Em 1983 um grupo de portugueses propôs-se a juntar dinheiro para comemorar o tri-centenário da atribuição do nome de Catarina de Bragança ao condado de Queens (Nova Yorque), erigindo uma estátua em memória da princesa portuguesa que um dia foi Rainha de Inglaterra.
O projecto durou 10 anos a agregar dinheiro e vontades, com sucesso o distrito de Queens apoiou o projecto e em 1988 o Museu de Queens dedicaria uma exposição em honra do 350º aniversário de Catarina de Bragança.
“é útil para Queens ter alguma história, algo que lhe dê uma personalidade (…) as pessoas tendem a confundir Queens com Brooklyn, isto vai distingui-los” afirmaria SAR D. Duarte de Bragança em 1990 num evento em Nova Yorque dedicado ao projecto.
O projecto esteve longe de ser modesto, propunha erigir uma estátua de 10,6 metros (1/3 da altura da estátua da Liberdade) da autoria de Audrey Flack num vasto memorial na frente fluvial, de Queens, oposta à sede das Nações Unidas.
Com um orçamento de 3,5 milhões de dólares o projecto acabaria por tropeçar no momento em que a própria estátua estaria já na fundição, com um movimento residual a trazer à praça um argumento difícil de contornar …a acusação de que a Rainha teria beneficiado do comércio de escravos e portanto não faria sentido a honra numa ilha onde a população de ascendência africana e irlandesa partilhavam animosidades ,ora pela questão da escravatura ora especificamente pelo facto de se tratar de uma Rainha inglesa. Perante o politicamente correcto a história vergou-se à vulgaridade e a baía é hoje uma frondosa linha de arvoredo e a estátua sobrevive num modelo reduzido a 1/4 do seu tamanho no Parque das Nações, em Lisboa.
Não deixa de ser curioso que apesar de se saber e estar comprovada a presença portuguesa bem como a ligação daquela área com a Coroa , e especificamente Catarina de Bragança ,se tenha arvorado um argumento falacioso ,ferido de anacronismo onde a Infanta portuguesa era pontada como principal responsável pela escravatura nas colónias. A vida de Catarina de Bragança foi preenchida por acusações e calúnias, mesmo hoje a história repete-se, tal como em vida também em bronze e 350 anos depois a Infanta portuguesa retornaria a Portugal para repousar à beira do Tejo
Não porque as acusações fossem verdadeiras mas porque talvez a sua verdadeira altivez nobreza e carácter fossem demasiado penosos para muitos, afinal talvez fosse demasiado aos que se propõem representar os povos do Mundo ver do outro lado do rio uma Rainha portuguesa com o Mundo nas mãos na forma de uma bola de cristal…talvez fosse uma mensagem demasiado pesada e bem portuguesa.
Fonte: O manto do rei
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