OPINIÃO
Por: Sara Jofre
Por: Sara Jofre
Hoje o país "celebra" a República. Uma chuva de BMWs, Mercedes, Audis, invadem a Praça do Município, contrastando com discursos do "temos de poupar mais". Parece irónico que o regime que levou o país à bancarrota seja celebrado dentro do luxo mas com o discurso do coitadinho.
Hoje fala-se do que se tem passado há 101 anos. Floreia-se, "emboneca-se", porque se falarmos verdade temos de sentir vergonha. Se reflectirmos um pouco percebemos que nada há a celebrar. Celebramos um regicídio? Celebramos a expulsão de uma família que nos servia e representava? Celebramos a perseguição aos opositores do regime da primeira república? Celebramos a noite sangrenta de 1921? Celebramos a imposição de uma ditadura por 48 anos? Celebramos a 3ª república falida? O que é tão digno de gastarmos o que gastamos a celebrar numa altura em que não temos o que gastar?
As celebrações da república, com direito a Audis, BMWs, Mercedes, segurança privada, discursos, palácios são, na verdade, uma ofensa a um povo que está a ser perseguido pelos impostos, que não tem emprego, que passa fome.
Celebramos para recordar algo que tentamos mostrar como algo positivo. Tentamos, há 101 anos colocar na memória colectiva uma recordação positiva de um acontecimento que, se reflectirmos bem, verificamos ser negativo. E no entanto esquecemos... Não só esquecemos que não temos nada para celebrar com o nome da data assinalada, como esquecemos aquilo que, de facto, merecia ser celebrado que é a Fundação do nosso país.
Portugal foi fundado a 5 de Outubro de 1143. A partir dessa data crescemos. Com orgulho nos tornámos portugueses e alargámos as nossas fronteiras. Somos o país europeu que mais cedo ficou com as fronteiras definidas. Somos um país ancião, com uma bela história que começou a 5 de Outubro de 1143. Que cresceu e se expandiu pela mão dos reis. Que foi diplomata, que fez cedências e tentou manter-se orgulhoso. Tornámo-nos um império, dentro da monarquia, aquela que hoje esquecemos para celebrar a república que acabou com o império e arrisca a acabar com Portugal. O que temos, de facto, para celebrar?
Fonte: Notícias do Ribatejo
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