ordem nas ruas e nas finanças, o que permitiu, finalmente, ao fim de quase século e meio, retomar o crescimento económico e melhorar o nível de vida da população; evitar a contaminação da guerra civil de Espanha; manter a neutralidade na Segunda Guerra Mundial e preservar a soberania e integridade de todos os seus territórios. E inverter a desmoralização colectiva que vinha do anterior. 

Conseguiu-se ainda lançar verdadeiramente e pela primeira vez, em 800 anos, a implantação da indústria em Portugal, a partir de 1953, e de um modo sustentado. Reforço o termo sustentado. 

Até que o ataque à escala mundial, montado fora de portas, como não se assistia desde a Guerra da Aclamação/Restauração, contra o Estado/Nação dos portugueses, foi posto em marcha, primeiro na Índia, em 1954, e em movimento uniformemente acelerado, depois de 1961 em África, e em quase todo o lado, e desabou sobre Portugal. 

Tal não teve porém, ao contrário do que se diz (acrescido de fuga ao regime político) influência maior na emigração - já que imigração não havia, a não ser alguns turistas que mais tarde vinham reformar-se para cá - que teve um pico grande entre meados dos anos 60 e princípio dos setenta.

Tal deveu-se sobretudo a haver ainda manchas de pobreza, sobretudo no mundo rural, em que a agricultura não acompanhou o desenvolvimento devido, e tudo no país se fazer para não pôr em causa o equilíbrio orçamental, havendo aversão à dívida e à especulação fiduciária, que permite salários elevados, mas artificiais, que alimentam a demagogia da luta político-partidária, que é o fulcro das chamadas democracias representativas. 

E, sobretudo, por se ter tornado uma espécie de “moda ” que se espalha entre a população, como a “febre do ouro” na Califórnia, dos anos 1840. 

E como passou a ser, há poucos anos a esta parte, com a saída em massa, agora não de gente pobre do campo ou indiferenciados das cidades, mas de jovens universitários, que despovoam a República, de um modo semelhante (embora antagónico) quando o “cheiro da canela, o reyno despovoa”, no dizer de Sá de Miranda. 

E agora, que se saiba, não há “guerra dita colonial” nem “Ditadura Fascista” como apregoavam (e ainda apregoam) os ignorantes malévolos de serviço. 

Só uma nota final: os portugueses quando emigram portam-se, por norma, bem, dão boa conta de si e não deixam mal o seu país. Portam-se normalmente até melhor no país alheio, do que no seu. E o seu desejo de regressar ou voltar às origens é proporcional à distância para onde vão. Independentemente das “saudades”; e saudade, hoje é um sentimento que os jovens não sabem o que é, pois os laços históricos e a memória colectiva têm sido destruídos. 

Por outro lado, o bem ou o mal que por lá possam provocar passam a ser problema dos governos locais. 

A inversa também é verdadeira.

 ***** 

Ora tudo isto mudou (o paradigma mudou) radicalmente de há uns anos a esta parte.

Começou com o que se convencionou chamar a “globalização”, com muitas das ideias oriundas do “Fórum de Davos” onde se realizam umas cimeiras mal escrutinadas pela comunicação social e pelos órgãos estruturantes do Estado. 

A Globalização começou pela Economia, pois é a parte mais atractiva (e fácil) da questão.

É claro que está a dar com os burrinhos na água e agora tais ideias já estão em recessão. Porém, infelizmente, o que se passa é que das duas três: ou algo é posto em  marcha com objectivos ínvios e de Poder, ou não são devidamente pesadas as consequências, ou uma combinação das duas. 

Entretanto já se tinha pensado em pôr, não só a economia, mas tudo em comum (sobretudo depois de Maastricht), nos vários países que vão constituindo a União Europeia – uma entidade política difusa juridicamente algo indefinida - a caminho de se escaqueirar, depois da saída da Grã-Bretanha (e lá andam novamente os franceses e alemães - o que resta deles - muito inquietos); até que alguém pensou pôr todos os povos em “comum”, talvez os promotores da Agenda 20-30 da ONU (convindo saber quem são), não fora a aspiração número um daquela organização babilónica, vir a ser a sede da governança mundial. 

Ora colocar todos os povos a viverem misturados apesar das suas diferenças de toda a ordem e apenas considerar o facto de serem humanos e terem funções ou características naturais idênticas - assim como se fossemos todos da classe dos mamíferos, sem haver 13 ordens diferentes (como a Biologia os classificou e o liceu ensinava no meu tempo) à revelia da realidade e evolução histórica dos humanos desde que habitaram a terra, como se houvesse uma Humanidade única, com mais tipos (quem?) no topo (qual e onde) a tudo governar, não fosse uma utopia irrealizável. 

É claro que poderão dizer, todas as utopias são por definição irrealizáveis (até o serem) pois, mas esta é por demais estúpida.

E um estúpido não deve (embora possa) ser considerado ao mesmo nível de um cidadão que tem uma opinião “diferente”. 

Lembra-se, porém, que tanto quanto se conhece, a ideia mais antiga de se misturar gente às pazadas, veio de um senhor chamado Coundenhove-Kallergi, fundador do Movimento Pan-Europeu, em 1922, em Viena de Áustria, e que se pode considerar verdadeiramente o “pai” da União Europeia, ao contrário do que é propagandeado na “história oficial”.  

Escreveu até, um livro assaz perturbador e muito raro de se encontrar, intitulado “Prakticher Idealismus” (Idealismo Prático), o que é tido pelo “main stream” por uma cabala anti-semita de extrema-direita.

***** 

Por tudo isto é necessário parar a entrada em Portugal desta invasão de pessoas que nada tem a ver com o país, de que nós não precisamos (e mesmo que precisássemos) - ao contrário do que alguns comentadores afirmam - que em nada vão ajudar a economia nem a Segurança Social (sugam até muito mais do que dão), que está falida há muito tempo, e que vão estoirar com a nação portuguesa em meia geração. 

A vida no centro das cidades, para já Lisboa e Porto, vai ficar caótica, a criminalidade vai aumentar em flecha (e sim, está relacionada com todo este descontrole criminoso (embora não só), mais que não seja por simples dedução estatística e aparecimento de “máfias” que os transportam e exploram, por mudança da matriz social e cultural, derivada das diferenças abissais de costumes, etc. 

É preciso pura e simplesmente fechar as portas, recambiar todos os que estão ilegais, “convidar e convencer” a maioria dos que estão cá já legalizados a irem embora (com um obrigado e desculpe qualquer coisinha); impôr novas regras a quem foi atribuída a nacionalidade portuguesa e “convidá-los” a desistirem da mesma. E só deixar vir para cá imigrantes a conta-gotas, com contratos de trabalho a prazo e sem trazerem família. 

Mudar a nacionalidade não só baseada no “jus soli” mas também no “jus sanguini” e controlar ferozmente as fronteiras impondo penas para os ilegais de tal modo duras, que exerçam efectiva dissuasão. 

Para além disso é necessário sair da ONU, pois esta organização supostamente de Direito Internacional, não serve para nada e nunca serviu os interesses portugueses e é irreformável. Representa uma despesa e é nefasta. 

Abandonar as fantochadas das cimeiras das alterações climáticas e regredir na nossa participação na UE, aos acordos anteriores a Maastricht. Sair do “Pacto de Marraquexe" de 2018, para onde nunca Portugal devia ter entrado. 

Controlar inclusive a posse da terra, impedindo que estrangeiros possam adquirir, mas apenas alugar, propriedade na terra portuguesa. Um dia destes não haverá um m2 de terreno em mãos nacionais. Acabar com os “vistos Gold”, que representam uma verdadeira prostituição da nacionalidade, etc., etc., etc. 

Finalmente dificultar a emigração e criar condições para os portugueses não terem de emigrar, fomentado a demografia e voltar aos padrões morais e éticos que permitam o desenvolvimento da família tradicional cristã. 

É uma questão de sobrevivência. 

E, enquanto não se dá uma volta à organização política do país – que está baseada nos idos da Constituição de 1822 - prática logo na altura errada (mas não se sabia), assente em ideias estranhas à matriz portuguesa – sistema que está a ser tentado implementar pela quinta vez - é fundamental proibir todas as ideologias malsãs que sejam internacionalistas e atentatórias da Portugalidade.7 

E, dentro deste âmbito, torna-se ainda necessário "reaportuguesar" os representantes da Igreja Católica que estão em Portugal, desde que ajudaram à formação do país, a partir da diocese de Braga, nos idos do século XII. Aliás é necessário reaportuguesar tudo. 

Este escrito destina-se, é claro, a todos aqueles meus compatriotas que queiram continuar a ter um Estado/Nação único na sua identidade e livre, na sua individualidade e soberania. Se assim não for, qualquer coisa serve. 

As palavras do grande português que foi Cypriano Figueiredo de Vasconcelos são sempre actuais. 

João José Brandão Ferreira, Oficial Piloto Aviador (Ref.) 

1Também conhecidos por “roma”, “boémios”, “gitanos”, “calons”, “quicos”, “calés” ou “calós”. De cá passaram ao Brasil. Uma das principais zonas de entrada na Europa foi a zona hoje ocupada pela Roménia. 

2Ofereceram-lhes casas sociais; rendimentos sociais de inserção; abriu-se-lhes o acesso a todas as escolas e todas as áreas do Estado, sem terem habilitações para tal; toleram-se comportamentos socialmente condenáveis e, até, ilegais, etc. Tudo em vão. 

3E só sofreu alguma reticência por causa de um tal “Abranovitch”, oligarca conhecido que deambula pelo mundo. 

4Também houve muitos milhares de escravos. Mas estes reproduziam-se normalmente entre si. Grande parte deles está enterrado em valas comuns, na zona da Rua do “Poço dos Negros”, nas “traseiras do Bairro Alto. 

5Houve até muitos jovens portugueses que estavam emigrados e regressaram ao País para cumprirem o serviço militar e depois seguiram a sua vida. 

6O que é certo é que existe um prémio atribuído de dois em dois anos com o seu nome, para quem for considerado grande defensor dos “ideais europeus”. A senhora Merkel, por ex., que abriu as portas da Alemanha às vagas de migrantes, é detentora do prémio. A Sua Santidade o Papa Francisco (também defensor da política de “portas abertas”) também foi atribuído o prémio “Carlos Magno”, semelhante ao Kallergy, mas atribuído na cidade alemã de Aachen. E a muitos outros; convém ver a lista. 

7As tentativas são, de 1822 a 1828; de 1834 a 1851; de 1851 a 1910; de 1910 a 1926 e de 1976 até hoje. Pelo meio houve “interregnos; guerras civis e ditaduras. Período fora deste quadro é representado pelo Estado Novo, 1933-1974.

Fonte: O Adamastor