Foi na Praia dos Pescadores, na Ericeira, que a Família Real embarcou para o exílio na Barca Bomfim que os transportou ao iate D. Amélia que os aguardava Eis aqui, alguns pormenores do que se passou naquele dia na Ericeira, relatados por Júlio Ivo, presidente da Câmara Municipal de Mafra no tempo de Sidónio Pais:
“(…) os automóveis pararam e apeou-se a Família Real, seguindo da rua do Norte para a rua de Baixo, pela estreita travessa que liga as duas ruas, em frente quase da travessa da Estrela (…) Ao entrar na rua de Baixo, a Família Real ia na seguinte ordem: na frente El-Rei Dom Manuel; a seguir, Dona Maria Pia, depois, Dona Amélia (…) El-Rei e quem os acompanhava subiram para a barca, valendo-se de caixotes e cestos de peixe (…) O sinaleiro fez sinal com o chapéu, e a primeira barca, Bomfim, levando a bandeira azul e branca na popa, entrou na água e seguiu a remos, conduzindo El-Rei (…) A afluência nas ribas era imensa. Tudo silencioso, mas de muitos olhos corriam lágrimas (…) El-Rei ia muito pálido, Dona Amélia com ânimo, Dona Maria Pia, acabrunhada (…)
Ainda as barcas não tinham atracado ao iate, apareceu na vila, vindo do lado de Sintra, um automóvel com revolucionários civis, armados de carabinas e munidos de bombas, que disseram ser para atirar para a praia se tivessem chegado a tempo do embarque (…)”
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Este livro é o mais completo trabalho documental, escrito e iconográfico, publicado até ao momento sobre este tema, o embarque da família real para o exílio.
Além dos documentos iconográficos reunem-se aqui textos (cartas, entrevistas, depoimentos. inquéritos) dos intervenientes directos do acontecimento, tais como de Aires de Sá, Francisco Maria Pinto da Rocha, D. Tomás de Mello Breyner, José de Azevedo Coutinho, José Tomás, Júlio Ivo (Inquérito feito em Mafra e na Ericeira), Tomás Joaquim de Almeida, Patrocínio Ribeiro, José Camarate Carrilho, Hilário dos Santos Pereira (pescador da barca da Ericeira em que embarcou Dom Manuel II), Dom Manuel II, António Serrão Franco, João Jorge Moreira de Sá, Dona Amélia.
PREFÁCIO DE S.A.R., DOM DUARTE
O primeiro drama político da República foi, sem dúvida, o golpe por definição antidemocrático que lhe deu vida.
Recordemos que até à véspera do 5 de Outubro de 1910 o partido republicano não conseguira conquistar mais do que 7 % do Eleitorado nacional.Decidiu-se então pelo golpe... numa das mais liberais e democráticas monarquias da época.
O embarque da Família Real, na Ericeira, foi, por outro lado, o primeiro drama humano (alguns dias depois pelo decreto do Governo Provisório da República de proscrição para sempre da Família de Bragança) da implantação da República. Este livro é assim um testemunho de dois dramas.
Oitenta anos passados sobre esse 5 de Outubro, há já distância e conhecimento bastantes para revermos e analisarmos os acontecimentos, sem paixão, e deles tirarmos algumas lições.
Uma delas será, certamente, a da necessidade de se promover uma tão larga quanto possível informação política das populações. Só uma sociedade esclarecida pode resistir às vagas da Demagogia. Só numa sociedade informada podem as instituições subsistir.
Presto aqui homenagem ao Rei Dom Manuel II e à Rainha Dona Amélia pelos inúmeros serviços prestados à Pátria, mesmo no exílio, por entre sofrimentos que calaram mas que todos poderemos adivinhar e não podemos esquecer.
Dom Duarte
Fonte: Família Real Portuguesa
1 comentário:
Mónica, há mais uma real frase do dia para ir para a "molhada" dos slides. É sobre o que SAR disse na Madeira sobre o 5 de Outubro. É todo verde e SAR está por baixo de uma bananeira. Como vivemos numa república das bananas, o nosso Rei não podia ter escolhido melhor lugar para tirar a foto...
Beijinhos
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